É preciso avisar o senhor
que o Forte de Peniche agora
está ocupado com um museu
Para além da
gritaria do chefe
Afinal...
«(...) É habitual ler-se ou ouvir-se na comunicação social que as remunerações dos trabalhadores da Administração Pública são muito superiores às dos trabalhadores do setor privado. Este é o argumento habitual de todos os que atacam estes trabalhadores essenciais para todos os portugueses, porque garantem o funcionamento dos serviços públicos indispensáveis à população, como são os serviços de saúde, de ensino, de segurança social, a segurança das pessoas e das propriedades, etc. Por ignorância ou com o objetivo deliberado de manipular a opinião publica, comparam a remuneração média paga no setor privado com a remuneração média paga no setor público. Em 2019, e são últimos dados publicados no Boletim Estatístico do Ministério do Trabalho de abril de 2021, a remuneração base média no setor privado era de 992,5€, enquanto na Administração Pública, segundo a DGAEP do Ministério das Finanças, era de 1483,4 €, mais 490,9€. A nível ganhos médios a diferença era de 579€. E logo aqueles que atacam os trabalhadores da Administração Pública afirmaram que estes trabalhadores são uns “privilegiados”. Infelizmente, alguns jornalistas, repetem o mesmo sem se darem ao trabalho de investigar ou de procurar o contraditório, base de um jornalismo objetivo. O erro deliberado ou inconsciente resulta de se estar a comparar duas realidades completamente diferentes, como vou mostrar neste estudo utilizando apenas dados oficiais do INE, da DGAEP do Ministério das Finanças (agora do MMEAP) e do GEP do Ministério do Trabalho.»
«A terceira convenção do Movimento Europa e Liberdade que se realizou nos últimos dias foi excelente para separar o essencial do acessório. À primeira vista, estiveram lá representados projetos políticos com diferenças importantes entre si: do liberalismo na economia e nos costumes ao reacionarismo saudosista do Estado Novo e do passado colonial, da democracia cristã ao novo radicalismo trauliteiro. Na prática, porém, uma e só uma preocupação animou esta convenção: o regresso da direita ao poder. Para isso, ninguém como Camilo Lourenço para chamar a atenção para a plataforma comum que a todos anima: privatizações (não que restem muitas por fazer…), redução dos impostos, redução da despesa social, negócios privados à sombra do Estado. Que não haja dúvidas: independentemente das diferenças mais ou menos superficiais em torno de outras questões, é mais o que une do que o que separa. E o que une é a sua natureza de classe: menos redistribuição do rendimento e mais abertura de mais esferas da vida social (saúde, educação, pensões,…) à rendibilidade privada.
Neste sentido, é sintomático que a sensibilidade de direita que mais se apresentou em extinção neste congresso tenha sido a democracia cristã, com as suas influências da doutrina social da Igreja e a sua combinação de conservadorismo político e cultural com uma política económica com preocupações sociais. Os tempos não estão para isso: do ponto de vista da direita contemporânea, a democracia cristã erra em toda a linha, sacrificando o essencial e retendo o supérfluo. É também por isto que o CDS, representante original da democracia cristã portuguesa no período democrático, está hoje moribundo e é também por isto que a democracia cristã está praticamente extinta mesmo dentro do CDS. Os estados de alma do “manifesto dos 54” estão por isso condenados a perder para o pragmatismo das alianças que se mostrarem necessárias, como Rui Rio já deixou abundantemente claro. Foi Ventura e não Poiares Maduro quem empolgou esta convenção, porque é o primeiro e não o segundo quem permite vislumbrar uma via de regresso ao poder. As direitas divergirão no que calhar mas estarão de acordo no que se impuser, como exemplificado pela perfeita sintonia das propostas da Iniciativa Liberal e do Chega em matéria fiscal: redução máxima da progressividade no limite da constitucionalidade, beneficiando ao máximo os mais ricos e desprovendo o Estado dos recursos necessários para os serviços públicos e apoios sociais.
Exasperada com o afastamento do poder, não chega à direita que o PS se encarregue de salvaguardar os seus interesses em aspetos tão cruciais como a legislação laboral, ou que a integração europeia (da mesma Europa que o MEL sabiamente saúda na sua designação) inviabilize políticas mais progressistas em múltiplos domínios. Isso não chega porque a direita e os interesses que esta defende querem mais: mais redução dos impostos que limitam a desigualdade, mais desmantelamento da regulação que protege a parte mais fraca na relação laboral, mais recursos públicos ao serviço dos lucros privados na educação e na saúde.
