à chuva, molha-se !
Embora não consiga encontrar o respectivo vídeo (a pesquisa nos videos do Sapo só dá como último programa um em Dezembro do ano passado e no sítio da SIC também não encontrei), a verdade é que no «Eixo do Mal» de 13/3, o convidado Rui Tavares insistiu com o ar mais tranquilo deste mundo que, em Portugal, não havia oposição, referindo-se explicitamente ao PS e ao BE e ignorando até (sobranceria ?) o PCP.
Hoje, em crónica no Público, flecte, flecte, insiste, insiste no mesmo faduncho: «(...) E isto não é só o governo: do lado da oposição, tampouco há oposição. Como consolação, repetem-se os mesmos rituais e frases feitas, tão duras na forma quanto mais ineficazes no efeito, como se nada fosse preciso mudar (...)».
Eu talvez pudesse escrever que, estando muito tempo em Bruxelas e Estrasburgo, Rui Tavares estaria a precisar que lhe ofereçam uns binóculos de longuíssimo alcance para descobrir que há realmente oposição que faz oposição, e activa, e enérgica, e persistente, e sacrificada, à desgraçada política do governo. Mas não quero melindrar Rui Tavares.
Por isso, prefiro recomendar-lhe que pondere se a importante e intensa movimentação social (múltiplas manifestações, uma greve geral, diversificadas acções de protesto) terá caído do céu aos trambolhões ou terá sido de geração espontânea.
Prefiro que, visitando os sites dos partidos à esquerda do PS e não se guiando apenas pelos media, se informe sobre a sua actividade, iniciativas, discursos, os materiais de propaganda, intervenção parlamentar, etc, etc.
Prefiro também recordar-lhe que a mim jamais me passaria pela cabeça dizer, a respeito dos deputados do PCP e do BE (e sobretudo de um que, em célebre transferência, se acolheu na bancada dos Verdes) no Parlamento Europeu, que «como consolação, repetem os mesmos rituais e frases feitas, tão duras na forma quanto mais ineficazes no efeito, como se nada fosse preciso mudar».
Mais importante que tudo é porém dizer a Rui Tavares que milhares de portugueses de esquerda, a começar por mim ,aguardam ansiosa, sobressaltada e esperançosamente que, do alto da sua cátedra em Bruxelas, quem sabe se com a ajuda da criatividade do bendito Cohn-, nos ofereça a cartada ou poção mágicas para que a oposição real em Portugal possa superar as minúsculas dificuldades com que se defronta, designadamente essa coisa de nada que é a existência de uma maioria absoluta da direita, ainda por cima confortada com as violentas abstenções ou votos a favor do PS.
Certeiro, como sempre!
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