05 março 2021

Assim não vale

 Um artigo de completa
falsificação da história

«A “geringonça” que viu a luz do dia em 2015 e que teve a assinatura de Jerónimo de Sousa (que na década de 90 alinhava pela via “cunhalista”) é exactamente o culminar de um caminho que há mais de 20 anos vários dirigentes comunistas apontavam - sem sucesso.»

- Helena Pereira, hoje no «Público»

Esta absurda reescrita da história não pode passar em claro e suscita-me os seguintes comentários :

1. A primeira falsificação desta articulista está em que ela apresenta a direcção do PCP como hostil ao diálogo e entendimentos com o PS e os que chama de «renovadores comunistas» como os grandes defensores desse diálogo e entendimentos. Ora a verdade é que a direcção do PCP sempre esteve aberta a esse diálogo e entendimentos, não em abstracto, mas para permitirem avanços progressistas e uma política diferente da seguida pelo PS e sempre no inalienável pressuposto da afirmação da identidade e autonomia do PCP e do seu projecto. E, se se fala dos anos 90 e dos governos de Guterres. convém lembrar que esse era o tempo em que na AR Jaime Gama se gabava de o PS ter privatizado mais que a direita. E, quanto ao diálogo entre PS e PCP, talvez seja de lembrar que ele só se normalizou e institucionalizou com a chegada de Jorge Sampaio a Secretário-geral do PS, pondo fim a um longo período em que o PS recusava encontros com o PCP mesmo sem ordem de trabalhos ou condições prévias. E a prova de que o PCP não excluía o diálogo com o PS está por exemplo na Coligação por Lisboa ou na reforma fiscal e lei de bases da segurança social que o PCP negociou e viabilizou com o PS de Guterres.

2. Quanto ao alegado empenho dos chamados «renovadores comunistas» no diálogo com o PS, Helena Pereira ignora que esses então membros do PCP nem sequer levantaram abertamente essa questão no contemporâneo debate interno, para já não falar que Helena Pereira muito aprenderia se fosse reler os artigos sobre o PS que muitos escreveram naqueles anos.

3. Absolutamente disparatada é a ideia veiculada por Helena Pereira de que, se tivesse havido na segunda metade dos anos 90 um entendimento entre o PCP e o PS, o Bloco de Esquerda nem teria aparecido, Helena Pereira ou não sabe ou ignora que o BE quando apareceu fê-lo não sob a bandeira da convergência à esquerda mas sim, numa expressão que era a sua, para «correr por fora» do sistema partidário até aí existente.

4. Helena Pereira foge por fim a uma evidência que seria muito desagradável para a sua tese. É que, embora isso não se aplique tal e qual a vários, a verdade é que para onde diversos «renovadores» foram (os nomes são por demais conhecidos) mostra bem para onde queriam levar o PCP. 

5 comentários:

  1. Helena Pereira pertence ao grupo retrógrado que vê com maus olhos a iniciativa ou acordo constitucional entre PS, PCP, BE e PEV, que em 2015 retirou o governo a Passos Coelho. Ficaram com esta atravessada na garganta.
    Resta saber quem lhe paga para transmitir as mentiras que escreve no «Publico».

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  2. Enfim. De notícias falsas anda o mundo cheio e com elas a estrema direita vai avançando "democraticamente". Já o poeta Aleixo dizia que: para a mentira ser segura e atingir profundidade tem de trazer à mistura qualquer coisa de verdade.

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  3. Está pseudo jornalista tem na sua génese a ignorância maldosa, mas manipuladora da verdade,que jorna-- lismo de hoje.Lamentável.

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  4. João Manuel Guerreiro9 de março de 2021 às 19:52

    Helena Pereira jornalista isenta e séria? Onde? Dizendo inverdades que, como jornalista, sabe que são? Chama-se a isso manipulação.
    É esta a "informação" que temos!

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  5. A sra. HP apenas faz o trabalho para que foi contratada. Armada em "esperta" tenta atacar pela esquerda. Farta de saber que os comunistas portugueses, continuam a ser comunistas com todas as letras. Não confundimos tàcta com estratégia. Já não hoa jornalistas. Só escribas do regime!

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