12 setembro 2011

E agora ...


Nick Lowe  em  The Old Magic



 

XVIII Congresso do PS

Sob o signo da inovação
ou baralhar e tornar a dar

A minha memória visual ou a minha compreensível sensibilidade para as questões de propaganda juram-me que o slogan usado no recente Congresso do PS já foi, mais coisa menos coisa, usado num outdor do PS no tempo de António Guterres, já lá vão uns bons anos. Se alguém o encontrar na Net, fico agradecido porque fica bastante melhorada a ilustração gráfica de que no PS se trata quase sempre de baralhar e tornar a dar ou que por aquelas bandas se vive sempre no mundo das words, words, words.

P.S.: Na falta do outdor do PS que fazia falta, e como prova da inovação daquela casa, encontrei sim estes cartazes, respectivamente do BE e do PSD de Azambuja.



Ontem, tal e qual, no "El País Semanal»

Imagen

LOS JEFES DEL TINGLADO


"Os vamos a buscar, acusar y castigar", avisaba el primer ministro británico, David Cameron, en el Parlamento el 11 de agosto. ¿Se refería a los especuladores de la economía? No.
Por Juan José Millás
 

«He aquí al primer ministro de allí en el instante de pronunciar las siguientes palabras: "A la minoría de los sin ley, a los criminales que se han quedado con todo lo que han podido, hoy les digo: os vamos a buscar, os vamos a encontrar, os vamos a acusar ante los tribunales, os vamos a castigar, vais a pagar por todo lo que habéis hecho". Dado que Europa se iba en esos mismos instantes a la mierda, pensamos que se dirigía a los especuladores, a los directores de las agencias de calificación, a los traficantes de deuda, a los directivos de los fondos de alto riesgo (de alto riesgo para nuestras pensiones de jubilación). Qué ingenuidad la nuestra. ¿Se imaginan a un primer ministro europeo increpando de ese modo a los causantes de los recortes sociales llevados a cabo en los barrios más pobres de sus urbes? ¿Se lo imaginan amenazándoles con la posibilidad de reducir sus movimientos de capital o de cortar sus comunicaciones inalámbricas para evitar transferencias de dinero capaces de hundir la economía de un país? ¿Veremos algún día las fotografías de estos vándalos con corbata de seda, bajo la leyenda de "se busca", en los aeropuertos, en los telediarios, en las salas de estar de las comisarías? Sospechamos que no, sospechamos que hay forajidos que caen bien a las personas de orden como Cameron, y les caen bien porque en última instancia son los jefes del tinglado y los que deciden, por tanto, dónde aflojar la presión y dónde mantenerla. Por eso a veces nos duele la Bolsa; a veces, la deuda soberana, y a veces, los suburbios de Manchester, Londres o Madrid.»

11 setembro 2011

Para o seu domingo


Capriccio Stravagante

Guillemette Laurens, mezzo soprano, Jay Bernfeld, viola baixo,Carol Lewis, viola baixo, Anne-Maria Laslo, tenor de viola, Sylvie Brochard, viola baixo,Patricia Lavail, flauta, Pablo Valetti, violão, Mike Fentross, guitarra, Françoise Johannel, harpa e Skip Sempé, cravo.


Vorria che tu cantass

La Variata Sonata Terza

O meu dossiê sobre os 11/9

Este dia de Setembro nos EUA
(e há 38 anos no Chile)


Referindo talvez o óbvio, ao evocar esta trágica efeméride, não posso deixar de expressar a sensação que tenho desde então que, sem as imagens chocantes, horríveis e devastadoras de que dispomos sobre aquele repugnante atentado, por muito que as suas negativas consequências na vida internacional fossem as mesmas, esta efeméride não teria a mesma força dramática e inesquecível que hoje compreensivelmente têm. Basta dizer que, entre tantos outros exemplos, é muito difícil haver alguém com um pingo de humanidade que, neste ou naquele momento, naquele dia ou nos seguintes, não se tenha posto na pele daqueles homens e mulheres inocentes que acabaram por saltar para a morte ou imaginado o momento em que alguns milhares de pessoas viajaram até ao chão da morte por força da derrocada das torres gémeas. Nestas coisas, creio sinceramente que nada se equivale e justifica mas isso não me pode impedir de, ao mesmo tempo que compreendo e compartilho da dor dos familiares das vítimas deste odioso atentado e, em geral, do povo americano, lembrar que não temos imagens das centenas de milhar de vítimas civis que a subsequente escalada (*) norte-americana provocou. E, também como sempre tenho feito, não me impede de lembrar o outro 11 de Setembro, o de 1973 e no Chile, quando uma conspiração e golpe de Estado fomentados pelos EUA derrubou o governo democraticamente eleito de Salvador Allende com um seu infame cortejo de assassinatos, prisões e torturas.

