17 outubro 2011

Uma manchete do"DN" que diz tudo


Valha-nos esta boa notícia


Maldito Twitter, disse o Relvas

Sim, também faço
a mesma pergunta final

"Já ouvi o primeiro-ministro dizer que o PSD quer acabar com o 13.º mês, mas nós nunca falámos disso e é um disparate." "Como é possível manter um governo em que um primeiro-ministro mente?"
-Pedro Passos Coelho ainda este ano na sua conta twitter que Miguel Relvas ainda não mandou apagar.

16 outubro 2011

E acabando o dia com...



Manifestações mundiais de ontem

Um poderoso afluente para
o grande rio de lutas que faz falta


Madrid
Lisboa
Santiago do Chile

Bruxelas
Washington
(fotos em El País)

O título deste post resume o que, de essencial, tenho a dizer neste momento: ou seja, uma constatação política tão objectiva quanto é possível e que, ao mesmo tempo, define uma atitude individual que se caracteriza por pôr as repercussões e o significado mais profundo deste mal-estar geral e desta indignação acima de divergências quanto a formulações ou concepções alheias e sobretudo das minhas óbvias distâncias em relação a quantos, numa altura destas, se  deixarem dominar pelo seu velho pendor para, por comparação, denegrir todas as outras - persistentes, sólidas e coerentes - formas e iniciativas de luta que têm acontecido e vão continuar  a acontecer (mesmo que não obtenham a publicitação prévia e o justo destaque mediático posterior de outras).

Para o seu domingo

María Lavalle



14 outubro 2011

Eles não gostam, mas é tempo de ...

... voltar à fraude política
de 5 de Junho de 2011


Logo que o actual governo começou a anunciar as primeiras medidas socialmente mais gravosas e violentas, uma potente legião de comentadores e jornalistas da família dos contentinhos da silva, dos laranjinhas ou dos de espinha dorsal feita de plasticina imediatamente desataram a debitar que a campanha eleitoral conducente à votação de 5 de Junho passado tinha deixado suficientemente claro que o PSD pretendia ir além do acordado com a troika e que, portanto, os votos dados ao PSD tinham-no sido na perfeita consciência popular do que aí vinha.

Esta rapaziada serventuária não distingue nem lhe convém distinguir entre várias coisas muito diferentes: uma é a informação política e a capacidade de dedução política daqueles para aí 200 mil portugueses (quando muito) que seguem de fio a pavio todas as peripécias e conteúdos da vida politica e outra a percepção mais distanciada e superficial que a maioria dos eleitores tem destas coisas; outra é a diferença entre um discurso eleitoral como o do PSD, centrado sobretudo na crítica ao PS e onde só entraram disfarçadamente uns elípticos sinais sobre medidas gravosas e o devastador conjunto de medidas concretas que desde há quase 4 meses estão sendo impostas.

A verdade verdadeira sobre o que o PSD (e ainda mais o CDS)  disse na campanha eleitoral aos portugueses não está nesses sinais difusos e elípticos nem sequer no seu programa eleitoral, está sim nos discursos em comícios, nas entrevistas, nos debates televisivos entre líderes partidários.

É por isso que aqui desafio solenemente todos os defensores, descarados ou envergonhados, da política deste governo e das medidas que está adoptando que acampem nas hemerotecas, queimem as pestanas no youtube e nos arquivos das televisões e me esmaguem com as provas concretas de que quase tudo aquilo que agora espalha desespero, medo e raiva na sociedade portuguesa já tinha sido, clara e iniludivelmente, o tema central da campanha eleitoral do PSD e do CDS.

Enquanto não me esmagarem dessa maneira (entretanto eu tenho aí em baixo um vídeo para a troca),reservo-me o direito de dizer que o PSD nas eleições de 5 de Junho cometeu uma das maiores fraudes políticas de que há memória desde há 35 anos.

13 outubro 2011

Vendaval de ataques sociais e corrosão da democracia

Aux armes, citoyens !





Tomando conhecimento do desgraçado e cruel pacote de medidas que o Governo acaba de anunciar, só me apetece proclamar, do alto da minha considerável idade,  que, desde o 25 de Abril de 1974, nunca se viu coisa assim e que, de facto, o impossível acontece.

Como a doutrina geral que tenho perfilhado é conhecida, só vale a pena registar que agora temos um governo que acha que trabalhadores da função pública que ganhem mil euros são uns previligiados e que, por isso, em 2012 e 2013 devem passar a ganhar não 14 vencimentos mas apenas 12 (torna-se uma felicidade relativa só ganhar 950 E.) o que, como noutras medidas é um recuo para muito antes do 25 de Abril.

E os estúpidos deste governo ainda hão-de de descobrir um dia quanto estes cortes vão custar ao Estado em desmotivação e compreensível falta de zelo.

E, entre outras temíveis agressões e malfeitorias, se se atentar na parte sublinhada em cima, parece certo que também os reformados com valores entre o salário mínimo e os mil euros percam um dos dois subsídios (ou o de férias ou o de Natal)  que também me torna a mim, e por baixo, mais um nababo da sociedade portuguesa.

Classicamente, chegaria agora o momento de fazer contas e precisar que perder dois meses de vencimento ou reforma em 14 anuais representa uma perda de 14,3% nos rendimentos. Mas, em boa verdade, isso seria uma palidíssima ideia da realidade e só seria verdade se estivessemos a falar de rendimentos nominais, uma vez que em termos reais, a baixa do nível de vida é ainda muito mais devastadora, por força do aumento dos impostos, de bens e serviços de primeira necessidade, de cuidados de saúde, etc., etc., etc., a perder de vista.

E escusado será dizer que os vampiros que nos desgovernam não podem deixar de saber que, com estas medidas o que desenha é uma enorme e dramática  contracção do consumo interno, afectando especialmente médias, pequenas e micro empresas que, por sua vez, são as que asseguram em Portugal a maior parte do emprego.

Poucos parecem ligar à questão e poucos parecem reparar que todo o conjunto de ataques e agressões lançados pelo
governo contra a maioria da população podem constituir-se em poderosos factores de corrosão da própria democracia.

É claro que tanto eu como muitíssimos milhares de portugueses continuaremos a fazer a pedagogia de que nada de confusões, a culpa não é do 25 de Abril mas de uma política feita contra os valores e aquisições do 25 de Abril
.

Mas que nenhum dos autores e cúmplices destas políticas se venha queixar depois que, por entre a raiva, a indignação e o desespero, cresça o número daqueles que dirão que, do ponto de vista económico e social, viviam mais confortavelmente nos últimos anos do fascismo.

O título deste post «Aux armes, citoyens» não é evidentemente para ser interpretado à letra. Ou, melhor dito, é mesmo para interpretar à letra se entendermos que estamos a falar das armas poderosas da revolta, da indignação, do protesto, da consciência social e política, da luta unida, insubmissa, organizada e combativa.

«Águas passadas» pela brasileira

Carol Saboya