21 outubro 2012

Aplicação defeituosa de um «slogan»

Parece que na Administração Pública
não há competências nem valores bastantes


Se a coisa já não viesse muito de trás, bem se poderia dizer que o slogan «vai estudar» lançado em direcção ao tal ministro está ser respeitado pelo governo embora de uma forma peculiar. Ou seja, como não têm vida nem tempo para estudar, pagam a quem, no privado,  estude para o governo.  Já agora, venha rápida a lista completa dos «estudiosos» a que o governo recorre. Acho que vamos descobrir algo de interessante.

Para o seu domingo, tangos do argentino

Daniel Melingo




20 outubro 2012

Passos Coelho no Conselho Europeu

Deutschland über alles

Não sendo surpresa, passaram ontem nas televisões imagens e palavras que, se alinhássemos no uso e abuso do adjectivo «histórico», tornariam histórica a reunião do Conselho Europeu. Com efeito, aí tivemos Passos Coelho a ufanar-se de não ter feito como fizeram a Espanha e Grécia que chamaram a atenção para a grave situação dos seus países, numa tentativa para flexibilizar as posições da Alemanha. Esta opção pelo caladinho que nem um rato mostra bem que há quem tenha nascido para ajudante de carrasco.

Porque hoje é sábado (295)

Live


A sugestão musical de hoje vai para a
banda norte-americana de rock Live,
 cujo último álbum se intitula
 
Throing Copper.




19 outubro 2012

Uma grande perda para a cultura e o inconformismo portugueses

Manuel António Pina
(1943-2012)




O Medo
 Ninguém me roubará algumas coisas,
nem acerca de elas saberei transigir;
um pequeno morto morre eternamente
em qualquer sítio de tudo isto.

É a sua morte que eu vivo eternamente
quem quer que eu seja e ele seja.
As minhas palavras voltam eternamente a essa morte
como, imóvel, ao coração de um fruto.

Serei capaz
de não ter medo de nada,
nem de algumas palavras juntas?


 in "Nenhum Sítio"



Até na segurança social a UE quer mandar

Atenção, muita  atenção !


ler o resto aqui

(em Portugal, este assunto já foi tratado por diversos blogues, na sequência do alerta lançado por Henrique de Sousa aqui)

Mitt Romney ou ...

... o republicano «vale tudo»


(ver vídeo e artigo aqui)

Contactado por «o tempo das cerejas», o director de campanha de Mitt Romney esclareceu que não seria tecnicamente praticável nem politicamente rentável realizar uma «conference call» com os trabalhadores para explicarem aos seus patrões como devem votar.

18 outubro 2012

O costume: ataque aos trabalhadores ou...

... notícias que não chegam cá



Ler o resto do artigo aqui.

Interpelação do PCP sobre política alternativa

As palavras
necessárias na hora certa

 

«(...) Como insistentemente declaramos, há uma alternativa à política de direita conduzida há décadas por PS, PSD e CDS. Com a mesma insistência com que denunciamos essa política de desastre nacional , afirmamos uma política alternativa, uma política patriótica e de esquerda.
Não há nenhuma inevitabilidade na política de direita. Não digam que não há alternativa à vossa política, particularmente quando ela confronta o País e os portugueses com o desastre total. Quando ela é claramente uma NÃO ALTERNATIVA para o País e os portugueses, embora continue a ser a alternativa para o grande capital nacional, para os ditos «mercados financeiros» , isto é, os grandes bancos internacionais.
Não digam que não há alternativa à vossa política. Assumam que essa alternativa não cabe nos vossos preconceitos ideológicos, nas vossas opções de classe, no quadro do neoliberalismo e da submissão do País aos ditames de uma União Europeia dirigida pela Alemanha e o Directório das grandes potências.
Digam que não estão de acordo com a política patriótica e de esquerda que o PCP apresenta. Não digam que não existe, quando todos os dias vos confrontamos nesta Assembleia da República com propostas e medidas alternativas às que resultam da vossa política, das vossas opções políticas e ideológicas. Não digam que não existe a alternativa quando vos confrontamos há anos com propostas alternativas em todas as áreas e sectores da economia nacional, em todas as funções do Estado, nas opções estratégicas fundamentais da integração capitalista europeia.(...)». Texto integral aqui.

