18 janeiro 2020

Porque hoje é sábado ( )

Uli Beckerhoff

 
A sugestão musical deste sábado  vai para
o trompetista alemão
Uli Beckerhoff

16 janeiro 2020

"Ou há moralidade ou comem todos "


Lendo só o título desta crónica de João Miguel Tavares no «Público» de hoje, muitos leitores certamente se interrogarão sobre a que propósito vem este assunto agora. Mas a crónica explica ela mesmo que, em vésperas das autárquicas de 2017, a rapaziada do «Governo Sombra» resolveu fazer um programa em que abordou, sem quaisquer restrições, a  actualidade política e eleitoral; que, na sequência, a CNE enviou ao Ministério Público um auto de denúncia «por incumprimento do dia de reflexão»; e, agora JMT vem ufanar-se de o M.P  ter proferido um despacho de arquivamento.

E, por esta crónica, ficámos então a saber que o MP considerou (a meu ver erradamente)  :
A. que o «entendimento lato que a CNE fez de «propaganda eleitoral» não tem sustentação legal ;
B. que «somente a propaganda eleitoral, em sentido estrito, para promoção  propriamente dita e efectiva  candidaturasdeve ser proibida em dia de reflexão"
C. que essa proibição não deve abranger " todo e qualquer acto positivo ou negativo relacionado com as eleições» na medida em que tal «proibição comprime de forma desproporcional o direito fundamental à liberdade de expressão e informação» 

Naturalmente que um tal despacho de arquivamento tinha de levar ao êxtase um comentador como J.M.T que, na questão do «dia de reflexão», só vê «a obrigação de autocensura  dos jornais e telejornais ». Ou seja, para JMT e quase todos os outros que fazem campanha pelo fim do «dia de reflexão» porque  estão dominados por um lamentável espírito de casta e pendor corporativo, só existem os direitos ilimitados de jornalistas e comentadores num dia em que já os partidos continuaram obrigados a manter a rolha na boca.
Teríamos assim uma situação em que, com os partidos silenciados, um qualquer comentador ou jornalista , num qualquer «Governo Sombra» poderia lançar impunemente uma qualquer infâmia sobre um partido ou sacar do bolso uma qualquer «sondagem de última hora» sem que os visados e lesados pudesse ter qualquer reacção.
 Tudo visto e ponderado, volto à vaca fria : querem acabar com o «dia de reflexão» ?. Pois acabe-se com ele ! Mas terão de gramar que, das 0 às 24 horas de sábado, haja caravanas de propaganda, arruadas, comícios, difusão de comunicados e esclarecimentos. por parte das forças concorrentes às eleições. É que, se há moralidade, comem todos !

Uma má notícia

É triste mas 48% dos americanos
 acha que Trump andou bem face ao Irão e
43% acham que andou mal





claro = decisão errada mandar matar Soleimani
escuro =  decisão certa

aqui

14 janeiro 2020

Uma «novidade» com 43 anos !

Convém não
avacalhar o debate !
O desenvolvimento natural de um título  assim encontra-se designadamente na seguinte passagem do editorial do «Público» de hoje : « O prodígio do “melhor orçamento” da era de António Costa consegue criar essa ilusão tentando transformar um almoço frugal de um país pobre numa boda de milionários. Basta ver a interminável lista de propostas que os partidos à esquerda do PS levam à negociação na especialidade para percebermos que a lei destinada a enquadrar as prioridades políticas do país no próximo ano se transformou num milagre das rosas com toques de novo-rico. Exigir aumentos, apoios, subvenções, isenções, incentivos ou reduções de taxas e impostos em favor de alguns é um dever da esquerda responsável; querer tudo isso e ainda mais apenas para fazer prova de vida é ridículo. Por ser impossível de concretizar. E por ser feito na suposição de que não percebemos essa impossibilidade.»

Sobre isto, apetece-me tecer três comentários principais:

O primeiro é que Manuel Carvalho, em matéria de alterações na especialidade ao OE, parecer ter descoberto agora uma gloriosa novidade quando, mais coisa menos coisa, isso já aconteceu em 43 Orçamentos anteriores ( se a comunicação social em tempos mais remotos não ligava nenhuma aos OE é coisa de que não tenho culpa).

O segundo é que, quanto ao «querer tudo isso e muito mais», justifica-se explicar a M.C. que um partido pode calcular que  propostas suas são mais difíceis de aceitar pelo governo mas, em rigor, não pode prever de forma absoluta e certeira que propostas suas serão aceites, coisa que, como é bom de ver, só se pode apurar no final do processo. A isto acresce que, ainda assim, uma coisa é apresentar 33 propostas (como faz o PCP) e outra é apresentar 140 (como faz o PAN).

O terceiro comentário, e talvez seja o mais importante, é para esclarecer piedosamente M.C. de que a sua acusação generalizadora de que os partidos «querem dar mais a todos» e que fazem propostas que são «uma impossibilidade» não se aplica aqueles partidos como o PCP que têm propostas de natureza fiscal destinadas precisamente a obter receitas para as novas despesas que propõem.

