27 novembro 2024

Rescaldo de uma triste comemoração

"O 25 de Novembro
em tons de 28 de Maio"

Manuel Loff no «Público»

(...) «A direita nunca gostou do 25 de Abril. E, impossibilitada de comemorar o que quer que seja a 25 de Abril, quer encontrar no 25 de Novembro uma data para comemorar. Ela e os seus presidentes (Cavaco, Marcelo) já fizeram regressar a comemoração do 10 de Junho, Dia de Camões, aos tempos da Guerra Colonial, transformando-o no “Dia dos Combatentes”, frequentemente com discursos que roçam o elogio da própria guerra, como se ela tivesse sido uma guerra “em nome de Portugal”. Mas, entre as datas da contemporaneidade, a única alternativa disponível – e não exagero – era continuar a comemorar o 28 de Maio e a “Revolução Nacional” de que falava Salazar. Sendo-lhes inviável fazê-lo, as direitas querem comemorar o 25 de Novembro mas como Salazar comemorava o 28 de Maio: como o momento em que se pôs fim “à ruína da economia, ao assalto da propriedade, à desordem da rua e dos espíritos, (…) à “justiça popular”, à “indisciplina” (discurso de 1940).
O 25 de Novembro em tons de 28 de Maio
Não há originalidade alguma. Nesta falsificação repetitiva da história, é sempre assim que as direitas veem os processos de mudança democrática. A democracia fez-se apesar delas, contra elas. Mas ainda não desistiram de vingar-se.»

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