Bem me queria parecer
que, na crise pandémica, ele
era o ponta de lança do PSD
Trump e os
votos não contados
Em 19 e 20 de Setembro
realizou-se em Évora o Congresso
do Chega (género sem máscaras
e tudo ao molho e fé em Deus)
e ninguém (nem Rui Rio) se indignou
Sobre a entrevista do coiso
No Facebook escreve acertadamente Sandra Monteiro . « (...)Da parte de MST e da estação, este programa e esta linha editorial para a entrevista é uma absoluta irresponsabilidade. AV disse mentiras atrás de mentiras. O trabalho de um jornalista teria sido confrontá-lo com cada uma. Teria de se ter preparado para isso – e até era fácil, que ele não disse nenhuma mentira nova. Fiscalidade, justiça, sistema penal, prestações sociais, tanto em Portugal como na comparação europeia e até mundial, as alegações de AV não colam com a realidade. Constroem uma nova realidade a partir de percepções que até convencem, porque têm qualquer coisa de realidade, e tornam-se mais eficazes se constantemente repetidas... em contraditório. MST estava preocupado consigo próprio, em fazer AV falar dos pontos em que discorda dele. O narcisismo liberal perde sempre quando do outro lado tem um hiperliberal, xenófobo, racista e autoritário, um puro oportunista sem qualquer bússola moral, e muito menos de moral social. No registo cumplicidade entre entrevistador e entrevistado, MST estava confortável; no registo AV hiperliberal em economia, MST estava confortável; no registo assassinato de carácter de outros, MST também estava confortável (como se pode ver uma pessoa a quem a justiça deu razão ser atacada daquela maneira à nossa frente e apenas se lembrar de contrapor que ele próprio, como figura pública, podia ter sido arrastado para o processo, sem contradizer AV, sem dizer aos espectadores o que AV está a fazer?).
Comentário a um
artigo de Pacheco Pereira
Em artigo no «Público» de sábado, José Pacheco Pereira dedicou-se a desmontar e a negar, com inegável cultura política como seria de esperar, as pretensas equivalências que muitos pretendem consagrar entre, de um lado, o PCP e o BE e, do outro, o Chega.
Mas creio que, nessa tarefa, acabou por usar argumentos e paradigmas que não fazem sentido e deixam na sombra coisas importantes.
Primeiro que nada, sigamos com alguma demora o pensamento exposto por Pacheco Pereira.
O referido intelectual começa por distinguir « entre a tradição e o programa genético dos partidos e aquilo que é hoje o seu “programa activo”» .
Explica depois que para si «programa activo» é «o que um partido faz de facto, como actua, (...) que imagem tem na sociedade e junto dos seus militantes», considerando que isto é que verdadeiramente importa ter em conta na questão das equivalências no sentido de as não autorizar.
Mais à frente sustenta que «de há muito que quer um, quer outro têm “programas activos” bem longe dessa tradição. Não vemos nem o PCP nem o BE preparar-se para a revolução, inevitavelmente armada e violenta, nem a organizar um sector militar clandestino nem a cumprir nenhuma das explícitas obrigações de um partido comunista traduzidas nas célebres 21 condições da Internacional Comunista. E sempre foi claro desde Lenine que estas condições são [verbo no presente do indicativo] para cumprir, sob pena de estarmos a falar de partidos que se “social-democratizaram” ou se “aburguesaram”. »
Tudo visto e considerado, creio que Pacheco Pereira se equivoca nomeadamente nos seguintes pontos :
- ao distinguir somente entre «tradição e programa original» e «programa activo», esquecendo e desvalorizando que, por cima de um e de outro, os partidos tem sobretudo programas actuais aprovados em Congressos que definem, de foma solene e insuperavelmente autorizada, o seu posicionamento e projecto político perante a sociedade e os cidadãos;
- ao esquecer, em concreto, que o PCP tem um Programa intitulado «Uma democracia avançada – os valores de Abril no futuro de Portugal» em que, ao contrário do que diz Pacheco Pereira, a «democracia avançada» não é um «eufemismo» para esconder a «ditadura do proletariado», é mesmo um projecto de desenvolvimento e enriquecimento do regime democrático, representando uma fase ou estádio diferente e anterior ao socialismo.
- ao invocar, a meu ver absurdamente, «as 21 condições da Internacional Comunista» e ao dizer que «são para cumprir», esquecendo-se que elas tem exactamente 100 anos, que a Internacional Comunista acabou em 1943 e que, entre muitas outras evoluções, a aceitação da diversificação das vias de passagem ao socialismo é um património adquirido pelo movimento comunista, se não antes, pelo menos desde a década de 50 do século passado.
A Bonifácio está
mal de memória
Em artigo hoje no «Público», Fátima Bonifácio ( que em 2015 escreveu um artigo intitulado «Obviamente, voto Passos»), a dado passo, debita esta pérola : «Nos últimos anos, a amostra mais aparatosa deste desajustamento entre as expectativas dos eleitores e a actuação dos eleitos aconteceu nas eleições de 2015. Afinal, quem votou na “geringonça”?».
Abreviando nos exemplos. cabe-me dizer que Fátima Bonifácio já tem idade suficiente para se lembrar do que eu me lembro. A saber:
- que em 1983 tivemos o governo do «bloco central» (PS-PSD) e na campanha eleitoral que o antecedeu nem PS nem PSD disseram aos eleitores que se iriam coligar no govero;
- que em 2011 tivemos um governo de Passos Coelho /Portas e na campanha eleitoral que o antecedeu nem PSD nem CDS anunciaram aos eleitores que se iam coligar no governo.
E a tal ponto assim é que nessa campanha Paulo Portas dedicou o seguinte mimo ao PSD :
«Foi tudo combinado
só nos Açores» - jurou
Rui Rio. Pois, pois.