03 setembro 2012

Não vão ao médico, não !

Viva o M.N.S.R.R. !




Continua a desenvolver-se dia após dia o impressionante Movimento Nacional de Solidariedade com Rui Ramos (MNSRR). Entre outros exemplos em que não terei reparado ou de que não falei, já tivemos no Público um P.S. de José Manuel Fernandes, hoje temos outro P.S. desta vez do sempre magnífico J. C. Espada e, coisa mais articulada, no mesmo jornal, temos uma carta do incontornável António Barreto.

Sobre o teor dessa carta, só quero registar duas coisas:

- a primeira é que Barreto comete o infame truque de fazer de conta que é toda a História de Portugal coordenada por Rui Ramos que tem estado a ser criticada quando sabe perfeitamente, até pela sua referência exclusiva a Manuel Loff que, até agora, o que tem estado em polémica é, no essencial, a análise feita sobre o período da, para mim, ditadura fascista, o que não quiser dizer que não possa haver outras épocas ou períodos tratados nessa obra que causem divergênccias ou polémicas;

- a segunda é que, reveladora e significativamente, António Barreto termina afirmando que (sublinhado meu) «um dos feitos desta História consiste na «normalização» do século XX, marcado por rupturas e exibindo feridas profundas. Por isso me curvava diante dos seus autores, homenageando a obra que ajuda os portugueses dos seus fantasmas». É claro que do actual António Barreto tinha de sair um parágrafo assim, não tendo sido por acaso que, há cinco anos, eu escrevi sobre «a evidência de que, em relação a um vasto conjunto de acontecimentos e problemas da história contemporânea, está em curso um atrevido processo de revisão e rasura, muitas vezes convenientemente mascarado com poses de “distanciamento”, “pacificação”, “bom senso”, “relativismo político”, “neutralidade” e “isenção”. E, nessa altura também exprimi a preocupação de que, «se não se fizer frente desde já, com coragem e convicção, a esta “onda” de real branqueamento de coisas sinistras e de quase absolvição de pesadas responsabilidades, então não se estranhe que, daqui por uma década ou duas (ou mesmo antes), (...) alguns comecem a dizer que, quanto ao derrubamento da ditadura fascista em Portugal e à Revolução de Abril, é muito difícil saber, passado tanto tempo, se eram os derrotados ou os vencedores que tinham a razão do seu lado ou a proclamar que, em retrospectiva, entre fascistas e democratas tudo se equivalia e todos merecem o mesmo respeito histórico».

E termino sublinhando apenas que triste sinal dos tempos é este em que um conjunto de personalidades quer transformar Rui Ramos no Grande Sacerdote da História de Portugal e em que toda a crítica, divergência e polémica cometem o horroroso delito de estragarem a pintura da tal «normalização»

Vou propor que o Pingo Doce passe a vender também uns pacotes de cultura democrática.

Adenda em 4/9: nas páginas do Público prossegue o MNSRR, hoje com um artigo dos outros autores da História de Portugal coordenada por Rui Ramos e com uma crónica de última página de Pedro Lomba. O que só vem provar que os médicos ainda devem estar de férias !

11 comentários:

  1. "Uma data de personalidades"? Talvez erre, mas as personagens são as mesmas, o grupito dos previsíveis que atuassem dessa forma. Creio que há motivos para dar os parabéns sinceros ao Manuel Loff. Mesmo para um leigo distanciado dá para perceber a contundência das suas palavras. Em caso contrário não se compreende a mobilização desses indivíduos a fazer de escudo ao Rui Ramos.

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  2. A contundência e frontalidade de Manuel Loff, mete-lhes muito medo!!!!!

    Um beijo.

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  3. A convergência de interesses facilita a solidariedade ideológica.

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  4. Este Barreto diz-me qualquer coisa... António Barreto? Foi o tal ministro da agricultura que passou a certidão de óbito à Reforma Agrária.

    Obs Vítor Dias, nós encontrámo-nos à pouco tempo na CGD e até falámos do António Vilarigues que já se encontra recuperado da infecção bacteriana que o apoquentou. Já voltou ao trabalho no seu blog "O CASTENDO".

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  5. Num país onde muitos destes pseudo-comentadores e analistas trataram de se agarrar aos diferentes poderes e foram sobrevivendo agradando aos sucessivos (des)governantes, sempre de bem com o poder económico, é um prazer ler os textos e estudos de Manuel Loff. Aliás, um dos poucos historiadores (mesmo historiador, apesar de Filomena Mónica o desconhecer) a enfrentar publicamente os dislates ideológicos de Rui Ramos, camuflados de análise histórica, e a fazer uma análise lúcida e objectiva do percurso de José Hermano Saraiva aquando do seu falecimento. Quanto aos detractores de Manuel Loff, subitamente mobilizados nesta cruzada intencional, sabe-se muito bem qual o seu percurso político e económico, de onde vieram, onde estão e para onde vão. Alguns destes andam há muito a propagandear as "verdadeiras" soluções para o país em nome dos blocos centrais mais convenientes e outros até se tornaram promotores comerciais... Por estas e por muitas outras, é que já há muito deixei de gastar um escudo ou cêntimo com o Público. Nem mesmo quando dado em algumas praias o aceito.

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  6. Não deixa de ser curioso este movimento de direitinhas e ex-Esquerdalhos em torno do RR com o cognome do "Talentoso" dado pelo Fernandes, "O cambalhotas". A eles se juntam para já a Leninha Matos, Filomena "A fogosa" e o Espada. Agora que o grande comunicador Hermano se foi é preciso arranjar JÁ uma alternativa. Dizem deste que a sua história é cozinhada com produtos fora de prazo e indigestos. O mocinho RR parece tão fofo que até faz beicinho quando o contrariam. Não há direito fazer-lhe maldades, oh Loff !!!

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  7. Muitos destes nomes mais parecem candidatos ao "António Ferro" dos tempos actuais! Ao que chegaram!

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  8. O que vale,é q as 'massas' não querem saber disso, de estórias de portugal(dos pekeninos).querem é saber do cristiano ronaldo e irem comer hamburgers para o 'pato donald'...

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  9. e que dizem hoje os co-autores?

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  10. http://ruadopatrocinio.wordpress.com/2012/09/04/ainda-a-disputa-dos-historiadores-versao-portuguesa/

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  11. Caro Vitor Dias:

    Foi dos poucos que tomou publicamente uma atitude de denúncia dos miseráveis ataques ao historiador Manuel Loff. Muitos parabéns! Ainda há gente com verticalidade.

    Com os melhoers cumprimentos,

    Luísa Almeida, Lisboa

    Permita a reprodução de um texto publicado no blog «Rua do Patrocínio» que me parece interessante:


    Ainda a «disputa dos historiadores», versão portuguesa
    Setembro 4, 2012

    Manuel Loff

    Os ataques pessoais a Manuel Loff continuam. Se o lobby dos conservadores de direita é por demais evidente e poderoso, não deixa de ser estranho o silêncio de historiadores e outros intelectuais situados à esquerda. O «abandono» de Loff à sanha conservadora dá que pensar. A renúncia intelectual da esquerda é um profundo sintoma da sua desorientação ideológica.

    Durante a disputa dos historiadores alemães, Michael Stürmer, historiador conservador de direita e tomando posição na contenda entre Nolte e Habermas ao lado de Nolte, constatava: «Ganha o futuro quem preencher a memória, criar os conceitos e interpretar o passado.» A esquerda, até hoje, ainda não compreendeu isto verdadeiramente.

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