10 abril 2012

Federalistas até mais
não mas muito ignorantes



Aqui, o muito libertário, autogovernista e federalista Miguel Serras Pereira alinhava esta extraordinária sentença :« Ao que é noticiado, o BE advoga que o novo acordo europeu seja submetido a referendo. É uma medida defensiva que se compreende perante a nova iniciativa oligárquica na Europa. Mas não seria bem mais interessante, mais coerente com uma acção social-democrata digna desse nome e, por isso, talvez mais mobilizador também, que o BE e os movimentos congéneres presentes noutros países europeus —que declaram apostar na acção no interior das instituições como via  privilegiada de democratização através de reformas "participativas" — em vez de se limitarem a exigir um referendo que lhes permita oprem-se ao acordo em vias de constitucionalização na zona-euro, assumissem a iniciativa de reivindicar um referendo tendo em vista a aprovação da eleição uma assembleia constituinte de uma nova União Europeia efectivamente federal — ou federação de regiões autónomas da Europa —  e, por conseguinte, integrada nos planos orçamental, fiscal e das garantias sociais?».


Não, não vou nem dizer uma palavra que seja acerca deste miraculoso federalismo que, nas meninges de alguns, pairaria acima dos interesses de classes e nos daria à escala de 500 milhões de eleitores o que não temos conseguido com os nossos 8 milhões.

Não, nada disso. Vou só dizer que parece absolutamente certo que, quanto a referendos, Miguel Serras Pereira não pesca nada sobre o que a Constituição  e Lei do Referendo dispõem, a começar desde logo pelo príncipio básico de que os referendos só podem incidir sobre actos legislativos apresentados e em tramitação na AR. E isto para já não falar que, se por absurdo, um tal referendo se realizasse em Portugal com tal objecto, alemães, franceses, britânicos, espanhóis teriam certamente uma reacção do tipo «ai  os portugueses votaram isso em referendo e «ós 'pois ?».Admito porém que para um libertário-federalista isto sejam minudências.

Sondagem CSA de 2/3 Abril

J.-L. Melenchon firme em 3º


candidato do Front de Gauche (PCF+ P.G.)



09 abril 2012

Como era de esperar, Vital exulta e confirma que...

... estamos ao nível
do «bom achado»



Em matéria de seriedade intelectual e política, chegámos a este ponto: vota-se a favor da ratificação por Portugal de um Tratado que, para além de reduzir a soberania nacional a ciscos, ilegaliza - como dizia El País - o inocente keynesianismo e institucionaliza e eterniza a «austeridade» e os sacrifícios populares e, ao mesmo tempo, propõe-se uma coisa de nenhum valor e eficácia jurídica que implora pelo crescimento e emprego de que o Tratado que se votou favoravelmente não cuida e antes ataca.
E a isto, talvez sem medir o sentido mais corrente das palavras, chama Vital Moreira um «bom achado», seguramente esquecido que a fórmula é normalmente associada a manobra hipócrita, habilidade de circunstância, cortina de fumo,  desarrincanço de aflitos, parlapatice política.

Guardado na nossa memória e coração

Adriano faria hoje 70 anos




Canção do Soldado
Sete balas só na mão
Já começa amanhecer.
Sete flores de limão
Pra lutar até vencer.
Sete flores de limão
Pra lutar até morrer.

Já estremece a tirania
Já o sol amanheceu.
Mil olhos tem o dragão
Há chamas d'oiro no céu.
Mil olhos tem o dragão
Há chamas d'oiro no céu.

Abre no peito o luar
Companheiros acercai-vos.
Arde em nós a luz do dia
Companheiros revezai-vos.
Arde em nós a luz do dia
Companheiros revezai-vos.

Já o rouxinol cantou
Tomai o nosso estandarte.
No seu sangue misturado
Já não há desigualdade.
No seu sangue misturado
Já não há desigualdade.

Sete balas só na mão
Já começa a amanhecer.
Sete flores de limão
Para lutar até vencer.

Rui Tavares que desculpe...

... mas quem anda
à chuva, molha-se !



