Em artigo de opinião hoje no Público, de óbvia e legítima promoção do Congresso Democrático das Alternativas, o meu amigo Domingos Lopes, para meu desgosto, consegue escrever que (sublinhado meu) «para agravar esta situação, à esquerda, PCP e BE não dão um único sinal de entendimento nem entre eles, nem de encostar o PS às cordas.»
Diga-se em abono da verdade que, ao escrever isto, Domingos Lopes não está a criar nenhuma originalidade mas antes e apenas a absorver um persistente juízo que outros, comoda e pouco racionalmente, tem alinhavado no espaço público.
Eu confesso que não percebo:o PCP e o BE têm discursos políticos autónomos (e diferenças de opinião em certas matérias) mas que convergem em numerosos pontos de grande importância; em regra, na AR votam reciprocamente a favor da maioria das propostas de cada um e, para abreviar, exprimem um similar apoio à maior parte das movimentações e lutas sociais, desde logo no que respeita às grandes iniciativas organizadas pelo movimento sindical unitário.
Sendo assim, que me resta dizer ? Que, quanto ao encostar o PS à parede, se de facto já não estiver, estou convencido que o PCP e o BE agradecerão as luminosas e fresquíssimas sugestões de Domingos Lopes. E que, quanto à alegada falta de «um único sinal de entendimento» entre PCP e BE, prefiro acreditar ainda que Domingos Lopes não esteja a pensar em soluções que afectariam a identidade e autonomia de cada um dos dois partidos e não se alinhe pelos que sobrevalorizam as coreografias mediáticas e desvalorizam a substância política concreta que descrevi no terceiro parágrafo.
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