Leio no Público online que Francisco Louçã afirmou, no encerramento de um Fórum realizado pelo BE, que “A pergunta que a esquerda tem que fazer para merecer ser esquerda é porque é
que o povo não há-de governar?». Não sei se antes se depois, segundo citação do mesmo jornal, o coordenador do BE também afirmou, entre outros «mais», que «aqui está o partido mais realista da esquerda, mais terra a terra»».
E, visto isto e sem nenhuma implicância, apenas me assalta a ideia de que, se algum dia, no exercício das minhas passadas responsabilidades políticas (muito menores do que as de Louçã), eu tivesse afirmado tal coisa, choveriam raios e corismos porque estaria a desprezar e desvalorizar a democracia representativa e a sonhar acordado com formas impossíveis, irrealistas ou anarquistas de democracia directa.
É claro que eu conheço e pratiquei a importância da retórica no discurso político mas acho que, ao menos por humildade, me tremeria a mão ou a consciência antes de proclamar que a esquerda para merecer ser esquerda tinha de fazer a pergunta que eu resolvesse enunciar.
Nunca fiz pois aquela pergunta nem me lembra de alguém com um mínimo de responsabilidade no meu partido a ter feito assim. E lembro que, sem ter feito aquela pergunta, a minha esquerda, que tem um património de luta e de ideais que excede largamente as perguntas de ocasião, fez e faz há 91 anos o mais importante para merecer ser esquerda e que me dispenso agora de descrever.
Então não é o Povo quem mais ordena?
ResponderEliminarEu acho que sim, não pergunto!!!!!
Um beijo.