07 abril 2015

Presidenciais de 2006

Vejam lá se
não criam confusões




No contexto de mais uma notícia sobre a mini-batalha que membros ou próximos do PS estão travando entre si em torno do nome de Sampaio da Nóvoa, aparece hoje no DN uma declaração de Manuel Alegre, podendo ler-se a certo passo:

Ora acontece que esta mistura do lamento de Alegre com o que escreve o jornalista do DN (e sobretudo este) podem fazer crer que realmente faltaram a Manuel Alegre 30 mil votos para passar à segunda volta. Há aqui grossa confusão: faltaram sim 30 mil votos a qualquer dos outros candidatos ou ao seu conjunto e não especificamente a Manuel Alegre. E, para haver a segunda volta, era preciso que esses 30 mil votos portanto não tivessem ido para Cavaco Silva. Aliás, escusa-se de insinuar que foi a multiplicidade de candidatos à esquerda de Cavaco Silva que garantiu a vitória deste logo na 1ª volta. Ou seja, e trocando ainda mais por miúdios, se Manuel Alegre tivesse tido mais 30 mil votos vindos do eleitorado de Soares, Jerónimo, Louçã e Garcia, a situação teria sido precisamente a mesma, eleição de Cavaco à 1ª volta. Naquele contexto, é bem provável até que Cavaco Silva, sem essa mobilizilação de diversos eleitorados de esquerda, tivesse logo ganho por uma diferença maior.



4 comentários:

  1. Vá lá, Vitor Dias, evitemos os insultozinhos ("Vejam lá se aprendem a fazer contas") e sejamos sérios: se, como diz (e bem), esses 30 mil votos tivessem ido para os outros candidatos (até podiam ter ido todos para o Garcia Pereira...) então quem teria passado à segunda volta seria o Manuel Alegre, porque de entre esses outros candidatos foi ele quem ficou à frente. Portanto, ele (Alegre) "falhou a passagem à 2ª volta" por 30 mil votos. E quanto ao que teria sido "bem provável" que tivesse acontecido à votação de Cavaco Silva sem a pluralidade de candidaturas à esquerda, enfim, é no minimo história contra-factual - para não dizer completamente especulativo.

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    1. Aliás, JPH, num curto parágrafo meter a pequena diferença de 30 mil votos e a «divisão» de candidatos à esquerda não é muito sensato porque pode criar no leitor a ideia de que a primeira coisa tem a ver com a segunda.

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  2. Caro J.P. Henriques: quanto a mim, e é issso que não parece querer compreender que dizer que Alegre falhou a ida à segunda volta por 30 mil votos não é rigoroso, porque deixa na sombra a crua verdade dos números ou seja que não foi Alegre que teve menos 30 mil votos mas sim Cavaco que teve 30 mil a mais do que teria dado jeito. E, vá lá, já emendei o título.

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  3. Na verdade, ambos estão errados, embora Vítor Dias esteja mais certo.

    Eleitores: 9.085.339
    Votantes: 5.590.132
    Votos válidos (ou seja, sem contar brancos e nulos): 5.487.347
    Cavaco: 2.773.431 (ou seja, 50,54% dos votos válidos)
    Soma dos restantes: 2.713.916 (ou seja, 49,46% dos votos válidos)

    Portanto, nunca haveria uma segunda volta.

    Para que tal ocorresse, Cavaco teria de ter tido (no mesmo universo de eleitores) MENOS 30.000 votos do que os que teve - e aí Alegre iria a uma segunda volta, quer fosse ele a ficar com eles, quer não. Mas não é crível que 30.000 dos votantes de Cavaco votassem noutra pessoa.

    Por isso, a alternativa para que o resultado que obteve (2.773.431) fosse inferior a 50% dos votos validamente expressos seria ter havido quase mais 60.000 votos no conjunto dos restantes candidatos. Ou seja, 60.000 pessoas que não se deveriam ter abstido.

    Aí, sim, teria havido 2ª volta. E seria Manuel Alegre a ir lá.

    Portanto, o que é correto dizer-se é que faltaram 60.000 votos para obrigar Cavaco a uma segunda volta.

    De resto, concordo plenamente com a afirmação de VD: "Aliás, escusa-se de insinuar que foi a multiplicidade de candidatos à esquerda de Cavaco Silva que garantiu a vitória deste logo na 1ª volta. Naquele contexto, é bem provável até que Cavaco Silva, sem essa mobilização de diversos eleitorados de esquerda, tivesse logo ganho por uma diferença maior".


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