31 agosto 2011

Espanha e o limite do défice na Constituição

Palavras certeiras e corajosas



Vale a pena conhecer o discurso de Gaspar Lamazares, deputado da Esquerda Unida, ontem nas Cortes espanholas, a propósito da proposta de uma revisão que introduza na Constituição um limite ao défice defendida pelo PSOE e pelo PP mas combatida quer pelas Comissiones Obreras quer pela UGT. (via El País)

GASPAR LLAMAZARES (IU)

“Zapatero puede matar al PSOE, no la Constitución”

Hablo en nombre de una fuerza politica en la que participa uno de los ponentes constitucionales a los que ni siquiera se les ha dado el trámite de audiencia. La Constitución tenía apoyos en la pluralidad territorial, esto rompe el consenso constitucional.

La soberanía ahora es de los mercados, el constituyente son los mercados, toda una degradación de la Constitución, que termina siendo un balance que juega en bolsa.

Si no lo veo, no lo creo, es un desvarío veraniego.

Los que hablaban de la sacralidad de la Constitución ahora la cambian como un balance. Hablan de equilibrio y estabilidad. Parece que hemos estado en una fiesta y hay que hacer penitencia. La mayor parte de la ciudadanía no ha participado en esa fiesta. Esta reforma busca imponer el despilfarro privado, el de las grandes empresas, que supone dos tercios de la deuda española, y es el verdadero problema.

Ustedes fijan un déficit del 0,4%. La media de la OCDE no cumpliría ni un solo año de los últimos 20 ese 0,4%. Ni la Unión Europea. En los últimos 20 años, Francia no se ha quedado por debajo del 0,4% ni uno solo.Y Alemania una sola vez en 20 años. Para hacer políticas publicas es fundamental el margen del déficit. No se trata de rigor, se trata de recortes y privatizaciones.

Señores diputados del PSOE. Para lo que nos queda en el convento... pido que se rebelen, que digan de esta forma no, sin parlamento, sin intervención popular, no. Permitan enmiendas, que nos reconozcan como parlamentarios y no como un rebaño de ovejas.

El Mercader de Venecia, de Shakespeare, se salva por el amor y la política. Ustedes se están poniendo del lado de la usura, ese no es el papel de la democracia. Tienen el 90% de los escaños, pero no de los votos, ni de los ciudadanos. Además de una ley electoral injusta, no están aquí los abstencionistas, que son también constituyentes. Dejen participar a todos en un referéndum.

Yo no soy corresponsable de este golpe a la Constitución. Si Zapatero fuera el capitán Ahab de Moby Dick, yo desde luego formo parte de los amotinados. Señor Zapatero: puede matar a su partido pero no tiene derecho a cargarse la Constitución».

Injustiças fiscais

Lembrando o que alguns
não gostam de lembrar


É com este vistoso gráfico que o Público de hoje chama em primeira página a atenção para um seu trabalho sobre as assimetrias fiscais em Portugal. Sobre ele só quero lembrar duas coisas: a primeira é  que os 21,5% sobre os rendimentos de capital nem sequer se tem aplicado aos bancos que, ano após ano, conseguem pagar taxas de IRC à volta dos 11%, ou seja, como tenho dito tantas vezes, muito inferior à taxa de IRS que até um trabalhador mal remunerado paga; a segunda é para lembrar que esta questão das injustiças fiscais e propostas de respectiva correcçao há pelo menos duas décadas que tem sido abordadas em centenas de documentos do PCP e discursos dos seus dirigentes e deputados, nunca encontrando a mais ligeira receptividade do PS, do PSD e do CDS.
Lá vem ele com a propaganda do costume, dirao alguns. Pois digam e continuem a dizer porque, do lado de cá, o que eu tenho para dizer é que quem nao quiser ter memória e colher as suas lições vai sempre continuar a ver este indecoroso filme da impunidade e do engano.

30 agosto 2011

Para acabar de vez com a milonga da apatia

O regresso em força da luta

Data para que já estão marcadas grandes manifestações em Lisboa e Porto convocadas pela CGTP. Mas saibamos todos que marcar não é díficil e que este mês inteiro que falta não é demais para o enorme trabalho de esclarecimento, de mobilização e agregação de amplas e diversificadas  vontades que a excepcional gravidade da ofensiva da política de direita inegavelmente requer.

Está na hora de decidir bem

2ª Grande Gala de Ópera
na Festa do Avante!


