Mais bombas de fragmentação
30 novembro 2012
29 novembro 2012
Cegueira e desumanidade
Só uma coisa
Confesso que há em mim uma indignação, uma revolta e uma raiva tão grandes que me impedem de gastar as meninges e perder tempo a comentar com muito detalhe as afirmações do primeiro-ministro em entrevista à TVI.
Confesso que há em mim uma indignação, uma revolta e uma raiva tão grandes que me impedem de gastar as meninges e perder tempo a comentar com muito detalhe as afirmações do primeiro-ministro em entrevista à TVI.
Não soubesse eu de ginjeira o que, bem no fundo, os move e que interesses servem e escreveria que esta gente que hoje nos desgoverna não conhece o país real que somos e, se lê números e estatísticas sobre ele, não consegue descortinar o seu significado e consequências.
Basta referir um ponto: pretendem cortar até 2014 quatro mil milhões de euros sobretudo na saúde, na educação (com essa infâmia das propinas no secundário !) e nas prestações sociais (e aqui sempre esquecem que grande parte destas não sai dos impostos mas dos descontos de trabalhadores e das entidades patronais !) e nem sequer percebem que, se e quando conseguirem aplicar esta trágica punção, o vão fazer sobre uma população já notavelmente empobrecida e em situação de desespero social em resultado das medidas contidas no Orçamento de 2013.
E, no entanto, deveria bastar conhecer os dados sobre os montantes do salário mínimo ou médio em Portugal e do valor médio das pensões e reformas em Portugal, sobre as centenas de milhares de desempregados que não recebem qualquer subsídio, considerar os já devastadores roubos que vão ser cometidos em 2013 por vias fiscais e outras, e sobre as previsíveis e devastadoras lacerações no tecido económico para se ter a certeza que um corte de 4 mil milhões de euros em funções sociais do Estado nos empurrará inexoravelmente para uma situação de inominável barbárie e tragédia sociais.
É tão simples como isto mas há ainda demasiados que não o querem ver: os portugueses não têm o nível de vida dos alemães que lhes permitisse as reservas para enfrentar um tremendo abaixamento do nível de vida durante dois ou três anos. Somos sim um povo de pobres e de gente que maioritariamente vive à justa ou remediadamente. O que faz toda a diferença.
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Mais velho que a Sé de Braga
Um truque universal
Neste título de Marianne, na sequência de uma velhíssima prática, a gente lê «la gauche» e depois vai a ver e trata-se do «governo», isto é, do PS e dos seus aliados. Já antes, há uns bons tempos, eu havia dado o seguinte exemplo, colhido dessa vez no Nouvel Observateur, do mesmo truque nada inocente e muitíssimo desonesto.
28 novembro 2012
Ou talvez não
Mistérios das sondagens
Como se pode ver acima na manchete do i, este jornal proclama que uma sondagem por si encomendada revela que 63,5% dos inquiridos defendem o cumprimento do memorando da troika e, ao mesmo tempo, que 84,1% querem a sua renegociação. Ora, desculpem lá, mas como 84,1% é bastante mais que 63,5%, isso só pode significar que uma grande maioria dos que dizem querer que o memorando seja cumprido afinal não quer que ele seja cumprido em diversos pontos importantes.
Por outro lado, é bem provável que quando a sondagem perguntou aos inquiridos sobre o cumprimento do memorando sem mais, a maioria dos inquiridos tenha entendido por memorando «aquela coisa em troca da qual veio o dinheiro». Dito isto, concluo apenas que o que eu gostava de conhecer eram os resultados de uma sondagem que, em vez de perguntar genericamente pelo cumprimento do memorando, tivesse perguntado pelo cumprimento discriminado de cada uma das medidas e orientações constantes do memorando que mais agrediram as condições de vida dos portugueses ou lesaram os seus direitos.
Ignorância atrevida ou...
