07 abril 2015

Presidenciais de 2006

Vejam lá se
não criam confusões




No contexto de mais uma notícia sobre a mini-batalha que membros ou próximos do PS estão travando entre si em torno do nome de Sampaio da Nóvoa, aparece hoje no DN uma declaração de Manuel Alegre, podendo ler-se a certo passo:

Ora acontece que esta mistura do lamento de Alegre com o que escreve o jornalista do DN (e sobretudo este) podem fazer crer que realmente faltaram a Manuel Alegre 30 mil votos para passar à segunda volta. Há aqui grossa confusão: faltaram sim 30 mil votos a qualquer dos outros candidatos ou ao seu conjunto e não especificamente a Manuel Alegre. E, para haver a segunda volta, era preciso que esses 30 mil votos portanto não tivessem ido para Cavaco Silva. Aliás, escusa-se de insinuar que foi a multiplicidade de candidatos à esquerda de Cavaco Silva que garantiu a vitória deste logo na 1ª volta. Ou seja, e trocando ainda mais por miúdios, se Manuel Alegre tivesse tido mais 30 mil votos vindos do eleitorado de Soares, Jerónimo, Louçã e Garcia, a situação teria sido precisamente a mesma, eleição de Cavaco à 1ª volta. Naquele contexto, é bem provável até que Cavaco Silva, sem essa mobilizilação de diversos eleitorados de esquerda, tivesse logo ganho por uma diferença maior.



Inesquecível

O centenário de Billie Holiday


ler aqui sobre Billie Holiday





06 abril 2015

Outra vez o «Novo Impulso»

E eles a dar-lhe


Numa peça biográfica no Público sobre Fernando Medina, o novo Presidente da Câmara de Lisboa, o jornalista Paulo Pena escreve a dado passo que «Edgar Correia, na Comissão Política, e Helena Medina, que dirige o sector intelectual do partido, são dois dos mais destacados dirigentes da nova linha que vence o debate interno com a estratégia «Novo Impulso», em 1998.» e.um pouco mais à frente logo acrescenta que «mas em 2001 a desilusão venceria. O «Novo Impulso» foi derrotado e os pais do Fernando passam a ser dissidentes do partido em que militavam há mais de 30 anos».

A este respeito, e numa escolha ditada pela sobriedade e contenção, só quero lembrar, que a propósito de outras desfigurações desse documento, já em Fevereiro  de 2013 eu escrevia aqui :
(...)
terceira diz respeito ao sempre tão deturpado «Novo Impulso»(documento de 1998 que está disponível aqui) e destina-se a lembrar aos sempre muito esquecidos que esse documento tinha um longo Cap. III  (onde se aborda a atitude face ao PS) que vale a pena revisitar e que, justa e rigorosamente, deve ser considerado o enquadramento e a orientação política global em que se inseriam as linhas de acção constantes na parte anterior do documento. Parece portanto que deve ter havido quem tenha aprovado e até exaltado  esse documento mas só por metade ou por dois terços. Por fim, é chegada a hora de referir que, sem prejuízo de contributos resultantes do debate colectivo, a verdade é quenão foram os então dirigentes do PCP que mais tarde se reclamariam da qualidade de «renovadores» que escreveram o projecto desse documento. 


P.S. : os eventualmente interessados em reconstituir parte das polémicas desse tempo já muito passado, permito-me recomendar o meu artigo de Maio de 2002 «A má fé no posto de comando» publicado aqui.

Documentário sobre a Igreja da Cientologia ou...

