07 janeiro 2022

Declaração para a acta

As televisões contra
a liberdade de julgamento
dos eleitores

Se há ideia essencial e basilar sobre uma campanha eleitoral então deve ser a de que nela é da máxima importância assegurar o livre e autónomo julgamento dos eleitores sobre as ideias e propostas expostas pelas forças concorrentes. Ora é precisamente isso  que é posto em causa quando as televisões decidem encostar aos debates entre os líderes partidários largos e copiosos espaços de comentário. Dir-se ia que as televisões temem esse perigo que seria os cidadãos serem capazes de pensarem pelas suas próprias cabeças e formarem a sua opinião sem a ajuda da pressionante opinião dos comentadores convidados.

Eu sei que isto é pregar no deserto mas aqui fica a modos de declaração para a acta destas eleições.

29 dezembro 2021

Até o Supremo meu Deus !

 Uma sentença memorável

«O acórdão do STJ, que segundo o jornal diário dividiu os juízes conselheiros, pode deitar por terra as esperanças de dezenas de investidores particulares. Em causa a inversão do ónus da prova, uma vez que passam a ser os antigos clientes a ter de “provar que a prestação de informação devida” os “levaria a não tomar a decisão de investir”. Isto quando, adianta o jornal, até agora, a presunção da ligação entre a burla e a perda do capital tinha sido, em vários processos que chegaram ao STJ, tinha sido suficiente para dar razão aos clientes.»

Infelizmente parece que o STJ não se deu ao trabalho de explicar aos lesados como é que eles provam um seu pensamento, isto é que, se tivessem tido a informação devida, não teriam investido naqueles produtos financeiros.

Escreve-se isto mas não se ignora que boa parte dos lesados do BPN certamente reparou que estava a receber juros muito superiores aos dos normais depósitos a prazo.


24 dezembro 2021

Não dá ponto sem nó

 Um Presidente
 muito atrevido

Apesar de ser véspera de Natal  não posso deixar de notar que um Presidente da República não tem nada que pedir maiorias em eleições legislativas. A única coisa que, sobre as eleições, pode dizer é que deseja que os portugueses votem de acordo com as suas convicções.

23 dezembro 2021

E mais não digo

 Algo não está bem 


O vice-almirante Gouveia e Melo, quando deu esta entrevista onde até admite envolver-se na «criação de um movimento cívico», já sabia que ia ser nomeado Chefe do Estado Maior da Armada e manifestamente não levou em linha de conta as limitações inerentes a esse cargo. Porque a verdade é que as entrevistas do vice-Almirante, que já deixou a task force da vacinação, são muito pouco apropriadas para um oficial que está no activo. Bem vistas as coisas talvez só nos reste o descanso de calcularmos que, com a sua tomada de posse como Chefe do Estado Maior da Armada, termine este tipo de entrevistas.

Sem novidade

 Já se sabia :
eles detestam alternativas
 e só gostam de alternâncias

22 dezembro 2021

Muito bem !

 Manuel Loff 
sobre os idosos


«Este país não é para jovens mas, como no título do filme, também não é para velhos. A poucas semanas de votar, paremos para avaliar a qualidade de vida de quem envelhece em Portugal. Dos 2,3 milhões de idosos, mais de 1,1 milhões de reformados da Segurança Social (58% do total) ganhavam em 2017 uma pensão inferior a 264 euros, e pouco se progrediu nos últimos anos. Outros 243 mil (12,5%) ganhavam menos de 632 euros, isto é, abaixo do salário mínimo. Dos que descontaram para a Caixa Geral de Aposentações, outros 100 mil (21%) ganhavam em 2018 menos de 500 euros. A enorme maioria dos idosos deste país dispõe de um rendimento tão baixo que ou vive na pobreza, ou na dependência. É-lhes muito difícil assegurar decentemente a sua saúde, enfrentar a doença e ser devidamente atendido por um SNS que, justamente na saúde primária dos mais velhos, mostrou a sua fragilidade desde o início da pandemia. Para muitos dos que vivem em casas arrendadas em zonas urbanas sujeitas à pressão imobiliária, a “lei Cristas”, apesar de ligeiramente revista, continua a constituir uma ameaça. Um grande número faz parte dos 19% dos portugueses que, segundo o Eurostat, não têm recursos para aquecer devidamente a sua casa. (...)
Quando votarmos a 30 de janeiro, lembremo-nos da vida real das pessoas, dos seus problemas concretos, num país cujos governos continuam a fingir não ver nada disto, ou a pretender que a pobreza e a emigração são males inevitáveis que sempre cá estiveram. Dar a volta a isto é possível; ainda agora os chilenos o demonstraram! Quase meio século de democracia não pode continuar a arrastar este reiterado incumprimento do dever de redistribuir a riqueza e de assegurar a todos, sem exceção, um nível de vida e uma imaginação confiante do nosso futuro.» (Manuel Loff no «Público» de hoje)