Alice Zawadzki
25 janeiro 2016
24 janeiro 2016
À primeira volta
A vitória do
«entertainer» político
O título deste post é obviamente simplificador mas com ele o que pretendo significar é que, no resultado de Marcelo Rebelo de Sousa (maioria absoluta por uma margem de 90 mil votos), o que mais pesa, sobretudo em relação aos 14 pontos que terá conseguido acima da votação do PAF em 4/10) não pertence ao território da política (ou, pelo menos, como a temos concebido) mas sim ao território de uma incomparável notoriedade, de uma longuíssima exposição mediática, da simpatia pessoal e da prolongada visita dominical aos lares dos portugueses a que há que acrescentar a ajuda da construída maquilhagem e opacidade políticas do candidato durante a campanha. Antes não o poderia escrever mas agora nada obsta a que insista na ideia de que, sendo uma parte decisiva das intenções de voto em MRS pertencente a este último território da não-política, todos os justos argumentos e críticas feitas por outros candidatos a MRS pertenciam a um mundo diferente e não podiam ter um efeito significativo ou decisivo do ponto de vista da necessária erosão das intenções de voto em Marcelo. Eram territórios ou mundos diferentes praticamente impermeabilizados a efeitos de um sobre o outro.
Porque muitos eleitores infelizmente o não compreenderam e há o perigo certo de nas redes sociais e nos media aparecerem cidadãos e comentadores a insistir num grande equívoco, quero salientar que a vitória de MRS à primeira volta nada tem que ver com a diversidade de candidatos à sua esquerda. De um ponto de vista aritmético (atenção, é aquele que conta para haver ou segunda volta) não eram deslocações de votos entre os candidatos à esquerda de Marcelo que mudavam ou alteravam as intenções maioritárias de voto em Marcelo. Todos os votos desses candidatos não iam para Marcelo e, portanto, todos contribuiam numericamente para o forçar a uma segunda volta. Para que este objectivo fosse alcançado era indispensável sim que intenções de voto fixadas em MRS se deslocassem para outros candidatos.(ver P.S.2)
Quero sinceramente saudar Edgar Silva, porventura o mais injustiçado dos candidatos, (e todos os que ergueram a sua combativa e corajosa campanha) e manifestar um imenso apreço pelas suas qualidades de humanismo e poderoso compromisso com os ideais de Abril manifestados numa batalha extraordináriamente díficil onde o preconceito médiático anticomunista voltou a exibir-se e cujo resultado, a meu ver, foi muito provavelmente afectado pelo facto de um segmento do eleitorado da CDU ter preferido usar o seu voto para resolver a competição entre Sampaio da Nóvoa e Maria de Belém.
A vida e a luta continuam, amanhã é outro dia e há muitas outras batalhas para travar. De ciência certa, lá estaremos.
P.S. 1.: apesar de este ser um post sintético, seria absurdo não referir o excelente resultado de Marisa Matias e o impressionante afundamento da candidatura de Maria de Belém.
P.S. 2 (aditado hoje): próximo deste equívoco está a ideia hoje exposta na crónica de Rui Tavares no Público de que o que fez falta foi um candidato único da «esquerda» na 1ª volta. Infelizmente, Rui Tavares não se dá ao trabalho de nos explicar quem seria esse candidato capaz de ser agregador de um campo político com tanta diversidade de posicionamentos nem se, porventura, julga absurdamente que seria possível uma disciplina de voto à primeira volta semelhante à que, em estado de necessidade, foi possível em 1986.
P.S. 3: fantástico o espanto e hipervalorização que por aí vai com os 3,3% do «Tino de Rans». Pelos vistos, já ninguém se lembra que há cinco anos o indescritível José Manuel Coelho obteve 4,5% dos votos.
P.S. 2 (aditado hoje): próximo deste equívoco está a ideia hoje exposta na crónica de Rui Tavares no Público de que o que fez falta foi um candidato único da «esquerda» na 1ª volta. Infelizmente, Rui Tavares não se dá ao trabalho de nos explicar quem seria esse candidato capaz de ser agregador de um campo político com tanta diversidade de posicionamentos nem se, porventura, julga absurdamente que seria possível uma disciplina de voto à primeira volta semelhante à que, em estado de necessidade, foi possível em 1986.
P.S. 3: fantástico o espanto e hipervalorização que por aí vai com os 3,3% do «Tino de Rans». Pelos vistos, já ninguém se lembra que há cinco anos o indescritível José Manuel Coelho obteve 4,5% dos votos.
