30 novembro 2020

Congresso do PCP e «critérios jornalísticos»

 A ânsia de «novidades»
 de braço dado com
 a distância da vida real

Li David Pontes no «Pùblico» a sentenciar que não se ouviu nada no XXI Congresso do PCP que não pudesse ter sido ouvido no XX e também li São Jose Almeida a decretar no mesmo jornal que o PCP está «auto-sitiado». Efiquei então com vontade de escrever sobre a impossibilidade de tantos jornalistas olharem o PCP fora da caixa férrea de que olham os outros partidos. Mas não vale a pena porque Pedro Tadeu  (DN/TSF) já o fez e muito melhor do que eu faria. Escreveu ele :

« Tal como muitos outros jornalistas, passei o fim de semana a acompanhar o XXI congresso do Partido Comunista Português. O foco editorial da maioria das notícias, das reportagens, das análises e dos comentários que li, vi, ouvi e participei distribuiu-se pela polémica sobre a realização da iniciativa comunista durante o estado de emergência, a possível substituição de Jerónimo de Sousa como secretário-geral do partido e se o PCP iria permitir que o PS continuasse a governar o país.

No final daqueles três dias, para ser franco, pareceu-me que o congresso que vi relatado nos melhores horários das televisões e das rádios, ou contado nos principais títulos e peças dos jornais, padecia de uma distorção em relação ao que vi acontecer no Pavilhão Paz e Amizade.

A distorção é esta: aquilo que para nós, jornalistas, parece ser mais importante dizer ao país sobre o congresso do PCP parece não ser, para os congressistas do PCP, o mais importante do que acontece no país.

Contei 92 intervenções, feitas ao longo dos três dias de trabalhos. Nenhuma, que me recorde, abordou o tema da substituição de Jerónimo Sousa, que ficou para a parte fechada à imprensa. Quanto aos outros dois assuntos mais tratados jornalisticamente - a polémica com a realização do congresso e a posição futura do PCP em relação ao Governo - foram referidos por dirigentes nacionais do partido, incluindo o líder, mas ocuparam um espaço muito minoritário no total de intervenções feitas.

Faço, então, uma pergunta: depois de Jerónimo de Sousa abrir os trabalhos do congresso do PCP, na sexta-feira, qual foi o tema da primeira intervenção feita pelos delegados?...

Bem, foi a do militante João Norte, que explicou como andava a dirigir uma célula de trabalhadores comunistas no setor dos moldes e metalúrgicos da Marinha Grande. João Norte subiu à tribuna para comunicar o seguinte:

"Foi-me colocada a tarefa de ser responsável da célula e, com os camaradas do setor, lançámos mãos ao trabalho. Foram muitos contactos, consultas de ficheiros e reuniões para pôr a célula a funcionar.

Criou-se um boletim que intitulámos "O Postiço", nome familiar a todos os trabalhadores do setor, para que se identificassem rapidamente com o seu conteúdo.

Na primeira edição, escrevemos sobre a precariedade, as horas extra semanais sem remuneração e ao fim de semana pagas ao preço de hora normal. Os horários desregulados, entrar às 5h da manhã e sair às 10h da noite. Os escassos transportes públicos. A situação dos comerciais, que, depois de jantar, ainda têm de estar em contacto telefónico com clientes, o teletrabalho sem horário de saída e com despesas acrescidas, enquanto o salário se mantém igual."

Intervenções como esta foram às dúzias e falaram sobre passes sociais, distribuição de água, despedimentos coletivos, lutas em fábricas e muitas outras coisas quotidianas, eventualmente pequenas para o mundo em geral, mas enormes para o mundo das pessoas envolvidas.

Para a maioria dos jornalistas que cobriram o Congresso do PCP, discursos como este não têm importância alguma, serão, quanto muito, curiosos e um pouco chatos, porque escasseiam de significado político profundo e aparentam não ter impacto direto nas decisões da liderança do partido ou nas relações deste com os outros partidos.

Em contrapartida, para os militantes comunistas, como eu, intervenções como as daquele operário são o fundo político não só da realização do congresso, mas uma das razões para a própria existência do PCP e a base de onde partem as suas posições políticas, gerais ou setoriais.