... perplexidades de
um cidadão mal informado
um cidadão mal informado
Ficam os leitores avisados de que este post pode ser filho de uma ignorância cavalar e que até tremo só de entrar nos terrenos da competência do reputado especialista em transportes que é o Eng. Nunes da Silva, vereador da Câmara Municipal de Lisboa. Acontece, porém, que face à quantidade de coisas que as notícias na imprensa não explicam, eu acho que cidadãos comuns como eu têm direito a certas perplexidades. Assim sendo, pergunto, por exemplo: se o controlo destas projectadas restrições e excepções vai ser confiado a câmaras de filmar, têm estas algumas condições para, pela matrícula, perceber se um condutor é comerciante ou habitante em Lisboa ? E se não é por câmaras de filmar, vai haver no centro da cidade, uma série de postos físicos de controlo em que funcionários da CML pedem aos condutores documentos comprovativos de que habitam em Lisboa ?
27 novembro 2012
Para gravar na memória ou...
... há sempre alguém que resiste !
«(...)Este é na verdade o pior Orçamento de que há memória. É um Orçamento que não
resolverá nenhum dos problemas nacionais, que agravará a dívida pública e que
terá devastadoras consequências no plano económico e social, com os cortes no
investimento, com a quebra dos rendimentos dos trabalhadores e dos reformados,
com o empobrecimento da generalidade da população, com a falência das micro,
pequenas e médias empresas, com os cortes nas funções sociais do Estado. É um
Orçamento de recessão, de falências, de desempregados, de famílias insolventes,
de abandono escolar, de empobrecimento e miséria, de jovens forçados a emigrar.
Numa situação já marcada por uma profunda recessão de oito trimestres
consecutivos, por um desemprego sem precedentes e em crescimento, por um
generalizado processo de regressão social e de empobrecimento dos portugueses,
este Orçamento é um ato de agressão contra o povo e o país.
O IRS conhece o maior aumento de que há memória. São reestruturados os
escalões de forma a penalizar mais duramente os rendimentos mais baixos e a
taxar as camadas intermédias como se fossem grandes fortunas, são reduzidas as
deduções com a habitação, a saúde e a educação, e é imposta a infame sobretaxa
de 3,5% a todos os contribuintes que foi a forma encontrada pelo Governo para
confiscar um mês de salário aos trabalhadores e aos reformados. A política
tributária deste Governo é muito simples. Os ricos pagam como se fossem pobres e
os que se tornam pobres pagam como se fossem ricos.(...)» . Mais aqui.
Passos, Portas, Gaspar e Cª
C de chupistas,
c de cobardes
c de cobardes
Independentemente de outras considerações e análises sobre o fundo da questão, a verdade é que não se pode deixar de registar que o governo saliva só a pensar na ideia de beneficiar do que acaba de ser concedido à Grécia, ou seja aparentemente o mais tempo e menos juros que sempre se recusou a reclamar, mas jamais foi capaz de fazer alguma coisa por isso e Passos Coelho até declarou há dias que não se conhecia nenhum caso de alguém que não tivesse cumprido os objectivos acordados e, em renegociação, tivesse obtido melhor. Chupistas e cobardes, é o que são.
26 novembro 2012
Sondagem do «i» hoje
Breve história de uma ingratidão
Passos Coelho acabou declarar que confiava na inteligência dos portugueses. Fez bem, agora só lhe falta tirar as conclusões da inteligência destes 62,1,%.
Finalmente escrevo sobre ...
... os malefícios do (aumento
de impostos sobre o) tabaco
de impostos sobre o) tabaco
Sim, este post, de todo em todo politicamente incorrecto, representa a conversão em texto escrito de algo que há muitas décadas sempre formulei em termos de desabafo ou conversa de café.
Ou seja, eu sei que o tabaco é um vício terrivelmente perigoso para a saúde e sou obviamente favorável a que o maior número possível de cidadãos abandone ou não se inicie nesse vício.
Mas sempre me revoltou a impunidade com que todos os governos sempre aumentaram o tabaco protegidos pela não pequena censura social sobre esse vício e pela correspondente intimidação psicológica das vítimas desses aumentos.
E, por isso, digo agora finalmente por escrito o que nunca tinha dito antes por esta forma: os aumentos do tabaco ou dos impostos sobre ele nunca foram decididos por carinho ou preocupação com a saúde pública ou com a dos fumadores mas precisamente porque quem os decide sabe melhor do que ninguém que, tratando-se de um vício, a procura do tabaco é relativamente rígida.
