01 setembro 2014

Palavras de há 70 anos

Breve lição de história para
os que acham que o 25 de Abril
se devia ter limitado à conquista
das liberdades políticas


«O programa do partido, partido de massa mas não de classe que é e quer ser, está hoje determinado pelas  aspirações das massas e tendo em conta o programa de outros partidos igualmente de massa  existentes em Itália e com os quais há certas premissas comuns que  que podem viabilizar acordos úteis ao renascimento do país (...) Esta não é a época dos compromissos, dos paliativos, do querer travar com qualquer meio termo as massas trabalhadoras. Pensar que simples modificações de salários, de intensificação dos institutos de previdência, eventuais irrisórias participações nas empresas bastam para satisfazer as classes trabalhadoras seria hoje tão absurdo como o foram as tentativas do século passado de resolver com a beneficência pública ou outros meios a questão social. Seria desrespeitar da forma mais grosseira a vontade daquelas massas de que a Democracia cristã quer ser expressão (,,,), seria desconhecer em segundo lugar que as classes trabalhadoras não aspiram apenas ao próprio melhoramento económico, mas mais substancialmente à eliminação daquelas condições pelas quais se criam enorme desigualdades sociais».


- documento da Democracia Cristã
(do Norte de Itália) publicado no
jornal Il Popolo clandestino
de 20 de Agosto de 1944
 (in Giorgio Bocca, Storia dell'Italia
Partigiana, edição da Feltrinelli)

Moral da história: há 70 anos, ainda num contexto de luta heróica contra o fascismo italiano e a ocupaçao nazi, a Democracia Cristã (do Norte de Itália) era mais exigente, avançada e progressista do que são hoje os socialistas e sociais-democratas da Europa. E escusado será dizer que esta breve evocação histórica também permite ter uma ideia da terrível dimensão dos retrocessos que estão em curso.

sobre esta mesma temática
ler aqui neste blogue 

Dois destaques colados ou...

... por estas  e outras
razões, qual é a a
dmiração ?


na 1ª página do DN de hoje

30 agosto 2014

Falar verdade contra a mentira

Aos 8,50 ms., a desmontagem
das manipulações estatísticas
sobre o desemprego





Jerónimo de Sousa, hoje saudação aos
construtores da Festa do Avante!

Como ele começou

Encontrado e restaurado o
1º filme (mudo) de Orson Wells



Porque hoje é sábado (412)

Hildur Guonadóttir
A sugestão musical de hoje foge à facilidade
e  traz-vos a grande violoncelista islandesa
Hildur Guõnadóttir






Mesquinhez e dor de cotovelo

Há anos e anos que aguardo
uma notícia assim sobre a Festa
do Chão da Lagoa (Madeira)



Não, não vou recapitular agora as rísiveis e estapafúrdias exigências que esta Entidade de Contas tem formulado sobre a Festa do Avante !. Quero apenas lembrar que esta notícia, originariamente publicada no Sol (com um título porco), só pode ter por fonte a própria Entidade de Contas, o que levanta uma grave questão. É que não se vê porque razão aquilo que é o natural (embora com condenável latitude)  exercício das competências daquela entidade precisa de ser antecipadamente divulgado. A não ser para constituir obviamente um acto público de desconfiança e hostilidade em relação ao PCP.

29 agosto 2014

Joshua Oppenheimer volta à

Indonésia, 1965


Em boa hora, o Público de hoje dá hoje uma página inteira a uma peça de Vasco Câmara sobre a apresentação no Festival de Veneza do documentário de Joshua Oppenheimer (na foto)  The Look of Silence com o qual, depois de Act of Killing, volta à matança de comunistas e outros progressistas na Indonésia em 1965. Quanto ao mais, permito-me reeditar a minha crónica sobre este tema no Avante! de 19.8.2001.

Indonésia, 1965


Acredite-se que não é por preguiça de Agosto que esta crónica quase se limitará a citar matéria publicada no «Le Monde» de 30/7 e no «Público» de 2/8. É antes porque, às vezes, alargar a circulação de informação e o correspondente conhecimento de certos factos é mais útil do que carradas de comentários.

Para quem não leu aqueles jornais, diga-se então que se trata de arrasadoras confirmações do consciente envolvimento dos EUA no massacre de centenas de milhares de comunistas indonésios na sequência do golpe reaccionário de 30 de Setembro de 1965 que viria a depor o Presidente Sukarno e a instaurar a ditadura de Suharto.

Essas revelações são extraídas de documentação da CIA e do Departamento de Estado que, embora com a enervada oposição destas duas entidades, acabou por ser publicado pelo GPO (algo semelhante à nossa Imprensa Nacional) num volume que se encontra disponível na Net (em www.nsarchive.org) graças à meritória actividade do National Security Archive da Universidade George Washington.

E, nesse âmbito, registe-se então que, em telegrama de 15.4.1966, Marshall Green, embaixador dos EUA na Indonésia, declarava que « nós não sabemos francamente se o número exacto (de comunistas assassinados) está mais próximo dos 100 mil ou do milhão, mas achamos que é mais sensato admitir o número mais baixo, sobretudo face à imprensa».

Registe-se então que a embaixada norte-americana forneceu aos generais indonésios promotores do golpe listas de dirigentes e quadros comunistas que na sua maioria foram executados.

Registe-se que, segundo esta documentação mantida secreta durante 35 anos, a própria CIA considerou que «em termos de número de mortos, os massacres anti-PKI figuram entre os piores assassinatos em massa do século XX», embora na altura a «Time» lhes chamasse «as melhores notícias da Ásia para o Ocidente dos últimos anos».

Registe-se que, em nota de 2.12.65, William Bundy, vice-secretário de Estado para o Extremo Oriente, escrevia que «serve esta para confirmar que fornecemos a Malik 50 milhões de rupias que ele pediu para financiar o movimento Kap-Gestapu» ( apropriado nome de um dos mais eficazes grupos de assassinos).

Prestada a informação essencial, só nos resta registar que este horrível banho de sangue patrocinado pelos EUA nunca é evocado anualmente pelas televisões, ao contrário do que sucede com alguns outros dramas e tragédias do século XX.

E registar que, ao contrário do que injustamente aplicam aos comunistas portugueses, as personalidades e forças políticas nacionais amigas da política norte-americana e defensoras do capitalismo nunca aceitam responder e considerar-se ideologicamente corresponsáveis por esta generalizada matança de comunistas.


aqui



Palavras que começam por «a»

A «ajuda» de agiotas


28 agosto 2014

José Fort em «L'Humanité»

Um texto contra o esquecimento
começando pelo silêncio que desceu
sobre o avião da Malaysian Airlines



ler a continuação aqui