(*) Devo honestamente referir que, apesar de não partilhar de certas teses no âmbito da conspiração ou provocação a respeito dos atentados de 11/9 de 2001, há aspectos que continuo a considerar muito estranhos e obscuros. Certamente por culpa minha, nunca percebi por exemplo se horas passadas à frente de computadores com simuladores  de vôo ou a frequência de escolas de brevetagem em que apenas se pilotam aviões de pequena dimensão são o bastante para  conduzir Boings ou 747 com a perícia demonstrada pelos terroristas que pilotaram os avões que embateram contra as Twin Towers. Creio que o 11/9 de 2001 não foi uma provocação política no sentido clássico do termo. Mas se tivesse sido, considerados os seus efeitos à escala mundial, teria sido a maior e mais sofisticada da história moderna, deixando o incêndio do Reichstag a muitas milhas de distância.




As Twin Towers em filmes



Uma produção da Slate.com

Como exemplo de que a dor não é incompatível
com a razão e a lucidez, ler aqui o depoimento
de
Robert Klitzman, Prof. na Universidade de Colúmbia,
e que perdeu uma irmã nos atentados de 11 de Setembro, intitulado
«The Uses and abuses of 9/11»





A ler aqui.


A não perder aqui.
«(...) Si el 11 de septiembre de 2001 puede entenderse, entonces, como una prueba en que se sondea la sabiduría de un pueblo, me parece que Estados Unidos, desafortunadamente, salió mal del examen. El miedo generado por una pequeña banda de terroristas condujo a una serie de acciones devastadoras que excedieron en mucho el daño causado por el estrago original: dos guerras innecesarias; un derroche colosal de recursos destinados al exterminio que podrían haber sido invertidos en salvar a nuestro planeta de una hecatombe ecológica y a nuestros hijos de la ignorancia; cientos de miles de seres muertos y mutilados y millones más desplazados; una erosión de los derechos civiles y el uso de la tortura por parte de los norteamericanos que le dio el visto bueno a otros regímenes para que abusaran aún más de sus poblaciones cautivas. Y, finalmente, el fortalecimiento en todo el mundo de un Estado de Seguridad Nacional que exige y propaga una cultura de espionaje, mendacidad y temor.(...)

10 setembro 2011

Não te esqueças !

Encontramo-nos na
saída da PT Bluestation


Os jornais noticiaram ontem que, suponho que por imperativos ou opções comerciais, a estação do Metro «lisboetamente» conhecida por Baixa-Chiado vai passar a chamar-se  PT Bluestation. Enquanto se aguardam pelos rebaptizados das outras estações de Metro e enquanto mastigamos o significado destas sensacionais mudanças  no nosso citadino quotidiano, talvez se possa dizer que assim até damos lições aos EUA, país expoente do capitalismo e da publicidade comercial. É que, em Nova Iorque, por exemplo, a estação de Metro de  Queens não se passou a chamar de Applestation,  a de Jefferson Street não se passou a chamar Morganstation e a de Wall Street não foi baptizada de Madoffstation. O que me parece é que este pessoal não aprendeu nada sobre os riscos de certas mudanças de nomes; eles bem baptizaram a Praça do Areiro de Praça Francisco Sá Carneiro e em toda a Lisboa devem contar-se pelos dedos das mãos as pessoas que assim lhe chamam.
Desta história ou destes sinais e símbolos concluo apenas duas coisas: ou que está tudo doido ou que este país não é para velhos como eu.

Porque hoje é sábado ( 305 )


Red Hot Chili Peppers

A sugestão musical de hoje assinala
o regresso, após cinco anos,
de um novo álbum - I'm With You -
dos Red Hot Chili Peppers


08 setembro 2011

Paulo Macedo ou...

Átila na Saúde


Hoje na primeira página do Público:«As pílulas e as vacinas contra o cancro do colo do útero, hepatite B e contra a estirpe do tipo B do vírus da gripe, que embora integrem o Programa Nacional de Vacinação são comercializadas em regime de venda livre nas farmácias, vão deixar nestes casos de ser comparticipadas pelo Estado, que apenas continuará a assegurar a sua distribuição gratuita nos centros de saúde.De acordo com o documento ontem divulgado com a lista de medidas para reduzir as despesas no sector que o ministro Paulo Macedo levou à comissão parlamentar de Saúde, o ministério vai ainda reduzir a comparticipação da associação de medicamentos antiasmáticos e broncodilatadores. A poupança prevista só com estas descomparticipações ascende a cerca de 19 milhões de euros, de um total de quase 1100 milhões de euros a atingir até 2013».

