sempre fazendo de conta que
nunca leram o que os arrasa
Ora, sobre esta efabulação caluniosa que, salvo erro, nasceu em 1994 e na qual, na época, participou destacadamente José Pacheco Pereira, entendo útil e oportuno propiciar aos leitores o texto abaixo que saiu não assinado no Avante nº 1356 de 25.11.1999 mas que, de facto, foi escrito por mim e que foi acompanhada da republicação de largos extractos de uma entrevista sobre a mesma matéria que Álvaro Cunhal tinha dado ao Avante! de 13 de Outubro de 1994 e que podem ser consultados aqui.
Toneladas de calúnias
e de provocaçãoNão apenas por falta de espaço mas sobretudo porque seria emporcalhar as páginas deste jornal, poupamo-nos a aqui reproduzir os recentes títulos e ilustrações de primeira página em torno do tema geral «O PCP ajudante do KGB» que, só por si, bastariam para evidenciar que aí está outra vez na imprensa portuguesa um fétido refogado de velhas calúnias e provocações contra o PCP e onde avultam aquelas torpes e ignóbeis qualificações individualizadas das quais, com razão, se costuma dizer que não ofendem quem querem porque só desonram e degradam os seus autores.
E é assim que, desta vez a pretexto de umas fantasias constantes do livro de um ex-arquivista do KGB que resolveu fazer-se pagar-se em dólares ou libras pela sua conversão, aí está a reposição no essencial da revoada de caluniosas acusações contra o PCP e os comunistas portugueses que, para não ir mais atrás, tiveram largo curso mediático no Outono de 1994, então em torno das alegadas «revelações» contidas no livro do espião Oleg Kaluguin, também ele convertido em assalariado das campanhas anticomunistas.
E é assim que é
ressuscitada a calúnia do envolvimento do PCP na alegada entrega
ao KGB dos «arquivos da PIDE» ( na versão de 94 exigindo o
recurso a um camião e, na de 99, identificados rigorosamente
pelo peso - «474 quilos») bem como de outra vastíssima
documentação, umas vezes identificada como «planos militares
da NATO» e outras vezes reportada às relações da PIDE com
serviços secretos ocidentais.
Aos animadores
portugueses desta campanha (entre os quais a revista «Visão»
dirigida por Cáceres Monteiro que, se bem nos lembramos, há uns
anos arrumou expeditamente na prateleira do «já sabido» e das
inutilidades o explosivo livro de Rui Mateus sobre o PS), nada
importa a não ser o manter viva a calúnia, a suspeição e a
provocação contra o PCP.
Sem memória, nem
escrúpulos nem ponta de seriedade, pouco lhes importa reter,
entre muitos outros exemplos de ridícula efabulação, que, na
operação de 94, o Sr. Kaluguin até se gabou de ter obtido «a
lista dos agentes portugueses da PIDE» e de ter sido o
«Expresso» (8.10.94) a cometer a infinita maldade de lembrar
que essa lista tinha sido editada em Abril de 1975... pela
Imprensa Nacional-Casa da Moeda!
Pouco lhes importa a
forma muito céptica ou incrédula, quando não frontalmente
discordante, como responsáveis militares pela Comissão de
Extinção da PIDE-DGS, sempre comentaram e ainda comentam uma
«entrega» de «arquivos» tão volumosa e a natureza que lhes
é atribuída nas «notícias« divulgadas.
Pouco lhes importa
que tenha sido o insuspeitíssimo General Pedro Cardoso a contar,
em artigo em separata da revista «Nação e Defesa», que «Em
Agosto de 1974, o membro da Junta de Salvação Nacional
responsável pela Comissão de Extinção da PIDE/DGS inquiria à
2ª Divisão do Estado Maior General das Forças Armadas se
haveria algum interesse no ficheiro ou arquivo daquela
organização, tendo ficado esclarecido que a únicas coisa que
teria interesse , e que deveria ser objecto de um tratamento
muito especial, eram os documentos respeitantes aos contactos
estabelecidos pela Direcção-Geral de Segurança com as
polícias e serviços similares estrangeiros, que a lei aliás
previa. Tal documentação passou a partir desta altura a
beneficiar de um tratamento adequado.»
