Uma proposta género gato escondido com o rabo de fora
Pelo meio das duas generosas páginas que o «Público» resolveu oferecer às propostas «ecológicas» do PS para a sua campanha eleitoral, ficámos a saber que o PS desafia todos os partidos a reduzirem para metade o número dos seus outdoors de campanha. Ora acontece que é nessas mesmas páginas do «Público»que também ficamos a saber que o PS foi o partido que mais gastou nesse material de campanha (190 mil euros). Mas o que nem o PS nem o «Público» nos explicam é que com muita probabilidade a CDU (por limitações financeiras) afixa para aí um décimo do número de outdoors que PS ou PSD afixam. E que, portanto, as consequências da proposta teriam efeitos muito diferentes pois, para a CDU, significariam uma presença quase irrelevante no que toca a esse meio de propaganda eleitoral. A causa do ambiente é meritória e irrecusável mas assim é melhor irem dar banho ao cão !
Não, não vou enumerar todas as regras deontológicas e livros de estilo que esta pretensa notícia debitada na Antena Um viola e agride. Vou só lembrar que no PCP e na CDU não há maneira de obrigar alguém a ser candidato se não quiser. E que é um despudor estar no fundo a empurrar um partido para explicar em público todas as respeitáveis razões pessoais que estão por detrás de certas alterações nas candidaturas da CDU. Sendo que, além do mais, isto é mesmo uma variante do preso por ter cão e preso por não ter. Ou seja, se há alterações, ai jesus que alguns estão a ser corridos. Se não há, ai jesus que não mexem em nada e já são todos conhecidos. E mais: depois de duas décadas de insolente preconceito e injusta desvalorização, afinal gostam muito da Heloísa Apolónio.
Em França, com um papel destacado da CGT em articulação com partidos políticos e movimentos sociais está em curso um importante mobilização para conseguir os cerca de 4 milhões de assinaturas para convocar o que lá chamam um Referendo de Iniciativa Partilhada que impeça a privatização dos Aeroportos de Paris.
Entretanto, recordemos que cá foi assim...
mas o pior é que, quando se escava nas privatizações aparece sempre disto !
Aos 16.50 min. aqui , referindo-se a casos recentes de corrupção em autarquias, João Miguel Tavares aludiu a Câmaras do PS, do PSD, do CDS «e até do PCP».
Fica pois o ex-comissário do 10 de Junho intimado para, no prazo de 8 dias, de preferência no «Governo Sombra» (já que não se pode esperar que seja na própria RTP) a esclarecer que Câmara de maioria CDU está a ser investigada ou processada por actos de corrupção.
E se ele está a pensar numa velha cantilena mais do que arrasada então que venha aqui.
Só para demonstrar que as famosas regras do euro não são uma vaca sagrada
"Ex-economista chefe do FMI diz que, com as taxas de juro tão baixas, chegou a hora de, na zona euro, se investir mais, mesmo que isso signifique um aumento da dívida." (PÚBLICO, HOJE)
Eu dou-vos algo em que (não) acreditar: há 3 dias ganhei um inesperado aliado contra o capitalismo
"Quelque chose ne fonctionne plus dans ce capitalisme qui profite de plus en plus à quelques-uns. Je ne veux plus que nous considérions que le sujet d'ajustement économique et de la dette prévaut sur les droits sociaux", a lancé Emmanuel Macron. «Alguma coisa não funciona mais neste capitalismo que aproveita cada vez mais a alguns. Eu não quero mais que nos consideremos que o assunto do ajustamento económico e da dívida prevaleça sobre os direitos sociais», declarou Emmanuel Macron
Se não estou já totalmente parvo, este artigo-carta de Paula Teixeira da Cruz no «Público» de hoje é dirigido(a) a Rui Rio, Presidente do PSD. Acontece que o jornal ilustrou-o com uma fotografia (similar à que está aí à esquerda) do PR Marcelo Rebelo de Sousa no último 10 de Junho. Terá sido obviamente um daqueles lapsos que ocorrem na profissão de jornalista. Mas se não fosse, convenhamos que era uma boa piada, já que MRS se assumiu há pouco tempo como sofredor das dores do PSD e seu "substituto" para o que der e vier.
