22 setembro 2015

Aqui é que bate o ponto !

Passos Coelho,
António Costa e a Grécia


As recentes eleições na Grécia, propiciam que aborde aqui um tema que não tenho visto analisar ou salientar.

Com efeito, sobretudo na pré-campanha e sobretudo em debates, tanto Passos Coelho como António Costa têm usado a experiência recente da Grécia e a  derrota humilhante (digo eu) do seu Governo como argumento (falacioso, digo eu) para demonstrar a inviabilidade de uma  política alternativa à executada ou defendida pelo PSD-CDS ou pelo PS e até agora brutalmente imposta pela UE. E têm-no feito com uma relativa impunidade a que é urgente pôr termo.

O que mais me deixa absolutamente indignado é que tanto Passos Coelho e António Costa falam sempre sobre isto como alguém que assistiu na bancada ao conflito Grécia-Eurogrupo e depois se limitam a constatar e interpretar o seu desfecho final  como conveniência eleitoral interna.

E ambos, mas mais Costa, nunca efectuam uma apreciação clara sobre o comportamente autoritário do Eurogrupo face à Grécia (sendo que Passos até se dá ao desplante de dizer que o governo do Syrisa acabou por apanhar com «austeridade em dobro»).

A verdade  que importa lembrar e divulgar é que, cada um à sua maneira, nem Passos nem Costa foram espectadores de bancada do referido conflito e embate.

Porque Passos Coelho é primeiro ministro de Portugal e tem assento no Eurogrupo e portanto, com a sua família política europeia, sancionou e apoiou todo o rol de chocantes e terríveis imposições e diktats feitos à Grécia.

Porque António Costa e o PS, além de nunca terem tido uma palavra  de crítica sobre a orientação do Eurogrupo face à Grécia, pertencem à mesma família política europeia que esteve em cheio nas brutais imposições feitas à Grécia por via de personagens como os seus camaradas Hollande, Sigmar Gabriel (coligado com Merkel), Matteo Renzi, Schulz e aquele Presidente do Eurogrupo de nome impronunciável.

Um módico de decência mandaria pois que Passos Coelho e António Costa, em vez de usarem o desfecho daquele processo como «vacina» contra uma real mudança de política em Portugal, deviam era assumir as suas responsabilidades na forma como a Grécia foi indecentemente tratada e nos sofrimentos dramáticos que vão continuar a ser impostos ao seu povo. Não o fazendo, está tudo dito sobre o que são capazes em Portugal.

1 comentário: