Para além de Odemira
“O novo Alentejo irrigado pelo Alqueva”, escrevia Filipe Nunes em 2014, “parece cada vez mais um regresso ao velho Alentejo: o latifundiário, senhor dos olivais intensivos, e o trabalhador rural, imigrante precário e nas malhas da escravatura moderna” ("Escravatura nos campos do sul”, mapa. Jornal de informação crítica, 26.2.2014). Incluído o regresso da praça da jorna: “O trabalho é, em primeiro lugar, a contratação, de manhã entre 6 e as 8 horas, na praça de El Ejido”, um município andaluz que é o arquétipo deste modelo de produção. “Os trabalhadores agrícolas esperam, em grupos, sobre os passeios e sobre a linha da calçada, sobre o lancil. Automóveis de empresários que chegam, pick-ups, Land-Rovers. (...) O patrão vem, escolhe, leva uma pessoa e, se gosta, volta a chamá-la no dia seguinte...” E, claro, “a submissão ao empregador, a aceitação silenciosa e total da exploração económica são imperativos se se quer obter uma regularização” (Victor Á. Lluch, Le Monde Diplomatique, março 2000).»~
. Manuel Loff no «Público» de hoje