Prosseguindo a bela e singular tradição que faz a Festa do Avante! um verdadeiro serviço público de música clássica, é já às 21.30 hs. de sexta-feira que arranca no Palco 25 de Abril da Festa do Avante! a Gala de Ópera, este ano com obras de Viana da Mota, Giuseppe Verdi, Étienne Méhul, Umberto Giordano, Camille Saint-Saens,Antonin Dvorák,Giacomo Puccini,Léo Delibes,Georges Bizet, Gioachino Rossini,Wolfgang Amadeus Mozart,Charles Gounod,Pietro Mascagni, Joly Braga Santos, Agustín Lara, com a Orquestra Sinfónica do Ginásio Ópera, o Coro do Tejo e o Coro de Câmara de Lisboa sob a direcção musical de  Kodo Yamagishi. Ruben de Carvalho e João Maria de Freitas Branco situam esta Gala da Ópera:

"Arte pela arte?! Música apenas beleza dos sons?! Ópera apenas no encanto das melodias, no brilho das vozes, no talento das interpretações? 
Uma polémica com décadas a que a realidade e a vida já deram resposta: a qualidade da forma gera a criação do belo e da sua fruição pelo Homem; o iludir do conteúdo e as ideias que o forjam furta a determinante dimensão do Homem à própria criação da beleza.
O texto de João Maria Freitas Branco revela por que é que, neste ano de 2011 – e precisamente neste ano de 2011 – a Festa do «Avante!» renova a beleza deslumbrante da música da sua 2ª Gala de Ópera. E a completa com a majestade da música sinfónica e, sobretudo, o sentimento patriótico de compositores que ressoam hoje na inquietação dos Portugueses com a Pátria que são. Exactamente em 2011.
Ruben de Carvalho

"É um Portugal afligido por uma das mais profundas crises de toda a sua história que vai acolher a Festa deste ano. Tal facto motiva-nos a cuidar ainda mais do caro torrão lusitano, fomentando o espírito patriótico, não na acepção nacionalista patrioteira inculcada pelo Estado Novo, senão que em sintonia com a elevada noção camoniana de patriotismo. Concepção essa que, ao invés do propagandeado nesse passado ditatorial de triste memória, é factor unitivo, universalizante, elemento fautor de concórdia e diluente de fronteiras, concorrendo para a aproximação dos povos e para o diálogo intercultural.

O autêntico patriotismo é o que, à luz dos valores do humanismo, universaliza as qualidades de uma Nação.

Imbuído deste espírito que a crise convoca, o mega espectáculo de abertura volta a trazer a ópera à Festa, depois do sucesso alcançado em 2009 Mas desta vez a gala é, pela sua dimensão assim como pelo seu conteúdo artístico, bem mais ambiciosa.

O espectáculo oferece-nos original combinação ente dois universos: o da ópera e o da sinfonia. Será por isso gala lírico-sinfónica invulgar, desde logo pela sua rica diversidade: trechos célebres do reportório lírico reúnem-se com outros desconhecidos do não iniciado. Como se isto não bastasse, o programa inclui ainda canções populares e peças corais sinfónicas que não são ópera. Teremos assim, uma articulação não só inédita em espectáculos desta natureza como também de elevada exigência técnico-artística para os seus protagonistas (maestro, cantores, orquestra, coro) Um estimulante desafio que Avante! e Ginásio Ópera (co-produtores do espectáculo) quiseram enfrentar com entusiasmo criativo.

Fazendo jus ao tema eleito, o concerto inicia-se com a Sinfonia à Pátria, obra que traduz em música o patriotismo humanista legado por Camões. Depois entraremos no espaço da ópera com apresentação de variado leque de emoções e sentimentos suscitados pela pátria. Algo que também nos será trazido à presença por intermédio de outras formas artísticas, edificando-se desse modo uma unidade estética entre ópera, música sinfónica, canção popular, música coral.

Queremos acreditar que o concerto será uma novidade propiciadora de mais uma enriquecedora experiência artística a inscrever-se na honrosa tradição cultural a que a Festa do Avante nos habituou.