E, sobretudo, pouco
lhes importa a reconstituição de acontecimentos, a resposta
articulada e a importante enunciação de orientações e
atitudes do PCP nestas matérias que foi feita por Álvaro Cunhal
em entrevista ao «Avante!» (de 13.10.94) , e da qual, para
avivar memórias, reproduzimos hoje alguns excertos de flagrante
actualidade.»
Apesar de este assunto poder ser incomodo para o Vitor Dias e para o PCP, julgo que ele deveria ser esclarecido de uma vez por todas.
ResponderEliminarAlguns reparos, acho de muito mau gosto, que uma vez mais para criticarem o Milhazes , o façam de uma maneira mesquinha.
Se mandaram o homem estudar para Moscovo , é porque lhe acharam algum valor, se hoje ele está noutra, não é por lhe atirarem isso á cara , que o problema de fundo se resolve.
Quanto á questão de Portugal, e da interferência das duas superpotências na nossa Revolução,penso que não vale a pena escamotear o óbvio, ela foi real , e quem foi militar nesse periodo, sabe bem as pressões de toda a ordem ,a que esteve sujeito.
Por isso não percebo a admiração do Vitor Dias quanto á posição da União Soviética, Portugal estava no zona de influência da Nato , e qualquer solução que desiquilibrasse, esse status quo, não era do agrado de nenhuma das superpotências.
Aliás a União Sovietica estava muito mais preocupada com o que se passava em Àfrica , do que com Portugal, sobretudo com Angola, e a evolução dos acontecimentos provou isso.
Quanto á novela dos arquivos da PIDE, é verdade que na Torre do Tombo só está uma parte, é verdade que documentos sobre ligações ás policias de outros países, e de operações conjuntas, ou não existem ou são muito parcelares.
Terá a PIDE destruido uma parte mais sensivel, nas horas que se seguiram ao 25 de Abril, passaram muitas horas até que foi dada a ordem de assalto á Antonio Maria Cardoso, e muita coisa pode ter sucedido nesse periodo de tempo, aliás parece que a sede da Pide tinha várias saidas de emergência, mas seria mais lógico , a destruição de material sensivel, nomes de Bufos, operações relacionadas com a guerra colonial., o caso Delgado , do que estarem a preocupar-se com arquivos relacionados com assuntos de outros países.
Sinceramente não sei o que pensar daquilo que escreve o Milhazes, se a Russia abrisse os seus arquivos, o problema ficaria esclarecido uma vez por todas , assim, todas as especulações são possiveis.
Pelo menos em relação ã CIA e aos EUA, há já muita coisa que é pública.
passei por aqui e li. E eu que não vivi esses tempos nem estou muito enredado com a política não posso concordar consigo, achei importante essa referencia às origens do Milhazes, assim como me foi útil saber que o Barreto foi esquerdista quando jovem ou que a Zita Seabra já pertenceu ao PC. Para si pode ser "pisar no coitadinho" para mim é útil porque me ajuda a entender melhor a personalidade do escritor
EliminarDe José Milhazes, O Subsidiado, que pelo trabalho do povo soviético chegou ou não chegou a doutor nada a acrescentar a não ser isto mesmo: se a vida era tão terrível na URSS porque não se veio embora? porque ficou lá a viver tantos anos?
ResponderEliminarDe "Terá a PIDE destruído ma parte mais sensível, nas horas que se seguiram ao 25 de Abril" tenho visto e lido documentos que se passou um dia, talvez mais até entrarem nas sedes da PIDE; há um documentário que mostra na sede da PIDE do Porto uma pilha de cinzas de documentos queimados; Não acredito que não tiveram tempo de queimar e de destruir provas. Claro que tiveram! E como podemos esquecer os vergonhosos julgamentos dos pides perante os testemunhos dos presos políticos? Quantos pides pagaram pelas suas ações terroristas? E do que nos vale a nossa memória? Nunca o PCP passou um dia sem que fosse caluniado.
Para desacreditar o PCP só a calúnia é eficaz,pois a verdade revela a sua luta pelo POVO que nem o fascismo conseguiu eliminar.