Enfim, desculpem lá, mas os fumadores têm tanto direito de protestar contra estes aumentos como todos temos de protestar contra outros.
"Vamos supor" ?!!!
A coelheira não tem janelas,
está sem luz e insonorizada
«Claro que hoje sabemos que
quem mais acesso tem à televisão
e quem mais vocalmente contesta
o que estamos a fazer
são aqueles que têm mais».
está sem luz e insonorizada
«(...) Vamos supor que eles têm razão.
Vamos supor que estamos a atingir
o limite das nossas possibilidades,
que as pessoas não aguentam
estas medidas.(...)»
Vamos supor que estamos a atingir
o limite das nossas possibilidades,
que as pessoas não aguentam
estas medidas.(...)»
«Claro que hoje sabemos que
quem mais acesso tem à televisão
e quem mais vocalmente contesta
o que estamos a fazer
são aqueles que têm mais».
Passos Coelho no Funchal
25 novembro 2012
24 novembro 2012
Pergunto franca e indignadamente
Estão doidos ou quê ?
É um perfeito mas significativo absurdo que o ministro da Administração Interna tenha decidido pedir à Procuradoria-Geral da República um parecer sobre se a PSP pode exigir o acesso a imagens não editadas das televisões. É óbvio e mete-se pelos olhos adentro que não pode. Primeiro, mesmo que a RTP seja uma empresa pública isso não pode fazer dela uma dependência do MAI ou da Polícia, continuando sempre ser um órgão de comunicação social protegido por legislação e garantias específicas. E, segundo, aceder a imagens não editadas de televisões seria exactamente a mesma e abominável coisa que exigir a um jornalista que forneça os seus cadernos de notas ou as fracções de texto que resolveu não incluir nas peças que escreveu e assinou. Há perguntas ou pedidos de parecer que nem se fazem.
Era o que faltava ! Tomem chá de tília !
Porque hoje é sábado (300)
Carla Marciano
A sugestão musical de hoje distingue
a saxofonista italiana Carla Marciano
(e o seu Quarteto),
cujo último álbum se intitula
Stream Of Consciousness.
a saxofonista italiana Carla Marciano
(e o seu Quarteto),
cujo último álbum se intitula
Stream Of Consciousness.
Preceding/Inner blast
23 novembro 2012
O PCP e o trabalho precário
As contagens que o Público não fez
Numa pergunta da entrevista a Jerónimo de Sousa hoje publicada, o Público afirma que «nas teses [para o seu XIX Congresso], o PCP só tem um parágrafo sobre trabalho precário», querendo com isso obviamente insinuar que o PCP não presta a devida atenção ao problema.
Numa pergunta da entrevista a Jerónimo de Sousa hoje publicada, o Público afirma que «nas teses [para o seu XIX Congresso], o PCP só tem um parágrafo sobre trabalho precário», querendo com isso obviamente insinuar que o PCP não presta a devida atenção ao problema.
Ora, devem os leitores ficar a saber que nesse parágrafo se afirma o essencial, ou seja que «A precariedade dos vínculos laborais é especialmente grave: gera instabilidade no
trabalho e na vida, fomenta o desemprego, agrava a exploração. A luta contra a
precariedade expressa-se por objectivos reivindicativos concretos nos locais de
trabalho, apoiados por acções mais gerais de denúncia e sensibilização pública.
A sindicalização e organização dos trabalhadores em situação de vínculo precário
é vital para a sua inserção na luta e para favorecer a unidade de classe entre
os trabalhadores.»
Em matéria de pesquisas e contagens, já agora devem os leitores ficar a saber que há uma que o Público não fez: é que a palavra ou termo «precariedade» aparece no texto 21 vezes.
Mas muito mais importante que estatísticas sobre palavras ou parágrafos, teria sido se os jornalistas entrevistadores tivessem feito previamente uma viagem informativa e uma contagem às múltiplas iniciativas legislativas que, desde há imensos anos, o PCP vem apresentando para combater esse perverso fenómeno que agride profundamente a vida de mais de um milhão de portugueses e representa, nas suas consequências práticas, uma grave lesão ao exercício dos seus direitos democráticos enquanto trabalhadores.
