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04 maio 2014

Aos fins de semana, na última do "Público"

O explosivo casamento
do rancor com a senilidade talvez
com mais alguma coisa pelo meio




A excelente e elegante maneira de argumentar de Vasco Pulido Valente, hoje no Público, sobre Marx e os marxistas: « Agora não se lia Marx, ou muito pouco. Mas não se podiam perder as revelações que constantemente nos chegavam do marxismo francês e se ramificavam até aos mais pequenos pormenores da vida. Não me peçam para dizer os nomes das «notabilidades»  da «escola de Paris». Só me lembro de uma, Louis Althusser, que, certamente levado pelo materialismo dialéctico, estrangulou a mulher».

Como já aqui contei uma vez, ninguém me tira da cabeça que a culpa de boa parte deste vezo antimarxista e anticomunista de Vasco Pulido Valente deve ter pertencido a Octávio Pato que contava divertido como uma vez, numa das suas regulares visitas clandestinas a casa dos Correia Guedes, à segunda canelada recebida do fedelho Vasco, lhe afinfou duas valentíssimas palmadas no rabo.

Adenda de carácter histórico:
Porque isto está mau para a memória e porque  sempre emergem novas gerações, pode haver leitores que pensem que só por ocasião dos 40 anos da revolução portuguesa é que Vasco Pulido Valente passou a escrever 25 de Abril com aspas e a gozar com os capitães de Abril. Não é verdade: já nos 30 anos do 25 de Abril, o sujeito tinha publicado no DN de 27.4.2004 um «ensaio» intitulado «Imitar a revolução» onde já lá estava tudo isso e muito mais. Respondi-lhe então assim no Avante!  de 5 de Maio de 2004:

Imitação

Foi assim: o «25 de Abril» foi feito porque o Exército não queria continuar a guerra. Os «capitães» que se pronunciaram contra a ditadura não tinham um plano, ou sequer uma ideia, para o país. Normalmente pouco educados, se pensavam no assunto, era para partilhar os lugares comuns «socializantes» da oposição urbana e estudantil. Por si só, o famoso «Programa do MFA», incoerente e sumário, revela bem o vácuo para que se empurraram os portugueses. Por um lado, prometia eleições e, por outro, a «reforma agrária» e uma «estratégia anti-monopolista», dois pontos cruciais, retirados da vulgata do PC. Ao lado disto, havia também as ideias ou propostas de um Spínola megalómano e ignorante. Logo de principio, existiram, portanto, dois programas, um pior que o outro, e duas facções. Faltava «sair» e estabelecer o caos.


A «revolução de Abril», como romântica e fraudulentamente lhe chama a Esquerda, nunca existiu. As manifestações de grande entusiasmo legitimavam o «golpe» contra a ditadura mas mais nada. E muito menos o assalto, inaugurado a 26 de Abril, a toda a espécie e género de autoridade que nos primeiros meses chegou espontaneamente a inimagináveis proporções. Muito acima do MFA e dos seus cabecilhas, o maior culpado de tudo o que se seguiu (incluindo a miséria e o atraso a que a «revolução» levou a economia) foi Álvaro Cunhal que vivia em 1940 e, pela força, queria estabelecer em Portugal um regime soviético. Como bem se percebeu pela sua cópia fiel (e, de resto, encenada) no Aeroporto da Portela do desembarque de Lenine na estação da Finlândia. Abreviando pormenores (como o «povo» que berrava na rua), percursos e acidentes, conclua-se, por fim, que a verdadeira revolução foi a de Mário Soares.

Os leitores que tenham conseguido suportar todas estas linhas alarves merecem a informação de que estivemos simplesmente a imitar (na verdade, a resumir) o «ensaio» (?) que, sobre o 25 de Abril, Vasco Pulido Valente, perpetrou nas páginas do «DN» de 25/4 com o título «Imitar a revolução».

E, para tanto, bastaram-nos 284 palavras (e comas) tiradas das 6862 que V.P.V. gastou. Almas escrupulosas dirão que este nosso resumo representa uma cruel e malévola caricatura do «ensaio» de V.P.V. Nem tanto, mas ainda que assim fosse, amor com amor se pagaria.