ResponderEliminarE, como se diz muito agora, que se lixem os caluniadores dissidentes a quem muito aproveitou essa mudança de opinião(mas seria mesmo mudança ou pura hipocrisia o inicial apoio?).
Um beijo.
Um beijo
… e como a “obra” milhã é de estalo, o paquiderme com voz de assobio foi convidado da SIC Notícias, a propósito, por aquela coisa mole - que me perdoem todos os sapos – o fascistoide Crespo.
ResponderEliminarAconteceu então o bom e o bonito: só faltou ao baboso perguntar se o autor confirmava ou não a célebre refeição matinal de criancinhas por banda dos comunistas. Aliás, não sei mesmo se lho perguntou, uma vez que saí da sala por largo tempo, face a um súbito ataque de vómitos.
Citando Juca Chaves, a propósito dum comentário acima, direi:
Infelizmente existem as amélias
que sendo sérias pela vida a fora
ficam com a gente até ficarem velhas,
quando já é tarde pra mandar-se embora
porém não tarda o dia da verdade,
que escapará de um grito em nossa boca
a frase amarga dessa realidade: tira os teus seios do prato de sopa.
Interessaria mais analisar o livro de José Milhazes e descobrir nele as incongruências, saber se as suas fontes são fiáveis ou foram motivadas pelo dólar, contrapor-lhe documentos (que os deve haver) para o contraditar, apontar-lhe as calúnias, as frivolidades, as meias-verdades e provar que o são. Ou, então, ignorá-lo completamente no caso de no seu livro a objectividade e seriedade histórica serem tão evidentes que não vale a pena gastar o teclado com isso. Mas não estou de acordo que se vá buscar um facto de há 30 anos - o de ir para Moscovo tirar o curso de História através do PCP e, já agora, ficar lá a trabalhar numa editora que lhe deu casa e salário - para o acusar de cuspir no prato onde comia e daí extravasar para a inutilidade, incompetência e falsidade da sua obra actual. Analise o livro quem tiver instrumentos para isso, e é tudo. Já agora, devo dizer que não conheço o Milhazes actual mas conheci o Milhazes antigo: foi meu colega de trabalho em Moscovo e meu vizinho de apartamento. Era um bom camarada, amigo do seu amigo, tratou de um velho conterrâneo solitário acometido de cancro (José Marinho), tinha defeitos mas também méritos: era um ser humano normal.
ResponderEliminarComprei o livro por curiosidade. É coisa pobre, cheia de lugares comuns, de acusações de cassete, não demonstradas. Não me parece merecer crítica que só lhe dá destaque. Muito menos concordo com a muito infeliz observação de Vítor Dias sobre a origem e percurso estudantil de Milhazes. "Não havia nechechidade".
ResponderEliminarMilhazes não me oferece também a mínima confiança, nem sequer como jornalista, mas "insultá-lo" como "filho de pescadores" também não me parece ser a melhor via.
ResponderEliminarLPA
ResponderEliminarApenas algumas observações:
1. Nem com aspas nem sem elas, no meu post não se insulta Milhazes por ser filho de pescadores.
2. Essa sua condição e o facto como foi através do PCP para a URSS tem sido referido e assumido pelo próprio.
3. Não se encontra no meu post nenhuma frase que possa ser identificada no sentido de o estar a «acusar de cuspir no prato onde comia e daí extravasar para a inutilidade, incompetência e falsidade da sua obra actual».
4.O facto de ainda não ter lido o livro não me pode impedir de contestar o que uma notícia diz sobre alguns dos seus conteúdosou principais temas nele abordados.
5. Os julgamentos de cada um dos leitores são livres mas pelo menos julgo ter disponibilizado sobre a questão da alegada remessa do PCP para Moscovo dos arquivos da PIDE informações e opiniões que possivelmente muitos leitores não conheciam.
Quando um dirigente ou ex-dirigente de uma espécie de partido ainda dirigido por uma coisa que se chama Comité Central, vem fazer crítica literária, isso é trágico. Se não fosse trágico, seria cómico. Quase tão cómico como o nível de representatividade eleitoral que tem o PCP. Setúbal, Beja, Évora... E isso deve-se à categoria, ou falta dela, dos seus dirigentes que fazem isto. Sabemos que, se fosse o PCP a escolher, o livro cseria ensurado. Mas, sabem que mais? Não é o PCP a escolher. Por isso, mais uma vez, deixemos os cães ladrar porque a caravana vai passar na mesma. O PCP, esse, é que cada vez passa menos no goto das pessoas.