E, realmente, qual é o partido político que leva ao seu congresso uma intervenção sobre a situação dos trabalhadores da indústria de moldes na Marinha Grande?

Qual é o partido que equipara em dignidade e espaço tribunício o relato sobre o conteúdo do boletim "O Postiço" com reflexões sobre as novas tecnologias na indústria, a crise na União Europeia ou a estratégia de alianças para o ciclo político seguinte?

Creio que nenhum outro partido em Portugal faz isto, tirando o PCP.

Talvez seja esta originalidade, esta raridade, este modo diferente de estudar e debater o país que leva o jornalismo político, como o que eu fiz este fim de semana, a não conseguir enquadrar inteiramente no seu cânone editorial o que se passa num congresso comunista - para quem está treinado a destacar, noticiar e analisar a luta pelo poder das cúpulas e das elites do país, aquilo, no PCP, aparenta ser real, mas parece ser de outro planeta.»

Adenda da minha lavra

Uma coisa é a incapacidade de alguns jornalistas sairem de esquemas preé-cponcebidos na análise do PCP mas outra coisa é a deturpação pura e simples. No «Público», São José Almeida escreveu que «logo na sexta-feira, o histórico dirigente e guardião da ideologia do PCP Albano Nunes garantiu que o "Rumo à Vitória"continua válido como projecto político.»

A afirmação não tem o mais pequeno fundamento. O que Albano Nunes referiu foi que «A aplicação criativa do marxismo-leninismo à análise da realidade portuguesa que, entre outras obras de Álvaro Cunhal tem no “Rumo à Vitória” uma brilhante expressão - apontando ao povo português o caminho de uma revolução original, democrática e nacional, que o processo da Revolução de Abril veio confirmar – constitui um notável exemplo da contribuição do PCP para o enriquecimento da ideologia da classe operária».

Assim não vale.

Já não engana ninguém

 A Bonifácio a assinar
 contrato com o Chega.
 Por cinco épocas.

« Chega, se conquistar a necessária credibilidade, talvez ajude a criar um espaço de discurso público isento dos constrangimentos e dos tabus que têm impedido a livre expressão de quem não se revê no socialismo. O desnorte político e intelectual criado pela sua aparição parece-me um fenómeno de bom agoiro

- Fátima Bonifácio no «Público» de hoje

Uns tartufos

 Dr. Rui Rio: 
vocelência quer comentar ?



29 novembro 2020

Jazz para o seu domingo

Yusef Lateef

Encerramento do Congresso

 Uma mensagem clara e forte:
um partido que conta

«(...) O que estamos aqui a fazer e a afirmar é que as gerações de comunistas, que nos antecederam desde a sua fundação, tem nesta geração actual a determinação, a garantia e afirmação, como comunistas do nosso tempo, que tudo faremos para continuarmos a ter um Partido Comunista que honra um partido comunista digno desse nome.. (...)

Vamos precisar de muita força, de muita confiança.

Um dirigente histórico do nosso Partido perguntado como é que teve força para concretizar um acto heróico de fuga da prisão fascista dizia-nos: os comunistas têm forças não sabendo que as têm. Desdobremo-nos na luta.

Força, confiança, esperança e luta, é a exigência do nosso tempo.»

- Jerónimo de Sousa no encerramento

27 novembro 2020

Impressionante !

 200 milhões em
 greve geral na India

Sempre quero ver se isto aparece nos noticiários internacionais das nossas televisões.
 ler em inglês aqui

Como elas se fazem

 A veia alarmista
 do «Expresso»


Abertura do XXi Congresso do PCP

 Vamos a isso


«(...) Temos insuficiências, problemas e obstáculos, mas temos a força, a convicção e a determinação para os superar. Os trabalhadores e o povo português precisam do PCP, a situação exige um PCP mais forte e mais influente. Vamos a isso, ligando a iniciativa e a intervenção política ao reforço do Partido. Este XXI Congresso é em si uma demonstração da nossa determinação, do nosso compromisso com os trabalhadores e o povo, dum partido que age todos os dias e aqui está para discutir e apontar soluções para o futuro de Portugal, para um país mais desenvolvido e mais justo.