Contra um crime infame
Um grande
combate do nosso tempo
combate do nosso tempo
Aqui têm números mas na verdade têm nome, rosto, história de vida, filhos. E olhos que nos olham e interpelam agora.
22 novembro 2012
Desde principio que se estava a ver...
Contagem de votos nos EUA
Maravilhas do país
de Silicon Valley
Aqui: «By the end of today, Arizona will have finally finished counting all of its ballots from the election that took place more than two weeks ago. More than a quarter of the roughly 2.2 million votes were cast as early or provisional ballots, and the delay in getting them all counted has stirred great controversy in state in which people of color have grown accustomed to dirty tricks. Some watchdogs charged that Latinos were being targeted for disenfranchisement, but as more and more of those ballot were tallied, it became increasingly apparent that all sorts of voters have had to wait for their ballots to be counted. Still, the last two weeks have illustrated that Arizona needs to revamp the way it conducts elections.(...).
de Silicon Valley
On Thursday (a seguir à votação), more than a hundred people — activists, high school students who worked for months to register voters, and voters who said they were forced to use provisional ballots — protested outside the election center
Arizona’s Ballot Count Fiasco
Voting Rights Watch 2012 on November 21, 2012 - 11:02 AM ET«
Aqui: «By the end of today, Arizona will have finally finished counting all of its ballots from the election that took place more than two weeks ago. More than a quarter of the roughly 2.2 million votes were cast as early or provisional ballots, and the delay in getting them all counted has stirred great controversy in state in which people of color have grown accustomed to dirty tricks. Some watchdogs charged that Latinos were being targeted for disenfranchisement, but as more and more of those ballot were tallied, it became increasingly apparent that all sorts of voters have had to wait for their ballots to be counted. Still, the last two weeks have illustrated that Arizona needs to revamp the way it conducts elections.(...).
Por fim, só acrescentar que no país tecnologicamente mais avançado do mundo, a exemplo do que aconteceu em 2008, os resultados finais definitivos da última eleição presidencial deverão demorar mais quatro ou cinco meses a serem conhecidos.
P.S.: Enquanto isto e a uma escala que nenhum europeu podia supor, proliferam nos EUA os sites, ora de republicanos ora de democratas, denunciando fraudes alheias, com destaque para os estranhos casos em que, em diversas assembleias de voto de certos condados, um dos candidatos teve zero votos.
P.S.: Enquanto isto e a uma escala que nenhum europeu podia supor, proliferam nos EUA os sites, ora de republicanos ora de democratas, denunciando fraudes alheias, com destaque para os estranhos casos em que, em diversas assembleias de voto de certos condados, um dos candidatos teve zero votos.
21 novembro 2012
Palavras de administrador
Quem me manda a mim
ter caído em pequenino
no caldeirão da ingenuidade
ter caído em pequenino
no caldeirão da ingenuidade
na primeira página do i de hoje
Tendo caído em pequenino no caldeirão da ingenuidade e supondo que o administrador da Siemens viva em Portugal, preparava-me eu para advertir que talvez, na primeira curva da estrada, tivéssemos o senhor administrador a protestar contra a insegurança e falta de polícias nas ruas, contra a falta de professores para lhe ensinar os filhos, contra a falta de médicos e enfermeiros que lhe cuidem da saúde de si e da família, contra a degradação dos múltiplos serviços que lhe são prestados pela administração local, and so on, so on, so on.
Mas parei a tempo. Nas minhas debilitadas meninges acendeu-se um raio de luz que me mostrou que o senhor administrador da Siemens,m pelos vistos nada ralado com esta má publicidade para a marca, ao contrário de 98% dos portugueses, há-de ter meios e capim suficientes para resolver isso tudo pagando no privado.
O campeão do descaramento
Se Vexa está amnésico,
muitos de nós não !
muitos de nós não !
As mais jovens gerações podem não ter visto isso mas ainda somos às carradas os portugueses que bem nos lembramos como na década de 85 a 95, sob o ilustre magistério governativo do actual PR, se afundou boa parte da agricultura portuguesa a troco de uns cobres europeus, se procedeu a um vasto abate da nossa frota de pesca e se acelerou a desindustrialização do país.
