23 junho 2013

Não esquecer que estas coisas são relativas

De que falamos quando
falamos de "classe média" no Brasil ?



Numa altura em que, sem conta nem medida nem rigor, quase toda a gente passou a falar da «classe média» no Brasil e da sua ascensão, o blogue «a essência da pólvora» prestou o assinalável serviço público de publicar um gráfico do Wall Street Journal sobre a decomposição da população brasileira segundo escalões de rendimento.
Ora, eu próprio, há algum tempo quandio os jornais brasileiros fizeram manchetes anunciando que a classe média do país havia ultrapassado os 50% da população, já havia aqui chamado a atenção para que, sem ignorar as mudanças positivas verificadas, tanto os conceitos de pobreza como de «classe média»  são relativos de país para país e que, para uma paridade de 1 euro = 2,9 reais, isso significava então no que no Brasil quem ganhar muito menos (1000 reais = 330 euros) que o salário mínimo português já está no topo da «classe média»ou mesmo na «classe alta». Aliás, bem me lembro que vai talvez para 20 anos que, quando o reputado jornalista brasileiro Caco Barcelos esteve em Portugal e deu uma entrevista ao Avante! muito estranhei eu a sua afirmação de que no Brasil havia 30% de ricos porque, para mim, tirando talvez o Brunei, não havia no mundo nenhum país com 30% de ricos. Esta afirmação era pois manifestamente uma decorrência dos critérios relativos usados no Brasil. E pronto mas já agora e no mesmo sentido sublinhado por «a essência da pólvora», talvez tantas referências à «classe média» brasileira» não nos devessem fazer esquecer que talvez 80% ou mais dela devem ser trabalhadores assalariados.

3 comentários:

  1. Esperemos que tudo corra bem porque o Brasil tem sofrido muito com as ditaduras a miséria e a fome e há muitos saudosistas que espreitam a oportunidade de voltarem atrás. Toda a força ao movimento popular, não ao fascismo escreve o PCB.
    O PC do B afirma que a voz do povo deve ser atentamente escutada e respondida.
    Anda por lá muita reacção à solta, A esquerda não tem ainda a maioria dos Governadores é como governar num ninho de víboras que tudo fazem para destruir o processo democrático e entre esses partidos está um o PSD que tem muita força e por sinal muitas ligações ao PSD português. As coisas não são fáceis, nem de gerir nem de entender. Todos os países progressistas da região assistem com muita preocupação ao que se está a passar.
    No Granma lê-se a propósito de Dilma: Há extremistas de direita que querem distorcer os sentimentos dessas manifestações.
    Ainda segundo o Granma o grau das relações entre Cuba e Brasil é expressa em reuniões de alto nível. O presidente Raúl Castro acolheu Pimentel no Palácio da Revolução, em Havana e o Brasil vai financiar a expansão da infra-estrutura aeroportuária em Cuba.
    Cuba está a enviar milhares de médicos para o Brasil para regiões onde não há assistência nenhuma e só agora é que começaram a implementar uma espécie de registo civil a nível nacional porque há zonas onde não se sabe quem lá vive e a que necessidades é urgente acudir.
    Há muitos erros no percurso? Claro que sim mas exigir em 10 anos aquilo que nunca foi feito e reclamar pureza ideológica faz lembrar um pouco o que se passou em Portugal a seguir ao 25 de Abril.
    J. Monteiro

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  2. Assim percebe-se o aumento rápido da "Classe Média" no Brasil.
    Tudo é relativo, neste mundo.

    Um beijo.

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  3. Há um outro índice muito mais fácil de entender, mas que infelizmente - ''et pour cause''...- não aparece nas estatísticas, sendo apenas referido de boca em boa: a distribuição do Rendimento Nacional no Brasil ronda os 70/30, entre capital/trabalho. Olhando para a realidade, andando nas ruas e nos mercados, esses valores não devem ser muito diferentes. 10 anos é realmente um tempo curto, mas quando os resultados pioram em vez de melhorar, é preocupante.

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