09 setembro 2012

Jerónimo de Sousa na Festa do Avante!

O fim da crise só com o fim
desta política e do governo
que a põe em prática!



(...)Portugal enfrenta a mais grave crise económica e social com consequências trágicas para o país e dramáticas para a vida dos portugueses: desemprego brutal; profunda e destruidora recessão económica; um processo de empobrecimento generalizado; regressão drástica das condições de vida das classes e camadas populares; aumento das injustiças e desigualdades; alastramento das situações de pobreza e de exclusão social, acentuação da dependência do país face ao estrangeiro.
Vivemos hoje uma situação de brutal retrocesso do país em todos os domínios. Uma situação que é o resultado acumulado de anos de política de direita ao serviço dos grandes grupos económicos e financeiros e de um Pacto ilegítimo que tudo agravou, estabelecido entre aqueles que governaram o país em todos estes últimos anos – o PS, PSD e CDS-PP e a troika estrangeira do FMI/BCE/UE.
Dissemos há um ano a partir desta mesma tribuna que o Pacto imposto pelos banqueiros, os especuladores e o grande capital para seu próprio proveito era um desastre que o país pagaria caro e que o caminho era outro e que havia uma alternativa capaz de defender o país e as condições de vida dos portugueses. Dissemos que este continha um programa inaceitável de exploração do trabalho, de extorsão dos portugueses e dos recursos nacionais. Que tal Pacto não era um programa de ajuda, mas um Pacto de Agressão ao país e aos portugueses.
Dissemo-lo e a vida confirma-o. A dimensão dos problemas atingiu níveis inimagináveis. Se o país há muito estava mal, tudo ficou pior.
As medidas de ataque aos salários, às reformas, aos rendimentos e condições de vida dos trabalhadores e do povo. O aumento dos impostos sobre o trabalho e consumo. A deliberada e drástica redução do investimento público e privado. A renúncia a uma política de desenvolvimento e de promoção da produção nacional. O aumento desmesurado e generalizado dos preços da energia, transportes e de todos os factores de produção – sectores dominados pelos grandes grupos económicos –, bem como o estrangulamento financeiro das micro, pequenas e médias empresas, são os negros traços de uma política de rapina ditada pelo dogmatismo ideológico ao serviço dos grandes interesses, cujas consequências negativas para o país e para a vida dos portugueses estão para lá das previsões mais pessimistas. (...)

Agora, aí os temos a dizer que nem tudo correu como previam!
E com um descaramento inacreditável a anunciar novas e mais brutais medidas, em nome da solução dos problemas que deliberadamente agravaram e continuam a agravar. Ultrapassando tudo o que era imaginável e todos os limites da desfaçatez e do cinismo, acabámos de ver o primeiro-ministro Passos Coelho com ar pungente a anunciar um descarado roubo nos salários dos trabalhadores e reformados, em nome do combate ao desemprego! Desemprego que promoveram e deixaram crescer para pressionar os salários para baixo e impor a lei da selva no mercado de trabalho!
Há quem diga que, perante o fracasso desta política de desastre nacional, estamos perante aprendizes de feiticeiro, vítimas do ricochete do seu próprio feitiço.
Puro engano!
Eles não são principiantes! Eles são mestres na arte da exploração dos trabalhadores e dos povos, para servir os senhores do dinheiro. Na sua maioria cursaram e fizeram tirocínio nas escolas do pensamento neoliberal, nos alcatifados da União Europeia e nas mais afamadas administrações dos grupos económicos e das grandes instituições financeiras, cujas portas estão sempre abertas a um regresso, depois de uma “sacrificada comissão de serviço público”. Eles são peritos na arte da mistificação. Eles nunca se enganam na receita e o feitiço nunca se vira contra eles, nem contra os interesses que servem, mas contra os trabalhadores, contra o povo.(...)»

intervenção integral aqui

5 comentários:


  1. É com muita tristeza que vejo que o PCP perdeu, decididamente a iniciativa política.
    Jerónimo de Sousa e a direcção do PCP não entendem o momento actual.
    O discurso de Jerónimo de Sousa foi REDONDO, sem propostas, sem compreender que a direcção do PS está a perder qualquer margem de manobra para continuar a dar vergonhoso suporte ao programa deles e da troika, do governo PSD/CDS; sem compreender o mar de contradições que se levanta no campo ideológico da direita; sem compreender o rápido e acentuado isolamento do governo; sem compreender qual deve ser o pricipal enfoque da luta das várias esquerdas, pensando fundamentalmente em mobilizar militantes e votantes de todos os partidos, cada vez mais atingidos pela ferocidade do programa ideológico dos neo-liberais mais fundamentalistas.
    Dedicar boa parte da intervenção ao Congresso e a questões internas, à reafirmação da luta pelo socialismo e do comunismo numa conjuntura como a actual é não perceber qual é a questão central que se deve colocar - a UNIDADE DEMOCRÁTICA contra a NOVA DITADURA, a que só falta a PIDE.
    Em minha opinião, e julgo que na da esmagadora maioria das pessoas de esquerda, toda a expectativa estava em que Jerónimo de Sousa pudesse lançar um repto ao PS, ao BE e a todos aqueles (independentes, católicos, democratas sem partido ou de outros partidos que estão dispostos a cerrar fileiras em defesa da DEMOCRACIA DE ABRIL.
    Convidá-los, sem condições prévias, para uma CIMEIRA DEMOCRÁTICA onde pudesse ser delineado um caminho, UMA PLATAFORMA MÍNIMA que unisse todos no combate contra a corja instalada.
    Estou convencido que, nas precisas circuntâncias actuais, quem se negasse ficaria em muitos maus lençóis perante os seus militantes, apoiantes e votantes. Ficaria com uma pesada responsabilidade histórica perante o Povo Português em relação à manutenção do governo de extrema-direita e das suas políticas terroristas.

    Há uma indignação e revolta tão generalizado na sociedade portuguesa como não se via há muitos anos.

    Urge entender essa realidade.
    Urge AGIR!


    Fernando Oliveira


    ResponderEliminar
    Respostas



    1. Sinceramente, temo que não tenha lido o discurso.E, perguntando por perguntar,o adjectivo «MÍNIMA» na «PLATAFORMA» é para ela não se afastar ou demarcar de tantos aspectos centrais prosseguidos ou apoiados pelo PS (vide alterações à legislação de trabalho)?

      10 de Setembro de 2012 22:48

      Eliminar
    2. Eu não li. Eu ouvi.
      O adjectivo "MINÍMA" tem a ver com a questão de definir, nesta precisa conjuntura, qual o INIMIGO principal.
      Face aos GRAVÍSSIMOS ataques que estão a ser desferidos contra a democracia e ao que (para além da liberdade formal) resta das conquistas democráticas do 25 de Abril, LANÇAR UM TOCA A REUNIR não pode ser para discutir a "construção do socialismo e do comunismo". Só pode ser para discutir e unificar a ACÇÃO em torno de um objectivo imediato, central, comum : Impor nas ruas a DEMISSÃO DO GOVERNO e a formação de um NOVO GOVERNO DE UNIDADE NACIONAL, aberto a personalidades anti-troika de todos os partidos com representação parlamentar, com uma nova política - patriótica, democrática, de independência nacional - resultante de um programa-PLATAFORMA de unidade.
      O que se impõe, no imediato, é escorraçar esta BANDIDAGEM que está instalada.
      O derrube do actual governo de extrema-direita e a constituição de QUALQUER novo governo assente nas bases atrás definidas É UMA GRANDE VITÓRIA DOS TRABALHADORES.
      Os Portugueses que confiam o seu voto no PCP não é só para protestar e apresentar propostas que, por muito justas que sejam, não os mobilizam, não os atraem, não colhem o seu apoio efectivo.
      O PCP, para além de protestar, tem que ter uma postura verdadeiramente MARXISTA, com estratégia e táctica revolucionárias, adequadas a cada situação concreta.
      Vivemos um momento ímpar de REVOLTA E INDIGNAÇÃO NACIONAL contra a extrema-direita que quer ajustar contas com o 25 de Abril.
      E o PCP, como partido autónomo, está sem iniciativa política própria, sem rasgo, sem capacidade para desencadear um GRANDE MOVIMENTO NACIONAL DE UNIDADE contra a extrema-direita, o seu governo e as suas políticas criminosas, contra a destruição do País.
      Este PCP não tem nada a ver com aquele que em 1969 não conseguiu impedir a CEUD de Mário Soares em Lisboa, mas que conseguiu, nesse mesmo ano, que Maria Barroso fosse candidata pela CDE em Santarém. E conseguiu, em 1973, voltar a unificar a Oposição Democrática em torno da CDE, em todo o País.
      Conseguiu-o porque os dirigentes de então, naquele período, fizeram uma análise marxista da situação.
      Daí resultaram objectivos estratégicos e definições tácticas adequados à situação.
      No dia em que o PCP conseguir fazer uma auto-crítica séria dos graves erros que cometeu (por dogmatismo) desde o 25 de Abril até hoje, também perceberá que hoje, AGORA, não se está a revelar como um verdadeiro partido revolucionário, à altura das circunstâncias actuais.
      E a maior parte dos erros (e refiro-me só aos de natureza externa)têm e tiveram a ver com avaliações erradas da POLÍTICA DE ALIANÇAS e muito SECTARISMO.

      E se há pessoas no PCP que sabem bem do que estou a falar (até pelas responsabilidades assumidas na luta anti-fascista), uma delas é o Vítor Dias.

