02 dezembro 2011

Nos bastidores

Histórias de banksters


«Imagine you walked into a bank, applied for a personal line of credit, and filled out all the paperwork claiming to have no debts and an income of $200,000 per year. The bank, based on these representations, extended you the line of credit. Then, three years later, after fighting disclosure all the way, you were forced by a court to tell the truth: At the time you made the statements to the bank, you actually were unemployed, you had a $1 million mortgage on your house on which you had failed to make payments for six months, and you hadn’t paid even the minimum on your credit-card bills for three months. Do you think the bank would just say: Never mind, don’t worry about it? Of course not. Whether or not you had paid back the personal line of credit, three FBI agents would be at your door within hours.

Yet this is exactly what the major American banks have done to the public. During the deepest, darkest period of the financial cataclysm, the CEOs of major banks maintained in statements to the public, to the market at large, and to their own shareholders that the banks were in good financial shape, didn’t want to take TARP funds, and that the regulatory framework governing our banking system should not be altered. Trust us, they said. Yet, unknown to the public and the Congress, these same banks had been borrowing massive amounts from the government to remain afloat. The total numbers are staggering: $7.7 trillion of credit—one-half of the GDP of the entire nation. $460 billion was lent to J.P. Morgan, Bank of America, Citibank, Wells Fargo, Goldman Sachs, and Morgan Stanley alone—without anybody other than a few select officials at the Fed and the Treasury knowing. This was perhaps the single most massive allocation of capital from public to private hands in our history, and nobody was told. This was not TARP: This was secret Fed lending. And although it has since been repaid, it is clear why the banks didn’t want us to know about it: They didn’t want to admit the magnitude of their financial distress. (...)»( Ler o resto aqui na Slate.com)

01 dezembro 2011

Em fim de feriado para diversos gostos

Amina Figarova...



e o seu sextexto em Whotsot

... e Tania Libertad num clássico



Directamente da "The New Yorker"

Um cartoon absolutamente machista
(aqui publicado, juro, só para se saber que ainda há disto)

Uma mulher, um homem, sapatos e... uma arma

Francisco Assis

Cantas bem mas não me encantas



Em artigo de opinião de página inteira  no Público de hoje, Francisco Assis perpetra um rasgadíssimo elogio a Manuel Carvalho da Silva, a pretexto de uma sua recente entrevista ao Expresso. Abstendo-me deliberadamente de comentários sobre as reais intenções ou sinceridade deste elogios vindos de quem vêm, limitar-me-ei a transcrever uma passagem desse artigo e a fazer depois uma curta pergunta final.

Assim, escreve Assis:
« Tenho, de há muito, grande admiração por Manuel Carvalho da Silva, pelo seu percurso individual, pela natureza da sua intervenção cívica que extravasa largamente o universo sindical e pela sua acção enquanto sindicalista. (....) Se a invoco aqui [à entrevista] é porque ela me parece constituir um verdadeiro manifesto de enaltecimento do valor fundacional do trabalho, entendido como categoria imprescíndivel à afirmação da dignidade humana. E é esta articulação entre o trabalho e  a dignidade que precisa de ser relembrada. Prevalece, nos tempos que correm, um retórica muito básica, proveniente da vulgata neoliberal, que tende a fazer a apologia do trabalho sem regras, com escassos direitos e limitado reconhecimeno social. Manuel Carvalho da Silva, com uma espantosa simplicidade conceptual, só possível porque resultante de uma reflexão profunda, recoloca o problema nos seus termos adequados - a necessidade de revalorização de todo o tipo de trabalho, o reconhecimento da sua dignidade que terá de estar associado ao seu estatuto e à natureza da sua remuneração. Pelo meio relembrou a importância do movimento sindical nos últimos dois séculos e desmontou a tese falaciosa e cínica dos que tentam estabelecer uma oposição entre as legítimas reivindicações sindicais e a promoção dos direitos dos desempregados. Aí, Manuel Carvalho da Silva toca num ponto fundamental - só a existência de fortes estruturas organizadas a partir dos trabalhadores no activo pode concorrer para a salvaguarda dos direitos fundamentais que não podem ser defendidos por um exército de indivíduos atomizados, socialmente desenraizados (...)».

