truque velho como a Sé de Braga
Ao ler, algo arrepiado, o recente
"Manifesto para a Democratização do Regime",
já aqui e aqui comentado em alguns
aspectos, e ao ouvir ontem na TVI 24
um dos seus promotores
(Henrique Neto, meu estimável
companheiro de luta antifascista
e dos primeiros tempos a seguir
ao 25 de Abril),
lembrei-me que, como o
tempo passa e novas gerações
vão chegando à vida política,
pode haver quem pense que as generalizações
e amálgamas sobre a Assembleia da República
e os deputados são derivas ou pulsões recentes.
E vai daí, e só a pensar nessas situações,
e mesmo sem ir buscar textos bastante
mais antigos, lembrei-me que podia
ter alguma utilidade reproduzir
a crónica que há 14 anos escrevi
no Avante! e em que agora o
que menos interessa é o nome
da pessoa então circunstancialmente
visada, só interessando
quando muito as observações
por mim então formuladas.
"Manifesto para a Democratização do Regime",
já aqui e aqui comentado em alguns
aspectos, e ao ouvir ontem na TVI 24
um dos seus promotores
(Henrique Neto, meu estimável
companheiro de luta antifascista
e dos primeiros tempos a seguir
ao 25 de Abril),
lembrei-me que, como o
tempo passa e novas gerações
vão chegando à vida política,
pode haver quem pense que as generalizações
e amálgamas sobre a Assembleia da República
e os deputados são derivas ou pulsões recentes.
E vai daí, e só a pensar nessas situações,
e mesmo sem ir buscar textos bastante
mais antigos, lembrei-me que podia
ter alguma utilidade reproduzir
a crónica que há 14 anos escrevi
no Avante! e em que agora o
que menos interessa é o nome
da pessoa então circunstancialmente
visada, só interessando
quando muito as observações
por mim então formuladas.
Caprichos
de uma pluma
(in Avante! de 17.12.98)
Ao
lermos, no último «Expresso», a crónica que Clara Ferreira Alves
escreveu sobre «Os
Senhores Deputados»,
demos connosco a pensar que os autores de diatribes contra «a
Assembleia» ou
«os
deputados»
escrevem sempre, não apenas no pressuposto do sucesso fácil, mas
sobretudo na certeza da dificuldade de alguém poder fazer a «defesa»
da «Assembleia»,
isto é do órgão e de todas as suas decisões ou atitudes ou dos
«deputados»,
isto é, de todos os deputados.
E isto porque a maior parte
destes autores gostam muito de esquecer que a Assembleia da República
é o único órgão de soberania de composição plural, pelo que, em
geral, o seu pior e o seu melhor se ficam a dever, não tanto à
instituição em si, mas às maiorias que nela se formam e às
forças políticas que nela intervêm.
Entre
outras coisas, pretexto à parte, o que impressiona na colecção de
«clichés» tranquilamente repetidos pela cultíssima Clara Ferreira
Alves é que ela não se tenha dado conta que quase tudo o que diz
sobre a AR, longe de resultar de um esforço sério para saber quem
faz o quê, como e em que circunstâncias, resulta sobretudo da
«imagem» produzida pelos critérios que os «media» usam na
cobertura dos trabalhos parlamentares.
E
impressiona também que CFA acuse o discurso parlamentar de não
pretender «alcançar
mais do que o «soundbite» do telejornal e o subtítulo de jornal»
e,
quatro linhas à frente, já esteja a perguntar se «alguém
se lembra, a propósito do aborto, da regionalização ou da famosa
Europa, de uma frase, um sentido de voto,(...) determinados com
clareza e sapiência na AR?», ou
seja, já esteja no fundo a pedir mais e melhores «soundbites».
CFA nem sequer repara como seria cruel e injusto que alguém quisesse julgar as suas crónicas, em geral de indiscutível qualidade, com uma pergunta do género « alguém se lembra de alguma coisa inesquecível que, em 1998, tenha sido escrita na “Pluma Caprichosa”?»
Talvez
Clara Ferreira Alves nunca o perceba ou nunca o reconheça, mas a
sua crónica sobre «os
senhores deputados»
padece afinal da mesma superficialidade, da mesma demagogia e da
mesma vacuidade que julga ter fustigado no que de pior ocorre de
facto na vida parlamentar.
É
que nós conhecemos um grupo parlamentar que, com apenas 13
deputados, consegue quase todos os anos ser o mais activo e o que
apresenta um maior número de iniciativas legislativas. Nós
conhecemos um grupo parlamentar, por sinal o mesmo, que honestamente
ninguém poderá acusar de mergulhado na demagogia ou na «chalaça
politiqueira»
ou de passar o tempo «chupando
os dentes de fome de poder»,
porque é incontestável que se alinha por assinaláveis padrões de
seriedade e sobriedade e é bem conhecido por, quando muito, afiar os
dentes por fome de justiça.
Conhecemos
mas não dizemos o seu nome. Porque ficamos à espera que seja Clara
Ferreira Alves a dizê-lo.E
se e quando o fizer, terá dado então uma contribuição para punir
o que merece ser punido e mudar o que precisa de ser mudado na vida
política e parlamentar do país mil vezes superior à da sua cómoda
crónica sobre «os
senhores deputados»
e à dos seus equivocados suspiros por «uma
revisão completa do sistema eleitoral».
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