de Batepá em S. Tomé e Príncipe
Logo denunciado na primeira página do Avante! de Fevereiro de 1953 e que já foi largamente evocado nas versões desaparecidas de «o tempo das cerejas» e de «os papéis de alexandria», havendo quem debata hoje se se tratou de um efectiva revolta de trabalhadores africanos ou de uma cruel e perversa inventona de sectores colonialistas em S. Tomé. Posteriormente, o PCP publicaria vastíssima informação sobre este massacre (incluindo uma edição policopiada de depoimentos de vítimas sobreviventes), o que, na minha opinião, só tera sido possível porque o advogado das vítimas era o corajoso e indomável Manuel João da Palma Carlos, então membro do PCP.
BEM ME DIZIA O CORAÇÃO QUE NÃO ERA ASSIM TÃO FÁCIL OS BRANCOS ABRIREM MÃO DOS COLONATOS, PORQUE LHES INTERESSAVA QUE OS NEGROS FOSSEM ESCRAVOS, A HISTÓRIA NÃO NOS CONTA A VERDADE DOS FACTOS, VALE-NOS TU MEU AMIGO PARA NOS DIZER TUDO DO QUE SE PASSAVA EM ANGOLA E OUTRAS PARAGENS, ONDE OS JOVENS MORRIAM E NEM O SORRISO TRAZIAM PARA CONTAR UMA HISTÓRIA TAMBÉM, PORQUE OS FILHOS DA MÃE DEIXAVAM-NOS A MORRER E NÓS TAMBÉM MORRIA-MOS COM ELES. AS LÁGRIMAS QUE CHORAMOS NUNCA NINGUÉM AS VIU SÓ NÓS É QUE AS SENTIMOS, POR FICAR-MOS SEM OS FILHOS, NESTE CASO SEM IRMÃO. ERA UMA GUERRA SUJA, DE LÁ NÃO VINHA NADA QUE MATASSE A FOME AO POVO DE CÁ, PELO MENOS NUNCA VI, QUE A FOME PORQUE PASSAMOS ERA MUITA, MAS VI MUITO FILHO DA PUTA FICAR RICO COM OS DIAMANTES E COM O MARFIM DOS ELEFANTES. E A NÓS QUE NOS CALHAVA SE ERAM OS INGLESES QUE LÁ ESTAVAM A EXPLORAR AS MINAS, FILHOS DA PUTA SOVINAS QUE MATARAM MEU IRMÃO DE QUEM TENHO SAUDADES, MORTO PORQUÊ E PARA QUÊ? SE OS COLONOS OS NÃO QUERIAM LÁ, MAS A HISTÓRIA NÃO ESTÁ FEITA E PODE SER QUE SEJA UM DIA CONTADA POR ALGUÉM DE OUTRA LINHAGEM E TAMBÉM COM MAIS VERDADE.
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