Em resumo:  não é sério nem rigoroso ridicularizar o que afinal é simplesmente a natural afirmação política de propostas (independentemente do desfecho que venham a ter) ou, como faz M.C:, baptizar  essas propostas de «arraial minhoto em que há foguetes para todos os gostos» quando o que há é apenas o resultado natural das orientações ideológicas de cada partido e das suas identidades.

P.S : No seu editorial, Manuel Carvalho, seguindo um velhíssimo argumento dos neo-liberais, inclui no seu «dar tudo a todos» a isenção para «os ricos de taxas no SNS ou de propinas nas Universidades». Ora, desta forma, o que M.C. vem mostrar é sua hostilidade ao princípio da universalidade que tem como corolário necessário a ideia de que os privilégios relativos se devem combater em sede de impostos. Esta teoria de M.C. e tantos outros deveria então conduzir a que os ricos fossem proibidos de comprar o passe social e obrigados a pagar pelos estudos que os seus filhos fazem no ensino básico e secundário públicos.             

11 janeiro 2020

A flor da pele é má conselheira

Como argumentar
 com base em caricaturas

Daniel Oliveira no «Expresso»:«A conclusão deste processo negocial traduz um erro estratégico de toda a esquerda. Do PCP, porque desistiu de conquistas; do BE, porque tem medo de aparecer como radical; e de António Costa, porque tenta enfiar no bolso os seus interlocutores à esquerda, não percebendo que eles são a única barreira ao crescimento de um descontentamento antidemocrático. Quatro anos de orçamentos viabilizados de cruz, sem conquistas nem oposição, atirarão o país para um pântano. E BE e PCP para uma monumental derrota.» 

No artigo que inclui esta radical passagem, o autor não cuida de analisar as consequências de um voto contra logo na generalidade dos partidos à esquerda do PS. Mas no «Eixo do Mal» da SIC ele explicou que, nesse caso, o PSD iria a correr votar a favor do Orçamento e não haveria portanto qualquer crise.

Por mim, e para além do que já escrevi aqui, acho que guiar um comportamento político por previsões deste tipo é que é caminhar para uma «monumental derrota».

10 janeiro 2020

Sondagem publicada em 7 de Janeiro

Como o mundo
olha para Trump
Confidence in Trump remains
 low internationally

Confiança em Trump continua
 baixa internacionalmente
Os números exprimem a percentagem de cidadãos de cada país que têm confiança em Trump para fazer as coisas certas no que toca aos assuntos mundiais
(clicar para aumentar)
ler aqui

09 janeiro 2020

Um editorial em modo «vol d'oiseau»

Quatro observações
 em cima da hora

No «Público» de hoje, um editorial assinado por David Pontes desvaloriza e deprecia manifestamente as anunciadas abstenções dos partidos à esquerda do PS na votação na generalidade do Orçamento de Estado para 2020. É, por exemplo, o que se depreende de uma passagem como esta : «No ponto em que estamos, [ o Orçamento] talvez venha a ser rosa pálido. Um Orçamento socialista, diluído no branco da abstenção dos seus parceiros à esquerda. Sempre pálido, para quem acreditava que o “projecto” da “geringonça” tinha capacidade para prosseguir além da vitória do PS nas eleições legislativas. Umas tantas concessões na discussão da especialidade para garantir um encolher de ombros dos antigos parceiros na votação final. É quanto basta.» E, depois, o editorial remata sentenciando lapidarmente  :« Alguns jogos políticos e muito pouca paixão. É o que resta da “geringonça”.»
Ora, sobre este tipo de atitudes ou juízos, apenas quatro observações: 
primeira é  para sublinhar que as abstenções já anunciadas não podem ser desligadas, como é público e notório, de concessões que o PS já foi obrigado a fazer.
segunda é que falar, com um tom superior e desdenhoso, de «umas tantas concessões» e dizer que eles se resumem a «jogos políticos» é ignorar que se trata de matérias já com sensível repercussão nas condições de vida de muitos milhares de portugueses e na organização da sociedade às quais só podem ser indiferentes os que já têm um estatuto socio-económico privilegiado.
terceira  é que na chamada «gerigonça» (nunca usei por vontade própria o termo) eu vi muitas coisas como sentido das responsabilidades nacionais, empenho em barrar o caminho à continuação da direita no governo e determinação em reverter as medidas mais gravosas que aquela tinha imposto brutalmente. Mas «paixão», paixão mesmo, nunca vi. 
quarta é que quase jurava que, se o PCP, o BE e o PEV tivessem decidido votar contra o OE 2020 já na generalidade, com grande probabilidade teríamos então um editorial do «Público» a fustigar o sectarismo dos que estão à esquerda do PS, a criticar o seu abandono da possibilidade de, em sede de especialidade, obterem maiores ganhos de causa e a fustigar o seu radicalismo.

Em resumo: está difícil ser prior de uma freguesia assim.