É voz corrente que Vasco Pulido Valente Correia Guedes escreve muito bem. Assim será, mas pensa muito mal. E preferíamos mil vezes que escrevesse com os pés mas pensasse com a cabeça em vez de com a bílis.

Se não o soubéssemos já, fica assim definitivamente provado que a História, ao menos a recente, é um assunto demasiado sério para ser deixado apenas aos historiadores e aos cabotinos envinagrados.»


 

01 dezembro 2013

O direito a desopilar de vez em quando

Vasco Pulido Valente no seu melhor


De vez em quando, nem que seja para desopilar um bocado, não faz mal nenhum voltar a Vasco Pulido Valente e às suas frequentes incongruênCias, arrogâncias e patetices.

Por isso aqui se regista que a sua crónica de hoje no Público arranca assim (atenção aos meus sublinhados):«Um dia em 1984 ou 85, no meio de uma daquelas zaragatas em que os portugueses são especialistas, escrevi que o fim do “marcelismo” tinha sido a época mais feliz da minha vida. A indignação dos jornalistas foi grande: só um monstro podia gostar de viver sob uma ditadura. Em 1973, com o doutoramento acabado de fazer, alguns tostões para gastar no Gambrinus e a certeza mais maciça que o regime não durava muito, o mundo não me parecia mal
Comentário seco:que eu saiba o «fim do marcelismo» só ocorreu com o 25 de Abril de 1974 e por isso não percebo como pode VPV situar a questão em 1973 ou porque raio haviam os jornalistas, segundo diz VPV, de o acusar de «gostar de viver sob uma ditadura». Mas como Vasco Pulido Valente é historiador, quem sabe se não estará a preparar alguma obra que nos traga a surpresa de nos revelar que entre «o fim do marcelismo» e o 25 de Abril de 1974 houve outro Presidente do Conselho que malevolamente todos apagámos da memória e da história.

P.S.: Nesta crónica, além de chamar «coronel anafalbeto» a Vasco Gonçalves (coisa perfeitamente digna da sarjeta mental que é a cabeça do autor), Vasco Pulido Valente refere também que não vieram as coisas boas que ele esperava mas «Veio o dr. Cunhal com a ambição de transformar Portugal numa espécie de Bulgária do Sul.». A este respeito, a coisa caluniosa também é estranha pois dizem os mapas que a Bulgária já é e era um país do Sul da Europa pelo que aquela de transformar Portugal numa Bulgária do Sul até faz crer que, para VPV, a Bulgária estará no sítio que os mapas atribuem à Dinamarca.


25 setembro 2011

Voltando à vaca fria ou até enjoa


Lamúrias

e autoflagelação (arrastando outros)


Só mesmo a falta de assunto mais vivo e interessante pode ter levado Vasco Pulido Valente a, na sua crónica hoje no Público, voltar a remoer lamúrias e a exercitar autoflagelações em relação à chamada «geração de 60», a dele, a minha, a de tantos outros, a que ele chama tristonhamente «uma geração perdida» . E também só por falta de assunto, e para supremo aborrecimento de leitores mais fiéis é que, num dia tão bonito como este, volto a responder a uma mistificação e a uma descarada e absurda amálgama em torno da «geração de 60», coisa que aliás já fiz há tempos no perdido «tempo das cerejas», mas em resposta a Helena Matos, sob a fictícia e irónica forma de «carta aberta à geração de 60» (e antes disso, em 2006, em artigo no Público)

É que, francamente, parece que vou morrer sem conseguir entender porque é que cidadãos e cidadãs diversos, com orientações e percursos políticos e ideológicos tão variados hão-de entrar, quase quatro décadas depois, na mesma caldeirada de culpas, responsabilidades e fracassos só porque nasceram entre 1940 e 1950 e tiveram na década de 60 e pelo menos até ao 25 de Abril um determinado protagonismo cívico e político (ele mesmo com traços diversos) de sentido antifascista.

Vasco Pulido Valente, metendo tudo no mesmo saco, chama-lhe pois «uma geração perdida». Eu, por mim, limito-me a plagiar Pablo Neruda ditando modestamente para a acta que «confesso que vivi». E, naturalmente, de modo diferente de Vasco Pulido Valente.

