20 maio 2019

Não, não é caso para «tarde piaste !»

Qual arrependido,
qual carapuça !

Quem tiver lido na diagonal o artigo de António Barreto no domingo no «Público» pode ter ficado favoravelmente impressionado ao tropeçar na  sua afirmação de que as privatizações « acabaram por ser o leilão histórico de empresas, a destruição de algumas, a alienação irreflectida de outras e a entrega de poderes a grupos de predadores nacionais e estrangeiros. Assim se liquidaram, alienaram ou miniaturizaram empresas e sectores como os telefones, os cimentos, a electricidade, os petróleos, a rede eléctrica, o gás, os correios e outras.»

Ora a verdade é que A. Barreto não podia ter escrito só isto. Se o tivesse feito, alguém lhe poderia perguntar onde e em que tempo próprio é que a sua voz se tinha levantado contra as privatizações.
E, a meu ver, é precisamente isso que o leva a escrever antes que «as privatizações e as reprivatizações» foram «feitas aparentemente pelas boas razões, por espíritos liberais, concebidas para libertar a sociedade e a economia, levadas a cabo com as melhores intenções expressas».

Deixando de lado outros comentários dispensáveis tendo em conta de quem estamos a falar, sempre se poderá pacatamente observar como é estranho que uma personagem com a cultura e experiência políticas de António Barreto não foi capaz de, logo à época, perceber que era fatal como o destino que, com as privatizações « catervas de políticos à solta, bandos de capitalistas (nem todos empresários…) e de traficantes de influência (nem todos ilegais…), associados a advogados e seus escritórios)» se iam ligar « ao poder político com mais profundidade e mais intimidade do que o Estado Novo salazarista (...) e estreitaram o seu conúbio com dois partidos, o PS e o PSD. »


Recordação

Em  matéria de privatizações e
«arrependimentos», ficou para a
história  o célebre artigo
«A Tragédia das Privatizações»
 de Luís Todo Bom (PSD) que
até esteve profundamente
ligado à privatização da
Portugal Telecom.

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