Sim, exactamente há 40 anos, os presos políticos em Caxias não conquistavam ainda a liberdade total (que só chegaria à primeira hora de dia 27) mas puderam sair em conjunto para o pátio da prisão, abraçarem-se e falarem com alguns jornalistas e democratas como o José João Louro ou o Andrade Santos. Seguir-se-ia nessa tarde a batalha para conseguir a libertação de todos os presos face à atitude dos círculos spinolistas que pretendiam distinguir entre presos políticos e autores de acções terroristas. E, a este respeito, llembro-me como se fosse hoje, que numa conversa através de uma porta de ferro com vidros com uma delegação da Comisssão de Socorro aos Presos Políticos, ter dito ao Prof. Pereira de Moura algo assim: « Senhor Professor, se achar bem, coloque aos militares a seguinte questão: eles que imaginem que o seu levantamento militar tinha sido derrotado e que, no seu decurso, eles tinham tido necessidade de fazer explodir um troço inicial da ponte de Vila Franca do que resultou a morte de dois civis que circulavam num automóvel. E pergunte- lhes então se, em tal caso, eles queriam ser julgados por crimes políticos ou por terrorismo e crimes de sangue».Nunca soube se o estimado Prof. Pereira de Moura usou ou não o argumento mas, imodéstia à parte, creio que não estava mal desarrincado.
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