Determinação e compromisso com os trabalhadores e o povo testados e temperados nesta luta secular que travamos e onde não tivemos vida fácil.
Lidamos com uma conjuntura complexa e difícil, num quadro e num contexto político de incerteza e insegurança, de exercício do medo, em que as forças mais retrógradas não se limitam a espalhar o medo de morrer, mas a tentar transformá-lo em medo de viver, de trabalhar e lutar. Temos de resgatar a esperança, com a nossa confiança, num futuro melhor para os trabalhadores, o povo e a nossa Pátria.»

- Jerónimo de Sousa na abertura do Congresso

26 novembro 2020

O resto é conversa

 



«(...)Por intervenção do PCP foram inscritas na versão final do Orçamento do Estado medidas como:

- a garantia do pagamento dos salários por inteiro a todos os trabalhadores [incluindo em lay-off], prevendo-se um apoio dirigido às Micro Pequenas e Médias Empresas com esse objectivo;

- o aumento de 10€ a partir de 1 de Janeiro, de todas as reformas e pensões até € 658 euros;

- o prolongamento por 6 meses do subsídio de desemprego quando o período da sua concessão termine em 2021;

- a concretização do suplemento de insalubridade e penosidade abrangendo também os trabalhadores do Sector Público Empresarial e o alargamento do suplemento extraordinário de risco aos trabalhadores dos restantes setores dos serviços essenciais;

- um conjunto significativo de medidas de reforço do SNS, com a inscrição de medidas de contratação de centenas de médicos, enfermeiros e outros profissionais, de investimentos em infraestruturas, equipamentos, meios complementares de diagnóstico, de medidas de investimento nos Cuidados de Saúde Primários para a recuperação de consultas em atraso e contratação de médicos de família, com o reforço do regime de incentivos para zonas e especialidades carenciadas;

- a resposta a problemas das MPME com a suspensão do pagamento por conta para as MPME que o requeiram, com o fim das discriminações que têm vigorado no acesso a diversos apoios públicos face aos impactos da epidemia e o apoio à tesouraria das MPME com actividade suspensa ou em situação de crise empresarial para que possam assegurar os salários até ao máximo de 3 SMN por trabalhador;

- a criação de um programa de apoio ao trabalho artístico e cultural destinado à criação de condições que permitam a retoma destas actividades a par do reforço das verbas do apoio às artes;

- a contratação de 5000 auxiliares e técnicos para as escolas e de 2500 profissionais para as forças e serviços de segurança. (...)

- declaração de João Oliveira ontem


«Pronessas» porque o salário mínimo e a legislação laboral não são matéria de Orçamento


25 novembro 2020

Há 45 anos

 Três notas à volta 
do 25 de Novembro


O «Público» de hoje confere importante destaque a um trabalho da historiadora Irene Flunser Pimentel sobre o 25 de Novembro que é no essencial uma útil e bem selecionada cronologia(*) de acontecimentos.
Esse texto suscita-me porém  três observações ou correções. Com efeito, afirma I.F.P.:

Lido  isto, venho esclarecer que    nunca, jamais em tempo algum, o PCP reclamou a dissolução da Assembleia Constituinte.  

Escreve I.F.P.:
Lido isto, venho esclarecer que o PCP não «criou» nenhuma FUP, participou sim na criação da FUR (Frente de Unidade Revolucionária) ligada à convocação de uma manifestação em Belém. Como modesto participante desse episódio posso testemunhar que a iniciativa da reunião no Centro de Sociologia Militar que deu origem à FUR não foi do PCP mas sim dos militares do Copcon (arrastando alguns oficiais da esquerda militar) e do PRP de Isabel do Carmo e Carlos Antunes.

Refere I.F. P. :



Lido isto, embora o sentido geral da frase esteja correcto, o que venho salientar é que o que Melo Antunes realmente disse foi que «o PCP é essencial à construção do socialismo» (video aqui). E, a meu ver, a insistente substituição da palavra «socialismo» por «democracia» oculta o significativo facto de naquela época a linguagem ou a semântica estarem muito mais à esquerda do que a realidade.