16 dezembro 2012

Uma defesa que enterra

O Vasco e a Jonet


Comentando o último Quadratura do Círculo onde esteve em discussão uma nova afirmação de Isabel Jonet de que prefere a caridade ao Estado Social, Vasco Pulido Valente desembainha hoje no Público a espada em extremada defesa da senhora. Ora acontece que, para esmagar os índigenas, VPV sentencia que se os comentadores da Quadratura se tivessem dado ao trabalho de ir ao site do Banco Alimentar logo descobririam que ele não aspira a ser senão «uma resposta necessária mas provisória» a uma situação desesperada, porque o Estado deve garantir a qualquer pessoa «um nível de vida suficiente que lhe assegure e à sua família, a saúde e o bem-estar,  principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica.» 

Resumindo e concluindo: o sagaz Vasco Pulido Valente não se deu conta de que, no seu afã de defender a sua dama, nos veio afinal contar e revelar que o Banco Alimentar contra a Fome é dirigido por uma pessoa que tem concepções antagónicas em relação aos príncipios fundamentais da organização que dirige.

06 dezembro 2015

Vasco Pulido Valente ou...

... as patetices de um eremita !


Certamente para nos tornar divertido este domingo, na sua crónica de hoje no Público, Vasco Pulido Valente classifica o PCP como «uma organização semi-secreta» e logo sentencia, com a prosápia e ligeireza que lhe estão no código genético (isto é só uma maneira de dizer porque não tem nada ver com os pais que foram dois prestigiados antifascistas apoiantes do PCP), que «ninguém conhece o nome ou viu a cara dos membros da Comissão [?] Central ou do Secretariado».

A afirmação só serve para confirmar que VPV vive no seu estudado e amado  XIX e que, passados tantos anos,  ainda não descobriu essa horrenda coisa chamada Internet. 

De outro modo, em vez de bojardar à toa, já teria encontrado isto no sítio oficial do PCP:
Comité Central 
 and so on (aqui)
aqui 



P.S. : acresce ainda que, depois de cada Congresso, o Comité Central do PCP publica sempre um comunicado detalhando, com bastante minúcia, as responsabilidades dos membros dos seus organismos executivos.

23 fevereiro 2020

Vasco Pulido Valente

Um certo tipo de perda

Nas seis páginas que o «Público» ontem compreensivelmente dedicou ao falecimento (que se lamenta) de Vasco Pulido Valente, uma era composta por citações do seu «diário» naquele jornal. E das 13 citações, três eram piadas ácidas a Saramago, a Jerónimo de Sousa e ao PCP. Tudo certo : como o arquivo deste blogue demonstra, perdi um «adversário político de estimação»-

04 dezembro 2015

Quando quero, faço de bom samaritano

Melhorando caridosamente
a cultura política de Vasco Pulido Valente


(clicar para aumentar)

Na sua crónica no Público de hoje, Vasco Pulido Valente resolveu introduzir uma variante na campanha anticomunista em curso desde 4 de Outubro, bolsando as habituais caricaturas, deturpações e incompreensões sobre as regras de funcionamento interno do PCP (infelizmente não tenho à mão uma crónica minha de há muitos anos no «Semanário» em que demonstrava que essas ditas nefandas regras, mais coisa menos coisa, também existiam nos Estatutos de outros partidos).

Ora, o que VPV manifestamente ou não sabe ou não lhe convém saber é que, não interessando agora nada saber se o aplicam muito ou pouco, Congresso após Congresso, continua em vigor no PSD um Regulamento de Disciplina que, para além das que estão na imagem acima, considera graves infracções disciplinares as seguintes:


e) defesa pública de posições contrárias aos princípios da social-democracia e do programa partidário; 

f) manifesto desrespeito pelas deliberações emitidas pelos órgãos competentes do Partido, designadamente através dos órgãos de comunicação social; 

h) inscrição em qualquer associação política não filiada no Partido, sem conhecimento do Conselho Nacional

i) participação, sem autorização da Comissão Política ou da Comissão Permanente Nacional, em qualquer actividade de natureza susceptível de contrariar as directrizes dos competentes órgãos do Partido;

 j) candidatar-se a qualquer lugar electivo do Estado ou de Autarquias Locais sem autorização do competente órgão do Partido;


n) estabelecer polémica com outros membros do Partido, fora dos quadros ou órgãos partidários desde que a discussão incida sobre deliberações dos respectivos orgãos estatutários e seja susceptível de pôr em causa a eficácia daquelas directrizes. (...)».

