Warpaint
15 outubro 2011
14 outubro 2011
Eles não gostam, mas é tempo de ...
... voltar à fraude política
de 5 de Junho de 2011
de 5 de Junho de 2011
Logo que o actual governo começou a anunciar as primeiras medidas socialmente mais gravosas e violentas, uma potente legião de comentadores e jornalistas da família dos contentinhos da silva, dos laranjinhas ou dos de espinha dorsal feita de plasticina imediatamente desataram a debitar que a campanha eleitoral conducente à votação de 5 de Junho passado tinha deixado suficientemente claro que o PSD pretendia ir além do acordado com a troika e que, portanto, os votos dados ao PSD tinham-no sido na perfeita consciência popular do que aí vinha.
Esta rapaziada serventuária não distingue nem lhe convém distinguir entre várias coisas muito diferentes: uma é a informação política e a capacidade de dedução política daqueles para aí 200 mil portugueses (quando muito) que seguem de fio a pavio todas as peripécias e conteúdos da vida politica e outra a percepção mais distanciada e superficial que a maioria dos eleitores tem destas coisas; outra é a diferença entre um discurso eleitoral como o do PSD, centrado sobretudo na crítica ao PS e onde só entraram disfarçadamente uns elípticos sinais sobre medidas gravosas e o devastador conjunto de medidas concretas que desde há quase 4 meses estão sendo impostas.
A verdade verdadeira sobre o que o PSD (e ainda mais o CDS) disse na campanha eleitoral aos portugueses não está nesses sinais difusos e elípticos nem sequer no seu programa eleitoral, está sim nos discursos em comícios, nas entrevistas, nos debates televisivos entre líderes partidários.
É por isso que aqui desafio solenemente todos os defensores, descarados ou envergonhados, da política deste governo e das medidas que está adoptando que acampem nas hemerotecas, queimem as pestanas no youtube e nos arquivos das televisões e me esmaguem com as provas concretas de que quase tudo aquilo que agora espalha desespero, medo e raiva na sociedade portuguesa já tinha sido, clara e iniludivelmente, o tema central da campanha eleitoral do PSD e do CDS.
Enquanto não me esmagarem dessa maneira (entretanto eu tenho aí em baixo um vídeo para a troca),reservo-me o direito de dizer que o PSD nas eleições de 5 de Junho cometeu uma das maiores fraudes políticas de que há memória desde há 35 anos.
13 outubro 2011
Vendaval de ataques sociais e corrosão da democracia
Aux armes, citoyens !
Tomando conhecimento do desgraçado e cruel pacote de medidas que o Governo acaba de anunciar, só me apetece proclamar, do alto da minha considerável idade, que, desde o 25 de Abril de 1974, nunca se viu coisa assim e que, de facto, o impossível acontece.
Como a doutrina geral que tenho perfilhado é conhecida, só vale a pena registar que agora temos um governo que acha que trabalhadores da função pública que ganhem mil euros são uns previligiados e que, por isso, em 2012 e 2013 devem passar a ganhar não 14 vencimentos mas apenas 12 (torna-se uma felicidade relativa só ganhar 950 E.) o que, como noutras medidas é um recuo para muito antes do 25 de Abril.
E os estúpidos deste governo ainda hão-de de descobrir um dia quanto estes cortes vão custar ao Estado em desmotivação e compreensível falta de zelo.
E, entre outras temíveis agressões e malfeitorias, se se atentar na parte sublinhada em cima, parece certo que também os reformados com valores entre o salário mínimo e os mil euros percam um dos dois subsídios (ou o de férias ou o de Natal) que também me torna a mim, e por baixo, mais um nababo da sociedade portuguesa.
Classicamente, chegaria agora o momento de fazer contas e precisar que perder dois meses de vencimento ou reforma em 14 anuais representa uma perda de 14,3% nos rendimentos. Mas, em boa verdade, isso seria uma palidíssima ideia da realidade e só seria verdade se estivessemos a falar de rendimentos nominais, uma vez que em termos reais, a baixa do nível de vida é ainda muito mais devastadora, por força do aumento dos impostos, de bens e serviços de primeira necessidade, de cuidados de saúde, etc., etc., etc., a perder de vista.
E escusado será dizer que os vampiros que nos desgovernam não podem deixar de saber que, com estas medidas o que desenha é uma enorme e dramática contracção do consumo interno, afectando especialmente médias, pequenas e micro empresas que, por sua vez, são as que asseguram em Portugal a maior parte do emprego.