Um meu ódio de estimação





documentário aqui

a ler aqui no Público

03 abril 2015

Contra o silêncio e a amnésia

Sobre os mortos que nunca
terão o nome num Memorial

porque os EUA só contam os seus


«A group of international physicians’ organizations has published a study concluding US-led wars in Iraq, Afghanistan and Pakistan have killed more than 1.3 million people.
The Nobel Prize-winning International Physicians for the Prevention of Nuclear War, along with Physicians for Social Responsibility and Physicians for Global Survival have released a report titled “Body Count: Casualty Figures after 10 Years of the ‘War on Terror.'” The study examined direct and indirect deaths caused by more than a decade of US-led war in three countries, Iraq, Afghanistan and Pakistan, but did not include deaths in other countries attacked by American and allied military forces, including Yemen, Somalia, Libya and Syria.»
ler o resto aqui 

02 abril 2015

Nos 39 anos da Constituição

Alvo errado, tiro ao lado

No Público de hoje (sem link) o «jornalista, mestre em Direito Constitucional pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa», Francisco Alves Rito, assinala os 39 anos da Constituição da República (não por acaso celeremente promulgada pelo Presidente Costa Gomes em 2 de Abril de 1976) com uma reflexão sobre a actualidade ou desactualização da Lei Fundamental do país.
 
Quer por várias passagens do artigo quer pelo seu último parágrafo ( «A Constituição carece efectivamente de acompanhar a passagem dos anos, mas temos mais dúvidas do que certezas, pelo que aqui fica exposto, que essa ultrapassagem deva ser feita pela direita») depreende-se que não será propriamente à direita que o autor se coloca.
 
Isso não me impede porém de assinalar um enorme e grave equívoco ou entorse que se encontra longamente exposto em diversas passagens do artigo. Com efeito, diz o autor e repare-se bem (atenção aos meus sublinhados):
 
«A verdade é que, na vastidão dos seus 32 mil vocábulos, a CRP não encontrou respostas para a generalidade dos problemas supervenientes, suscitados por uma nova realidade político-económica ultraliberalizada pela financeirização extrema da economia. Não assegurou o primado da política sobre a economia (artº 80º, alínea a), principio basilar que deveria ter força jurídica das normas perceptivas, de aplicabilidade directa e eficácia imediata, e, com esta fraqueza, meteu o lobo de Wall Street dentro do galinheiro dos direitos fundamentais, tanto dos sociais como dos de liberdade. Ao demitir-se de ter mão na economia, que a mão invisível de Adam Smith afinal também não controla, o direito constitucional - o nosso, assim como o dito "mundo ocidental" em geral - perdeu a guerra às externalidades, designadamente o combate ao desemprego e a batalha pela afirmação plena e universal da digmidade da pessoa humana.»
 
Como os leitores terão reparado (e se não repararam, reparem agora), o sujeito de todas estas orações é a Constituição ou o nosso direito constitucional e é a eles que se atribuem todas as graves responsabilidades e culpas descritas na citação acima.
 
Ora, a isto só posso responder que se trata da escolha injusta de um alvo errado e de um tiro infelizmente disparado ao lado. Pela simples razão de que a «a falta de respostas», o «não ter assegurado» isto e aquilo e o «demitir-se de ter mão na economia» não podem ser assacados à Constituição mas sim aos sucessivos governos e políticas que a desrespeitaram, violaram e incumpriram (ponto completamente ausente no artigo de Francisco Alves Rito !).
 
A frequência com que espingardeio com licenciados em Direito, jurtistas e até Prof. catedráticos desta área pode levar alguns leitores a pensar que se trata de uma espécie de vingança minha por (culpa da dedicação político-associativa e da chamada para a tropa) não me ter licenciado em Direito. Mas se eu tiver razão no que tenho escrito sobre estes assuntos, então essa suspeita ou argumento não procede.
 

Uma obra que é catedral do cinema

Man0el de Oliveira


Aos notáveis e impressionantes 106 anos, morre Man0el de Oliveira, uma figura e um talentos ímpares do cinema português e mundial, mesmo para aqueles  como eu que não gostaram (ou, culpa sua, não forem capazes de apreciar e entender) de várias das suas obras.
E se, nesta triste ocasião, aqui deixo apenas imagens de Aniki Bóbó não é para desmerecer de toda a imensa e valiosa filmografia posterior de Manuel de Oliveira mas sim para homenagear aquela pureza, sensibilidade, poesia e humanismo com que tudo começou.