Estamos, pois, conversados.

23 dezembro 2012

O cronista clown (sem ofensa para a profissão)

Mais uma do eremita rezingão


Na sua crónica de ontem no blico, a propósito da Constituição e das condições em que foi elaborada, entre outras «tropelias» do PREC, Vasco Pulido Valente citava «o cerco ao Parlamento» e eu estoicamente resisti à tentação de perguntar pela 224ª vez se alguém me encontra nas fotos da época algum pano ou cartaz da manifestação dos trabalhadores  da construção civil que seja relativo à elaboração da Constituição ou se alguém me mostra um recorte da época onde sejam relatadas as reivindicações que esses trabalhadores dirigiram ao Presidente da Assembleia Constituinte ou aos seus deputados.

Hoje, na sua crónica, o eremita rezingão de Benfica dedica-se à cultura e sentencia, sem apelo nem agravo que «durante trinta anos de absoluta liberdade,  não apareceram "actividades culturais" de qualidade e consequência» e que «em 2012, continua a não haver cinema, teatro, dança, ballet e tudo o resto», além do mais assim ofendendo não apenas a verdade mas insultando centenas e centenas de animadores e criadores culturais e artistas das mais diversas áreas.

É claro que VPV é mais antigo mas não sei se os leitores se lembram que há uns anos esteve na moda um economista chamado Arroja que conseguia ser lido precisamente pelo seu soberbo espectáculo de parvoíce e reaccionarismo. Pois VPV é uma espécie de Arroja para todos os assuntos. É certo que continua a ser muito lido mas, como eu, desconfio que muitos já o lêem como uma espécie de clown da crónica de imprensa.

Generoso por feição, tendo sempre a pensar que Vasco Pulido Valente é daqueles cidadãos que, desde muito cedo, criaram um personagem e depois ficaram para todo o sempre prisioneiras dele.

29 janeiro 2016

A propósito de ignorância cavalar

Alguns, não eu, dirão que
são os malefícios 
da "decilitragem"

Muitos leitores detestam que eu dê confiança a esta gentinha desta mas eu, teimoso como tudo, divirto-me muito a divulgar as patetices senis de Vasco Pulido Valente.

No Público de hoje, arrota o sujeitinho : «(....) De 1975 em diante o PC arrastou uma existência mesquinha e acabou reduzido a umas Câmaras no Alentejo, com uma população envelhecida e sem qualquer importância estratégica e a uma dúzia de sindicatos do funcionalismo público e de companhias do Estado. A sua morte natural parecia próxima.»

Visto isto, só há que concluir que, em matéria de PCP, VPV é possuidor ou de uma ignorância cavalar ou caiu em pequenino  no caldeirão da má-fé (sem culpa dos pais que eram antifascistas estimados). Assim:

1. VPV não sabe que em 1979, ou seja 4 anos depois do 25 de Novembro de 1975, a «existência mesquinha» do PCP bem se revelou nos 18,80% obtidos pela APU em legislativas e dos 20,22% (CM) obtidos em eleições autárquicas;

2.VPV não sabe que no interior centro e norte há mais população envelhecida fora do Alentejo do que dentro dele;

3.VPV não sabe que nas últimas eleições autárquicas de 2013 a CDU  conquistou mais Câmaras Municipais (15) fora dos distritos de Évora, Beja e Portalegre do que as que conquistou nesses distritos (14), entre as quais de novo Loures que, como toda a gente sabe, é um imenso lar de idosos .

4. Finalmente, e para abreviar, mas isto sem aceitar a etiquetagem feita por VPV, é evidente que o próprio nunca se deu  nem dará ao trabalho de consultar a lista completa de sindicatos aderentes da CGTP-IN para não descobrir que a maioria actua no sector privado.

E, pronto, porque há supostos «prestígios» que são eternos e nada abala, Vasco Pulido Valente continuará a escrever três vezes por semana na última página do Público.

