27 dezembro 2024

A propósito das percepções

A escolha das palavras

António Guerreiro no «Público»

«Livro de Recitações

Percepção de insegurança”
Expressão que passou a circular com grande frequência no espaço público, com origem no Governo.
Era preciso não deixar o “fenómeno” por conta de uma construção imaginária e dar-lhe um forte teor de realidade. Esta operação linguística, que teve certamente uma razão intuitiva, mostra o quanto a política é sempre uma questão de linguagem.
Quem introduziu, a propósito da questão da insegurança, o termo “percepçãotinha à sua disposição pelo menos outras duas palavras que nomeiam com maior rigor o que se passa: as palavras “sensação” e “impressão”. Se o autor desta fábula escolheu a palavra “percepção” foi porque as outras duas acentuavam demasiado a dimensão subjectiva. A percepção é mais objectiva e racional que a sensação, e ainda muito mais que a impressão.
Sabemos isso desde Aristóteles, desde que ele definiu o homem como um “animal político”, isto é, dotada da razão própria das palavras.»

26 dezembro 2024

Desenfreado belicismo

Eles estão loucos mas
quem pagaria seriamos nós




Helena Pereira no «Público»

(...) «
O Presidente eleito (Trump) pediu que todos os Estados aumentem a contribuição para 3%, sendo que na última sexta-feira o Financial Times noticiava que iria exigir afinal 5%. Mark Rutte, ainda antes Mda participação de Trump em reuniões da NATO como Presidente dos EUA, já declarou imprescindível o aumento de despesas para 3% e começou a fazer uma autêntica campanha na opinião pública para isso, instando os cidadãos europeus a “aceitarem fazer sacrifícios”, como cortes nas suas pensões ou na saúde.(...)»

Miguel Sousa Tavares no «Expresso»

«Mas, entretanto, o gelo do Ártico continua a derreter e o planeta continua a aquecer. Os ucranianos continuam a morrer no campo de batalha e o seu país a ser destruído, mas não há pressa alguma em alcançar a paz porque são eles que morrem e depois a reconstrução da Ucrânia será um excelente negócio para algumas empresas ocidentais, financiado com o dinheiro russo depositado nos bancos ocidentais e entretanto confiscado por decisão informal de um tribunal ad hoc da NATO e União Europeia — como antes aconteceu com a Sérvia, destruída pelos bombardeamentos da NATO, reconstruí­da por empresas americanas. Mas, atenção, porque agora, de crescendo em crescendo, já não basta enviar armas para a Ucrânia “por quanto tempo quanto necessário”: agora somos nós também que temos de entrar “em mentalidade de guerra”. Cortar na saúde, nas pensões, nos direitos sociais, começar a desmantelar o nosso querido modelo social europeu, porque — só não vê quem não quer ver — tudo isto é igual à situação em 1939. Sem tirar nem pôr, com a única diferença de que agora os judeus estão por cima e só praticam o bem e os nazis são os russos. E, com o medo induzido convictamente pelos grandes líderes que temos e alimentado por uma imprensa dócil e alinhada como nunca antes, preparamo-nos para nos curvar perante o génio do mal da Casa Branca. O homem que olha para os estudos sobre o clima, para as imagens do gelo a derreter no Ártico e na Gronelândia e resume tudo a três palavras: “drill, baby drill!”. Nós, tugas, vamos desde já investir em mais dois submarinos para combater os russos (se os marinheiros quiserem embarcar, não se tratando de exercícios), e, apesar da falta de pilotos, vamos investir 5000 milhões em F-35, o último grito dos céus. Mas isso não é nada comparado com o que nos vão exigir: 3%, 3,5%, 5% de toda a riqueza que produzimos neste país a trabalhar, a investir, a pensar no futuro. Mas qual futuro? É a guerra, estúpido! O futuro é investir em acções das empresas de armamento.».



Um paÍS cor-de-rosa

Agora é só comparar
com a mensagem de Natal
de Montenegro



24 dezembro 2024

Um grande progressista norte-americano

Neste Natal a voz
 de Paul Robe
son

Um pré-Presidente muito temente a Deus

Trump celebra o Natal

Trump quer mais
 penas 
de morte
aplicadas n
os EUA 

(CM)




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video com entrevista em francês (sorry)
 a Ilan Pappé, um historiador
israelita anti-sionista 
aqui 




Natal na Palestina ocupada

23 dezembro 2024

Alteração da Lei de Bases da Saúde

840
«Exclusão de estrangeiros no SNS:
840 profissionais de saúde ameaçam
com desobediência civil»

Médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, técnicos de diagnóstico e terapêutica e outros profissionais, num total de 840 profissionais de saúde, subscreveram uma carta aberta contra a exclusão de cidadãos estrangeiros do SNS. Contestam a alteração à Lei de Bases da Saúde, aprovada no final da semana passada no Parlamento, que limita o acesso de migrantes em situação irregular aos cuidados de saúde públicos.