Poucos parecem ligar à questão e poucos parecem reparar que todo o conjunto de ataques e agressões lançados pelo governo contra a maioria da população podem constituir-se em poderosos factores de corrosão da própria democracia.
É claro que tanto eu como muitíssimos milhares de portugueses continuaremos a fazer a pedagogia de que nada de confusões, a culpa não é do 25 de Abril mas de uma política feita contra os valores e aquisições do 25 de Abril.
Mas que nenhum dos autores e cúmplices destas políticas se venha queixar depois que, por entre a raiva, a indignação e o desespero, cresça o número daqueles que dirão que, do ponto de vista económico e social, viviam mais confortavelmente nos últimos anos do fascismo.
O título deste post «Aux armes, citoyens» não é evidentemente para ser interpretado à letra. Ou, melhor dito, é mesmo para interpretar à letra se entendermos que estamos a falar das armas poderosas da revolta, da indignação, do protesto, da consciência social e política, da luta unida, insubmissa, organizada e combativa.
"Direitos adquiridos" à moda do governo e da UGT
Quanto mais anos de trabalho,
menor a indemnização por despedimento !
menor a indemnização por despedimento !
Como já escrevi diversas vezes sobre este assunto, desejo agora salientar apenas o seguinte:
- que, no acordo com a troika, a formulação usada a este respeito, já era de um inexcedível cinismo pois juntava o vinagre com a azeite ao pretender reduzir claramente as indemnizações por despedimento e, ao mesmo tempo, invocava «o respeito pelos direitos adquiridos»;
- que é perfeitamente repugnante que, a avaliar pelo que diz o Público, quer o governo quer a UGT entendam que os direitos adquiridos estão a ser respeitados só porque aos trabalhadores até 12 de serviço se aplicará a regra actual de um més de indemnização por cada ano de antiguidade;
- que é preciso estar de cabeça perdida e de alma vendida para se achar que há um módico de senso, de lógica, de razão e de justiça em que um trabalhador que fôr despedido com 35 anos de serviço receba de indemnização os mesmos 12 meses de remuneração que um trabalhador com 12 anos de antiguidade.
12 outubro 2011
Gaffes na política
Um pequeno engano de dois séculos !
Há sempre alguma coisa que nos reconduz às devidas proporções e nos faz reconhecer que somos demasiados exigentes com os nossos compatriotas. Quando, conforme vídeo abaixo, Rick Perry, candidato a candidato presidencial pelo Partido Republicano nos EUA, situa a Revolução Americana no século XVI em vez de no Século XVIII, talvez devamos admitir que foram exagerados os risinhos que , há uns bons anos, por cá soltámos aquando da questão de quantos Cantos têm os Lusíadas e de não sei quê sobre violinos e Chopin.
11 outubro 2011
Em "The Nation"
Top ten songs about class
Na revista norte-americana The Nation, em óbvia sintonia com as movimentações sociais naquele país e naturalmente segundo crítérios americanos, Peter Rotherberg selecciona as suas «top ten songs about class».
As restantes oito estão aqui.
10 outubro 2011
A ler, a benefício da memória histórica
Porque estorba la memóriade Gerardo Iglésias
O ex-secretário-geral do PCE e fundador e primeiro coordenador da Esquerda Unida, Gerardo Iglésias , acaba de publicar uma obra intitulada Por quê Estorba a Memoria com 22 histórias verdadeiras ocorridas no quadro repressão e guerrilha nas Astúrias entre 1937 e 1952. O epílogo do livro pode ser lido aqui em «os papéis de alexandria». El País. De forma abreviada algumas histórias constam desta peça de El País.
09 outubro 2011
Até ao último minuto
Jardim e a sua
«querença natural»
«querença natural»
No Público online pode ler-se mais esta maravilha sobre a «democracia» madeirense :
O presidente do governo regional da Madeira, Alberto João Jardim, considerou “normal” o transporte de eleitores em viaturas de organismo públicos, acompanhados por autarcas sociais-democratas. “Aqui foi sempre assim”, reconheceu o também líder do PSD, justificando esta disponibilidade com a dispersão populacional.
E na edição impressa do Público pode ler-se que funcionários regionais começaram às 22 hs (!!!) de sexta-feira a retirar das ruas toda a propaganda dos partidos alegadamente por causa do «dia de reflexão». Ora acontece que, nunca em Portugal, desde as primeiras eleições livres, o respeito pelo «dia de reflexão» (e pelo dia de votação) implicou a retirada da propaganda afixada, salvo aquela que está colocada a uma distância das assembleias de voto que está fixada na lei.
