08 março 2013

Repetição de rectificação

Ainda (e sempre ?) Camarate


Na pág. 5 do Público de hoje, uma notícia intitulada «Livro sobre Camarate incomoda AR» tem um destaque de entrada que reza assim: «Deputados pronunciaram- se em 1991 pelo atentado, tese que José Manuel Barata-Feio  agora classifica como dogma político.»

Já uma vez, na primeira e desaparecida série deste blogue, expliquei com a adequada documentação probatória (que não estou para ir procurar outra vez) que jamais, incluindo nas conclusões da IV Comissão de Inquérito, os deputados do PCP votaram favoravelmente a alínea que concluia pela existência do atentado, e isto não porque defendessem que se devia antes concluir pela tese do acidente mas pela simples e meridiana razão de que uma tal conclusão, num Estado de Direito, só pode ser tirada por órgãos de investigação criminal e confirmada por sentença dos tribunais e não por uma qualquer comissão de inquérito parlamentar.

E não certamente por acaso mas no quadro desta atitude que em  24.11.1995,   em crónica no Avante! sobre uma misteriosa história relativa à chamada «amostra 7» eu concluia assim : «Dito isto, nenhuma confusão : não sabemos, não temos nenhuma obrigação de saber ( e sempre achámos idiota que uma comissão parlamentar tivésse que ter opinião numa matéria destas) se Camarate foi acidente ou atentado.»

07 março 2013

Azares de uma politóloga

A Marina não tem uma
MultiÓpticas ao pé de casa




A politóloga Marina Costa Lobo, em artigo sobre as manifestações de 2 de Março e a capitalização do descontentamento político,  escreve hoje no Jornal de Negócios que « Sobra o PCP que continua pouco à vontade com o facto de estar a perder o monopólio da "rua". Se consultarmos o sitio web deste partido verificamos que não fazem qualquer referencia à manifestação de Sábado na sua homepage».
Ora, mesmo deixando de lado o facto que o sítio do PCP tem carácter institucional e não é portanto um sítio Web de carácter noticioso geral, a verdade é que hoje já passaram 5 dias sobre 2 de Março mas na página do PCP lá está a noticia abaixo que esteve em destaque na «homepage» nos dias 2 e 3 de Março, antes de ser aí substituída por assuntos mais recentes. E mesmo em termos de «homepage» ainda lá está da forma constante da segunda imagem abaixo.

Está visto que Marina Costa Lobo tem o azar de não ter uma MultiÓpticas (passe a publicidade) ao pé de casa ou então julga erradamente que ficará menos bonita com óculos.


Outro azar de Marina Costa Lobo: no dia 7, dia em que o seu artigo foi publicado, já estava também nas bancas o "Avante!" (que fecha na terça-feira à noite, com a seguinte capa:

Passos Coelho, o PS e o salário mínimo

O bruto sincero
e os hipócritas disfarçados




O PSD pode fazer os desmentidos que quiser mas a afirmação está aqui aos 53 segundos e chega e sobra para revelar uma manifesta simpatia do primeiro-ministro por uma redução do salário mínimo, se pudesse. Entretanto, estejam os leitores certos  que, como tem acontecido no passado, acontece no presente e acontecerá no futuro, todos os dirigentes, deputados e economistas do PSD ou do CDS, apoiando todos os dias uma política que tem como um dos seus eixos centrais a desvalorização dos salários, já nas televisões sempre jurarão hipocritamente que rejeitam absolutamente que a competitividade da economia portuguesa se possa basear numa política de baixos salários. Já quanto ao PS e o aumento do salário mínimo, é ver a sua posição há apenas dois meses :


38 | I Série - Número: 037 | 5 de Janeiro de 2013

"Segue-se, no guião de votações, o projeto de resolução n.º 551/XII (2.ª)Aumento do salário mínimo nacional (PCP).
Vamos votar.
Submetido à votação, foi rejeitado, com votos contra do PSD e do CDS-PP, votos a favor do PCP, do BE e de Os Verdes e a abstenção do PS."

06 março 2013

Nos 92 anos do PCP, um arriscado testemunho pessoal

Um homem pequeno
num grande colectivo e num
exaltante empreendimento humano



Muitos leitores dirão, e sou o primeiro a compreendê-los, que é preciso ter um ego muito grande, uma suspeita vaidade e um reprovável  atrevimento para que alguém que, por junto, quando muito terá dado uma minúscula ou ínfima  contribuição para a história e a luta do PCP, em dia de aniversário do seu partido, em vez de, como a justiça histórica imporia, vir  citar palavras muito mais profundas e inspiradas de Álvaro Cunhal, venha reproduzir algumas das suas próprias palavras ditas há quase 23 anos, no XIII Congresso (Extraordinário) do PCP (Loures,18, 19 e 20 de Maio de 1990), num momento de grande tensão e perigos que felizmente viriam a ser esconjurados e vencidos. Verdade seja dita que, na época e naquela áspera conjuntura, parece essas palavras foram então acolhidas como expressando sentimentos, afectos e vontades que pulsavam na consciência, na alma e no coração dos congressistas. Mas que fiquem aqui hoje apenas e só como um modesto testemunho pessoal sobre um honroso e inabalável compromisso de vida.