21 outubro 2018

O Vasco volta sempre

Vasco Pulido Valente :
dos casacos virados do
avesso aos bifes com
batatas fritas





Solução para a aparente contradição: os funcionários do PCP proibiam casacos novos para o Vasco mas não os bifes com batatas fritas. Porque também os comiam...,ai não !

06 novembro 2016

Um imperdível dejecto dominical

Anos 50 - e o funcionário
do PCP disse ao casal Correia
Guedes: « Nada de casaco novo
para o Vasquinho, virem o antigo !»


Num texto abjecto publicado no Observador a propósito do centenário do nascimento de Mário Dionísio, referindo-se a reuniões que se faziam em casa de seus pais («devotos da seita», diz ele), escreve Vasco Pulido Valente :

Ora eu já tinha adiantado a hipótese de o anticomunismo visceral de VPV ter a origem traumática de umas boas palmadas no rabo que Octávio Pato contava lhe ter dado uma vez após, em visita aos Correia Guedes, o menino Vasco lhe ter afinfado umas caneladas.

Parece que agora tenho de acrescentar a terrível imposição comunista das calças curtas e dos casacos virados. 

P.S: na estúpida e nojenta catilinária que resolveu perpetrar contra a memória de Mário Dionisio e referindo-se às actividades deste como «controleiro» do PCP para os intelectuais, VPV escreve a dada altura que «A partir dos doze, treze anos, comecei a ser arrastado para esta catequese e passei muitas noites – calado e quieto – a ouvir aquela gente perorar.»  Ora VPV nasceu em 1941 e quando tinha 12 anos corria o ano de 1953, ou seja, já Mário Dionisio se tinha demitido do PCP há um ano! Conclusão: a mentira tem perna curta.

01 agosto 2012

Refundação ou «afundação» ?

Ou como Daniel Campelo
foi um herói antes de tempo


Ao ler hoje o nº5 do folhetim de Rui Tavares no Público sobre as suas propostas ou ideias para uma «refundação democrática» decido nem esperar pelo 6º dedicado aos partidos pois já li o suficiente para ter uma nova confirmação de que uns têm a fama do esquematismo, da superficialidade e do dogmatismo mas outros é que têm o proveito.

Quanto ao folhetim de hoje basta-me citar, que num espírito de absoluta generalização que só por si devia envergonhar um intelectual como Rui Tavares, este afirma que (sublinhados meus) «se a democracia implica a possibilidade de cada cidadão eleger e ser eleito, a República Portuguesa é, na prática, uma meia -democracia. Todos podemos votar, de vez em quando, mas num universo de 500 pessoas que, por sua vez, foram escolhidas por apenas cinco. Todo o cidadão pode eleger, mas só uma minoria mastigada pelos aparelhos partidários e vetada pelo senhor feudal que manda no partido pode aspirar a ser eleita.».

Deixando de lado a questão sobre como é que, num momento da sua vida, Rui Tavares aceitou ser escolhido apenas por um «líder»e ainda por cima senhor feudal e deixando de lado saber se este juízo o colheu RT de por onde passou, o que eu posso testemunhar que passei 37 anos da minha vida político-partidária a não ver nada disto e antes a ver as decisões sobre candidatos (e só mais as mais relevantes) a serem decididos por órgãos colegiais centrais exercendo competências estatutárias e sempre em diálogo com as organizações distritais e com largo papel destas.

Mas isto para mim são trocos quando comparados com o que Rui Tavares escreveu no nº 4 (30/7) do folhetim, numa triste imitação do que estamos fartos de ouvir de Vasco Pulido Valente, António Barreto, Maria Filomena Mónica e outros, a saber isto : «A isto poderíamos acrescentar que os partidos impõem a disciplina de voto à revelia da Constituição, o que deveria ser uma vergonha nacional, porque significa que os deputados que têm exclusividade também não são mais livres. Se levantam ondas não estão nas próximas listas eleitorais. De forma que estamos perdidos se não conseguirmos duas coisas simples: deputados que façam aquilo para que foram eleitos em exclusividade (...) e que depois votem em total liberdade».

