12 dezembro 2020

Estragos do tempo

Sobre as
 memórias selectivas

No «Expresso» de 11.12.2020 Clara Ferreira Alves publica uma crónica intitulada «Os mortos de Camarate» que, ponto importante, em grande parte é  dedicada ao ambiente político nas vésperas de Camarate.

E, a dado passo, sentencia que à época «Na sombra, apoiado por Moscovo, o brilhante e perigosíssimo Álvaro Cunhal ainda esperava a hora de derrotar o 25 de Novembro de vez.»

Deixando de lado a parvoíce da mão de Moscovo, peço desculpa mas a senhora está confundida. Com efeito, não na sombra mas à claríssima luz daqueles  dias o empenho de Álvaro Cunhal e do PCP era sim derrotar o perigoso Soares Carneiro por via do apelo ao voto em Ramalho Eanes.                 

Prova de que as memórias de C.F.A. não estão grande coisa é que ela refere 0 «mesmo Eanes que valeu a Mário Soares um dos combates maiores pelo comando do partido que fundara» mas já não foi capaz de lembrar explicitamente que Mário Soares fez campanha pública contra a candidatura de Eanes [é ir à Biblioteca Nacional e consultar uma entrevista de Mário Soares ao seu «Portugal Hoje»].

2 comentários:

  1. Como é que Álvaro Cunhal podia derrotar o 25 de Novembro de vez, quando no poder estava uma maioria absoluta de direita governada por PPD, CDS e PPM?
    Parece que a Clara Ferreira Alves procura um lugar na Fundação Mário Soares.

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