30 janeiro 2014

Farto, fartinho deste truque ou engano !

Hoje resolvi exercer
o meu direito à birra


Daniel Oliveira perpetrou no Expresso online um artigo, manifestamente a propósito das falhadas negociações do BE com o 3D (matéria que não me interessa comentar) onde há, sem dúvida, algumas coisas certas (designadamente a imprescindibidade de um reequilibrio de influência eleitoral entre o PS e os partidos à sua esquerda) e muitas que mereciam um comentário crítico.

Neste último caso, por exemplo, esta: «Se nada for feito a direita acabará, contra todas as previsões, por vencer as próximas eleições legislativas ou, mais provável, o PS governará com ela. Porquê? Porque o PS não tem que se preocupar com o seu flanco esquerdo, que se encarrega de se boicotar a si próprio. Pode continuar a desculpar-se com a impossibilidade de fazer alianças com aquele lado.»

Por exemplo, também esta:«
E a verdade, hoje, é esta: ao contrário do que julgam PCP e BE, ao PS saem de borla as viragens à direita. Porque nenhum eleitor do PS acredita que PCP e BE alguma vez queiram realmente governar. E faz muitíssimo bem em não acreditar.»


Por exemplo, ainda esta: «De uma coisa não tenho dúvidas: basta aparecer à esquerda uma força digna de algum respeito e credibilidade [sempre a nunca explicada «credibilidade»] para que aconteça um terramoto político em Portugal».

E a nada disto respondo, critico ou desvendo o que de erróneo está por detrás destas palavras por causa do seguinte período do mesmo texto de Daniel Oliveira em que, embora comece por referir que «É verdade que a cultura de cedência socialista não é propriamente nova», nem por isso deixa depois de produzir este naco de prosa: «Não foi a direita que usou um décimo do que a Europa produz para salvar os bancos. Foi a direita e foi a esquerda. Não foi a direita que trouxe a troika e assinou um memorando que é um programa ideológico escrito por fanáticos. Foi a direita e foi a esquerda. Não foi a direita que aprovou um Tratado Orçamental que ilegaliza políticas keynesianas. Foi a direita e foi a esquerda

Ou seja, entendam-me bem: ao menos por uma vez, eu quero recusar-me a discutir com uma estimável pessoa que, sendo um experimentadíssimo comentador e activista político, dotado aliás de bastantes recursos semânticos, sabendo perfeitamente que é do PS (ou, à escala europeia, os partidos socialistas e social-democratas) que está a falar consegue por três vezes escrever que também « foi a esquerda».


E, pela enésima vez, volto a repetir: o espaço é uma coisa preciosa na imprensa e estou farto desta generalizada teimosia ou ligeireza intelectual que leva a, em vez de gastar dois caracteres - "PS" -, insistir em gastar oito - "esquerda".

10 comentários:

  1. No após 25/4 o PS conseguiu o rótulo de partido de esquerda, o problema é que o rótulo era de papel e com o decorrer do tempo apodreceu. Hoje o PS tem um núcleo maioritariamente bem à direita.

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  2. não fosse assim e não teria o espaço que tem na comunicaçao social

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  3. É mais um que anda por aí perdido cuja credibilidade se vai esbatendo até que encontrará o seu caminho que dá pelo nome de duas letras e não as oito, porque está visto nem isso ele o que é!

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  4. Não foi só o PS, foi também o PC e o BE, por isso foi a Esquerda!
    E preparem-se para serem governados pela direita por muitos anos, pois estes sabem pôr de parte as divergências e unirem-se para formar governos!
    ...
    Tão cegos que não viam que com este presidente e este governo, a situação só podia ser a que temos. Continuem assim e o Povo que sofra, que se lixe o Povo!

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    1. Tenha juizo e vá-se catar. Situe-se no texto do DO e depois diga-me se foram o PCP e o BE que assinaram o memorando, puseram a Europa a salvar os bancos e aprovaram o Tratado Orçamental.

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  5. Deixem lá o rapaz em paz. Queria unir as esquerdas e as esquerdas, essas ingratas de vistas curtas, não lhe ligaram nenhuma. Até o BE lhe deu tampa. Ficou a chuchar no dedo e agora diz que é alvo de chacota. Ah pois é.

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  6. Daniel Oliveira faz um exercício memorável de desonestidade intelectual. DO não é um ignorante, DO sabe muito bem do que fala, DO sabe muito bem o que quer, por isso digo e repito: Daniel Oliveira não passa de um "trafulha intelectual" que se diz de esquerda! Porque é que afirmo o que afirmo? Pelas seguintes razões: quem é que tudo fez para dar ao Capital a preponderância que ele hoje tem, caminhada que teve o seu início "formal" em 25/11/1975? Quem é que abdicou de todos os valores que afirmava ter em troca de uma adesão a uma CEE que tresandava a negociatas a favor desse mesmo Capital? Quem é que se ligou a quase todas as poucas vergonhas de negociatas a tresandarem a corrupção, desde Aeroportos de Macau até às PPP, passando pela entrega da saúde aos grupos financeiros? Quem é que alinhou vergonhosamente nas mentiras que levaram à guerra ilegal contra a Jugoslavia? Quem é que assinou contratos de adjudicação nada claros, como os relacionados com o sistema de comunicações do MAI? Quem é deu o tiro de partida nos ataques ao Poder Local Democrático? Quem é que se empenhou nas privatizações de sectores estratégicos, oferecendo-os de bandeja aos amigalhaços do Capital? Foi a Esquerda? Foi? Daniel Oliveira sabe que em tudo o que atrás refiro, está a mão, o braço, as pernas, a cabeça, enfim as sucessivas direcções do PS, não a Esquerda, à qual esse partido nunca pertenceu com tais políticas! Antifascistas serão alguns dos seus dirigentes, certamente que sim, até posso citar nomes, a começar por Salgado Zenha que foi meu advogado no processo de expulsão do ISTécnico e a acabar em Mário Soares, agora ser-se de esquerda é bem diferente de se ser antifascista. E meter tudo e todos no mesmo albergue espanhol é tática de oportunistas declarados!
    Só é possível a unidade, seja para o que quer que seja, se baseada em princípios programáticos que não "ofendam" nenhuma das partes envolvidas. Como é que pode ser possível fazer um acordo de governação com o PS quando tudo, mas mesmo tudo o que defendem em termos estratégicos é o oposto do que a Esquerda defende? Que raio de programa seria possível estabelecer no que diz, por exemplo, respeito à NATO? Ou à flexisegurança? Ou à Contratação colectiva? Ou ao SIS? Ou à Europa do Capital a que existe, pois qualquer outra não passa de uma não existência formal, real, etc? Ou à banca? Ou aos sectores estratégicos da economia? Ou ao euro? Ou à banca? Ou à luta contra a corrupção?
    Daniel Oliveira, os vários DO'zinhos, se querem ser tomados a sério, digam quais os seus propósitos programáticos para um acordo de governação, mesmo sabendo que num acordo, compromisso que é, nem tudo o que cada um pretende lá pode estar, mas qual a base comum da qual não está disposta a abdicar? Essa é a única posição defensável: eu/n´s queremos governar PARA E COM ESTE PROGRAMA MÍNIMO, que terá medidas positivas, isto é "o que iremos fazer" e medidas negativas, o que é " o que não iremos fazer". Essas respostas é que urgem!

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  7. Todos os que hostilizam o PCP e se dizem de esquerda, lá vão cumprindo o seu papel. E eu já estou a ouvir chamarem-me sectária.

    Um beijo.

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