A este último aspecto, a maioria dos cidadãos já encolherá os ombros por cansaço e desfastio. Mas, à beira do encerramento das urnas, eu faço questão de, para usar linguagem tauromáquica e bovina que mais estes dois aspectos ilegais e arbitrários fazem parte da «querença natural» de Alberto João Jardim.
08 outubro 2011
Quem os viu e quem os vê
Com direito a foto, ora toma !
No «cinco dias», Nuno Ramos de Almeida assinou ontem um post cuja parte essencial considero merecer a maior divulgação. Reza assim: «(...)Há dias tive o privilégio de ouvir na rádio o professor Augusto Mateus, ministro da Economia de António Guterres, a falar sobre a reforma do Sistema Nacional de Saúde. O especialista que justificou a construção do Aeroporto de Beja, em estudo pago no tempo do governo Sócrates, para ser utilizado como plataforma para distribuição de géneros frescos, vem propor uma medida salvífica para a saúde. Os médicos devem ser responsabilizados pelos meios de diagnóstico que pedem e, eventualmente, ganhar à percentagem das poupanças que induzem. Em vez de começarem “a inventar” e pedir TACs para doentes que parecem ter cancro, passam a fazer contas ao preço das coisas e só marcam esses exames caros se tiverem uma certeza absoluta. Uma decisão que se espera temperada com o prémio que vão perder. Os doentes mortos seriam uma espécie de vítimas colaterais nesta guerra virtuosa para cortar nas despesas do SNS. Para os génios que nos trouxeram até aqui, os valores da preservação da vida humana, o acesso igualitário aos cuidados de saúde e até o preço social a pagar pelas vítimas dessa medida são um pequeno preço para ter uma saúde como a economia neoliberal manda.»
O post de N.R.A., como se pode ver, diz o essencial e até acaba por ser relativamente sereno e elegante. Mas eu, num caso destes e estando em causa quem está, ou seja Augusto Mateus, não me apetece ser sereno nem elegante. E, por isso, só acrescento duas coisas:
- a primeira, com a expressa ressalva de que isto não envolve nernhuma generalização sobre pessoas, é que, sendo correcta a descrição de NRA, dói e indigna sempre mais especialmente ver barbaridades destas a ser debitadas por pessoas extraordináriamente «radicais» e «revolucionárias» nos idos de 1973/74/75, em relação a algumas das quais não esqueço o tempo, as palavras e a energia que me fizeram perder em discussões e debates em que me tomavam e tratavam como um «reformista» ou «revisionista»;
- a segunda é que estou certo, e é isso que é humanamente compreensível, que o Prof. Augusto Mateus, ao primeiro susto ou suspeita, irá ao privado fazer e pagar o TAC que o tranquilize (assim o desejo).
07 outubro 2011
06 outubro 2011
Prémio Nobel da Literatura
It's a Spring in 1827, Beethoven
hoists his death-mask and sails off.
hoists his death-mask and sails off.
The grindstones are turning in Europe’s windmills.
The wild geese are flying northwards.
Here is the north, here is Stockholm
swimming palaces and hovels.
The logs in the royal fireplace
collapse from Attention to At Ease.
Peace prevails, vaccine and potatoes,
but the city wells breathe heavily.
Privy barrels in sedan chairs like paschas
are carried by night over the North Bridge.
The cobblestones make them stagger
mamselles loafers gentlemen.
Implacably still, the sign-board
with the smoking blackamoor.
So many islands, so much rowing
with invisible oars against the current!
The channels open up, April May
and sweet honey dribbling June.
The heat reaches islands far out.
The village doors are open, except one.
The snake-clock’s pointer licks the silence.
The rock slopes glow with geology’s patience.
It happened like this, or almost.
It is an obscure family tale
about Erik, done down by a curse
disabled by a bullet through the soul.
He went to town, met an enemy
and sailed home sick and grey.
Keeps to his bed all that summer.
The tools on the wall are in mourning.
He lies awake, hears the woolly flutter
of night moths, his moonlight comrades.
His strength ebbs out, he pushes in vain
against the iron-bound tomorrow.
And the God of the depths cries out of the depths
‘Deliver me! Deliver yourself!’
All the surface action turns inwards.
He’s taken apart, put together.
The wind rises and the wild rose bushes
catch on the fleeing light.
The future opens, he looks into
the self-rotating kaleidoscope
sees indistinct fluttering faces
family faces not yet born.
By mistake his gaze strikes me
as I walk around here in Washington
among grandiose houses where only
every second column bears weight.
White buildings in crematorium style
where the dream of the poor turns to ash.
The gentle downward slope gets steeper
and imperceptibly becomes an abyss.
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