Tudo na convenção do MEL foi sintomático. A sua organização por destacados representantes da direita dos negócios. A participação dos costumeiros representantes da direita do PS. A mitificação sebastianista de um Pedro Passos Coelho que, sem que sequer disso se apercebam, é o principal responsável pela erosão eleitoral da direita na última década. Mas acima de tudo o facto de, sempre que necessário, a direita tirar as luvas e unir-se em torno da sua matriz fundamental: a salvaguarda e aprofundamento do privilégio.
No «congresso das direitas (MEL) o líder do CDS faz um discurso inflamado contra o «centrismo». Aguarda-se agora que corra a alterar no Tribunal Constitucional a designação do seu partido que é Centro Democrático e Social. Coisas que acontecem àqueles que, na hora de escolher o nome dos seus partidos, escolheram um que disfarçasse o que realmente eram.
Pouca gente foi
ao MEL. Parece que é amargo
Pela imagens que vi na televisão no «congresso das direitas» promovido pelo MEL havia uma dúzia de gatos pingados.
Morreu um jornalista de política internacional como já não há
Nazismo e estalinismo : um debate viciado
A resolução do Parlamento Europeu que há dez anos criou o Dia da Memória das Vítimas do Estalinismo e do Nazismo veio dar uma nova dimensão a uma polémica que se arrasta há décadas, ao apadrinhar as teses que equiparam os dois regimes como expressão do mesmo fenómeno político.
A controvérsia tem um marco fundador na publicação, em 1952, de The Origins of Totalitarism, em que Hannah Arendt identifica os regimes de Adolfo Hitler e de José Estaline como expressão acabada de uma realidade política inteiramente nova e distinta de outros tipos de despotismo ou ditadura: o “totalitarismo".Entre os elementos que identificam o fenómeno totalitário Arendt sublinha a emergência de um líder absoluto e alvo de um culto da personalidade, a propaganda em larga escala para mobilizar e doutrinar as massas, o recurso sistemático à violência, ao terror e em particular aos campos de concentração.
A obra transformou-se numa referência ética e política incontornável e estabeleceu os parâmetros do debate. O conceito de “totalitarismo” formulado por Arendt suscitou uma acesa polémica nos meios políticos, intelectuais e académicos. Arendt foi acusada de ignorar as circunstâncias históricas em que se inscreve o fenómeno totalitário e de centrar toda a sua análise nas semelhanças entre os dois regimes, ignorando ao mesmo tempo as diferenças substanciais que os distinguem.
Boa parte dos traços comuns apontados aos dois regimes corresponderá fundamentalmente aos efeitos da evolução das tecnologias do poder, da propaganda e da guerra no dealbar do século XX e à disponibilidade de novos instrumentos de mobilização e de controlo das massas e da acção das polícias secretas.Os regimes de Hitler e de Estaline conformam fenómenos políticos distintos. Surgem em contextos históricos e condições políticas, sociais e económicas totalmente distintas e obedecem a princípios filosóficos e referências ideológicas diversas — e mesmo em confronto absoluto.
O regime estalinista afirma-se no quadro de um processo revolucionário em plena consolidação e que desenvolve estruturas burocráticas e repressivas manipuladas por Estaline numa estratégia pessoal de poder e em nome de um projecto de transformação económica e social brutal e impiedoso. A liderança de Hitler é um fenómeno de poder absoluto em nome de um projecto de expansão e de afirmação da superioridade de uma raça.
Estaline dirige um projecto de transformação radical da sociedade que pretende ter um carácter universal e apela aos trabalhadores de todo o mundo. O nazismo mobiliza uma nação e uma raça, a Herrenvolk, destinada pela sua supremacia a impor a sua vontade a todas as outras.
A liderança de Estaline inscreve-se na estrutura burocrático-partidária e ideológica saída da revolução bolchevique. Hitler é um chefe carismático, um Führer, criador e líder absoluto do ideário e dos objectivos do nazismo.
O recurso ao terror e à violência assumem lógicas e objectivos diferentes nos dois regimes. As detenções, execuções e depurações em massa decretadas por Estaline destinavam-se a eliminar adversários políticos, a manter a disciplina pelo terror e a arregimentar mão-de-obra forçada nos campos do Gulag, e atingiram todos os sectores da sociedade soviética, dos mais altos quadros do partido aos camponeses.
