17 novembro 2020

O mérito de se batalhar

 Muito justamente
uma notícia de 1ª página

Desabafo mais que justo

 Sobre a entrevista do coiso

No Facebook escreve acertadamente Sandra Monteiro . « (...)Da parte de MST e da estação, este programa e esta linha editorial para a entrevista é uma absoluta irresponsabilidade. AV disse mentiras atrás de mentiras. O trabalho de um jornalista teria sido confrontá-lo com cada uma. Teria de se ter preparado para isso – e até era fácil, que ele não disse nenhuma mentira nova. Fiscalidade, justiça, sistema penal, prestações sociais, tanto em Portugal como na comparação europeia e até mundial, as alegações de AV não colam com a realidade. Constroem uma nova realidade a partir de percepções que até convencem, porque têm qualquer coisa de realidade, e tornam-se mais eficazes se constantemente repetidas... em contraditório. MST estava preocupado consigo próprio, em fazer AV falar dos pontos em que discorda dele. O narcisismo liberal perde sempre quando do outro lado tem um hiperliberal, xenófobo, racista e autoritário, um puro oportunista sem qualquer bússola moral, e muito menos de moral social. No registo cumplicidade entre entrevistador e entrevistado, MST estava confortável; no registo AV hiperliberal em economia, MST estava confortável; no registo assassinato de carácter de outros, MST também estava confortável (como se pode ver uma pessoa a quem a justiça deu razão ser atacada daquela maneira à nossa frente e apenas se lembrar de contrapor que ele próprio, como figura pública, podia ter sido arrastado para o processo, sem contradizer AV, sem dizer aos espectadores o que AV está a fazer?).

Faltava cá este !

 E falou o que fugiu
 do governo e da pandemia



15 novembro 2020

Acordo em geral, desacordo em particular

 Comentário a um
 artigo de Pacheco Pereira

Em artigo no «Público» de sábado, José Pacheco Pereira dedicou-se a desmontar e a negar, com  inegável cultura política como seria de esperar, as pretensas equivalências que muitos pretendem consagrar entre, de um lado, o PCP e o BE e, do outro,  o Chega.

Mas creio que, nessa tarefa, acabou por usar argumentos e paradigmas que não fazem sentido e deixam na sombra coisas importantes.

Primeiro que nada, sigamos com alguma demora o pensamento exposto por Pacheco Pereira.

O referido intelectual começa por distinguir « entre a tradição e o programa genético dos partidos e aquilo que é hoje o seu “programa activo”» .

Explica depois que para si «programa activo» é «o que um partido faz de facto, como actua, (...) que imagem tem na sociedade e junto dos seus militantes», considerando que isto é que verdadeiramente importa ter em conta na questão das equivalências no sentido de as não autorizar.

Mais à frente sustenta que «de há muito que quer um, quer outro têm “programas activos” bem longe dessa tradição. Não vemos nem o PCP nem o BE preparar-se para a revolução, inevitavelmente armada e violenta, nem a organizar um sector militar clandestino nem a cumprir nenhuma das explícitas obrigações de um partido comunista traduzidas nas célebres 21 condições da Internacional Comunista. E sempre foi claro desde Lenine que estas condições são [verbo no presente do indicativo] para cumprir, sob pena de estarmos a falar de partidos que se “social-democratizaram” ou se “aburguesaram”. »

Tudo visto e considerado, creio que Pacheco Pereira se equivoca nomeadamente  nos seguintes pontos  :

- ao distinguir somente entre «tradição e programa original» e «programa activo», esquecendo e desvalorizando  que, por cima de um e de outro, os partidos tem sobretudo programas actuais aprovados em Congressos que definem, de foma solene e insuperavelmente autorizada, o seu posicionamento e projecto político perante a sociedade e os cidadãos;

- ao esquecer, em concreto, que o PCP tem um Programa intitulado «Uma democracia avançada – os valores de Abril no futuro de Portugal»  em que, ao contrário do que diz Pacheco Pereira, a «democracia avançada» não é um «eufemismo» para esconder a «ditadura do proletariado»,  é mesmo um projecto de desenvolvimento e enriquecimento do regime democrático, representando uma fase ou estádio diferente e anterior ao socialismo.

- ao invocar, a meu ver absurdamente, «as 21 condições da Internacional Comunista»  e ao dizer que «são para cumprir», esquecendo-se que elas tem exactamente 100 anos, que a Internacional Comunista acabou em 1943 e que, entre muitas outras evoluções, a aceitação da diversificação das vias de passagem ao socialismo é um património adquirido pelo movimento comunista, se não antes, pelo menos desde a década de 50 do século passado.

14 novembro 2020

O que infinitamente lhes continua a doer

 A Bonifácio está
mal de memória

Em artigo hoje no «Público», Fátima Bonifácio ( que em 2015 escreveu um artigo intitulado «Obviamente, voto Passos»), a dado passo, debita esta pérola : «Nos últimos anos, a amostra mais aparatosa deste desajustamento entre as expectativas dos eleitores e a actuação dos eleitos aconteceu nas eleições de 2015. Afinal, quem votou na “geringonça”?».

Abreviando nos exemplos. cabe-me dizer que Fátima Bonifácio já tem idade suficiente para se lembrar do que eu me lembro. A saber:

- que em 1983 tivemos o governo do «bloco central» (PS-PSD) e na campanha eleitoral que o antecedeu nem PS nem PSD disseram aos eleitores que se iriam coligar no govero;

- que em 2011  tivemos um governo de Passos Coelho /Portas e na campanha eleitoral que o antecedeu nem PSD nem CDS anunciaram aos eleitores que se iam coligar no governo.