(...)

Boaventura Sousa Santos na «Visão»

Porque é que uma personalidade
como esta tem um "deslize" destes
?



Em artigo na Visão que é  muito elogiado e transcrito aqui, e que nem seque  me suscita graves discordâncias, Boaventura Sousa Santos escreve que (sublinhado meu) «os portugueses  (...) recusam- se a aceitar que os representantes eleitos pelo povo representem exclusivamente os interesses de credores predadores».
Acontece que, se fosse eu o autor de um artigo deste tipo, quando chegasse a esta parte me soaria uma campainha de alarme nas meninges e  jamais erscreveria «os representantes eleitos pelo povo» mas «representantes eleitos pelo povo» ou «grande parte dos representantes eleitos pelo povo» ou «a maioria dos representantes eleitos pelo povo».
Dão-se agora alvíssaras a quem fôr capaz de descobrir porque é que Boaventura Sousa Santos comete um "deslize" que eu e outros jamais cometeriam.

Jerónimo de Sousa hoje na A.R.

" O país tem futuro,
este governo é que não tem"


05 março 2013

Um grande combatente do nosso tempo

Mas não morrem
nem a luta nem o sonho



«Hugo Chávez es un demonio. ¿Por qué? Porque alfabetizó a 2 millones de venezolanos que no sabían leer ni escribir, aunque vivían en un país que tiene la riqueza natural más importante del mundo, que es el petróleo. Yo viví en ese país algunos años y conocí muy bien lo que era. La llaman la "Venezuela Saudita" por el petróleo. Tenían 2 millones de niños que no podían ir a las escuelas porque no tenían documentos. Ahí llegó un gobierno, ese gobierno diabólico, demoníaco, que hace cosas elementales, como decir "Los niños deben ser aceptados en las escuelas con o sin documentos". Y ahí se cayó el mundo: eso es una prueba de que Chávez es un malvado malvadísimo. Ya que tiene esa riqueza, y gracias a que por la guerra de Iraq el petróleo se cotiza muy alto, él quiere aprovechar eso con fines solidarios. Quiere ayudar a los países suramericanos, principalmente Cuba. Cuba manda médicos, él paga con petróleo. Pero esos médicos también fueron fuente de escándalos. Están diciendo que los médicos venezolanos estaban furiosos por la presencia de esos intrusos trabajando en esos barrios pobres. En la época en que yo vivía allá como corresponsal de Prensa Latina, nunca vi un médico. Ahora sí hay médicos. La presencia de los médicos cubanos es otra evidencia de que Chávez está en la Tierra de visita, porque pertenece al infierno. Entonces, cuando se lee las noticias, se debe traducir todo. El demonismo tiene ese origen, para justificar la máquina diabólica de la muerte.»

Eduardo Galeano,
autor do fundamental
"As Veias Abertas da América Latina"



P.S.: Por mim, e a pensar em certos distraídos, só quero lembrar que o petróleo  não apareceu na Venezuela com a subida ao poder de Hugo Chavéz antes  já era é o principal sector da economia venezuelana desde a 1ª Guerra Mundial, o que significa que, durante quase um século de dominação oligárquica, essa riqueza nunca se traduziu em benefícios para a maioria daquele povo.
E Maria Farantouri canta agora
«Los Libertadores»
do "Canto General» de Pablo Neruda



No final, nos vídeos anexos ver também
"América Insurrecta" por Mikis Teodorakis

Alô Passos, Portas e Gaspar

Se não gostam de manifs.,
talvez gostem de sondagens
,

tomem lá que é de graça







No Dia Internacional da Mulher

Uma justa homenagem

Há 70 anos na Itália

 [ foi hoje colocada uma Adenda ao post "Alto e pára o baile"]
Uma página gloriosa -
a greve da classe operária de Turim-








Enquadramento:

M A R Z O 1943
«A fornire l’occasione fu un provvedimento emanato dal regime per supplire alle difficoltà causate dai bombardamenti che introduceva un’indennità straordinaria per i lavoratori sfollati (concessione di 192 ore di paga, pari ad un mese di salario), provocando la reazione di quelli non sfollati che chiedevano l’assegnazione delle 192 ore per tutti.
Il 1° marzo, una prima agitazione programmata alla Fiat Mirafiori fallì senza riuscire a generalizzare la protesta.
Il 5 marzo, ancora alla Fiat Mirafiori, alcuni reparti delle officine ausiliarie entrarono in sciopero, ma l’iniziativa non si estese a tutto lo stabilimento. L’agitazione riuscì invece negli stabilimenti delle Officine Rasetti dove l’astensione dal lavoro fu quasi totale.
La notizia delle proteste si diffuse ben presto tra i lavoratori delle altre fabbriche cittadine, innescando, come una miccia, una lunga serie di scioperi che durarono fino alla metà del mese diffondendosi poi in tutto il Piemonte e, da qui, nelle principali fabbriche lombarde, liguri, venete ed emiliane fino a provocare "la paralisi di tutta l’industria del Nord" [V. Castronovo, 1987].
Il 6 marzo sospesero il lavoro per l’intera giornata i dipendenti della Microtecnica, e l’8 marzo l’agitazione si diffuse a "macchia di leopardo" coinvolgendo contemporaneamente altri stabilimenti cittadini.
La protesta degli operai torinesi era per il regime una fonte di grande preoccupazione: la mattina del 9 marzo, Carmine Senise, capo della polizia inviava a tutti i prefetti un telegramma per informarli come "una notevole percentuale operai si est astenuta contemporaneamente dal lavoro. Pregasi mantenersi vigilantissimi" [U. Massola, 1973]. Le parole di Senise caddero però nel vuoto. A Torino lo sciopero era ormai lanciato e coinvolgeva una porzione sempre più compatta di lavoratori che rivendicavano l’aumento del salario e la concessione dell’indennità di sfollamento (192 ore).
L’11 marzo a Roma Mussolini esprimeva la sua ostilità riguardo agli scioperi torinesi davanti al direttorio del Partito Fascista augurandosi che Torino non desse "anche in questa guerra, l’esempio che diede nella scorsa, nel 1917" [E. e D. Susmel, 1966]. La mattina dello stesso giorno, altri dieci stabilimenti fermavano i macchinari.
Gli scioperi continuarono coinvolgendo un maggior numero di lavoratori ai quali si univano, dal 12 marzo, anche i tranvieri che esigevano il pagamento del carovita e delle 192 ore.
La durissima repressione (furono circa 850 gli arresti e centinaia i ritiri degli esoneri) e la sostanziale concessione delle principali rivendicazioni economiche (fu accordata l’indennità di guerra) fecero spegnere giovedì 18 marzo marzo la protesta di circa “100.000 operai torinesi”; così li quantificava l’Unità del 15 marzo 1943.
Le giornate del marzo 1943 rappresentarono un evento rilevante non solamente sul piano economico ma soprattutto su quello politico: infatti, il malcontento economico “aveva fatto da base ad una protesta che i manifestanti comunisti avevano indirizzato contro la guerra e il fascismo”. [R. Battaglia, 1964].
Il regime, che era stato costretto a "rispondere positivamente ad un’iniziativa partita dagli operai" [C. Dellavalle, 1980], appariva ora fortemente ridimensionato, messo a nudo in tutti i suoi punti deboli, : viceversa gli operai apparivano come il primo soggetto sociale in grado di contrastare la politica fascista per altro in grave crisi.
Le giornate del marzo 1943 erano perciò destinate a non rimanere un episodio isolato.
L’estensione ad altre aree e ad altre città della protesta stava a sottolineare che gli scioperi degli operai torinesi avevano dato voce ad una situazione di grave e diffuso disagio. E assumevano perciò una valenza politica generale.
A G O S T O 1943
Caduto il regime fascista il 25 luglio del 1943, il governo Badoglio per scongiurare ogni forma di protesta mantenne un rigido controllo nelle fabbriche utilizzando anche l’esercito. Tra il 17 e il 20 agosto dello stesso anno gli operai torinesi entrarono in sciopero per richiedere l’uscita dell’Italia dal conflitto. Furono i bombardamenti del 16 di agosto che provocarono ingenti danni alla città, la scintilla che fece esplodere il malcontento operaio, [tabella 12].
La mattina del 17 agosto la protesta iniziò alla Grandi Motori assumendo connotazioni drammatiche (all’uscita degli operai dalla fabbrica le truppe avevano risposto con il fuoco provocando il ferimento di sette operai, uno dei quali morì) e si diffuse, nei giorni successivi in tutte le altre fabbriche cittadine. Una prima avvisaglia di sciopero si ebbe il 18 agosto, quando le maestranze delle Officine Rasetti e della Grandi Motori si astennero dal lavoro, ma fu il 19 agosto che l’astensione dal lavoro fu totale: le fabbriche si fermarono supportate nella protesta dai tranvieri e dalle categorie degli impiegati, degli artigiani e dei commercianti.