No meio da algaraviada mistificatória que o Ministério das Saúde produziu a respeito deste assunto merece destaque especial que, quanto às pílulas anticoncepcionais, se tenha argumentado que «são distribuidas gratuitamente nos centros de saúde, são muito baratas e a maioria das mulheres compram sem prescrição médica » e que a poupança estimada ascende apenas a seis milhões de euros.
Ora, mesmo dando de barato que assim fosse, o que este Ministro da Saúde parece esquecer é que, por uma poupança tão baixa, não valia a pena sobrecarregar (e eventualmente desestimular) no planeamento familiar (território onde ainda precisamos de avançar muito) as mulheres que as compram com comparticipação. E sobretudo numa ânsia doentia dos cortes, o poupadinho Ministro da Saúde nãopensou num provável aumento das despesas com interrupções voluntárias da gravidez ou de internamento hoispitalares por acidentes e problemas respiratórios.
Mas não é admirar, não consta que Átila fosse homem de grande ponderação.

Mercury Prize 2011

P. J. Harvey por
Let England Shake

A ouvir aqui em The Lost living Rose
(mais PJ Harvey aqui em «o tempo das cerejas»)

A não perder

Fotos da Festa do Avante! 2011




 Aqui dezenas de fotos que, para quem não foi a esta edição da Festa ou nunca foi a nenhuma, podem permitir uma incompleta aproximação à multifacetada realidade de um evento cultural e político incomparável no plano nacional e sobre o qual podem persistir preconceitos filhos de desinformação e ideias torcidamente feitas.

07 setembro 2011

E agora terminando o dia com


David Sanchez em Ninety Miles




Uma mensagem essencial

Não falta assim tanto tempo
porque falta fazer muito trabalho


Itália, ontem em greve geral convocada pela CGIL

Honra aos que lutam



Sindicatos e «indignados» na luta


As manifestações em Espanha




Realizaram-se ontem em diversas cidades espanholas sob convocação das Comissiones Obreras e da  UGT, e com o apoio de 200 organizações sociais e da Esquerda Unida e do PCE, diversas manifestações contra o propósito do PSOE e do PP de introduzir um limite ao défice na Constituição. Nova série de manifestações está já marcada para 6 de Outubro. Vale a pena ler o manifesto da manifestação de Madrid que foi lido pelos actores Mónica García e José Gamo.

06 setembro 2011

Retrato de Passos Coelho e de uma política

Tumulto - o verdadeiro e o suposto

Os jornais de hoje dão natural relevo às declarações ontem feitas por Passos Coelho prevenindo e agitando o espantalho de tumultos sociais   guiados pelo objectiuvo de «destruir e queimar  o país».  Para mim, é óbvio que se trata não apenas de uma daquelas declarações que desvendam o carácter de um político  e de uma política mas sobretudo de mais um instrumento da larga panóplia de truques e chantagens com que se pretende intimidar os cidadãos e contê-los  numa amargurada resignação e abdicação do exercício de direitos de protesto, de resistência e luta.  Andou bem ontem Jerónimo de Sousa,  em intercalação improvisada ao discurso escrito, quando veio lembrar que o verdadeiro e dramático  tumulto já está aí, brutal, violento  e destruidor nas medida de austeridade e agressão decididas pelo governo PSD-CDS.

05 setembro 2011

Os bastidores da austeridade

Vacinas, pão... e brioches



Regressado dos tão (compreensivelmente) ignorados quanto suaves, fáceis e revigorantes trabalhos de desimplantação mais urgente dos pavilhões na Festa do Avante!, deparo com as duas notícias acima (respectivamente do Público e do DN) que me parecem elucidar bastante sobre certos bastidores dos efeitos da política de austeridade. E, como estou muito fresco, limito-me a dizer que só nos falta uma qualquer Maria Antonieta que recomende ao povo que já que não pode comer pão, coma brioches.

04 setembro 2011

Comício da Festa do «Avante !»


Imensas razões para uma
luta carregada de razão


Jerónimo de Sousa hoje na comício da Festa:

«(...)O sucesso do Governo do PSD/CDS será a tragédia do país. O sucesso na concretização do seu programa de governo será a catástrofe e a ruína dos portugueses. As medidas tomadas vão sempre no sentido de penalizar quem trabalha, quem vive de uma reforma, quem não tem emprego, dos que exercem a sua actividade dependente do poder compra das populações – os sectores produtivos que vivem do mercado interno, o pequeno comércio, a restauração, um conjunto vasto de actividades onde predominam as pequenas e médias empresas.(...)