Feita honestamente a citação que me importava, agora só me resta perguntar com uma inexcedível bondade e candura: mas o que é que todos estes belos, acertados  e justos conceitos têm a ver com a política dos últimos governos do PS de que Francisco Assis foi destacado apoiante e protagonista ou, só para dar um exemplo, com a aprovação de um Código de Trabalho bem pior que o de Bagão Félix ?

30 novembro 2011

Ainda e sempre a chegada de A. Cunhal à Portela

Descubram o marinheiro !


(um camarada de Sacavém dá a mão a Luísa Amorim)

Aviso prévio
: este «post» é um supremo enjoo para os leitores mais antigos de «o tempo das cerejas» que porventura se lembrarão quantas vezes, a propósito de fantasias de Vasco Pulido Valente, Zita Seabra e outros, reconstituí de forma testemunhal o que efectivamente se passou na chegada de Álvaro Cunhal ao Aeroporto da Portela.

Acontece que o Público de hoje insere uma peça onde são feitas múltiplas citações de um livro recente de Mário Soares de que, no que toca a este assunto, extraio a seguinte passagem (sublinhados meus): «(...) À saída do aeroporto estava uma pequena multidão à espera de Cunhal. E, paradoxalmente, havia um tanque estacionado. Para quê pensei eu ? Cunhal subiu para o tanque e, salvo erro entre um soldado e um marinheiro, retirou um discurso do bolso e começou a falar. Um dirigente comunista, que não recordo quem fosse, convidou-me a subir para o tanque o que fiz com alguma relutância, diga-se. Quando Cunhal se apercebeu que eu estava ao lado dele, disse qualquer coisa a um camarada, o qual pouco depois me pediu  para descer porque - como disse - houve um equívoco. Desci com grande gosto, porque percebi o cenário: Cunhal entre um soldado e um marinheiro, em cima de um tanque, era algo que lembrava Lènine, no seu regresso a Moscovo...(pág. 183)».

Com pedido de desculpa aos leitores que já conheçam a história de cor e salteado, não tenho outro remédio se não repetir ou observar:

1. Já expliquei várias vezes que nem Álvaro Cunhal nem Domingos Abrantes (que com ele viajou de Paris) faziam a mais pequena ideia do que se ia passar uma vez transpostas as portas do aeroporto e de que sítio iria Cunhal falar e já contei, como testemunha visual, que foram os militares (chefiados quanto a mim por Jaime Neves) que propuseram a Álvaro Cunhal que subisse para cima da chaimite.

2. Quanto a alguém ter pedido a Soares para descer da chaimite, como estava atrás desta e não à frente, nada posso garantir, a não ser que; como a imagem mostra, já Cunhal discursava e Mário Soares ainda estava em cima da chaimite; não conheço nenhuma imagem do momento em que Soares não figure em cima da chaimite; e, por fim, parece inacreditavelmente que, segundo a descrição de Soares, Álvaro Cunhal teria interrompido o discurso para sussurrar a um seu camarada: « tirem dali o Soares».

3.
Dou generosas alvíssaras a quem na foto de cima descobrir o famoso marinheiro de que Mário Soares fala.



Imagem da chegada de Mário Soares a
Santa Apolónia (aí a multidão já
devia ser imensa) em que este está
acompanhado à esquerda por um
nada
relutante Dias Lourenço e por
dois militares
(um dos quais abraça no frame
a seguir deste vídeo do INA francês).

P.S.: Fazendo justiça a uma obra injustamente silenciada e esquecida, lembro que nas bibliotecas será possível encontrar este Dicionário Político de Mário Soares, da autoria de Pedro Ramos de Almeida, que ilustra de modo arrasador a constância e coerência de opiniões de Mário Soares nos primeiros anos após o 25 de Abril.

