20 dezembro 2013

Trocando por miúdos

"Juro que foi a última
vez antes da próxima"



No Público de hoje a respeito da reunião da Comissão Política do PS (que aprovou por unanimidade o negócio da reforma do IRC) e por referência a António José Seguro : «Os discursos replicavam as declarações do líder no espaço público. Que, horas antes, numa entrevista à Antena Um, afirmou não acreditar em consensos futuros com o primeiro-ministro boutras áreas para além do IRC. Não valia a pena adivinhar um novo ciclo de entendimentos».

A greve de Michigan Copper, nos EUA

Foi há 100 anos e é
só para lembrar quanta luta
e sangue há no caminho percorrido


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1913 MassacreWords and Music by Woody Guthrie
Take a trip with me in 1913,
To Calumet, Michigan, in the copper country. 
I will take you to a place called Italian Hall,
Where the miners are having their big Christmas ball.


I will take you in a door and up a high stairs,
Singing and dancing is heard everywhere,
I will let you shake hands with the people you see,
And watch the kids dance around the big Christmas tree.
You ask about work and you ask about pay,
They'll tell you they make less than a dollar a day,
Working the copper claims, risking their lives,
So it's fun to spend Christmas with children and wives.
There's talking and laughing and songs in the air,
And the spirit of Christmas is there everywhere,
Before you know it you're friends with us all,
And you're dancing around and around in the hall.
Well a little girl sits down by the Christmas tree lights,
To play the piano so you gotta keep quiet,
To hear all this fun you would not realize,
That the copper boss' thug men are milling outside.
The copper boss' thugs stuck their heads in the door,
One of them yelled and he screamed, "there's a fire,"
A lady she hollered, "there's no such a thing.
Keep on with your party, there's no such thing."
A few people rushed and it was only a few,
"It's just the thugs and the scabs fooling you,"
A man grabbed his daughter and carried her down,
But the thugs held the door and he could not get out.
And then others followed, a hundred or more,
But most everybody remained on the floor,
The gun thugs they laughed at their murderous joke,
While the children were smothered on the stairs by the door.
Such a terrible sight I never did see,
We carried our children back up to their tree,
The scabs outside still laughed at their spree,
And the children that died there were seventy-three.
The piano played a slow funeral tune,
And the town was lit up by a cold Christmas moon, 
The parents they cried and the miners they moaned, 
"See what your greed for money has done."



A preto e branco

Descobrindo o fotógrafo
sueco Anders Petersen





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19 dezembro 2013

POR UNANIMIDADE, chumbada «convergência» das pensões

Mais uma enorme derrota
do Governo e da sua política
de assalto à  mão armada



Não alinho em beatificações do Tribunal Constitucional e até já me senti na necessidade de explicar que nem tudo o que é constitucional (ou assim é considerado pelo TC) é necessariamente bom do ponto de vista político e social. Mas não se pode deixar de reconhecer que, resistindo a brutais pressões internas e externas, estes homens e mulheres de toga honram e defendem a democracia portuguesa nesta temível circunstância histórica.

P.S. em 20/12: Porque nem tudo são rosas, o que está escrito em cima não me impede de dizer que sempre achei muito discutível a «mania» do TC de deixar nos Acórdãos «pistas» ao governo sobre as medidas que, segundo ele, já seriam «constitucionais».

Lembram-se ?


E, como já ameaçam retaliar com
o aumento dos impostos, é altura de
 lhes atirar à cara com isto 



«i» de 20/12

ou seja, três vezes o valor
dos cortes de pensões
agora chumbados

Reaccionários sim, patetas também !

Os meninos no recreio


... E BEM O QUERIAM ACELERAR !

Na minha tauromáquica terra...

[Foi hoje acrescentada uma última Adenda ao post 

"Palavra de honra, são só perplexidades de um leitor vulgar"]


.... chama-se a isto
a «querença natural»



Ai, meu Deus, como se as concessões feitas ao PS alterassem alguma coisa este escândaloso bodo aos grandes grupos e empresas  que é a chamada reforma do IRC e a quebra de receitas que trará em nome de uma atracção de investimento que  mais tarde (não) se verá. É tão simples como isto: o governo ou o PS que nos digam quanto o Estado vai deixar de receber das PME com os primeiros 15 mil euros de lucro e quanto vai deixar de receber das grandes empresas. Depois  a gente compara.