Sem deixar de reconhecer  ser humano e politicamente compreensível que cada um adora a indisciplina de voto nas bancadas alheias mas não na sua, é sobre estes pontos de Rui Tavares que quero deixar as seguintes observações soltas e não hierarquizadas :

Levando à letra o pensamento de Rui Tavares, parece que os partidos, em vez de serem associações de mulheres e homens livres que se decidem voluntariamente associar em torno de uma identidade e de um projecto políticos, deviam ser uma espécie instrumento à disposição de  candidatos a deputados para lhes permitir depois exprimirem na AR as suas idiosincracias e opiniões estritamente pessoais e votarem como na real gana lhes desse.

Ora, ao contrário do que disse Rui Tavares, o que seria uma vergonha nacional seria e é  alguém candidatar-se pela lista de um partido (onde alías constam a sua designação e símbolo e não as fotos dos candidatos), ter aceite o respectivo programa eleitoral, ter beneficiado do esforço e espírito de sacrifício de milhares de militantes e simpatizantes e, depois de eleito, se borrifar em tudo isso e passar a agir e a votar liberto de quaisquer vínculos de pertença política e de solidariedade ou respeito para com os eleitores que o elegeram.

Eu sei que a memória é curta mas estas ideias de Rui Tavares no fundo representam a glorificação e reabilitação do «danielcampelismo», fenómeno que na altura foi geralmente condenado e exautorado. E pode não ser o caso de Rui Tavares, mas não me admiraria nada que se elas fossem postas em prática rapidamente se ergueria um coro contra a «balcanização» do Parlamento e as instabilidades legislativas e governativas que podiam vir atrás.

Finalmente, se por enquanto de forma velada, Rui Tavares pretende fazer a defesa de candidatos «independentes» (mais rigorosamente, de candidatos propostos por cidadãos eleitores) à AR, o que actualmente - e a meu ver bem - está legalmente vedado, então isso só seria possível com a criação dos famigerados círculos uninominais, expressão máxima do que tenho chamado «escrutínio de ladrões».  E é assim porque, quer o sistema eleitoral se baseasse apenas num círculo nacional ou em círculos distritais ou nos dois, a verdade é uma lista com 12, 24 ou 50 candidatos ditos «independentes» (insisto, propostos por cidadãos eleitores) deixaria de o ser porque quando 12, 24 ou 50 candidatos se associam para se candidatarem à AR é porque tem as suficientes afinidades programáticas entre si, já não há a candidatura individual, o que há é um partido informal que não quis ter nem o trabalho nem as obrigações de ser um partido a sério.

10 fevereiro 2019

Eu não dei por esta e ...

Rui Rio não deu por ele



- Miguel Guedes, no JN de 14.12.2018

Os leitores que estiverem interessados em conhecer os sofismas a que costumam recorrer os defensores desta tese, talvez possam visitar aqui e aqui  a polémica que em 2006 travei com Vasco Pulido Valente nas páginas do «Público».

13 março 2013

Ignorância atrevida

Quando alguém põe
o «aventar» a inventar






Que Mário Soares, Zita Seabra ou Vasco Pulido Valente (e, para ser justo, mais uma bom quarteirão de anticomunistas), insista ano sim ano não que, ao chegar ao Aeroporto da Portela, Álvaro Cunhal escolheu propositadamente falar em cima de uma chaimite ou que falou rodeado de um soldado e de um marinheiro, tudo para mimetizar Lénine na chegada à estação Finlândia, é coisa que não admira porque só lhes pode estar na massa do sangue. Agora que no blogue «aventar» apareça uma Fernanda Leitão a fazer o mesmo é coisa que não estava à espera porque não sabia do «pluralismo» do blogue . Assim sendo, com infinita caridade e generosidade, pela enésima vez aqui declaro que fui testemunha visual de que foi Jaime Neves que disse a Álvaro Cunhal para subir para cima da chaimite e que os dirigentes do PCP chegados então a Lisboa não faziam nenhuma ideia  de que em que sítio Álvaro Cunhal iria falar. Ah, e volto a dar alvíssaras a quem, nas fotos, fôr capaz de  descobrir o marinheiro em cima da chaimite na Portela de Sacavém. Há sim depois um sítio onde há soldado e um marinheirto mas, por castigo, não conto qual foi.