“Esta medida viola a Constituição, a legislação europeia e o código deontológico médico. Agravará desigualdades, prejudicará populações vulneráveis e irá comprometer a saúde pública. Continuaremos a garantir cuidados a todas as pessoas, sem discriminação”, avisam na carta, que está disponível para quem a quiser subscrever online.

Dizem ter sido com “profunda preocupação e perplexidade” que tomaram conhecimento da alteração da Lei de Bases da Saúde”, considerando que tal alteração vai “privar um segmento importante da população residente em território nacional do direito à protecção da saúde”- (Público)

22 dezembro 2024

Não há palavras que cheguem

O terrível
sofrimento da Palestina
Alexandra Lucas Coelho,
sempre ela!, no «Pú
blico» de 28/12


(...) «Tudo isto já estava documentado, e Mordechai compila muitos exemplos. Mas talvez a parte mais singular do relatório, pelo próprio facto de ser israelita e falar hebraico, seja o que ele expõe sobre Israel, o ponto a que chegou a desumanização dos palestinianos. E eis a chave, diz Mordechai: a desumanização dos palestinianos é o que permite este horror. Resumo: a grande maioria dos israelitas que não quer saber a verdade (as muitas verdades além da propaganda); que nas sondagens acha bem limpar os palestinianos de Gaza; que é contra a entrada de ajuda (e em muitos casos a trava, incendeia); que acima de todas as instituições aprova as Forças Armadas de Israel, acredita que são as mais morais do mundo. Até porque essas forças são ela mesma, a grande maioria dos israelitas, pais e filhos, mães e filhas. Um exército de tiro ao pato, onde é possível matar palestinianos por tédio ou por um post, onde cada um no terreno pode fazer o que lhe dá na telha, como testemunham soldados e oficiais que estiveram em Gaza. Não são excepções, são padrões. Militares que fazem de qualquer civil um terrorista, incluindo crianças e bebés. Que agem como se Gaza fosse um videojogo, planeiam alvos por Inteligência Artificial, dedicam execuções e explosões às namoradas (e namorados). Que fazem dos palestinianos cães. Que filmam e postam o cadáver de um palestiniano a ser comido por um cão, seguido do lindo pôr-do-sol de Gaza. Que filmam e postam palestinianos passados a ferro por veículos militares, palestinianos despidos, atados, vendados, aos montes. Que recitam a Torah e a cada compasso disparam um morteiro. Que grafitam as paredes, incluindo das mesquitas, com insultos ao Islão e símbolos judaicos (fotografei em Jenin). Que posam no Tinder com fardas, armas, troféus da guerra, porque exterminar palestinianos é sexy. Que se postam com a lingerie das palestinianas, nas casas que arruínam. Enquanto a televisão israelita pode, por exemplo, promover um vídeo genocida em que crianças israelitas, com imagens de destruição em fundo, cantam sobre como Gaza será arrasada e em breve Israel vai cultivar os campos lá. Aliás, uma das últimas actualizações de Mordechai diz respeito à limpeza étnica do norte de Gaza, nestas últimas semanas de 2024, depois de uma líder dos colonos ter ido a Gaza, escoltada pelos soldados, para inspeccionar os futuros domínios das 500 famílias israelitas que ela diz que já estão prontas a mudar.(...)»

JAZZ PARA O SEU DOMINGO

 Branford Marsalis
Quartet



21 dezembro 2024

Porque hoje é sábado ( )

 Alynda Segarra

Em defesa dos chulos

No Tribunal Constitucional
parece haver seis juízes
cavernícolas

«O Tribunal Constitucional recusou legalizar o proxenetismo, mas os juízes do Palácio Ratton dividiram-se ao meio, com metade a defenderem que é legítimo lucrar com a actividade sexual alheia. O desempate teve de ser feito pelo presidente do tribunal, José João Abrantes.

Para este e outros seis conselheiros, os riscos inerentes à prática da prostituição, em particular a captura destes profissionais por redes de tráfico de seres humanos, justificam que o lenocínio continue a ser punível com cadeia. Mas os restantes seis juízes que compõem o plenário do Palácio Ratton pensam exactamente o contrário, com um deles a defender mesmo que a proibição do proxenetismo reduz as condições de segurança do exercício desta actividade.» (Público)