(*) Infelizmente a cronologia não abrange um aspecto muito importante e revelador : a saber, a data muito antecipada em que os "vencedores" do 25 de Novembro começaram a preparar o seu plano de operações militares.

(Ver esclarecimento de Irene Pimentel na caixa de comentários )               

23 novembro 2020

É ler para saber mais

 Uma arrasadora lista
de eventos que não
 indignaram nem Rui Rio
 nem tantos outros

artigo aqui

22 novembro 2020

Autoritários até mais não

Reparem bem: do que
eles seriam capazes!

«O PSD considera que ainda há tempo para mudar a lei do estado de emergência e proibir a realização do congresso do PCP do próximo fim-de-semana, e está disponível para o fazer, se o PS o propuser. É a resposta social-democrata às declarações do primeiro-ministro, António Costa, no sábado, quando o primeiro-ministro afirmou que nem o parlamento, nem o Presidente, nem o Governo têm poderes para impedir a reunião magna dos comunistas» . (Público online)

Único comentário : a aproximação do PSD ao Chega está muito bem encaminhada.


Ninguém protestou, ninguém condenou, ninguém quis proibir ou adiar. E bem !

Fantasmas e pesadelos tardios

Em 1979 quando aderiu
 a um bloco de direita
chamado AD não estava
tão ralado assim.
E também não me lembro de
ter chorado muito com o bloco
 de direita Passos/Portas


Reza a Wikipédia: «Movimento Reformador ou Movimento dos Reformadores, ativo em 1978, foi um agrupamento político português conotado com a ala direita (dita reformista) do PS, onde pontuaram, entre outros, [...] António Barreto e Sousa Tavares. Este movimento viria, em 1979, a juntar-se à Aliança Democrática, coligação chefiada por Francisco Sá Carneiro, que incluía, além do PSD de Sá Carneiro, o CDS de Diogo Freitas do Amaral e o PPM de Ribeiro Telles».

Jazz para o seu domingo

Recordando
Woodie Shaw
(1944-1989)

20 novembro 2020

Confirmado

 Bem me queria parecer
que, na crise pandémica, ele
 era o ponta de lança do PSD

Um cartoon

 Trump e os
votos não contados

«A boa notícia é que nos temos a prova de um quarto de milhão de votos que não foram contados»

18 novembro 2020

Há congressos e congressos

 Em 19 e 20 de Setembro
realizou-se em Évora o Congresso
do Chega (género sem máscaras
 e tudo ao molho e fé em Deus)
e ninguém (nem Rui Rio) se indignou



Adenda em 20/11: Hoje na AR o coiso teve o descaramento de se atirar ao Congresso do PCP em Loures que respeitará mais as regras de segurança do que qualquer dos concertos que estão  marcados para o Campo Pequeno e Super Bock Arena. É reaccionário e ainda por cima trafulha. 

17 novembro 2020

O mérito de se batalhar

 Muito justamente
uma notícia de 1ª página

Desabafo mais que justo

 Sobre a entrevista do coiso

No Facebook escreve acertadamente Sandra Monteiro . « (...)Da parte de MST e da estação, este programa e esta linha editorial para a entrevista é uma absoluta irresponsabilidade. AV disse mentiras atrás de mentiras. O trabalho de um jornalista teria sido confrontá-lo com cada uma. Teria de se ter preparado para isso – e até era fácil, que ele não disse nenhuma mentira nova. Fiscalidade, justiça, sistema penal, prestações sociais, tanto em Portugal como na comparação europeia e até mundial, as alegações de AV não colam com a realidade. Constroem uma nova realidade a partir de percepções que até convencem, porque têm qualquer coisa de realidade, e tornam-se mais eficazes se constantemente repetidas... em contraditório. MST estava preocupado consigo próprio, em fazer AV falar dos pontos em que discorda dele. O narcisismo liberal perde sempre quando do outro lado tem um hiperliberal, xenófobo, racista e autoritário, um puro oportunista sem qualquer bússola moral, e muito menos de moral social. No registo cumplicidade entre entrevistador e entrevistado, MST estava confortável; no registo AV hiperliberal em economia, MST estava confortável; no registo assassinato de carácter de outros, MST também estava confortável (como se pode ver uma pessoa a quem a justiça deu razão ser atacada daquela maneira à nossa frente e apenas se lembrar de contrapor que ele próprio, como figura pública, podia ter sido arrastado para o processo, sem contradizer AV, sem dizer aos espectadores o que AV está a fazer?).