[post actualizado em função de comentários]


30 novembro 2011

Ainda e sempre a chegada de A. Cunhal à Portela

Descubram o marinheiro !


(um camarada de Sacavém dá a mão a Luísa Amorim)

Aviso prévio
: este «post» é um supremo enjoo para os leitores mais antigos de «o tempo das cerejas» que porventura se lembrarão quantas vezes, a propósito de fantasias de Vasco Pulido Valente, Zita Seabra e outros, reconstituí de forma testemunhal o que efectivamente se passou na chegada de Álvaro Cunhal ao Aeroporto da Portela.

Acontece que o Público de hoje insere uma peça onde são feitas múltiplas citações de um livro recente de Mário Soares de que, no que toca a este assunto, extraio a seguinte passagem (sublinhados meus): «(...) À saída do aeroporto estava uma pequena multidão à espera de Cunhal. E, paradoxalmente, havia um tanque estacionado. Para quê pensei eu ? Cunhal subiu para o tanque e, salvo erro entre um soldado e um marinheiro, retirou um discurso do bolso e começou a falar. Um dirigente comunista, que não recordo quem fosse, convidou-me a subir para o tanque o que fiz com alguma relutância, diga-se. Quando Cunhal se apercebeu que eu estava ao lado dele, disse qualquer coisa a um camarada, o qual pouco depois me pediu  para descer porque - como disse - houve um equívoco. Desci com grande gosto, porque percebi o cenário: Cunhal entre um soldado e um marinheiro, em cima de um tanque, era algo que lembrava Lènine, no seu regresso a Moscovo...(pág. 183)».

Com pedido de desculpa aos leitores que já conheçam a história de cor e salteado, não tenho outro remédio se não repetir ou observar:

1. Já expliquei várias vezes que nem Álvaro Cunhal nem Domingos Abrantes (que com ele viajou de Paris) faziam a mais pequena ideia do que se ia passar uma vez transpostas as portas do aeroporto e de que sítio iria Cunhal falar e já contei, como testemunha visual, que foram os militares (chefiados quanto a mim por Jaime Neves) que propuseram a Álvaro Cunhal que subisse para cima da chaimite.

2. Quanto a alguém ter pedido a Soares para descer da chaimite, como estava atrás desta e não à frente, nada posso garantir, a não ser que; como a imagem mostra, já Cunhal discursava e Mário Soares ainda estava em cima da chaimite; não conheço nenhuma imagem do momento em que Soares não figure em cima da chaimite; e, por fim, parece inacreditavelmente que, segundo a descrição de Soares, Álvaro Cunhal teria interrompido o discurso para sussurrar a um seu camarada: « tirem dali o Soares».

3.
Dou generosas alvíssaras a quem na foto de cima descobrir o famoso marinheiro de que Mário Soares fala.



Imagem da chegada de Mário Soares a
Santa Apolónia (aí a multidão já
devia ser imensa) em que este está
acompanhado à esquerda por um
nada
relutante Dias Lourenço e por
dois militares
(um dos quais abraça no frame
a seguir deste vídeo do INA francês).

P.S.: Fazendo justiça a uma obra injustamente silenciada e esquecida, lembro que nas bibliotecas será possível encontrar este Dicionário Político de Mário Soares, da autoria de Pedro Ramos de Almeida, que ilustra de modo arrasador a constância e coerência de opiniões de Mário Soares nos primeiros anos após o 25 de Abril.

29 abril 2019

Não, não deixo passar!

O turvo casamento
da infâmia com a senilidade



Vasco Pulido Valente no Público de sábado: «Vieram à televisão uns militares caducos parecendo ofendidos por se chamar "selvagem" à assembleia de 11 de Março. E tentando esconder os fuzilamentos que lá propuseram  personagens de peso, milicianos, anónimos, e um grupo extraviado do MRPP. Peço desculpa, ainda me lembro der Álvaro Cunhal num excitado comício prometendo aos camaradas, que gritavam «uma só solução, fuzilar a reacção", que não perdiam pela demora. (...) Os militares não tinham absolutamente nada de democrático. O 25 de Abril não se fez pela liberdade; fez-se para a tropa voltar para casa.E uma bela manhã, Álvaro Cunhal desembarcou em Lisboa, imitando deliberadamente  a chegada de Lenine à estação da Finlândia».