E, agora, o inenarrável personagem vem-nos dizer que a culpa é de um «estigma». Ao menos, cale-se e vá cuidar dos netos !
O parlapié do senhor Selassié
Eternamente gratos, senhor Selassié..
... o pior é que não somos parvos.
Como Daniel Oliveira bem assinala, agora temos este senhor do FMI a intervir e interferir descaradamente no debate político nacional. Talvez poderes de governador-geral da colónia...
JN de 25.11.2011
20 novembro 2012
Submarinos e contrapartidas
Confesso que desisti de perceber
Chamem-lhe preguiça, falta de conhecimentos ou de estudo mas confesso que desisti de perceber seja o que for sobre o caso das contrapartidas dos submarinos que está agora, ao fim de anos e anos, em julgamento.
Desde logo, acho uma graça imensa aos advogados dos réus que vêm agora dizer que a celebração de um novo contrato anularia todas as acusações relativas ao processo do contrato antigo. Percebo que é para isso que são pagos mas não percebo como é que, juridicamente, um novo contrato pode anular acusações de «burla qualificada» e «falsificação de documentos».
Depois vejo que o novo contrato abrange a recuperação de um hotel no Algarve e fico a perguntar de quem é o hotel e se vai haver uma espécie de bodo aos pobres hoteleiros.
A imprensa relembra-me também que houve 19 projectos de contrapartidas que «nunca saíram do papel» mas na lista dos réus não me parece que figure alguém dos muitos que, representando os interesses do Estado, terão andado a dormir na forma.
Tudo visto, despeço-me do assunto sentenciando que os submarinos estarão à tona de água mas a defesa do interesse público há muito que submergiu.
Combatentes de sofá
As conquilhas
continuam estragadas
continuam estragadas
No i, o blogger socialista Tomás Vasques, escrevendo sobre a greve geral e os incidentes frente à AR, salienta a dado passo:«(...)Isto significa que, nos dias difíceis em que vivemos, com elevado capital de queixa de uma imensa maioria de portugueses, a pesporrência da CGTP e do PCP e a “necessidade estratégica” de aparecerem como os únicos “donos da rua”, objectivamente, constituem um travão à participação e à envolvência de muita gente. Mas, não foi, também, porque a “greve geral” eclipsou-se, pelo menos mediaticamente, a favor de um reduzido grupo de manifestantes – duas dezenas, se tanto – que durante mais de uma hora, com transmissão televisiva em directo, apedrejaram o cordão da polícia incumbido de defender a Assembleia da República, e a carga policial a que esse apedrejamento deu azo. Jerónimo de Sousa disse, na sexta-feira, que “ao governo, à classe dominante e à comunicação social deram um jeitão os incidentes em frente à Assembleia da República” – o que é apenas meia verdade. A outra meia verdade é que ao governo (a este, aos anteriores e aos que hão-de vir) dá um jeitão o autismo e a pesporrência do PCP e da CGTP.»
Depois de devidamente citado este naco de prosa insuperavelmente pesporrente, talvez convenha dizer a Tomás Vasques o seguinte:
- que, quando avalia, aliás muito por baixo como era de esperar de tal teclado, os resultados da greve geral, talvez fosse sério ter em conta que no país em que ele e eu vivemos há mais de um milhão de precários, com tudo o que isso significa de real limitação ao livre exercício do direito à greve;
- que, quando fala não sei o quê sobre os querem ser «donos da rua», parece estar esquecido de duas coisas: uma é que basta rever mentalmente todas as grandes manifestações já ocorridas para se saber que assim não tem sido; e a outra é que decorre explicita ou implicitamente do discurso da CGTP o considerar um bem precioso a mais ampla convergência na luta e no protesto dos mais vastos sectores e camadas sociais que fôr possível mobilizar;
- e que, por mim , militante do PCP e apoiante da CGTP, não tenho nada a opôr a que, dando por uma vez o corpo ao manifesto, a UGT e o PS ocupem combativamente as ruas, assim contribuindo para a «envolvência de muita gente».
Em conclusão, estou farto de ver este filme cínico e hipócrita: os que não lutam entretidos a ladrar contra os que lutam.
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