Embora infelizmente esperada mas nem por isso menos dolorosa e brutal, chega a notícia da morte de Ruben de Carvalho. E, neste momento, tenho diante de mim a maior das dificuldades em encontrar as palavras e ideias adequadas a respeito deste amigo e camarada que deixa as nossas vidas, a nossa luta e os nossos sonhos. Porque se trata de um grande amigo e de um marcante camarada desde há cerca de 50 anos, com quem tanto aprendi, com quem travei tantos e tantos momentos de reflexão e discussão, tantas batalhas contra o fascismo, na revolução de Abril e nos complexos e desafiantes tempos posteriores. Recordo de imediato, a propósito de Rúben de Carvalho a sua participação nas lutas estudantis do inicio dos anos 60, o tempo em que ele e eu éramos o aparelho clandestino de imprensa e propaganda da CDE de Lisboa (71-74), o seu qualificado percurso de jornalista ( «O Século»,« Vida Mundia» e «Avante!»), a sua vasta e irrequieta cultura, o seu papel no desenvolvimento do «Avante1» legal. Recordo também o seu papel na fisionomia musical (e não só) da Festa do Avante, o seu especial conhecimento da história dos EUA e do seu movimento operário, a sua qualidade de especialista no fado, a sua dimensão de organizador ou colaborador destacado de projectos especiais como as 25 Canções de Abril, a Lisboa 94, o Festival dos Portos, as Festas de Lisboa e a Telefonia de Lisboa, a sua dimensão de intelectual comunista que, sem os preconceitos que se sabe, teria obtido um ainda em vida um maior reconhecimento público. E, ponto importante lembrar também que Ruben não era um mero globetrotter da cultura pois em tudo havia a marca ou a inspiração dos seus compromissos, cívicos, políticos e ideológicos. Enfim, tudo isto e muito mais seria pouco para honrar com justiça a memória do Ruben que partiu e me (nos) vai fazer falta. Abraço apertado para a Madalena Santos.
E neste momento de tristeza, decido deixar aqui três marcas, entre tantas outras de natureza cultural e política, que o Rúben nos deixou :
- um é o cartaz da CDE de 1973 (que, sob descabeladas ameaças do Governo Civil, não chegou a ser afixado) que Ruben concebeu com Ary dos Santos e José Araújo: :
- outra é, num quadro de trabalho
colectivo, a sua destacada contribuição para a criação da «Carvalhesa»
- e, finalmente, outra, o Manifesto, que ele inspiradamente redigiu, do XIII Congresso (Extraordinário) do PCP e que, 29 anos depois, ainda
Três toques: 1.Os portugueses lutaram pela liberdade, não apenas em 1974 mas também nos 47 anos precedentes. 2. E sim, lutaram pela democracia em 1975 mas certamente não pela democracia ansiada por JMT. 3. Não de grande bom gosto nem proporcionado misturar a luta pela liberdade e a democracia com a integração europeia e a moeda única. e depois há as aspas para ver se disfarçam o populismo
"Há o “eles” – os políticos, as instituições, as várias autoridades, muitas das quais (receio bem) se encontram hoje aqui presentes. E há o “nós” – eu, a minha família, os meus colegas, os meus amigos. Entre o “nós” e o “eles” há uma distância atlântica, com raríssimas pontes pelo meio.“Eles” não têm nada a ver connosco. “Nós” não temos nada a ver com eles."
" Ministro da Justiça afirma que os procuradores foram vítimas de uma invasão criminosa e que não pode assegurar que os diálogos sejam verdadeiros." (O Globo)
Sempre de cabeça levantada face a uma campanha suja !
No «Governo Sombra» ontem transmitido na TVI 24, o poeta Pedro Mexia (perante o silêncio complacente de Ricardo Araújo Pereira) voltou a referir de forma velada, a propósito do PCP, o caso de uma contratação feita pela Câmara de Loures e que aliás deu origem a uma campanha de difamação que procurou pôr em causa indiscutível património de honestidade do PCP.
Lembramos ao estimado público que este senhor é Presidente do partido que, num governo já em meras funções de gestão, privatizou a totalidade da TAP (decisão depois insuficientemente revertida para metade pelo governo PS)
Honre-se a memória e o sacrifício dos que combateram na Normandia mas não se reescreva a história Público, hoje
DN, há cinco anos
«É certo que naquela data sete milhões de soldados soviéticos já tinham morrido e que só na decisiva batalha de Kursk ( que, com a de Stalinegrado, é que mudou o curso da guerra) o Exército Vermelho perdeu 178 mil homens enquanto o desembarque na Normandia custou 30 mil vidas às forças aliadas ocidentais. Mas isso não pode apagar a homenagem devida à coragem e heroismo dos que desembarcaram nas praias na Normandia em 6 de Junho de 1944 numa operação militar de extraordinária complexidade. E, por um momento, guardemos um particular respeito por aqueles que embarcaram para o combate depois de ouvirem um seu comandante lhes dizer na parada, em «táctica de choque» como relata Anthony Beevor na página 49 de«El Día D - La Batalla de Normandía»: «Olhem à vossa direita e à vossa esquerda. Só um de vós continuará vivo depois da primeira semana na Normandia». Ocasião também para lembrar os 2o mil civis franceses vítimas dos bombardeamentos aliados (é o lado feio de todas as epopeias) e para não deixar que fique na sombra a útil e sacrificada contribuição (que não pode ser medida em termos estritamente operacionais) que a Resistência francesa deu para o êxito desta operação, com destaque naquela região para os FTP (Franc-Tireurs Partisans). » - otempodascerejas,6.6.2014