Sobre esta reles provocação apenas duas notas :

1 . Jamais num comício do PCP se gritou tal coisa e é preciso não ter dois dedos de testa para imaginar Álvaro Cunhal a dar corda a tal «slogan».

2. Quanto à alegada imitação de Lenine, já expliquei ene vezes. por exemplo aqui, que « nem Álvaro Cunhal nem Domingos Abrantes (que com ele viajou de Paris) faziam a mais pequena ideia do que se ia passar uma vez transpostas as portas do aeroporto e de que sítio iria Cunhal falar e já contei, como testemunha visual, que foram os militares (chefiados quanto a mim por Jaime Neves) que propuseram a Álvaro Cunhal que subisse para cima da chaimite.»

21 dezembro 2018

Uma fama que já vem de longe


Ano Novo com carradas
de pluralismo no Público

«(...) Como sabemos que o espaço de opinião é de primordial importância para quem nos lê, vamos reformular a edição impressa para trazermos essas páginas para uma zona mais nobre do jornal. E queremos diversificar a oferta de opinião relevante com novos colunistas. António Barreto, Luis Aguiar-Conraria, Nuno Severiano Teixeira, Paula Teixeira da Cruz e Vasco Pulido Valente passarão a escrever no Público a partir de Janeiro próximo.
» 
(...)
- Manuel Carvalho, hoje em editorial

18 novembro 2011

Vejam como eu sou delicado

O tremendismo do dia




 
 










"(....) Uma noite no D. Maria é uma noite soturna. Francisco José Viegas cortou o orçamento (um milhão de euros) deste longo equívoco. Foi inteiramente justo. E, quando Diogo Infante resolveu recorrer à intimidação, não hesitou em o demitir. Chegou a altura de acabar com este rídicula ilusão que em Portugal se chama «teatro»." - Vasco Pulido Valente, hoje no Público.

10 novembro 2012

Sobre uma peça hoje no «DN»

Não sou de claques, já tinha
exposto o meu pensamento 




Uma nota de rodapé (a 4) deste trabalho de Fernando Madail hoje publicado no DN em torno da polémica Manuel Loff-Rui Ramos,  inclui-me, a par de Fernando Rosas, João Paulo Avelãs Nunes e Varela Gomes, numa dasa «claques de apoio» -  - a de apoio a Manuel Loff -, num contexto em que «na maior parte dos casos, em vez de História, a argumentação era quase propaganda ideológica».

A este respeito, cabe-me chamar a atenção de Fernando Madail para que  a minha intervenção na polémica foi sobretudo incidental e de denúncia e crítica do que então chamei de Movimento Nacional de Solidariedade com Rui Ramos, designadamente com um post contra Maria Filomena Mónica e outro contra António Barreto.

E que, no primeiro, não deixei de remeter os interessados para os artigos (este e este) que Fernando Madaíl não terá lido e que publiquei em 2007 no Público em polémica aberta com Vasco Pulido Valente e onde, aí sim, com os meus modestos recursos de não historiador, argumentei sobre a real natureza fascista do regime de Salazar e Caetano.

12 outubro 2024

Regressando a uma polémica antiga

Barreto e uma
 velha milonga

«O regime de Salazar não foi fascista.Os melhores pensadores quase todos concordam com isso. As características próprias do Estado Novo faziam dele um regime autoritário, reaccionário, conservador, nacionalista e imperialista. Mas fascista, não. Aliás, não será atrevido afirmar que fascista só mesmo o italiano

António Barreto no «Público»

Em curto só me apetece dizer que então para Barreto (e para os seus «melhores pensadores») fascistas só seriam os regimes que reproduzissem as mesmíssimas caracteristicas do fascismo italiano, assim se desprezando os interesses de classe que representaram e muitos dos métodos que usaram. Sem ser em curto, permito-me com imodéstia  sugerir que talvez os leitores tenham algum proveito em visitar a polémica que, a este respeito, há muitos anos travei com Vasco Pulido Valente no «Público» e que está aqui e aqui.