Faltava cá este !

 E falou o que fugiu
 do governo e da pandemia



15 novembro 2020

Acordo em geral, desacordo em particular

 Comentário a um
 artigo de Pacheco Pereira

Em artigo no «Público» de sábado, José Pacheco Pereira dedicou-se a desmontar e a negar, com  inegável cultura política como seria de esperar, as pretensas equivalências que muitos pretendem consagrar entre, de um lado, o PCP e o BE e, do outro,  o Chega.

Mas creio que, nessa tarefa, acabou por usar argumentos e paradigmas que não fazem sentido e deixam na sombra coisas importantes.

Primeiro que nada, sigamos com alguma demora o pensamento exposto por Pacheco Pereira.

O referido intelectual começa por distinguir « entre a tradição e o programa genético dos partidos e aquilo que é hoje o seu “programa activo”» .

Explica depois que para si «programa activo» é «o que um partido faz de facto, como actua, (...) que imagem tem na sociedade e junto dos seus militantes», considerando que isto é que verdadeiramente importa ter em conta na questão das equivalências no sentido de as não autorizar.

Mais à frente sustenta que «de há muito que quer um, quer outro têm “programas activos” bem longe dessa tradição. Não vemos nem o PCP nem o BE preparar-se para a revolução, inevitavelmente armada e violenta, nem a organizar um sector militar clandestino nem a cumprir nenhuma das explícitas obrigações de um partido comunista traduzidas nas célebres 21 condições da Internacional Comunista. E sempre foi claro desde Lenine que estas condições são [verbo no presente do indicativo] para cumprir, sob pena de estarmos a falar de partidos que se “social-democratizaram” ou se “aburguesaram”. »

Tudo visto e considerado, creio que Pacheco Pereira se equivoca nomeadamente  nos seguintes pontos  :

- ao distinguir somente entre «tradição e programa original» e «programa activo», esquecendo e desvalorizando  que, por cima de um e de outro, os partidos tem sobretudo programas actuais aprovados em Congressos que definem, de foma solene e insuperavelmente autorizada, o seu posicionamento e projecto político perante a sociedade e os cidadãos;

- ao esquecer, em concreto, que o PCP tem um Programa intitulado «Uma democracia avançada – os valores de Abril no futuro de Portugal»  em que, ao contrário do que diz Pacheco Pereira, a «democracia avançada» não é um «eufemismo» para esconder a «ditadura do proletariado»,  é mesmo um projecto de desenvolvimento e enriquecimento do regime democrático, representando uma fase ou estádio diferente e anterior ao socialismo.

- ao invocar, a meu ver absurdamente, «as 21 condições da Internacional Comunista»  e ao dizer que «são para cumprir», esquecendo-se que elas tem exactamente 100 anos, que a Internacional Comunista acabou em 1943 e que, entre muitas outras evoluções, a aceitação da diversificação das vias de passagem ao socialismo é um património adquirido pelo movimento comunista, se não antes, pelo menos desde a década de 50 do século passado.

14 novembro 2020

O que infinitamente lhes continua a doer

 A Bonifácio está
mal de memória

Em artigo hoje no «Público», Fátima Bonifácio ( que em 2015 escreveu um artigo intitulado «Obviamente, voto Passos»), a dado passo, debita esta pérola : «Nos últimos anos, a amostra mais aparatosa deste desajustamento entre as expectativas dos eleitores e a actuação dos eleitos aconteceu nas eleições de 2015. Afinal, quem votou na “geringonça”?».

Abreviando nos exemplos. cabe-me dizer que Fátima Bonifácio já tem idade suficiente para se lembrar do que eu me lembro. A saber:

- que em 1983 tivemos o governo do «bloco central» (PS-PSD) e na campanha eleitoral que o antecedeu nem PS nem PSD disseram aos eleitores que se iriam coligar no govero;

- que em 2011  tivemos um governo de Passos Coelho /Portas e na campanha eleitoral que o antecedeu nem PSD nem CDS anunciaram aos eleitores que se iam coligar no governo.

