Viagem à América
menos falada
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Mais de 3000 dólares por um teste
«O plano de combate ao novo coronavírus - a doença chama-se
covid-19 - nos Estados Unidos baseia-se na identificação de casos, tratamento
dos infectados e em estratégias para minimizar a sua propagação, incluindo
encorajar pessoas afectadas a ficar em casa. Mas será especialmente difícil de
aplicar num país onde muitos não têm seguros de saúde ou têm apenas seguros
desadequados, onde uma grande parte dos trabalhadores não têm baixas pagas caso
adoeçam, e onde uma parte da força de trabalho é assegurada por pessoas em situação
irregular ou mesmo ilegal.
Mais de 33 milhões de trabalhadores norte-americanos (num
total de cerca de 157 milhões) não têm baixas pagas. E muitos deles (86% da
força de trabalho norte-americana) estão precisamente em empregos em restaurantes,
limpezas domésticas, transportes, em caixas registadoras ou noutras funções em
lojas – ou seja, empregos com contacto com o público. “Muitas pessoas
simplesmente não podem não ir trabalhar”, disse ao Wall Street Journal o
professor de políticas públicas e economia da Universidade da Virgínia,
Christopher Ruhm.
A Administração Trump está a considerar usar verbas de um
programa nacional para desastres para pagar a hospitais e médicos os cuidados
de saúde de quem não tem seguro de saúde – mais de 27 milhões de pessoas (10%
da população). O problema com os seguros não é só a grande fatia de população
sem seguro, mas também aquela que tem seguros com coberturas mínimas (45% da
população, segundo a CNN).
Algumas das pessoas com factores de risco ou idosas que
ficam doentes precisam de cuidados intensivos. O Wall Street Journal lembra que
de acordo com um estudo de 2005, o custo de apenas um dia numa unidade de
cuidados intensivos com ventilador custa mais de 11 mil dólares (cerca de 9700
euros).
O diário Miami Herald conta a história de Osmel Martinez
Azcue, que no mês passado voltou da China com sintomas de gripe. Seguindo o
aconselhamento, foi a um hospital, onde o puseram numa sala, o fumigaram com
desinfectante, e disseram que precisariam de confirmar se se tratava do novo
coronavírus com uma TAC (Tomografia Axial Computorizada). Imaginando o custo da
TAC, Azcue pediu para ser testado primeiro ao vírus da gripe, e se se
confirmasse, poderia ter alta. Foi o que aconteceu. Duas semanas depois, Azcue
recebeu a conta da seguradora: 3270 dólares (cerca de 2900 euros).» (no «Público» de hoje)
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