23 janeiro 2016
Sem falta !
Um voto que ajuda sempre
a derrotar o apoiante do PSD e CDS
(que agora retribuem) e que melhor
a derrotar o apoiante do PSD e CDS
(que agora retribuem) e que melhor
afirma os valores de esquerda
não tem nada que enganar ou hesitar:
no boletim, é o quarto a contar de cima
no boletim, é o quarto a contar de cima
e nunca se esqueça de ouvir e ver o
que este disse. a três semanas das
últimas legislativas, aos 4.13 minutos :
que este disse. a três semanas das
últimas legislativas, aos 4.13 minutos :
Porque hoje é sábado ( )
Stacey Kent
A sugestão musical deste sábado é dedicada
à cantora norte-americana (residente em Inglaterra) Stacey Kent.
à cantora norte-americana (residente em Inglaterra) Stacey Kent.
22 janeiro 2016
Se perguntar não ofende
Onde está a solidariedade para com o PS português dos social-democratas que também governam diversos países europeus ?
Pergunto mas respondo: no mesmo sítio onde estava, por exemplo, aquando da chantagem e humilhação da Grécia e das anteriores imposições feitas a Portugal !
21 janeiro 2016
J.M. Nobre Correia no «Público» ou ...
... ora muito bem!
Seja qual for o desfecho que a campanha para as eleições presidenciais venha a ter, média e jornalistas deveriam tomá-la como tema de reflexão. Urgentemente. E não só sobre a maneira como cobriram a dita campanha. Sobre as prioridades que deram a tal ou tal outro personagem ou tema. Sobre as formas de tratamento que adotaram para abordá-los. Até porque, no fim de contas, estas e outras interrogações se põem de maneira geral e constante no que diz respeito à maneira como a informação é concebida neste país…
Mas a principal interrogação que as eleições presidenciais propõem é a que diz respeito a Marcelo Rebelo de Sousa. Um personagem nascido e criado na fina-flor do salazarismo, denunciador de comunistas ou simples opositores ao regime, que depois do 25 de Abril se pôs a utilizar os média para intrigar e manobrar. Nas célebres páginas 2 e 3 do Expresso, primeiro. Depois no Semanário e bastante mais tarde na dupla penúltima página do Sol. Paralelamente na TSF e em seguida na TVI, na RTP e de novo na TVI.
(...)
Mimar os jornalistas
Esta impunidade foi fruto de um relacionamento cuidado com o meio jornalístico, sendo Rebelo de Sousa uma fonte privilegiada “off the record” do que se passava em meios de poder que frequentava e em que por vezes assumia funções. Propondo exclusividades em troca de uma imagem positiva dele nos média assim favorecidos. Inventando exclusividades quando se encontrava a seco (Paulo Portas que o diga). Traindo uns e outros (Francisco Pinto Balsemão foi uma das vítimas [1]), segundo as suas necessidades táticas e cataventistas do momento. Mimando os jornalistas de modo a que toda e qualquer declaração sua fosse imediatamente repercutida no média audiovisuais no próprio dia e na imprensa escrita logo no dia seguinte, de preferência com títulos de primeira página : nenhum verdadeiro analista político usufrui algum vez de tais benesses por parte dos média no resto da Europa !…
Como diriam os francófonos : durante mais de quarenta anos, jornalistas e média portugueses serviram a sopa a Rebelo de Sousa. Há pois, ao bom povo português, formado quotidianamente na cultura do futebol e da partidarice, que aceitá-lo, caso venha a ser eleito. É verdade que o vivaço reguila e brincalhão “da Linha” (companheiro de férias de Ricardo Salgado, no iate deste no Mediterrâneo ou na propriedade do mesmo no Brasil, mas presidente também da monárquica Fundação da Casa de Bragança !) será muito provavelmente menos cinzentão e mais hábil do que o atual residente em Belém. Mas a sua eventual eleição deixará um trágico rasto do funcionamento do jornalismo e dos média. E, por conseguinte, uma desoladora imagem da pobre democracia portuguesa…
20 janeiro 2016
Exigências «frescas», como é costume, claro !
Pensamento do «cidadão comum»:
«tanta conversa sobre a saída e
afinal já cá está outra vez !»
«tanta conversa sobre a saída e
afinal já cá está outra vez !»
E, já agora, lembram-se do
famoso relógio do CDS ?
famoso relógio do CDS ?
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