E agora

A Maria Schneider Orchestra
com Luciana Sousa



29 novembro 2011

Começou hoje

Uma oportuna iniciativa
e uma justa homenagem



Momentos felizes do jornalismo

Maria da Conceição

Já se sabe que é sempre uma fórmula de sucesso jornalístico (o Expresso fez isso uma vez com os miúdos que foram fotografados nas acções do dia 25.4.1974): ir à procura de pessoas retratadas há umas boas décadas em imagens que se tornaram iconográficas e falar  do que é feito delas. É o que acontece hoje no Público em relação a uma foto tirada num bidonville de St. Denis em Paris de uma criança portuguesa filha de emigrantes, de seu nome - sabemo-lo agora - Maria da Conceição Tina que agora é professora e publica no Público de hoje um belo e comovente testemunho dirigido ao seu fotográfo - Gérald Bloncourt. E já não será pequena coisa se esta peça ajudar muitos portugueses a que, no seu olhar actual sobre os imigrantes que vivem e trabalham hoje ao nosso lado, permaneça a lembrança daquilo que como povo já passámos.

Esta foto de Gérald Bloncourt já havia sido publicada no primeiro e agora defunto «o tempo das cerejas», extraída então do notável ensaio e álbum fotográfico de Gérard Noiriel intitulado Gens d'ici venus d'ailleurs - La France de la immigration 1900 a nos jours.

Quod erat demonstrandum

Nenhuma dúvida, os objectivos
das troikas estão a ser alcançados !


No Público de hoje

28 novembro 2011

Quem também nos trouxe até aqui ou...

... se, em vez de «la gauche», têm escrito «le PS» era mais verdade e poupavam quatro caracteres



Mão amiga faz-me chegar esta peça, de 16 de Setembro deste ano, do Le Nouvel Observateur, como todos sabem um semanário confessadamente cripto-comunista, que vem apenas lembrar o que eu e tantos outros estamos cansados de lembrar. Entretanto, esta ligação é dedicada com especial carinho a todos os que, por jugulares e câmaras corporativas, se esfalfaram nos primeiros meses de 2011 a proclamar que o malfadado curso neoliberal da construção europeia era apenas obra da direita que governava a maioria dos países-membros da UE. Aqui fica o extracto inicial :
«Arnaud Montebourg, intervenant devant la rédaction du "Nouvel Observateur" mardi  6 septembre, et exposant son programme de "démondialisation", a cité les travaux de Rawi Abdelal, professeur à Harvard, spécialiste de politique économique.
Ce chercheur très peu connu en France a écrit en 2005 un document de 130 pages titré "Le consensus de Paris, la France et les règles de la finance mondiale", dans lequel il démontre que c’est la gauche française qui a agi avec le plus de ténacité, en Occident, "de façon paradoxale" en faveur de la dérégulation "libérale" des marchés financiers."A la fin de la décennie 80, écrit Abdelal,  les dispositions de l’Union Européenne et de l’OCDE, qui avaient ralenti le processus de mondialisation des marchés financiers, sont réécrites pour épouser une forme libérale. Grâce à ce changement, qui concernait  70 à 80 % des transactions de capitaux dans le monde, la mondialisation financière va progresser à grands pas dans le cadre de règles libérales (…) Cette évolution n’a pu se faire que grâce à l’intervention de trois personnages : Jacques Delors, en tant que président de la Commission européenne, Henri Chavranski,  président des mouvements de capitaux à l’OCDE de 1982 à 1994, et Michel Camdessus, président du FMI de 1987 à 2000 ( …) Sans eux, un consensus en faveur de la codification de la norme de la mobilité des capitaux aurait été inconcevable. Ces trois hommes ont beaucoup de points communs, mais il en est un qui saute aux yeux : ils sont Français. Voilà qui est tout à fait curieux car pendant plus de 30 ans la France, plus que tout autre pays, avait multiplié les obstacles à toute modification des textes en faveur de la mobilité des capitaux. 
Faisant remarquer que c’est François Mitterrand qui a nommé Camdessus gouverneur de la Banque de France, Abdelal parle de "paradoxe français d’autant  plus fort que Delors était une importante figure socialiste et que (…) les français n’y ont pas été forcés par les Etats Unis, au contraire". Il poursuit : "c’est le 'consensus de Paris' et non celui de Washington, qui est avant tout responsable de l’organisation financière mondiale telle que nous la connaissons aujourd’hui, c'est-à-dire centrée sur des économies donc les codes libéraux constituent le socle institutionnel de la mobilité des capitaux".(…)