Il giorno successivo arrivò a Torino il ministro del lavoro Piccardi che raggiunse con i rappresentanti degli operai importanti accordi: il riconoscimento delle commissioni interne, la scarcerazione dei detenuti politici e il ritiro dalle officine delle truppe e dei carri armati e il 21 agosto le fabbriche torinesi riprendevano regolarmente il lavoro
Gli scioperi dell’agosto del 1943 si differenziarono da quelli del marzo per la modalità di esecuzione (i lavoratori uscirono dalle officine e si riversarono lungo le strade cittadine) e per le rivendicazioni: la fine della guerra si univa ad un altro tipo di richieste (ritiro delle truppe dagli stabilimenti, scarcerazione dei detenuti politici, ritardo del coprifuoco, libertà di stampa e la rimozione dalle cariche civili e militari dei funzionari fascisti che avevano dimostrato atteggiamenti brutali contro gli operai) che davano alle lotte dei lavoratori un marcato tratto di politicità.
La caduta del regime avrebbe dovuto coincidere con la fine della guerra: questa era l’interpretazione comune non solo agli operai, ma anche a gran parte della popolazione, e le agitazioni di agosto promosse dai lavoratori torinesi ebbero il merito di tradurre quello che era un "desiderio diffuso in necessità politica" [C. Dellavalle, 1980].
S E T T E M B R E 1943
L’occupazione tedesca, in seguito alla crisi dell’8 settembre, ebbe sull’industria piemontese pesanti riflessi negativi, facendo registrare una generale caduta degli indici produttivi.
A ciò si doveva aggiungere il peggioramento delle condizioni operaie dovute all’inconsistenza dei salari in relazione al costo della vita (aumentato in seguito all’occupazione nazista), alle pessime condizioni di lavoro all’interno delle fabbriche e alle difficoltà nel reperimento di generi alimentari di prima necessità (oramai disponibili solo alla borsa nera dove avevano raggiunto prezzi molto elevati), motivi che, verso la metà di novembre, innescarono una nuova ondata di proteste.
N O V E M B R E 1943
Il 16 novembre lo sciopero iniziava alla Fiat Mirafiori, dove tutti i quadri dello stabilimento (operai, tecnici e impiegati) si astennero dal lavoro, dando l’esempio alle altre fabbriche torinesi. Tra il 17 e il 20 novembre l’azione proseguì compatta: tutte le industrie cittadine erano in sciopero e nessun settore produttivo entrò in funzione.
I lavoratori chiedevano "l’aumento dei salari e delle razioni alimentari" [M. Giovana, 1962] e il 20 novembre gli operai decisero di inviare le ricostituite commissioni interne a trattare col comando germanico che promise miglioramenti se i lavoratori avessero ripreso il lavoro. In caso contrario il Reich tedesco non avrebbe più tollerato nessuna interruzione della produzione. Lo sciopero fu interrotto per una settimana e solo il 25 novembre le fabbriche riavviarono i macchinari.
Il 30 novembre i vertici tedeschi, in un incontro con le commissioni degli operai Fiat, che però rappresentavano tutte le maestranze torinesi, resero note le loro proposte che non corrispondevano alle promesse fatte ai lavoratori: estensione a tutta la famiglia operaia del supplemento pane del 75% dato al capofamiglia; carte annonarie supplementari; blocco dei prezzi e aumento dei salari del 30%.
La reazione operaia a queste proposte giudicate insoddisfacenti non tardò ad arrivare e si materializzò in uno sciopero che coinvolse il mattino del 1° dicembre le maestranze di svariati impianti cittadini, senza però toccare lo stabilimento di Mirafiori (presidiato da reparti armati tedeschi), della Spa e dell’Aeronautica dove gli operai rimasero sotto il tiro delle armi tedesche fino alla ripresa del lavoro.
Le intimidazioni tedesche sugli operai di Mirafiori resero "orfani" della forza principale i lavoratori degli altri stabilimenti torinesi, che prolungarono lo sciopero di 48 ore, ma furono poi obbligati ad interromperlo.
Gli scioperi del novembre e del dicembre 1943 contribuirono comunque al raggiungimento di rilevanti obiettivi, economici e politici.L’aumento del 30% dei salari, la trasformazione dell’indennità concessa in aprile in indennità di presenza, l’estensione a tutti del pagamento delle 192 ore e il contributo in viveri che le aziende e i tedeschi si impegnavano a versare, costituivano infatti per i lavoratori torinesi delle concessioni tutt’altro che marginali sul piano economico.
Dal punto di vista politico gli scioperi rafforzarono invece le posizioni dell’antifascismo politico: gli operai rappresentavano un grande potenziale di conflittualità da riversare contro il regime nazifascista e furono proprio le maggiori voci di opposizione al regime (azionisti, comunisti e socialisti) a "orientare questa forza generale in senso più esplicitamente politico" [C. Dellavalle, 1993]. Tutto ciò avverrà con lo sciopero generale del 1° marzo 1944. »