João Maria de Freitas BrancoCaxias, Junho de 2011

29 agosto 2011

Sobre as escutas

Uma pequena lembrança


  
Sobre o gravíssimo caso das escutas ao jornalista Nuno Simas já muitos blogues disseram justamente o essencial. Por mim, só quero acrescentar que não há demissão do chefe das secretas que mate o assunto e que é um imperativo democrático de primeira grandeza saber como tudo aconteceu e com responsabilidade de quem. Mas sobretudo quero lembrar algo que poderá estar esquecido e que é relevante mesmo que não possa ser considerado remédio santo: é que desde sempre e por numerosas vezes o PCP sempre propõs que o Conselho de Fiscalização dos Serviços de Informações tivesse a representação de todos os partidos com representação parlamentar, o que sempre foi rejeitado pelo PS e PSD que sempre reservaram esse Conselho como coutada própria (este juízo não representa da minha parte nenhum acrimónia ou desconfiança em relação a Marques Júnior). É certo que suponho que nunca ninguém teve o desplante de explicar esta opção declarando que partidos que são alvos de vigilância não podem obviamente  estar num órgão de fiscalização dos serviços de informações. Mas alguma razão deve ter havido para esta patente e continuada discriminação. Em qualquer caso, tanto mais absurda, quanto é certo que depois do 25 de Abril jamais alguém foi alguma vez capaz de acusar o PCP de não respeitar regras essenciais que incorporam o chamado «sentido de Estado».

28 agosto 2011

Martin Luther King 48 anos depois

Para quem não
tenha lido na altura



Diversos blogues assinalaram hoje e muito jstamente a  passagem de 48 anos sobre o célebre discruso I Have A Dream de Martin Luther King na Marcha sobre Washington realizada em 28.8.1963. Apenas para os leitores que tenham chegado depois a «o tempo das cerejas» recordo que 5 de Abril de 2007 publiquei aqui, no blogue associado «Os papéis de Alexandria» um vasto dossier sobre Martin Luther King, que inclui aquele discurso em versão integral, e que então foi assim apresentado:

E para o resto do seu domingo

The Dawes





Peace in The Valley



When My Times Come

Pelo preço que me venderam

Grécia e dados de arrepiar

Extracto de uma conversa no El País de ontem com Sofia Sakorafa, ex-deputada do PASOK e grande opositora das medidas de austeridade em curso naquele país: «Algunos datos cotidianos parecem apuntalar su pessimismo:  El incremento em un 40% de los suicidios desde  que empezó la crise (en el país con la menor tasa de ellos en la UE, las tiendas de barrio, que caen como fichas de un  triste dominó, (cierra una de cada quatro), el 35% de paro juvenil...».

27 agosto 2011

Porque hoje é sábado (303)

Andrea Wolper

A sugestão musical de hoje traz-vos
  a extraordinária cantora e songwriter de jazz,
a norte-americana Andrea Wolper,
cujo último álbum se intitula Parallele Lives.





Not Sleeping in Your Arms

A ouvir aqui (em Hear).

25 agosto 2011

explicação necessária ou...



Um burlão apoderou-se da minha conta de gmail - vmcdias2007@gmail.com - (para a qual não vale a pena escrever mais). Como essa conta gmail estava umbicada com o meu blogue «o tempo das cerejas» fiquei sem acesso como administrador ao blogue e, por isso, nem sequer lá posso colocar qualquer aviso aos seus leitores.

Salvo qualquer acto do burlão, em príncipio, todo o histórico de
«
o tempo das cerejas» continuará a poder ser concultado por eventuais interessados.

Mas a sua continuação e actualização, a contra-gosto meu, terá de ser feita a partir de agora aqui em http://otempodascerejas2.blogspot.com , num produto naturalmente ainda mal amanhado e incompleto.

Naturalmente que ficaria muito grato a todos os blogues que queiram noticiar esta alteração ou que, pelo menos queiram acrescentar aos seus links este «o tempo das cerejas2», se possível e não lhes custar muito, mantendo o link para o original «o tempo das cerejas»

atenção ao

Novo disco de Ry Cooder



Aqui, na Slate.com, pode ouvir
as 14 canções do disco
.

Desculpem lá...

... mas não pode valer tudo

Numa óbvia alusão ao caso António Figueira/Miguel Relvas e visando manifestamente atingir o blogue «cinco dias», alguns blogus estão a publicar nas suas barras laterais a imagem acima reproduzida. Ora acontece que, pense-se o que se pensar da decisão de António Figueira (pessoa que continuo a estimar), a verdade é que não há notícia de qualquer blogue ter sido contratado por qualquer ministro, nem issso seria sequer juridica ou legalmente possível e que o «cinco dias» tem nada mais nada menos do que 40 autores de «posts». Um pouco menos de espírito tribal talvez fizesse bem numa circunstância destas.