No DN de hoje, a incontestada criatividade da jornalista Fernanda Câncio, misturando declarações responsáveis com desabafos soltos de militantes apanhados ao acaso, consegue apresentar o PCP como um partido que diz as coisas (alegadamente) mais pavorosas mas que são misteriosamente «desculpadas».
Por ora, retenho e comento duas (sublinhados meus) invocadas por Fernanda Câncio:
- a primeira é que « se um congresso socialista ou social-democrata incluisse no manual do bom militante a leitura diária [???!!!] do Povo Livre ou do Acção Socialista qual não seria a risota ?».
A isto respondo educada e serenamente que, mesmo deixando de lado que não creio que o Avante! seja comparável em termos jornalísticos com as publicações citadas do PSD e do PS e sublinhando que na prosa de F.C. «manual», «bom militante» e «leitura diária» são deturpações e caricaturas nada inocentes, não percebo qual é a extranheza por o PCP, que nisso investe energias e recursos, apele aos seus militantes para que leiam a imprensa partidária como instrumento útil para a sua acção e meio não exclusivo de informação.
- a segunda é que «é imaginável que o líder de outro partido dissesse, como disse ontem Jerónimo, «com ou sem eleições, nos momentos mais difíceis, o PCP lá estará», sem que ninguém lhe perguntasse que quer dizer com isso?»
A isto, de forma igualmente educada e serena, respondo que provavelmente ninguém lhe perguntou «que queria dizer com isso» porque, sensatamente, não quis passar por pouco atento ou inteligente, uma vez que a frase fala por si, diz o que diz cristalinamente, não permite mais do que a interpretação óbvia de que, havendo ou não eleições, em eleições ou fora delas, nos momentos difíceis, o PCP lá estará na luta, ou seja continuará fiel à sua identidade e natureza de partido que conjuga a sua representação institucional e intervenção eleitoral com uma intervenção quotidiana na sociedade portuguesa.
Entretanto, se Fernanda Câncio está de facto interessado em coisas que passam sem que ninguém repare ou critique, deixo-lhe aqui uma pista para uma sua peça de reportagem. É que apesar de eu ter escrito sobre isso há mais de 15 anos no Semanário, ainda hoje oficialmente continua em vigor no PSD, um Regulamento de Disciplina (ler aqui) que faz das tão difamadas regras internas do PCP uma brincadeira de querubins.
Apesar do DN, da Fernanda Câncio e de outros DNs e Fernandas Câncio semelhantes, é impossível não reconhecer que só um Partido patriótico, profundamente ligado aos trabalhadores, ao povo e à vida é capaz de realizar um Congresso como este.
ResponderEliminarNão há qualquer DN nem Fernanda Câncio alguma que nos retirem o enorme orgulho de pertencermos a este Partido Comunista Português.
Depois de ler o regulamento de disciplina do PSD, apetece dizer a Fernanda Câncio: «chupa e engole!».
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