03 setembro 2019

Duas armadilhas

Duas notas laterais
sobre o debate de ontem



A primeira nota é para registar que,em viagem pelos comentários de imprensa escrita e pelas reacções nas redes sociais (até de pessoas de esquerda, bem informadas e lúcidas) campeia a classificação de «morno» para o debate entre Jerónimo de Sousa e António Costa. E, a este respeito, com alguma auto-crítica até, apetece-me dizer que uma tal classificação é «facil,barata e dá milhões» . Ao alinhar com ela, esquecemo-nos que o debate só teve 30 minutos (15 para cada um em  intervenções muito curtas) e que os temas foram os que a moderadora introduziu e não os que os protagonistas pudessem escolher. ( o que condiciona a própria exposição de maiores divergências). Com esta classificação (repito, em que todos podemos cair à primeira) estamos a desprezar os conteúdos (o que cada um realmente disse) em favor da forma (parece que suspiramos por gestos e expressões mais estridentes e por decibéis mais altos). Tristemente o confesso : parece que estamos mesmo prisioneiros da chamada «política-espectáculo».

A segunda nota tem que ver com um método que, em rigor, já é antigo e que consiste em,a seguir aos debates, apresentar logo um painel de comentadores que gastam o mesmo tempo que foi dado aos intervenientes no debate. E, a este respeito, não posso deixar de ditar para a acta que parece que as televisões têm um medo enorme de que os eleitores avaliem por si, sem interferência de opiniões imediatas de comentadores, o que acabaram de ver e ouvir.

5 comentários:

  1. Na mouche!
    Precisamos sempre que nos expliquem o que foi dito... não vá começarmos a pensar pela nossa cabeça...

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  2. Jamais a CS dominante deixava por mãos alheias os comentários imediatos! Para terem a certeza de que aqueles que viram e ouviram não pudessem ter opinião própria! Eles, os dominantes, entram por aqui e ditam o que querem, desde que seja para denegrir o PCP, foi o que fizeram, fazem e farão. Eles não perdoam! Mas nós diremos: A LUTA CONTINUA!

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  3. Sempre os mesmos comentadores e com o PCP na mira. A ideia é sempre esta, porque o PCP ainda mantém a mesma integridade e não abandona os princípios.
    A propósito deste tipo de campanha, relembro uma entrevista que passou no jornal «Público» e se o convidado não percebeu, tratou-se de uma armadilha bem montada. Esta ocorreu a Domingos Lopes no jornal «Público», entrevista publicada na terça-feira, dia 20 de Agosto (na secção P2 Verão). O ingénuo Domingos Lopes aparece na página da frente a dizer: «Em 1974, Marcelo disse-me que era um marxista não-leninista.» Quando lemos a entrevista, damos com estas frases (acompanhadas de fotografias com sorrisos do entrevistado): «o PCP vive a contradição insuperável de se considerar único e, ao mesmo tempo, perceber que não o é»; «o PCP tem sempre razão, é um partido sem futuro»; «Álvaro Cunhal partiu de um pressuposto que não se verificou e, nesse sentido, errou. E deixou um lastro que não é favorável ao PCP.»
    Dirigida por um funcionário do grupo Sonae, chamado Nuno Ribeiro, a maior parte do diálogo tem como motivo apenas denegrir o PCP... e o mais caricato de todo o processo, é que Domingos Lopes não entendeu que estava a ser usado para o efeito.
    Estes fenómenos sem integridade e honra nada têm a ver com o PCP. Talvez por isso, o suposto jornalista e o entrevistado fizeram o seu papel que, a meu ver, foi ridículo.

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