Se não estou já totalmente parvo, este artigo-carta de Paula Teixeira da Cruz no «Público» de hoje é dirigido(a) a Rui Rio, Presidente do PSD. Acontece que o jornal ilustrou-o com uma fotografia (similar à que está aí à esquerda) do PR Marcelo Rebelo de Sousa no último 10 de Junho. Terá sido obviamente um daqueles lapsos que ocorrem na profissão de jornalista. Mas se não fosse, convenhamos que era uma boa piada, já que MRS se assumiu há pouco tempo como sofredor das dores do PSD e seu "substituto" para o que der e vier.
Embora infelizmente esperada mas nem por isso menos dolorosa e brutal, chega a notícia da morte de Ruben de Carvalho. E, neste momento, tenho diante de mim a maior das dificuldades em encontrar as palavras e ideias adequadas a respeito deste amigo e camarada que deixa as nossas vidas, a nossa luta e os nossos sonhos. Porque se trata de um grande amigo e de um marcante camarada desde há cerca de 50 anos, com quem tanto aprendi, com quem travei tantos e tantos momentos de reflexão e discussão, tantas batalhas contra o fascismo, na revolução de Abril e nos complexos e desafiantes tempos posteriores. Recordo de imediato, a propósito de Rúben de Carvalho a sua participação nas lutas estudantis do inicio dos anos 60, o tempo em que ele e eu éramos o aparelho clandestino de imprensa e propaganda da CDE de Lisboa (71-74), o seu qualificado percurso de jornalista ( «O Século»,« Vida Mundia» e «Avante!»), a sua vasta e irrequieta cultura, o seu papel no desenvolvimento do «Avante1» legal. Recordo também o seu papel na fisionomia musical (e não só) da Festa do Avante, o seu especial conhecimento da história dos EUA e do seu movimento operário, a sua qualidade de especialista no fado, a sua dimensão de organizador ou colaborador destacado de projectos especiais como as 25 Canções de Abril, a Lisboa 94, o Festival dos Portos, as Festas de Lisboa e a Telefonia de Lisboa, a sua dimensão de intelectual comunista que, sem os preconceitos que se sabe, teria obtido um ainda em vida um maior reconhecimento público. E, ponto importante lembrar também que Ruben não era um mero globetrotter da cultura pois em tudo havia a marca ou a inspiração dos seus compromissos, cívicos, políticos e ideológicos. Enfim, tudo isto e muito mais seria pouco para honrar com justiça a memória do Ruben que partiu e me (nos) vai fazer falta. Abraço apertado para a Madalena Santos.
E neste momento de tristeza, decido deixar aqui três marcas, entre tantas outras de natureza cultural e política, que o Rúben nos deixou :
- um é o cartaz da CDE de 1973 (que, sob descabeladas ameaças do Governo Civil, não chegou a ser afixado) que Ruben concebeu com Ary dos Santos e José Araújo: :
- outra é, num quadro de trabalho
colectivo, a sua destacada contribuição para a criação da «Carvalhesa»
- e, finalmente, outra, o Manifesto, que ele inspiradamente redigiu, do XIII Congresso (Extraordinário) do PCP e que, 29 anos depois, ainda
Três toques: 1.Os portugueses lutaram pela liberdade, não apenas em 1974 mas também nos 47 anos precedentes. 2. E sim, lutaram pela democracia em 1975 mas certamente não pela democracia ansiada por JMT. 3. Não de grande bom gosto nem proporcionado misturar a luta pela liberdade e a democracia com a integração europeia e a moeda única. e depois há as aspas para ver se disfarçam o populismo
"Há o “eles” – os políticos, as instituições, as várias autoridades, muitas das quais (receio bem) se encontram hoje aqui presentes. E há o “nós” – eu, a minha família, os meus colegas, os meus amigos. Entre o “nós” e o “eles” há uma distância atlântica, com raríssimas pontes pelo meio.“Eles” não têm nada a ver connosco. “Nós” não temos nada a ver com eles."
" Ministro da Justiça afirma que os procuradores foram vítimas de uma invasão criminosa e que não pode assegurar que os diálogos sejam verdadeiros." (O Globo)
Sempre de cabeça levantada face a uma campanha suja !
No «Governo Sombra» ontem transmitido na TVI 24, o poeta Pedro Mexia (perante o silêncio complacente de Ricardo Araújo Pereira) voltou a referir de forma velada, a propósito do PCP, o caso de uma contratação feita pela Câmara de Loures e que aliás deu origem a uma campanha de difamação que procurou pôr em causa indiscutível património de honestidade do PCP.
Lembramos ao estimado público que este senhor é Presidente do partido que, num governo já em meras funções de gestão, privatizou a totalidade da TAP (decisão depois insuficientemente revertida para metade pelo governo PS)
Honre-se a memória e o sacrifício dos que combateram na Normandia mas não se reescreva a história Público, hoje
DN, há cinco anos
«É certo que naquela data sete milhões de soldados soviéticos já tinham morrido e que só na decisiva batalha de Kursk ( que, com a de Stalinegrado, é que mudou o curso da guerra) o Exército Vermelho perdeu 178 mil homens enquanto o desembarque na Normandia custou 30 mil vidas às forças aliadas ocidentais. Mas isso não pode apagar a homenagem devida à coragem e heroismo dos que desembarcaram nas praias na Normandia em 6 de Junho de 1944 numa operação militar de extraordinária complexidade. E, por um momento, guardemos um particular respeito por aqueles que embarcaram para o combate depois de ouvirem um seu comandante lhes dizer na parada, em «táctica de choque» como relata Anthony Beevor na página 49 de«El Día D - La Batalla de Normandía»: «Olhem à vossa direita e à vossa esquerda. Só um de vós continuará vivo depois da primeira semana na Normandia». Ocasião também para lembrar os 2o mil civis franceses vítimas dos bombardeamentos aliados (é o lado feio de todas as epopeias) e para não deixar que fique na sombra a útil e sacrificada contribuição (que não pode ser medida em termos estritamente operacionais) que a Resistência francesa deu para o êxito desta operação, com destaque naquela região para os FTP (Franc-Tireurs Partisans). » - otempodascerejas,6.6.2014