Daniel Oliveira como outros

A equidistância baseada
na fuga às realidades



Já o sabia de ginjeira, e tenho-o escrito, que em certos sectores ou segmentos de esquerda o que está a dar é uma postura de equidistância face ao PS por um lado e ao PCP e BE por outro, uma distribuição equitativa de culpas e responsabilidades por falta de entendimento à «esquerda» (as aspas são por causa do PS), tudo no meio de um discurso que é feito metade de apelos piedosos e metade de fuga às realidades e factos mais esclarecedores.

Um exemplo desta atitude regressa agora neste parágrafo de um texto de Daniel Oliveira (sublinhados meus): «Se querem fazer alguma transposição para a situação nacional, vale a pena ter isto em conta. Quer a esquerda à esquerda do PS depender da falta de credibilidade do líder socialista de cada momento para garantir o seu crescimento? Se sim, a grande aposta do Bloco e do PCP terá de ser o desgaste do PS, deixando evidentes as suas fragilidades e contradições. Cavar o fosso e atirar o PS, em todas as oportunidades, para os braços da direita e da troika. Ou quer ser um elemento fundamental de pressão, firme, eficaz e pragmática, para que a alternativa à esquerda seja o mais ampla possível? Se sim, a grande aposta do Bloco e do PCP é ganhar cada vez mais sectores socialistas para esta posição, levando o PS a inverter o seu posicionamento.»

Para falar com franqueza, só esta de serem o PCP e o BE a«empurrar o PS para os braços da direita» já dava vontade de declarar a conversa acabada pois Daniel Oliveira sabe longamente que, para tanto, nunca o PS precisou de ser empurrado por terceiros, caminha para lá sempre pelos seus próprios pés, movido por opções e orientações que não são de hoje mas de ontem, anteontem e ainda mais atrás.

Depois o dilema ou a escolha formulados por Daniel Oliveira são completamente caricaturais e não passam de um mero jogo de palavras. Para se perceber isto, aqui deixo o meu testemunho pessoal de que o meu partido pode e deve, para além do combate sem tréguas à direita governante, sempre que para tanto há fundamento criticar severamente a direcção do PS e pôr em evidência as suas fragilidades e contradições exactamente para ganhar cada vez mais sectores socialistas para uma alternativa fundada numa real mudança de política, assim pressionando o PS para inverter o seu posicionamento, designadamente também pela maior pressão de um desejável e necessário reforço da influência eleitoral dos partidos à sua esquerda.  Isto, claro, supondo que um partido querer crescer  e pesar mais no curso dos acontecimentos e das soluções não é crime, antes é um dado legítimo e natural da vida democrática.

Por fim, para não estarmos a falar por partidos, para perceber como é que Daniel Oliveira consegue escrever assim, muito gostava eu de saber que aspectos decisivos ou estruturais das orientações do PS, no governo ou na oposição,  eu terei criticado e Daniel Oliveira tenha aplaudido.


Nota 1: Se a grande bússola do PCP  fosse a dos resultados eleitorais, então bem se poderia dizer  que poderia poupar metade dos seus esforços, iniciativas e combatividade contra os governos de direita pois, em não poucas épocas, quem tem colhido proveitos eleitorais da luta de outros tem sido o PS.

Nota 2: De certo modo, é da mesma família do texto de Daniel Oliveira o artigo que o respeitável sociólogo Elísio Estanque hoje publica no Público. Aí, escreve a dado passo (sublinhado meu): « A recusa da austeridade como solução para a crise (rejeição do memorando da troika e das políticas do actual governo); a renegociação das condições de resgate e a necessidade de mais equidade na distribuição dos sacríficios ; a a prioridade ao crescimento e emprego - são exigências que parecem gerar um amplo consenso entre as esquerdas, e até para além delas. Mas então porque é tão díficil constituir uma base de aproximação entre os atuais partidos de esquerda ?». Sobre isto, basta-me registar que Elísio Estanque não se lembrou ou não quis propositadamente, a seguir a«rejeição do memorando da troika», escrever entre travessões «firmemente recusada pelo PS». Calculo que não desse jeito para a teoria do «amplo consenso entre as esquerdas».