ResponderEliminarCrítica literária?! Mas afinal, Milhazes é jornalista historiador ou poeta?
EliminarSe achas que o PCP passa cada vez menos no goto das pessoas, quer dizer que a decadência o atingiu e mais um ou outro ataque mais ou menos porco o vão aniquilar em definitivo. Então para que te dás ao trabalho Anónimo?
E se fosses vomitar na sanita, ó indigente mental?
EliminarDesse paleio idiota já meio mundo anda farto... vê se rebobinas a cassete!
Nem sequer inteligência tens para ser anti-comunista, descarregando a maior das boçalidades que faz gabar os teus iguais.
Nota: também confesso que me causou desagrado a referência à origem do deturpador/escrevinhador.
AÍ anónimo... que não és daqueles que gostas de ser dirigido pelo comité central mas gostas de te ajoelhar a um Passos coelho para fazer não sei o qu e em trôca de uns tostões.
EliminarMas para o assunto o que interessa ter sido o PCP e a URSS a pagarem-lhes os estudos?
ResponderEliminarNão discuto o livro, mas fez-me confusão isso ter sido trazido à discussão. Por causa disso ele teria de ser comunista para a vida?
Fiquei triste, não sendo comunista, respeitava-o muito, agora já "fiquei de pé atrás".
Um bom dia e claro que já me apetece ir comprar o livro.
Desculpará, mas não me agradou a sua alusão ao passado pessoal de Milhazes, mas só porque temos o dever de ser diferentes de quem criticamos.
ResponderEliminarNão li nem tenciono ler o livro, até porque se Crespo lhe deu tanta atenção e entrevistou o autor , para mim, é mau sintoma.
Sou de Esquerda mas apartidária desde sempre e o PCP, logo após o 25 de Abril, fez-me pagar caro essa independência no meu local de trabalho.
Pelo que , respeitando sempre a luta e os sacrifícios do Partido durante a ditadura, me afastei por completo.
Li o texto de Castro, responsável pela Comissão de Extinção da PIDE-DGS, e disse-lhe que creio nas suas informações, mas perguntei-lhe também como foi possível a fuga de cento e tal pides em simultâneo de Alcoentre.
Não será que alguma documentação também tenha sido levada sem que ninguém soubesse?
Claro que acho absurda essa versão de camiões a transbordar de documentação, fique bem claro.
Saudações democráticas.
EliminarPerdoará mas creio que não leu com atenção o que realmente escrevi e, de algum modo, se deixou «contaminar» por interpretações que surgiram. E creio que também não terá lido o que depois escrevi aqui em http://otempodascerejas2.blogspot.pt/2013/09/assim-nao-vale.html em resposta a Raquel Varela.
Por junto, insisto em que NUM PARENTESIS me limitei a referir a um facto a que o próprio Milhazes alude em entrevistas (ele pode e eu não ?) e em que não se enonctra no meu texto nenhuma formulação que permita concluir que estou a falar de um «mal agradecido» de alguém que «cuspiu no prato» etc. e tal.
Mas confesso que, porque já se passaram quase 40 anos, não me pareceu inútil lembrar que muitíssimos portugueses tiraram cursos superiores graças à solidariedade da URSS, sem que isso apague nada ou crie algum dever de silêncio para as opiniões os próprios.
Realmente, a sua resposta a Raquel Varela não li.
EliminarSe Milhazes alude ao facto, isso é com ele.E eu não utilizei nenhuma dessas expressões...
Com o seu último parágrafo , concordo totalmente.
Os meus cumprimentos.
Ainda não percebi por que é que ainda existem tantos defensores de um partido que representa apenas um sexto de um terço da orientação de votos dos Portugueses....deve ser apenas porque gostam de mamar uns tintóis na Festa do Avante, esse colosso que ainda hoje estamos para saber como foi a negociata dos terrenos entre a Câmara Comunista do Seixal e o Partido da foice....
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