No regime hitleriano a violência servia a repressão política — que atingiu antes de mais os comunistas alemães —, a purga da sociedade de elementos “associais” e, acima de tudo, os objectivos raciais e expansionistas — da perseguição aos judeus ao projecto de exterminar as populações eslavas do Leste da Europa de modo a desbravar terreno para a colonização alemã.
Estaline argumentava que os julgamentos e as condenações respeitavam sempre uma estrita legalidade e que o regime obedecia fielmente às práticas da “democracia soviética” e proclamava-se um defensor da paz. Hitler assumia abertamente a repressão e a violência, considerava a guerra um instrumento justificado pelos superiores interesses do Reich e defendia a legitimidade da expansão como meio de conquistar um Lebensraum, um “espaço vital” para a nação alemã.
A data escolhida pelo Parlamento Europeu em memória das vítimas do nazismo e do estalinismo é o dia 23 de Agosto, aniversário da assinatura do Pacto Molotov-Ribbentropp, considerando que o tratado germano-soviético de não-agressão de 1939 “abriu caminho à eclosão da II Guerra Mundial” e aponta o famoso “protocolo secreto” como prova de uma alegada cumplicidade geopolítica entre os dois regimes.
O Pacto Molotov-Ribbentrop surge no contexto de uma densa trama de cálculos, manobras de diversão e jogos de sombras — ainda com muitos pontos obscuros, aliás — em que todas as partes se envolveram nesse período dramático entre a Primavera de 1938 e o ataque alemão à Polónia, em Setembro de 1939.
O acordo celebrado em Munique a 30 de Setembro de 1938 por britânicos, franceses e germânicos (mas com a exclusão dos soviéticos) — e que abriu caminho a Hitler para a anexação da Checoslováquia no final de 1938 —, as negociações tripartidas entre a França, a Inglaterra e a URSS, entre Março e Julho de 1939, para tentar constituir uma frente comum face a Hitler, e os contactos secretos da diplomacia alemã com Moscovo ocorrem num clima de profunda desconfiança de todas as partes, e num momento em que se adivinhava cada vez mais inevitável uma guerra com a Alemanha nazi.
Nessa perspectiva, a política de appeasement seguida pela França e pela Inglaterra, o acordo de Munique, ou, já em 1936, o fechar de olhos à brutal intervenção da Itália fascista e da Alemanha nazi ao lado de Franco contra a II República espanhola poderão ter encorajado tanto o avanço de Hitler como o Pacto Molotov-Ribbentrop.
A polémica do nazismo e do estalinismo está viciada desde o início por jogos políticos e ideológicos, manobras propagandísticas, processos de manipulação da memória e ensaios de revisão da História.
A posição assumida pelo Parlamento Europeu gerou fortes reacções. Entre os mais críticos alerta-se que tentativas de equiparação dos regimes de Hitler e de Estaline correspondem de facto a uma banalização — ou mesmo reabilitação — do nazismo, que se vê afinal transformado tão só numa espécie de “mal do século”.
Sublinha-se, por outro lado, o facto de o texto da resolução do Parlamento Europeu utilizar indiscriminadamente os termos “estalinismo” e “comunismo”, um lapsus linguae que contamina, de resto, todo o debate. Outros observam ainda que os deputados de Estrasburgo nunca se mostraram particularmente incomodados com a herança ustasa assumida pela Croácia de Tudjman ou pelo peso da extrema-direita nas cúpulas políticas e militares da Ucrânia.
A Declaração sobre a Consciência Europeia e o Comunismo, emitida em Praga em 2008, é ainda mais categórica na equiparação entre nazismo e comunismo. A Declaração de Praga ilustra a particular sensibilidade da questão no centro e no Leste da Europa, onde se inscreve na batalha das memórias, dos arquivos e dos ajustes de contas com o passado e — denunciam alguns — tem sido amplamente manipulada para fazer tentativas de reabilitação de antigos colaboracionistas com os nazis.
Face ao crescendo da tensão entre a Rússia e o Ocidente, o duelo das memórias inflama-se de novo. O Parlamento de Estrasburgo insiste nas responsabilidades conjuntas de Hitler e Estaline e acusa o governo e as elites políticas da Rússia de tentar “branquear os crimes do regime totalitário soviético”, provocando reacções indignadas em Moscovo. Putin responde reforçando o aparato das celebrações do Dia da Vitória e recordando o papel decisivo e o gigantesco preço humano pago pela União Soviética na derrota da Alemanha nazi.