      E se um dia o PCP for capaz de abrir um debate livre, sério, aberto, sobre este tema e se eu ainda por cá andar e tiver lucidez, serei um participante activo.

      Se isso não acontecer, levarei comigo esse desgosto para o crematório.


      Fernando Oliveira

      Eliminar


    3. Deixando passar o resto, o Fernando Oliveira sabe perfeitamente que quando se diz que uma plataforma é «mínima» isso não tem que ver com o inimigo principal, tem que ver com os conteúdos da política a realizar.

      O Fernando de Oliveira fala de «governo de unidade nacional» e parece criar-lhe um denominador «anti-troika».

      Será que não percebe quem está a excluir dadas as posições actuais ?

      Eliminar
  2. Olhe, Vítor Dias,




    Não deixe passar nada, sobretudo o essencial, o importante.

    Nomeadamente as questões referentes aos erros praticados no que se refere à POLÍTICA DE ALIANÇAS e ao SECTARISMO.

    E não me estou a por de fora desses erros durante os últimos 7/8 anos da minha militância de 20. Fui um entre milhares que têm responsabilidades práticas em situações de sectarismo e de cedência a pressões esquerdistas que tanto mal causaram, que tanto facilitaram a acção contra-revolucionária. Fui mais um que não conhecia o país real.
    Confundi parte do Alentejo e do Ribatejo, as cinturas industriais de Lisboa, Setúbal e Porto com o resto do país -rural, atrasado, dominado por caciques locais e por uma estrutura clerical ultra-retrógada que, semanalmente, fazia mais de 6.000 comícios anticomunistas a partir dos púlpitos das paróquias.

    Mas, sempre respeitando a sua opinião, tão livre quanto a minha, quero dizer-lhe o seguinte:

    - ao contrário do que afirma, sei perfeitamente que quando defendo uma PLATAFORMA MÍNIMA o faço nos precisos termos que atrás expus, bem diferentes da sua interpretação. Mas indo à política a realizar, o meu entendimento é que qualquer plataforma mínima e as políticas nela definidas, será sempre algo bem diferente, para melhor, do está em curso - um AUTÊNTICO GOLPE DE ESTADO contra o 25 de Abril e as suas conquistas, muitas delas civilizacionais. Mas não pode ser o Programa do PCP ou de qualquer dos outros.

    - Julgo que o carácter extraordinário do momento actual deve impor-nos que corramos atrás das convergências possíveis, em detrimento de divergências, mesmo daquelas quase incontornáveis, de fundo. E quando defendo isto, tenho bem presente o rápido agravamento das contradições no seio do PS e da UGT. Há, num lado e no outro, ao nível das direcções, mas sobretudo ao nível das bases, pressões fortes para que rompam com o governo e com o memorando da troika.

    - uma iniciativa pública do PCP a convidar PS, BE, PEV e outras organizações e cidadão que atrás enunciei, para além de um repto, vai obrigar as várias partes a definir posições.
    Vai acentuar as contradições e o debate interno no PS e na UGT.
    As posições actuais podem alterar-se. É necessário, é imperioso ter iniciativas que catalizem as potencialidades da mudança.

    - quem disser não ao convite assume uma enorme responsabilidade política. Perante os militantes, perante os apoiantes, perante os eleitores, perante um Povo inteiro, hoje (como nunca, depois do 25 de Abril) altamente revoltado e indignado com as políticas de ROUBO, do SAQUE, da VENDA DE PORTUGAL a pataco.

    Tudo isto para lhe responder, Vítor Dias, à questão que erradamente suscita na sua pergunta final.

    Resumindo : ao PCP caberá (em minha opinião pessoal) tomar a iniciativa e convidar. É essa a sua responsabilidade revolucionária e democrática. Aos outros compete responder, assumindo todas as responsabilidades decorrentes das respostas dadas.

    Deixo-lhe ainda mais uma questão para reflectir :

    Se mesmo entre nós o Vítor Dias priviligia a divergência em relação à convergência, se o PCP não tem sido capaz de entender que estigmatizou muitos militantes e quadros sérios, com provas dadas, não deu um passo para reunificar a "família comunista" , como pode estar em condições de construir a UNIDADE DEMOCRÁTICA de que o País e os Portugueses precisam, como de pão para a boca ?

    Quando o actual PCP e os seus dirigentes reflectirem e fomentarem a relexão de todo o colectivo sobre estas questões e sobre o PCP e o seu papel em relação ao poder e à governação, talvez seja retomada a iniciativa política.

    Talvez todos nos venhamos a sentir ainda mais orgulhosos de sermos ou termos sido militantes do partido da resistência e da libertação de Portugal do jugo fascista - o velho e o novo, este com novas roupagens e maquilhagem.

    Porque onde o PCP faz mais falta é no GOVERNO !

    Para governar bem, governar diferente, com o apoio real do Povo.

    Fernando Oliveira

    ResponderEliminar