Uma carta que
estava a fazer falta
Um grupo de 22 católicos escreveu uma "carta aberta" ao Patriarca de Lisboa e ao Bispo de Aveiro, a manifestar o desagrado pelo facto de terem dado o nome ao movimento que se opõe à obrigatoriedade das aulas da cidadania. Na missiva, estes cidadãos dizem sentir-se envergonhados e dececionados.
Na carta enviada ao Cardeal D. Manuel Clemente e ao bispo de Aveiro, os signatários começam por dizer que o apoio ao manifesto Em defesa das Liberdades de Educação "envergonhou-os enquanto cidadãos, cristãos e católicos". Consideram que "é uma desastrada forma de intervenção cívica". Defendem que o que está em causa são questões relativas à igualdade de género e não à ideologia de género.
Acrescentam que a associação dos dois bispos ao manifesto "foi desnecessária e política e pastoralmente irresponsável" e é um sinal da "preocupante aproximação entre a Igreja e forças políticas".
Entre os signatários, estão elementos de movimentos católicos, professores universitários, economistas, advogado e jornalistas. Nuno Franco Caiado é o subscritor número 1. "Parecem posições que vêm de um passado distante, não compreendo a realidade dos dias de hoje. Não nos revemos nestas posições".
Maria João Sande Lemos, do Movimento Nós Somos Igreja diz que assina como cidadã. "Imagine se agora disséssemos os nossos filhos, os nossos netos não podem aprender nada na escola que se refira à PIDE. Vamos fazer objeção de consciência contra a PIDE, não pode ser. Não é?"
A carta foi enviada sexta-feira à tarde e Nuno Franco Caiado diz que o patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, já respondeu: "Mantém integralmente a posição assumida, o que nos parece alguma falta de diálogo e que não entendeu a nossa posição".
Na carta enviada também à Nunciatura Apostólica e à Conferência Episcopal Portuguesa os signatários afirmam que a "cidadania não é uma opção mas um direito e um dever de todos".