Embora não consiga encontrar o respectivo vídeo (a pesquisa nos videos do Sapo só dá como último programa um em Dezembro do ano passado e no sítio da SIC também não encontrei), a verdade é que no «Eixo do Mal» de 13/3, o convidado Rui Tavares insistiu com o ar mais tranquilo deste mundo que, em Portugal, não havia oposição, referindo-se explicitamente ao PS e ao BE e ignorando  até (sobranceria ?) o PCP.
Hoje, em crónica no Público, flecte, flecte, insiste, insiste no mesmo faduncho: «(...) E isto não é só o governo: do lado da oposição, tampouco há oposição. Como consolação, repetem-se os mesmos rituais e frases feitas, tão duras na forma quanto mais ineficazes no efeito, como se nada fosse preciso mudar (...)».
Eu talvez pudesse escrever que, estando muito tempo em Bruxelas e Estrasburgo, Rui Tavares estaria a precisar que lhe ofereçam uns binóculos de longuíssimo alcance para descobrir que há realmente oposição que faz oposição, e activa, e enérgica, e persistente, e sacrificada, à desgraçada política do governo. Mas não quero melindrar Rui Tavares.
Por isso, prefiro recomendar-lhe que pondere se a importante e intensa movimentação social (múltiplas manifestações, uma greve geral, diversificadas acções de protesto) terá caído do céu aos trambolhões ou terá sido de geração espontânea.
Prefiro que, visitando os sites dos partidos à esquerda do PS e não se guiando apenas pelos media, se informe sobre a sua actividade, iniciativas, discursos, os materiais de propaganda,  intervenção parlamentar, etc, etc.
Prefiro também recordar-lhe que a mim jamais me passaria pela cabeça dizer, a respeito dos deputados do PCP e do BE  (e sobretudo de um que, em célebre transferência, se acolheu na bancada dos Verdes) no Parlamento Europeu, que «como consolação, repetem os mesmos rituais e frases feitas, tão duras na forma quanto mais ineficazes no efeito, como se nada fosse preciso mudar».
Mais importante que tudo é porém dizer a Rui Tavares que milhares de portugueses de esquerda, a começar por mim ,aguardam ansiosa, sobressaltada e esperançosamente que, do alto da sua cátedra em Bruxelas, quem sabe se com a ajuda da criatividade do bendito Cohn-, nos ofereça a cartada ou poção mágicas para  que a oposição real em Portugal possa superar as minúsculas dificuldades com que se defronta, designadamente essa coisa de nada que é a existência de uma maioria absoluta da direita, ainda por cima confortada com as violentas abstenções ou votos a favor do PS.

08 abril 2012

Voltando sempre a

Ute Lemper



 
Ne Me Quitte Pas





Alabama Song de K. Weill e B. Brecht

Não Zorrro, apenas Zorrinho

 como era de esperar, daqui
(vergonha para eles) nada se pode esperar



A foto de Passos Coelho nesta capa do DN tem que ver com outro assunto mas também não está mal assim. Parece entretanto que, fazendo de todos nós parvos, o PS apresentará na mesma altura um Projecto de Resolução, certamente com a tónica no crescimento económico e no emprego, mas na verdade sem qualquer eficácia jurídica e consequências práticas. Ou seja, na quinta-feira na discussão e na sexta na votação o PS estará inteiramente ao lado do vinagre puro mas fará um apelo para que vinagre e azeite pela primeira vez na história se misturem.


Volto a repetir


É já na próxima quinta-feira, dia 12, que se discutem na AR os novos tratados europeus mas também propostas de reeferendo do PCP, do BE e de «Os Verdes».

As palavras e os actos

Como eles trabalham para a
«sustentabilidade» da segurança social




No Público de hoje, num interessante
trabalho de João Ramos de Almeida

Para o seu domingo

Ry Cooder e Devendra Banhart




 
Chinito, Chinito

I Feel Just Like a Child

A velha Espanha


Teatro perde o nome
de Rafael Alberti




«Es como si a Rafael Alberti, después de muerto, se le sometiera a un nuevo exilio. La noticia ha caído como un mazazo en el mundo de la cultura. Mucho más difícil de calibrar es cómo habrá caído en el mundo de la política, y precisamente ha sido desde ese universo de donde ha salido la decisión de quitar el nombre de Rafael Alberti, al teatro de de Huércal-Overa, porque Domingo Férnandez, el alcalde del PP de esa localidad almeriense, cree que el poeta Rafael Alberti “no vende” y el pleno del Ayuntamiento decidió la semana pasada retirar del teatro municipal el nombre del más grande poeta de la generación del 27, junto con Federico García Lorca.
El 15 de enero de 1996 el entonces presidente de Gobierno, José María Aznar, visitó en Ora marina, la casa de Rafael Alberti en El Puerto de Santa María, al poeta al que calificó como “uno de los más brillantes poetas de España”. Aznar también dijo “ha sido un día muy feliz, un grandísimo honor para mí", algo que afirmó tras permanecer con Alberti 40 minutos, acompañado por el candidato popular a la presidencia de la Junta de Andalucía, Javier Arenas, y por la alcaldesa de Cádiz, Teófila Martínez

(...)
La moda de diversos gobiernos locales del PP de cambiar el nombre a calles con nombres como Pablo Iglesias, Pablo Neruda, Enrique Tierno Galván, Dolores Ibarruri o Pilar Bardem, parece ser que ha llegado a los teatros, espacio para consumo cultural.»

(aqui no El País)