É insuportável este aumento sistemático de tudo. De impostos, de transportes, de energia, de bens e serviços essenciais, dos medicamentos, de juros e impostos na habitação e muito mais insuportável para aqueles que são empurrados para o desemprego ou vivem de um trabalho precário e mal remunerado que são uma grande parte dos trabalhadores, nomeadamente as novas gerações.

«(...)Como se a injustiça fiscal em Portugal fosse uma novidade descoberta nestes últimos dias. E é interessante vermos como aqueles que fazendo parte dos partidos da troika da submissão – o PS, PSD e CDS – a manifestarem-se agora sensíveis à tributação dos mais ricos e poderosos. Esses mesmos que, sem excepção, na última legislatura rejeitaram as diversas propostas que o PCP apresentou para introduzir alguma justiça fiscal em Portugal.

Quando há poucos meses o PCP propunha reforçar a tributação fiscal para quem possui carros de luxo, iates, aviões particulares, casas com valor acima de um milhão de euros, todos sem excepção, PSD, PS e CDS votaram contra!

Quando há poucos meses o PCP quis criar uma nova taxa aplicável às transacções em bolsa, quando o PCP apresentou propostas para que a banca e os grandes grupos económicos pagassem a mesma taxa de imposto (IRC) que os pequenos empresários já pagam, quando o PCP apresentou propostas para que as mais-valias mobiliárias de SGPS ou de Fundos de Investimento passassem a ser finalmente tributadas, o PS, o PSD e o CDS uniram-se e disseram sempre não.(...)

Temendo que os trabalhadores assumam a consciência dos perigos, sacudam o matraquear da ideologia das inevitabilidades e transformem a indignação e a revolta em luta, vem o Governo fazer cínicos apelos à concertação e ao diálogo.

Quando falam em diálogo pensam em verbo-de-encher. Quando proclamam a concertação pensam na resignação dos trabalhadores e das suas organizações. Mas o que mais temem é essa força social imensa que em movimento e em luta faz mover o que parece inamovível.

Travando a luta concreta por objectivos concretos, por mais pequena e modesta que seja, ela flui e conduz à convergência. Transformando as muitas lutas em luta maior, portadora de interesses e aspirações concretos, num novo patamar de exigência de ruptura com esta política e de mudança necessária no rumo de justiça social, do progresso e do desenvolvimento, e de afirmação patriótica que reforce os alicerces da soberania nacional.

Os trabalhadores sempre foram o motor do desenvolvimento de lutas. Daqui saudamos a CGTP-IN pela sua afirmação e determinação, fiel aos seus princípios que recusando colaborar ou ser mera espectadora face ao assalto aos direitos e aos bolsos dos trabalhadores se posiciona como força que mobiliza e organiza os trabalhadores portugueses. A decisão de convocar para o dia 1 de Outubro uma grande acção nacional de luta assume assim uma importância crucial. Lá estaremos.(...)

Se não estiver na Festa, música para o seu domingo


David Rovics






Fique então com o cantor norte-americano David Rovics que actuou na sexta-feira na Festa do Avante !.

E não se esqueça, no programa de hoje da Festa, entre outras dezenas de pontos de interesse, não se esqueça do grande comício às 18 hs., do encerramento do Palco 25 de Abril com os Xutos & Pontapés às 21 hs. e no Auditório 1º de Maio com Camané às 21.30 hs, a Bienal de Artes Plásticas e a sua evocação do pintor Cipriano Dourado, o filme «48» às 16 hs. no Avanteatro, and so on, so on, a perder de vista e com muita dificuldade escolha.

03 setembro 2011

Festa do «Avante!» ? - não sei o que é !

Sem um pingo de vergonha na cara !




Talvez muitos leitores estranhem porque resolvo num dia destes fazer, com a primeira imagem acima, tanta publicidade ao Público.


Mas eu acho que esta publicidade inteiramente se justifica. Com efeito, folheado o jornal vinte vezes, tive de concluir que, por incrível que  a segunda imagem acima (branco total, zero, nicles, nadica de nada) reproduz fielmente tudo o que a edição impressa do Público de hoje traz sobre a abertura ontem da Festa do Avante!.

Dizem-me aqui ao lado da cozinha onde ajudo que a Festa existe mesmo, que Jerónimo de Sousa fez ontem declarações politicamente significativas, que na Atalaia se viveu ontem uma noite memorável, designadamente com o encanto, a beleza e magia da Grande Gala da Ópera, e que este singular e incomparável evento continua hoje e amanhã e que nos rostos dos milhares que a visitam não há nem um cisco da nostalgia de que ontem falava uma peça do Público.

Mas tudo isto devem ser invenções dos comunistas portugueses.

Porque hoje é sábado (304)


Marissa Nadler


A sugestão musical de hoje
destaca a cantora Marissa Madler
cujo último álbum pode ser ouvido
 aqui.