E a tal ponto assim é que nessa campanha Paulo Portas dedicou o seguinte mimo ao PSD :

- e que, ainda agora parece que vamos ter nos Açores uma coligação governativa PSD+CDS+PPM (apoiada pelo Chega e IL) e não consta que qualquer um desses partido tal tenha anunciado na recente campanha eleitoral.

Tudo visto, o que Fátima Bonifácio ( e todos os pafistas) tem atravessado na garganta é ainda e sempre o ter visto a direita apeada do governo em Outubro de 2015 graças à atitude então determinante do PCP.

Porque hoje é sábado ( )

Gwenifer Raymond 


13 novembro 2020

A perna curta da mentira

 «Foi tudo combinado
 só nos Açores»
- jurou
 Rui Rio. Pois, pois.

e, já agora, o excelente Nuno
Saraiva no «Inimigo Público» de hoje

12 novembro 2020

Revelador

 Bilhete postal para a
Ordem dos Médicos e afins

«Mais de seis mil queixas no setor da saúde foram registadas no Portal da Queixa (mais 71 % que em 2019). O pagamento de kits de proteção à covid-19, dificuldade em marcar consultas e venda de máscaras lideram os protestos, que visam sobretudo os privados.» (DN online, hoje)

Por cá também aconteceu

 Multinacionais e ditaduras


Brasil - quando Volkswagen
 colaborava com a ditadura
Sem reconhecer a sua própria responsabilidade,
a construtora alemã aceitou entregar
«doações» a antigos empregados
"
(artigo traduzido da revista francesa "L´Express" de 12.11.2020) 

«Durante muito tempo tudo aquilo esteve-lhe «atravessado na garganta». Mas hoje Neide Plagge diz-se «aliviada»: Volkswagen vai finalmente pagar por Heinrich, seu marido, vítima da colaboração do construtor alemão com a ditadura militar do Brasil, que durou de 1964 a 1985. 
Em 8 de Agosto de 1972, Heinrich Plagge, filho de imigrantes alemães, encarregado de controlo de qualidade na fábrica de S. Bernardo do Campo, foi convocado pelo seu superior. No gabinete do seu chefe esperam-no dois homens da polícia política. Seis membros da célula comunista, à qual pertencia, e ele serão presos. Detido e torturado, Heinrich Plagge é libertado quatro meses mais tarde e depois despedido sem indemnização. Colocado numa lista de individuos «subversivos», ele nunca mais encontrou trabalho., denuncia hoje a sua viúva. Quase meio século depois, em 23 de Setembro último, a filial brasileira de Volkswagen (que não quis responder às nossas solicitações) comprometeu-se a conceder reparações individuais e colectivas, em troca do arquivamento do inquérito sobre o seu papel durante a ditadura. Cerca de 60% do envelope anunciado, 50 milhões de euros no total,  irão para as vítimas ou familiares que a isso tenham direito. O resto financiará iniciativas  como o trabalho de identificação de ossadas de dissidentes desaparecidos ou a criação de um memorial da resistência operária, a grande esquecida da época da ditadura.
É o resultado de uma dificil negociação de 32 meses com a Procuradoria brasileira.(...) Em 2014, a Comissão Nacional de Verdade - CNV (com a missão de fazer luz sobre os anos de chumbo) publica as suas conclusões e levanta o véu sobre um aspecto desconhecido da ditadura: a cumplicidade entre o regime e as empresas, juntos mobilizados contra o «perigo comunista», com o patronato funcionando como denunciante por conta dos militares. A mecânica está bem oleada. De um lado, a junta militar abole o direito à greve e comprime os salários, de outro as empresas denunciam, despedem e estabelecem a lista negra dos assalariados empenhados numa actividade política ou sindical. A fábrica torna-se um campo privilegiado de repressão(...).
Segundo a CNV, certas multinacionais, entre as quais Johnson & Johnson, Pfizer e Pirelli, assim como empresas barsileiras oferecem o sei apoio logístico ao Exército na altura do goçpe de Estado de 31 de Março de 1964. Outras contribuiram para o financiamento de um dos principais xcentros de interrogatórios e torturas.: Ford, General Motors, Mercedes Benz, Siemens, Nestlé, General Electric. Mas é sobre o caso Volkswagen cuja cooperação com o aparelho policial  «é atestado por uma profusão de documentos» que se demora o relatório final da CNV- (...)
Quado uma queixa foi apresentada na Procuradoria em 2015,a marca alemã que se apresenta agora como «a primeira empresa estrangeira a defrontar o seu passado sob a ditadura» parecia de inicio pouco empenhada em colaborar. (...)Mais tarde, em 2018, finalmente a Volkswagen do Brasil não reconhece «responsabilidades próprias» nem «dos seus dirigentes ou empregados» , comprometendo-se porém a dar não «reparações» mas «doações». «A ausência de reconhecimento de culpas visa evitar futuras acções judiciais, nomeadamente no estrangeiro » - desvenda o advogado Habib Nassar, especialista de justiça transicional  junto da ONG Impunity Watch , sediada em Haia. (...) O acordo entre a Procuradoria brasileira e a Volkswagené uma maneira de contornar este obstáculo [ a lei de aministia de 1979, ainda em vigor » ].

11 novembro 2020

Intervalo na política

 Uma magnifica 
campanha publicitária

Por causa da hora tardia a que os espanhois jantam e da sua incompatibidade com o horário de confinamento, a Schweppes inventou esta criativa campanha:


Perdoamos não nos terem dado nem um ponto na Eurovisão se nos ensinarem  a jantar às 20 hs.

Aceitamos peúgas com sandálias se nos ensinarem a jantar às 20 hs.

(via Margarida Vicente no Facebook)