Ao conferir chancela institucional a uma equiparação mais do que questionável, o Parlamento Europeu assume acima de tudo uma posição política. Não hesita para isso em recorrer a atropelos históricos e políticos grosseiros, e que jogam mal com o objectivo proclamado de mobilizar a “memória comum” em prol da “resiliência contra as ameaças modernas à democracia”. Sobretudo no momento em que se assiste ao recrudescer da extrema-direita em vários países europeus. E em que o desenvolvimento de tecnologias e estratégias políticas e económicas de controlo do cidadão impõe uma reflexão renovada sobre a ameaça totalitária…
Candidata do PC do Chile
ganha a Câmara da capital
Em Santiago, Iraci venceu Alessandri por 38,62% a 35,28% e levou os comunistas pela primeira vez à maior prefeitura do país. Aos 30 anos, a nova prefeita é uma economista da Universidade do Chile que ganhou projeção no movimento estudantil, lutando pelo direito à educação pública e gratuita. Em 2016, com apenas 25 anos e um discurso feminista, elegeu-se vereadora em Santiago. Seu nome se fortaleceu ainda mais nas jornadas populares de 2019.
Outro êxito expressivo para o PCCh foi a eleição de Daniel Jadue para seu terceiro mandato seguindo à frente da prefeitura de Recoleta. Com o apoio de 64% dos eleitores, Jadue obteve sua maior votação no município e se credenciou ainda mais para a disputa, em novembro, da presidência do Chile – ele lidera, no momento, algumas pesquisas de intenção de voto.» ( Portal vermelho)
Independentes e esquerda vencem eleições constituintes no Chile
«Com quase 90% das urnas apuradas, dos 155 cidadãos eleitos como constituintes, pela primeira vez de forma paritária e com a inclusão de 17 cadeiras reservadas para representantes dos povos originários, as duas listas que aglutinam candidatos que vão do centro-esquerda ao Partido Comunista, ‘Lista Apruebo’ e ‘Apruebo Dignidad’, registram 33,22% dos votos. A lista unificada da direita, Vamos por Chile, recebeu 20,80%, um resultado abaixo do esperado, pois o grupo acreditava que teria ao menos um .terço dos lugares» (Carta Capital, Brasil)..
Nem mais..
Esqueceram-se
de dizer «se nada for feito»
«A próxima década vai trazer uma quebra abrupta na capacidade que as pensões de velhice portuguesas têm de substituir os rendimentos de trabalho. De mais de quatro quintos do salário anterior, as reformas nacionais passarão a representar nesse período já pouco mais de metade dos rendimentos de trabalho, segundo novas projeções da Comissão Europeia». (DN)
Se estas previsões tiverem alguma base cientifica então ainda mais patente se torna a necessidade, há muito sublinhada pelo PCP, da diversificação das fontes de financiamento da segurança social, designadamente que grandes empresas com poucos trabalhadores mas elevados lucros passem a contribuir para a segurança social em função de uma taxa sobre o valor acrescentado.
Para além de Odemira
“O novo Alentejo irrigado pelo Alqueva”, escrevia Filipe Nunes em 2014, “parece cada vez mais um regresso ao velho Alentejo: o latifundiário, senhor dos olivais intensivos, e o trabalhador rural, imigrante precário e nas malhas da escravatura moderna” ("Escravatura nos campos do sul”, mapa. Jornal de informação crítica, 26.2.2014). Incluído o regresso da praça da jorna: “O trabalho é, em primeiro lugar, a contratação, de manhã entre 6 e as 8 horas, na praça de El Ejido”, um município andaluz que é o arquétipo deste modelo de produção. “Os trabalhadores agrícolas esperam, em grupos, sobre os passeios e sobre a linha da calçada, sobre o lancil. Automóveis de empresários que chegam, pick-ups, Land-Rovers. (...) O patrão vem, escolhe, leva uma pessoa e, se gosta, volta a chamá-la no dia seguinte...” E, claro, “a submissão ao empregador, a aceitação silenciosa e total da exploração económica são imperativos se se quer obter uma regularização” (Victor Á. Lluch, Le Monde Diplomatique, março 2000).»~
. Manuel Loff no «Público» de hoje
Museu do Aljube:
duas exposições a não perder
Aberto de Terça-feira a Domingo das
10h00 às 18h00. Última entrada às 17h30.
Encerra segundas-feiras e nos feriados de
1 de janeiro, de 1 de maio e de 25 de dezembro.
No Ipsilon do«Público» uma interessante
entrevista à directora do Museu Rita Rato
Pois, pois, a começar
pelos Tribunais Plenários.
Não queriam mas
agora, depois de Biden,
já admitem querer