12 julho 2012

Ainda o último «caso Relvas»

Eu teria dito: «Porra, sejam
mais sóbrios e menos exagerados»




O homem é de direita, embora sofisticada, mas não posso deixar de opinar que, com a  sua crónica (sem link) de hoje no Público, Pedro Lomba terá porventura escrito o melhor texto sobre «o caso Relvas- curso acelerado na Lusófona».

De facto, o cronista passa em revista, com as devidas citações,  o paleio do parecer justificativo das equivalências em função do curriculo de Relvas. O que, só um exemplo, dá coisas como esta de que Miguel Relvas, «para além das competências básicas ao nível da compreensão das organizações» tem a qualidade [de que, por sinal e por más razões, não duvido]  de «percepcionar o entrecruzamento, hoje inevitável, entre a esfera empresarial e a esfera político-partidária». Isto para já não falar das suas «competências transversais de compreensão do papel das diversas classes sociais e elites na modelização da sociedade onde essas organizações actuam e se desenvolvem».

Se eu tivesse estado no lugar do Relvas e tivesse tido conhecimento do projecto de parecer sobre as equivalências, ai juro que teria dito aos seus autores: «porra, meus amigos, por favor, sejam mais mais sóbrios e menos exagerados porque assim só me prejudicam com as gargalhadas que isto vai provocar».

Debate sobre o estado da Nação

Não, isto não é um
post de propaganda



É apenas informação objectiva que creio tornar-se útil e necessária depois de, na imprensa de hoje, verificar tão escassas referências ao que os deputados do PCP ontem disseram na AR no debate sobre o estado da Nação. Não venho pedir a ninguém que esteja de acordo, no todo ou em parte, com o que ali foi dito. Venho só propor que não ignorem que ali foi dito o que realmente dito foi.


11 julho 2012

E esta noite

As congas de Janine Santana
em Luz, Amor y Vida


Sobre um efeito acessório que me dá prazer

Greve dos médicos arranca
com grande adesão e...



na primeira página do Público


... palpita-me que, pelo menos durante dois dias, aqueles jornalistas e comentadores que andam sempre a falar de «paz social» vão ser obrigados a meter a viola no saco.

Desta vez o perigo é maior

A obsessão de governar
o poder local em família


manchete do DN ontem
No defunto «o tempo das cerejas» original, muitas vezes, e com detalhe, abordei este tema da revisão da lei eleitoral para as autarquias mas, como já passou muito tempo e a memória não pode dar para tanta coisa, parece-me justificado voltar a pôr os pontos nos is  neste projecto que PSD e PS perseguem, sem sucesso, há mais de 16 anos (já no Congresso do PCP de 1996, Carlos Carvalhas, logo na intervenção de abertura, a ele - e ao de mudar o sistema eleitoral para a AR - se referia criticamente). Assim e tão abreviadamente quanto possível.


Desde logo, importa começar por lembrar que, nos 36 anos de poder local democrático, o sistema em vigor funcionou bem sendo absolutamente insignificantes os casos de instabilidade gestionária derivados da representação de vereadores da oposição nos executivos municipais ou da inexistência de uma maioria absoluta de um só partido. Não é por acaso que, ao longo de anos e anos, PS e PSD sempre esconderam uma realidade que actualmente tem a seguinte expressão; dos 308 municípios existentes só em 24 (7,1%) não existe uma maioria absoluta de um só partido.


Durante muitos anos, PS e PSD não se entenderam nesta matéria de alteração da lei eleitoral para as autarquias porque cada um fazia finca-pé nas suas próprias e distintas  propostas que se caracterizavam, grosso modo, pelo seguinte: o PS, explorando uma alteração em revisão constitucional e na esperança de evitar alegações de violação da proporcionalidade na conversão de votos em mandatos, propunha e extinção da eleição para a Câmara Municipal e,  a salivar com executivos monocolores estabelecia que o primeiro candidato da lista para a Assembleia Municipal seria o Presidente da Câmara, cabendo-lhe a ele escolher a vereação entre os eleitos da sua lista para a AM; já o PSD mantinha a eleição para a CM mas estabelecendo um bónus de maioria para o partido mais votado, o que sendo flagrantemente inconstitucional, assegurava ainda alguma presença na vereação de eleitos da oposição. Quando escrevi em cima que desta vez o perigo é maior é porque, em boa verdade. o PSD capitulou total e rasteiramente perante o PS, adoptando agora no essencial a proposta daquele partido.


Creio interessar conhecer as concepções de fundo em que se manifestam as divergências do PCP com o PS e o PSD nesta matéria. Entre outras, creio que a mais importante é que PS e PSD sempre conceberam e ansiaram por um poder local decalcado do sistema político nacional, ou seja em mimetismo com a AR e a formação do governo enquanto o PCP, desde os alvores da revolução de Abril, sempre rejeitou esse decalque e mimetismo e assumiu que o poder local é uma realidade e realização com especificidades próprias onde não é forçoso nem vantajoso que se repitam ou reproduzam mecanicamente as mesmas clivagens e acantonamentos que se verificam na AR e em termos de política nacional. Por isso, o PCP sempre admitiu que, em condições precisas e politicamente negociadas, pudesse haver vereadores comunistas com pelouros em câmaras de maioria de outros partidos e vereadores de outros partidos em câmaras de maioria CDU. Como breve ajuste de contas, que longe disso não tem nada de pessoal, convém lembrar que João Soares foi durante muitos anos um dos mais insistentes críticos do PCP por ter vereadores com pelouros em Sintra com maioria PSD, o que entretanto não impediu de mais tarde de vir a ser vereador do turismo  com a mesma maioria PSD em Sintra. Dito isto, esclareça-se que jamais o PCP combateu estes projectos na base de um cálculo de perdas e ganhos numéricos mas, sempre e sempre, por entender vantajoso ter vereadores em Câmaras de maiorias de outros e por não se importar por ser fiscalizado por vereadores de outros partidos nas câmaras de maioria CDU. E entendamo-nos de uma vez por todas: os grandes ou importantes casos de ilegalidades, tráfico de influências, actos de corrupção, etc.,  em regra, não foram descobertos através das Assembleias Municipais mas sim nas vereações municipais.