Cinco pazadas de terra na ultima parvoíce de Rui Rio
Para além de sublinhar que esta proposta de Rui Rio representa de facto uma óbvia tentativa oportunista de se encostar à base social que pratica o antiparlamentarismo e grita contra tudo e todos para disfarçar as suas incapacidades de cidadania activa, o que eu quero dizer é sobretudo o seguinte:
1. Quanto à pressão para reduzir o número de deputados pode dizer-se que é quase tão velha como a Sé Braga e sempre esquece duas coisas: a primeira é que a redução passada de 250 deputados para 230 não afectou por igual todos os partidos pois afectou muito mais o PCP e o CDS em benefício do PS e PSD (quando tiver tempo vou procurar os papéis onde isso está demonstrado); a segunda é que, para os partidos mais pequenos isso representaria a incapacidade de, pela redução da sua representação, poderem desempenhar cabalmente as vastas e complexas atribuições de um grupo parlamentar. 2. Acontece que Rui Rio parece não perceber coisas tão elementares como a de um Parlamento é um lugar de representação dos eleitores e, como bem disse Daniel Oliveira esta manhã na TSF representação baseada em escolhas e não em não escolhas. 3.Acresce que, sendo de facto algo de diferente dos brancos, os votos nulos em rigor quando muito exprimem na maior dos casos uma certa variedade de humores e idiossincrasias pessoais (alguns até de nulo bom gosto e educação, como bem sabe quem já esteve em mesas de voto) e de objectivos pouco ou nada decifráveis com segurança. 4. Além do mais, a turva proposta de Rui Rio ( que há-de andar de par com modificações do sistema eleitoral mas disso trataremos mais tarde quando essa batalha for a doer) tem um "pequeno" problema : é que em qualquer assembleia (e na AR por maioria de razão) há sempre a necessidade de saber que número de deputados são precisos para haver uma maioria (na AR actualmemnte são 116). Ora, se no hemiciclo, passar a haver por exemplo 15 lugares desertos correspondentes aos brancos e nulos, diga-nos então Rui Rio se os lugares desocupados também entram para a definição do que á uma maioria. 5.E, para já, pronto, para mim triste sinal dos tempos é que hoje politólogos capazes de dar alguma corda a uma proposta tão estouvada, em vez de acompanhare, ainda que fosse ao de leve e com maior sofisticação intelectual, as pazadas de terra que aqui deixo.
avise-me quando chegar a vez do «sindicato socialista»,
do «sindicato social-democrata» e do «sindicato centrista» chegarem a manchete online !
SE O ASSUNTO NÃO FOSSE DEMASIADO SÉRIO EU DIRIA QUE OS JORNALISTAS DO DN DEVIAM INVESTIGAR MELHOR POIS, SE «PROVOCA TERRAMOTO» , TALVEZ SEJA UM SINDICATO ANARQUISTA RESSUSCITADO DO PRINCÍPIO DO SÉC. XX.
Na página 32 do Programa Eleitoral do PCP para as legislativas de 2015 "O PCP defende uma política agrícola que (...)que trave a exploração intensiva e predadora
dos solos"
Por muito que doa a J.M.T, não, não são todos iguais !
(João Miguel Tavares no «Público» de ontem )
É certo que, se JMT me lesse, logo invocaria um certo «caso». Mas o pior é que, em vez de o mandar para aquela parte, eu o mandaria consultar a deliberação unânime que sobre esse assunto foi tomada pela Assembleia Municipal de Loures e que reduziu a pó esse «caso».
BREVE CONTRIBUTO PARA "DIMENSÃO HISTÓRICA" DE JONAS SAVIMBI
«David Bernardino, médico pediatra, nasceu a 23 de Março de 1932 e morreu no Huambo, assassinado pela UNITA de Jonas Savimbi, a 4 de Dezembro de 1992. O assassinato já havia sido mandado a partir do topo da organização, e ele sabia-o, mas não quis abandonar o seu posto, o seu centro de saúde, onde sentia que era preciso. Foi lutador anti-fascista, foi presidente da Casa dos Estudantes do Império, fez um jornal que não agradou propriamente a nenhum poder e foi assassinado pela UNITA aos 60 anos. Plantou hortas, porque precisava de melhorar o estado nutricional dos seus doentes. Cantou no Coro Lopes Graça. Deu boleias sem fim aos putos do bairro na caixa aberta da sua carrinha. Correu com bebés nos braços pelas casas e jardins, "porque eles gostam", deixando os pais atordoados. (...)» (Sandra Monteiro no Facebook)
(*) Esclareço que não li todo o texto de Daniel Oliveira mas apenas a parte que está acessível no site online do «Expresso». E, para obstar a precipitações de comentários, esclareço também que, segundo me disseram, Daniel Oliveira não exprime qualquer satisfação pelo resultado da CDU mas sim preocupação.