E a tal ponto assim é que nessa campanha Paulo Portas dedicou o seguinte mimo ao PSD :

- e que, ainda agora parece que vamos ter nos Açores uma coligação governativa PSD+CDS+PPM (apoiada pelo Chega e IL) e não consta que qualquer um desses partido tal tenha anunciado na recente campanha eleitoral.

Tudo visto, o que Fátima Bonifácio ( e todos os pafistas) tem atravessado na garganta é ainda e sempre o ter visto a direita apeada do governo em Outubro de 2015 graças à atitude então determinante do PCP.

Porque hoje é sábado ( )

Gwenifer Raymond 


13 novembro 2020

A perna curta da mentira

 «Foi tudo combinado
 só nos Açores»
- jurou
 Rui Rio. Pois, pois.

e, já agora, o excelente Nuno
Saraiva no «Inimigo Público» de hoje

12 novembro 2020

Revelador

 Bilhete postal para a
Ordem dos Médicos e afins

«Mais de seis mil queixas no setor da saúde foram registadas no Portal da Queixa (mais 71 % que em 2019). O pagamento de kits de proteção à covid-19, dificuldade em marcar consultas e venda de máscaras lideram os protestos, que visam sobretudo os privados.» (DN online, hoje)

Por cá também aconteceu

 Multinacionais e ditaduras


Brasil - quando Volkswagen
 colaborava com a ditadura
Sem reconhecer a sua própria responsabilidade,
a construtora alemã aceitou entregar
«doações» a antigos empregados
"
(artigo traduzido da revista francesa "L´Express" de 12.11.2020) 

«Durante muito tempo tudo aquilo esteve-lhe «atravessado na garganta». Mas hoje Neide Plagge diz-se «aliviada»: Volkswagen vai finalmente pagar por Heinrich, seu marido, vítima da colaboração do construtor alemão com a ditadura militar do Brasil, que durou de 1964 a 1985. 
Em 8 de Agosto de 1972, Heinrich Plagge, filho de imigrantes alemães, encarregado de controlo de qualidade na fábrica de S. Bernardo do Campo, foi convocado pelo seu superior. No gabinete do seu chefe esperam-no dois homens da polícia política. Seis membros da célula comunista, à qual pertencia, e ele serão presos. Detido e torturado, Heinrich Plagge é libertado quatro meses mais tarde e depois despedido sem indemnização. Colocado numa lista de individuos «subversivos», ele nunca mais encontrou trabalho., denuncia hoje a sua viúva. Quase meio século depois, em 23 de Setembro último, a filial brasileira de Volkswagen (que não quis responder às nossas solicitações) comprometeu-se a conceder reparações individuais e colectivas, em troca do arquivamento do inquérito sobre o seu papel durante a ditadura. Cerca de 60% do envelope anunciado, 50 milhões de euros no total,  irão para as vítimas ou familiares que a isso tenham direito. O resto financiará iniciativas  como o trabalho de identificação de ossadas de dissidentes desaparecidos ou a criação de um memorial da resistência operária, a grande esquecida da época da ditadura.
É o resultado de uma dificil negociação de 32 meses com a Procuradoria brasileira.(...) Em 2014, a Comissão Nacional de Verdade - CNV (com a missão de fazer luz sobre os anos de chumbo) publica as suas conclusões e levanta o véu sobre um aspecto desconhecido da ditadura: a cumplicidade entre o regime e as empresas, juntos mobilizados contra o «perigo comunista», com o patronato funcionando como denunciante por conta dos militares. A mecânica está bem oleada. De um lado, a junta militar abole o direito à greve e comprime os salários, de outro as empresas denunciam, despedem e estabelecem a lista negra dos assalariados empenhados numa actividade política ou sindical. A fábrica torna-se um campo privilegiado de repressão(...).
Segundo a CNV, certas multinacionais, entre as quais Johnson & Johnson, Pfizer e Pirelli, assim como empresas barsileiras oferecem o sei apoio logístico ao Exército na altura do goçpe de Estado de 31 de Março de 1964. Outras contribuiram para o financiamento de um dos principais xcentros de interrogatórios e torturas.: Ford, General Motors, Mercedes Benz, Siemens, Nestlé, General Electric. Mas é sobre o caso Volkswagen cuja cooperação com o aparelho policial  «é atestado por uma profusão de documentos» que se demora o relatório final da CNV- (...)
Quado uma queixa foi apresentada na Procuradoria em 2015,a marca alemã que se apresenta agora como «a primeira empresa estrangeira a defrontar o seu passado sob a ditadura» parecia de inicio pouco empenhada em colaborar. (...)Mais tarde, em 2018, finalmente a Volkswagen do Brasil não reconhece «responsabilidades próprias» nem «dos seus dirigentes ou empregados» , comprometendo-se porém a dar não «reparações» mas «doações». «A ausência de reconhecimento de culpas visa evitar futuras acções judiciais, nomeadamente no estrangeiro » - desvenda o advogado Habib Nassar, especialista de justiça transicional  junto da ONG Impunity Watch , sediada em Haia. (...) O acordo entre a Procuradoria brasileira e a Volkswagené uma maneira de contornar este obstáculo [ a lei de aministia de 1979, ainda em vigor » ].