Finalmente, se razões de princípio e de ordem democrática não derem para convencer o pessoal do PS e do PSD da estupidez e incorrecção que preparam, então adianto mais duas razões de outra ordem a que PS e PSD e os seus eleitos autárquicos, se tivessem um módico de juízo, deviam prestar alguma atenção :

- o primeiro é que o sistema de ser o 1º candidato da lista para a AM a ser investido como Presidente de Câmara e  poder escolher ele a sua equipa seria mais um notável contributo para o reforço do presidencialismo municipal, para o caciquismo e amiguismo pessoais e colocaria os partidos ainda mais na dependência dos humores e orientações dos seus eleitos, perdendo obviamente capacidade de acompanhamento e controlo, apesar de ser o seu nome e símbolo que figura nos boletins de voto.;

- o segundo é que o sistema proposto permitirá certamente que onde tiverem  a maioria absoluta, PSD e PS ainda tenham mais lugares para distribuir aos seus militantes desses concelhos; mas em todos os outros concelhos em que ou o PS ou o PSD estiverem em minoria, haverá centenas de vereadores desses partidos que, nesses concelhos, não só perderão estatuto pessoal e político como deixam de ter uma real capacidade de intervenção nos assuntos municipais. Ao menos, pensem nisso. E, se não for pedir muito, revoltem-se !



Gente valente

Mineiros das Astúrias
chegam a Madrid




Fotogaleria de El País aqui

09 julho 2012

Era fatal como o destino

Puxando pelo novelo


Devo dizer, com inteira sinceridade, que me inquietam muito os prejuízos de imagem que este caso «Relvas-Lusófona» pode trazer a esta instituição universitária privada ,projectando injustamente sobre centenas de professores e alunos estilhaços que o seu esforço e competência não merecem. Mas isso não me pode impedir de anotar que, se notícias destas se confirmam, então é porque há redes de influência e amiguismo capazes de fazerem ciúmes às maçonarias e à Opus Dei.



se não abrir, ver aqui.

Glórias do jornalismo português ou...

... como elas se fazem !


Até podia esta referência à «classe política» na legenda do Jornal da Tarde de ontem da RTP estar certa  e também estar certa a afirmação do jornalista de que, na referida procissão foi feito um dos mais duros discursos «contra os efeitos da política sobre a vida das pessoas». Acontece porém que, como se pode ouvir aqui, o que o padre Jesus Ramos corajosamente verberou foi a «apagada e dolorosa situação de mágoa  a que fomos conduzidos pela vilania de alguns que se propuseram servir o povo e não cumpriram a sua palavra e de muitos que, fraudulentamente e por meios que não excluem a execrável corrupção, construiram impérios de luxo à custa do suor dos pobres». 
Os leitores estão a ver o filme e o truque: «alguns» e «muitos» convertidos em «classe política» (aliás, uma categoria convenientemente inventada para meter tudo no mesmo saco). 

[post tributário de uma amável chamada de atenção do leitor Edgar Carneiro]

Snoopy reformou-se em Portugal

Mundo cão



Arte e compromisso

Recordando Phil Ochs
(1940-1976)









What Are You Fighting For
de Phil Ochs

        
Oh you tell me that there's danger to the land you call your own
And you watch them build the war machine right beside your home
And you tell me that you're ready to go marchin' to the war
I know you're set for fighting, but what are you fighting for?

Before you pack your rifle and sail across the sea
Just think upon the Southern part of the land that you call free
Oh, there's many kinds of slavery and we've found many more
I know you're set for fightin', but what are you fighting for?

And before you walk out on your job in answer to the call
Just think about the millions who have no job at all
And the men who wait for handouts with their eyes upon the floor
Oh I know you're set for fighting, but what are you fighting for?

[This verse is not in the sheet music]
Turn on your TV, turn it on so loud
And watch the fool a smiling there and tell me that you're proud
And listen to your radio, the noise it starts to pour
Oh I know you're set for fighting, but what are you fighting for?

Read your morning papers, read every single line
And tell me if you can believe that simple world you find
Read every slanted word till your eyes are getting sore,
I know you're set for fighting, but what are you fighting for?

And listen to your leaders, the ones who won the race
As they stand right there before you and lie into your face
If you ever try to buy them, you know what they stand for
I know you're set for fighting, but what are you fighting for?

Put ragged clothes upon your back and sleep upon the ground,
And tell police about your rights as they drag you down,
And ask them as they lead you to some deserted door,
Yes, I know you're set for fightin', but what are you fightin' for?

But the hardest thing I'll ask you, if you will only try
Is take your children by their hands and look into their eyes
And there you'll see the answer you should have seen before
If you'll win the wars at home, there'll be no fighting anymore