Em post intitulado, de forma algo insolente, «Impasse: à esquerda, na caminha é que se está bem (IV)» , Daniel Oliveira volta a tratar , desta vez de forma mais sofisticada e com maior capacidade de equivocar leitores, matérias e questões que já comentei várias vezes, designadamente aqui, aqui e sobretudo aqui (num desafio concreto sem resposta).
Acontece que, a dado passo, Daniel Oliveira assinala que «O Bloco de Esquerda e o PCP (os dois ou um deles) terão
de aceitar negociar com os credores. Não se pode defender a
renegociação da dívida sem querer falar com aqueles a quem devemos. E
hoje os nossos maiores credores internacionais são institucionais. Ou
seja: a troika. Dizer que se quer renegociar a dívida e que não se quer falar com a troika é uma falácia.»
Trata-se uma afirmação crítica para o PCP e o BE com tal falta de fundamento e filha de uma ligeireza tão chocante que, para mim, dá logo para entornar o caldo da discussão.
Com efeito, cabe perguntar a Daniel Oliveira: onde é que ele consegue encontrar e exibir qualquer declaração do PCP ou dos seus responsáveis no sentido de que um futuro governo ( de efectiva alternativa ao actual) não deverá discutir ou negociar com a troika ou, em geral, com os credores ? Não está na cara que quem defende a renegociação da dívida está automaticamente a dizer que a renegociação é precisamente com os credores ?
Eu sei que o BE se veio a arrepender dessa atitude, mas parece-me que Daniel Oliveira está a confundir miseravelmente a decisão de um partido (representado na AR, o que é diferente de sindicatos) como o PCP se ter recusado a ter encontros com a troika com qualquer ideia de que um novo governo não deveria falar com a troika (para o quê e que termos é outra conversa).
E, pelo meio desta dedução errada, absurda e falsificadora, Daniel Oliveira está a voltar a não perceber que, com aquela sua atitude, para além do mais e como já escrevi, o PCP acabou defendendo a dignidade do governo do país (que ele próprio não soube defender) porque os únicos termos justos da equação eram o governo legítimo do país ser o interlocutor da troika e o governo do país ser, no plano institucional e sobre as matérias em causa, o interlocutor dos partidos da oposição.
"À Esquerda: Na caminha é que se está bem" ?. Não, no planador é que alguns estão bem.
O meu neto
ResponderEliminarque fala por gestos
é um sábio
Abraço amigo
Cá para mim seria necessário uma auditoria, porque há muita dívida injusta e odiosa e depois, sim, negociar o justo pagamento com os credores.Esta é a minha opinião, não sei se correta porque nunca a discuti com ninguém.
ResponderEliminarUm beijo.
Sim, sim, uma auditoria aos últimos trinta e sete anos de governação e a todos os processos de corrupção e falcatrua e promiscuidade político-económica que levaram o país a este estado e malbarataram as condições e janelas de mudança que Abril nos abriu. Claro... depois do povo varrer do poder os coveiros de Abril, só então, poderá, face aos credores aos quais a Pátria foi vendida, discutir as condições de pagamento da dívida, "renegociá-la". Porque esta dívida não pode ser a negociata financeira que vai enchendo o saco dos credores, garrotando o país, e, ainda por cima complementando o pagamento com toda a panóplia de atos cleptómanos de austeridade que, por um lado, retiram à grande maioria do povo todas as condições de sobrevivência e, por outro, impõem a venda ao desbarato de todos os setores estratégicos da riqueza e da capacidade produtiva nacional ao capital parasita interno e externo. Renegociar a dívida tem que significar também retomar a iniciativa, a dignidade e a independência nacional. Só um governo de esquerda que saiba com honestidade e sentido patriótico congregar os portugueses para esta tarefa histórica poderá atingir os objetivos que urge conquistar. Um governo que vá muito além daqueles que têm feito parte do chamado arco do poder que não tem sido mais que um triste ciclo vicioso onde o capital usurpador tem nadado como o peixe na água. É tempo de todos acordarmos para, solidários, decididos ousarmos reescrever a HISTÓRIA.
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