11 novembro 2020

Intervalo na política

 Uma magnifica 
campanha publicitária

Por causa da hora tardia a que os espanhois jantam e da sua incompatibidade com o horário de confinamento, a Schweppes inventou esta criativa campanha:


Perdoamos não nos terem dado nem um ponto na Eurovisão se nos ensinarem  a jantar às 20 hs.

Aceitamos peúgas com sandálias se nos ensinarem a jantar às 20 hs.

(via Margarida Vicente no Facebook)

Estados Unidos

 A fraude de um
denunciante de fraude eleitoral 

«Pennsylvania postal worker whose claims have been cited by top Republicans as potential evidence of widespread voting irregularities admitted to U.S. Postal Service investigators that he fabricated the allegations, according to three officials briefed on the investigation and a statement from a House congressional committee» (aqui no The Washington Post)

Tradução manhosa : « Funcionário dos Correios da Pensilvânia cujas alegações foram citadas pelos principais republicanos como evidências potenciais de irregularidades eleitorais generalizadas admitiu aos investigadores do Serviço Postal dos EUA que ele forjou as alegações, (...)»

The New York Times

 

10 novembro 2020

O homem está aflito

 O patente 
nervosismo de Rui Rio

Com um ar manifestamente irritado, veio Rui Rio proclamar que as condições do Chega não têm mal nenhum e sobretudo que não haveria qualquer acordo entre o  Chega e o PSD nacional, tudo ficando confinado aos Açores.
Acontece porém que mais depressa se apanha um mentiroso do que um .... Na verdade, quer a reforma da justiça quer a revisão  constitucional quer ainda a aprovação de uma lei para diminuir os deputados nos Açores são tudo matérias da competência da AR que envolvem a direcção nacional do PSD.
E não fique sem resposta a canhestra e insolente tentativa de Rui Rio de contra-atacar o PS pelos seus acordos com o PCP como se o PCP fosse uma espécie de Chega de esquerda. Rui Rio ainda vai muito a tempo de aprender  que o PCP foi um força determinante na conquista da liberdade, é um partido fundador do regime democrático e construtor da Constituição da República que nela se revê e que, ao contrário do Chega e do PSD, não quer descaracterizar nem subverter.

07 novembro 2020

Custou mas foi







O cheque de 1.200 dolares assinado por Donald. J. Trumpdado a cada norte-americano por causa da pandemia   não chegou para lhe assegurar a vitória. Neste momento Biden já obtém mais 4 milhões de votos que Trump, É a primeira vez desde 1993 que um Presidente não é reeleito.Ainda que o trumpismo não tenha morrido hoje, ainda que o imperialismo não mude de natureza, ainda que o sistema político norte-americanocontinue marcado por muitas preversões, nada apaga a importância da derrota de Trump.

Comentário
do trumpinho caseiro...

... ou quando 74,5 milhões
de votos e 4 milhões de votos
de vantagem são «minorias»