18 junho 2012

2ª volta das legislativas francesas...

... ou o que, há 20 e tal anos,
chamei de «escrutínio de ladrões»



Tendo em conta o que já escrevi aqui, talvez convenha ponderar o que nos diz o quadro a seguir sobre o sistema eleitoral francês.


Vistos estes dados (de que nenhum jornal hoje falará), podem-me falar quanto quiserem do «supremo valor da governabilidade» ou até, no caso francês, do jeito que dá o «cordão sanitário» em torno da Frente Nacional (que desta vez até rebentou). É claro que eu bem sei que pior que isto só sistema eleitoral maioritário a uma só volta como vigora na Grã-Bretanha e nos EUA mas olhe-se o quadro acima da minha autoria e perceba-se que é de pessoas e cidadãos e do seu direito de representação política que estamos a falar. E do que o quadro acima nos fala é de partidos que tiveram deputados a mais em relação à sua real influência eleitoral (é a 1ª volta que a mede) e há partidos que tem deputados a menos para os votos que alcançaram, que há partidos a quem cada deputado saiu baratíssimo em termos de votos e a outros a quem saiu saiu caríssimo, e, mais grave que tudo, a desigualdade que assim é criada entre cidadãos quanto à eficácia do seu voto e a lesão que isto não pode deixar de comportar para a soberania popular. Talvez para aí há cerca de 25 anos, quando assinava uma coluna semanal em «o diário», sob o pseudónimo de Vasco Pinto de Morais e a meias com um  outro (então) camarada, chamei a isto um «escrutínio de ladrões». Mantenho.


ADENDA em 20/6: como se infere da imagem inicial, este post foi construido a partir de previsões baseadas em sondagem da Ipsos à boca das urnas. Conhecidos os resultados finais e oficiais (que estão aqui), algumas coisas haveria a modificar na segunda imagem (por exemplo, o Front de Gauche não obteve 13 deputados mas apenas 10).

3 comentários:

  1. Caríssimo V. Dias,
    Não compreendo os cálculos por ti efectuados. Como é que o PS com 30% tem apenas 173 deputados contra os 27,... da UMP cuja proporcioinalidade dá 196 (valor superior ao do PS).
    Abraço,
    Tito

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  2. Caríssimo V.Dias,
    Não compreendo como os 30% do PS dão um valor inferior aos 27% da UMP.
    Abraço,
    Tito

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  3. Já nem a democracia da cruzinha lhes garante o poder e, deste ponto de vista, também querem inovar e melhorar a produtividade dos votos (que lhe interessam). O pior vai ser se o feitiço se virar contra o feiticeiro... vão precisar de outras inovações...

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