07 dezembro 2020

Sem isso provavelmente não teria chegado lá

 20 anos, semana a 
semana, na televisão

Coerência precisa-se

 Em que ficamos ?

Só uma pergunta: mas não foi Ana Gomes que na apresentação da sua candidatura e em entrevistas seguintes faz um «balanço positivo» do  mandato de Marcelo Rebelo de Sousa ?

06 dezembro 2020

O mau leilão de bens públicos

Quando os arquivos falam


E, de repente, num domingo sombrio, deu-me para fazer uma viagem aos arquivos à procura de outra coisa e saltou-me este artigo de há 16 anos sobre a privatização da GALP. É certo que agora já não há muito para privatizar mas talvez não faça mal lembrar uma pequena parte de uma grande história criminosa de assalto aos bens públicos.

Roubo - uma palavra com cinco letras

«A direcção do Independente, que não é certamente suspeita de ser inimiga das privatizações, até resolveu dar honras de chamada de primeira página ao assunto, mas o que se seguiu foi um silêncio sepulcral que talvez fale exuberantemente sobre as acomodações existentes e os interesses instalados.
Essa chamada de primeira página informava que «Citigroup e Finantia avaliaram há um ano a área do petróleo da Galp em 3,7 e 3,3 mil milhões de euros» e que «o negócio fez-se por 2,1 mil milhões».
Por sua vez, a respectiva notícia, inserida no caderno «Economia» daquele semanário, arrancava com a afirmação peremptória de que «o Estado perdeu pelo menos 650 milhões de euros ao vender os 40,79% do capital da Galp à Petrocer por um valor cerca de 50% abaixo das avaliações realizadas pelo banco Finantia e pelo Citigroup, as duas instituições a que a Galp encomendou há um ano relatórios de avaliação». A notícia explicava de seguida que o negócio acabou por se fazer na base do valor de 2,1 mil milhões de euros indicado como preço de referência pelo «adviser» técnico-financeiro do Governo, a Goldman Sachs e esclarecia ainda que este valor era muito inferior ao valor mínimo apontado quer pelo Finantia (2,7 mil milhões) quer pelo Citigroup (2,9). Para já não falar dos valores máximos apontados por aquelas empresas (4 mil milhões e 4,7 mil milhões).
Já calculamos que sobre isto alguns dirão que o mais provável é que esta notícia seja inspirada pela ciumeira de algum grupo concorrente à privatização da Galp que tenha sido preterido, que a avaliação de empresas e ramos de negócio não é uma ciência exacta e que o preço era apenas um dos 13 critérios fixados para a análise comparativa das propostas.
A tudo isso só diremos «pois, pois», acrescentando que todos os ignominiosos antecedentes dos processos de privatização em geral e da Galp em particular (em que têm estado entusiasticamente envolvidos tanto Governos do PS como do PSD) legitimam perfeitamente a fundada suspeita de que alguém fez o Estado e o interesse público perderem pelo menos 130 milhões de contos e que alguém os fez entrar ilegitimamente no património de grupos privados.
E se, em vez de 130 milhões, fossem apenas 10 milhões de contos, seria ainda com as mesmas cinco letras – as que compõem a palavra «roubo» – que descreveríamos este «negócio» que nunca levará ninguém à cadeia e, daqui por três anos de nojo legal, bem poderá levar algum ministro ao conselho de administração do grupo privado que comprou a posição do Estado na Galp.»
in «Avante!» de 4.11.2004

Um estudo de Eugénio Rosa

 Dados que falam
 como um livro aberto


(clicar para aumentar)
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05 dezembro 2020

Dever de memória

 Pois, pois, mas certas
companhias não abonavam nada


No lado direito da fotografia, ao lado de Sá Carneiro, está Ramiro Moreira, destacado operacional da rede bombista e dos seus homicidios. Também há uma foto de Freitas do Amaral a ser conduzido num automóvel por José Esteves, outro destacado operacional de uma organização terrorista chamada CODECO. O artigo de São José Almeida não nos lembra o (mal) chamado «Golpe Palma Carlos» (julho de 1974 ) de que Sá Carneiro foi participante activo e que visava, primeiro que tudo, eleger Spínola Presidente da República, liquidar o MFA, adiar as eleições para a Assembleia Constituinte e instituir um regime presidencialista muito musculado. 

Porque hoje é sábado ( )

 

Phoebe Bridgers


04 dezembro 2020

Sá Carneiro e Soares Carneiro

 A minha recordação
 de há 40 anos

Sá Carneiro ao lado do candidato presidencial da AD por si escolhido, nem mais nem menos que o General Soares Carneiro, como muitos de lembrarão um democrata de fina cepa que, apesar da transmissão em directo pela RTP (presidida por Proença de Carvalho) durante horas do dia de reflexão do funeral de Sá Carneiro viria a ser derrotado logo na 1ª volta das presidenciais de 7 de Dezembro de 1980 pelo general Ramalho Eanes com uma contribuição determinante da indicação de voto do PCP. E sem o apoio de Mário Soares.

01 dezembro 2020

Há espíritos muito retorcidos

 Olhe que não, 
olhe que não


«(...) Se o país resistir ao pós-pandemia e a esquerda ganhar em 2023, o PCP pode ser premiado pela fidelidade ao PS – e assim continuar a exibir ao mundo o incrível milagre da sua existência. »                            

(...) Claro que Jerónimo de Sousa não o disse assim, de forma tão explícita, até porque o PCP adora ver-se a si próprio como –são palavras suas – “força de oposição”. Mas disse-o de forma implícita ao declarar que o PCP “não faltará, como nunca faltou, a nenhuma solução que dê resposta aos problemas, não desperdiçará nenhuma oportunidade para garantir direitos e melhores condições de vida”.

Feitas estas generosas citações de João Miguel Tavares hoje no «Público», e deixando de lado as insolências do autor, é tempo de salientar:

1.  J.M.T. jamais terá inteligência e a seriedade intelectual para ser capaz de perceber  que não só há mais vida para além do Orçamento como que é possível um partido que se absteve mover oposição a orientações e medidas fora do Orçamento e até a medidas que ficaram no Orçamento. 
        
2. J.M.T. fala de «fidelidade» do PCP ao PS mas, talvez consequência do seu status socio-económico, é incapaz  de perceber que a única fidelidade do PCP é a todas as centenas de milhar de portugueses que, por  exemplo, vão beneficiar das medidas constantes do Orçamento graças às propostas do PCP.

3. A citação que J.M.T. faz de Jerónimo de Sousa não autoriza (até pode desmentir) a conclusão que o escriba levou a titulo do seu artigo. Com efeito, até parece que para acautelar as ridiculas inferências de J.M.T,. Jerónimo de Sousa devia ter antes declarado que o PCP «“ faltará, como sempre devia ter faltado, a soluções   que dêem resposta aos problemas, e desprezará todas as oportunidades para garantir direitos e melhores condições de vida».

4. J.M.T talvez ainda vá a tempo de perceber que o PCP diz o que faz e faz o que diz. Nem mais nem menos.