18 dezembro 2013

A frase não é nova mas...

... hoje somos todos professores e
trabalhadores dos Estaleiros de Viana







Had To Cry Today

Com todo o respeito e muita cordialidade

Cuidado com as palavras


Porque já escrevi de sobra a respeito desse fenómeno persistente e recorrente dos apelos à «convergência das esquerdas» que planam sobre dolorosas realidades e graves divergências e tendem quase sempre a comodamente amalgamar responsabilidades e porque o manifesto ontem divulgado, embora invocando esse santo e essa senha, o que mais substancialmente  desenha é um projecto ou tentativa (naturalmente legítimos) de resolver problemas de representação eleitoral no Parlamento Europeu de uma limitada e heterógenea área da esquerda, não tencionava escrever, pelo menos por agora, nada sobre o assunto.

Mas quando a  apresentação de uma iniciativa deste tipo já parece incluir uma piada ou remoques a terceiros também solidamente da esquerda, o caso muda de figura.

De facto foi com algum espanto que li (se tiver havido distorção jornalística, já cá não está quem falou)  no Público (sublinhados meus) que « o ex-secretário de Estado do Ensino Superior do último governo Guterres, José Reis, sintetizou a ideia ao afirmar que "a esquerda se deve unir onde tem estado dividida" e que "diminuirão a esquerda os que forem sozinhos».

E, assim, começa que se devia saber que o uso da expressão «os que forem sozinhos», usada num contexto em que muito se falou de eleições europeias, pode permitir a interpretação de que se estaria a defender  que a famosa «convergência» de todas as forças de esquerda se devia exprimir numa coligação nas eleições para o P.E.

Prefiro porém ainda acreditar que o Prof. José Reis não partilhará da visão simplista e esquemática que associasse a «convergência» a coligações, ainda por cima para o PE onde existe um círculo único e onde, salvo surpresa, a banhada que a coligação PSD-CDS vai apanhar se verá pelo seu resultado e pela soma dos resultados dos partidos da oposição ( a meu ver, certamente superior ao que obteriam se (por absurdo, dado ser a temática europeia uma das matérias de mais estruturantes divergências) fossem coligados.

Embora o «forem sozinhos» aí não faça grande sentido semântico, quero pois admitir que o Prof. José Reis não estava a falar de coligações mas sim das divisões políticas e programáticas que, grosso modo, têm separado PS, de um lado, e PCP e BE, do outro. Nesse caso, dado que o Prof. José Reis enfatizou que «a esquerda se deve unir onde tem estado dividida», fico a aguardar  que, já que o manifesto ontem divulgado afirma uma justa posição contra o Tratado Orçamental, nos seja explicado como é que os  estimáveis promotores deste manifesto julgam possível superar essa sua «divisão» com o PS que  aprovou esse  perigosíssimo Tratado e dele continua a ser um firme defensor.

Um livro estrangeiro por semana ( )

Les enquêtes de
Philip Marlowe


  Gallimard, 1 312 p., 28,50 euros.

Claro que ler Chandler em francês não deve ter
 muita graça mas assinale-se esta valiosa iniciativa editorial

Les feux du Chandler
Por Hubert Prolongeau em Marianne

L'intégrale des romans de Raymond Chandler réunit pour la première fois en France un corpus qui reste l'un des fleurons de la littérature policière.

Enfin ! Cette intégrale des romans de Raymond Chandler, promise depuis longtemps, mérite des saluts à plusieurs titres. Elle réunit pour la première fois en France un corpus qui reste l'un des fleurons de la littérature policière : les sept romans mettant en scène le personnage de Philip Marlowe, devenu depuis l'archétype du détective privé et incarné, entre autres, par un Bogart qui en a vampirisé l'image...

Relire Chandler, c'est encore une fois vérifier à quel point l'absurde barrière entre littérature dite blanche et littérature noire devrait à jamais s'effacer : il est dans ces pages, au-delà d'intrigues parfois confuses et dont, dans le fond, tout le monde se moque, une mélancolie, un désenchantement, un amour de l'humanité face à la laideur des hommes qui placent cette œuvre longtemps considérée comme mineure au même niveau que celle des grands de sa génération, les Faulkner, les Steinbeck, les Dos Passos...

Mais, surtout, nous la découvrons pour la première fois dans des traductions revues et corrigées. La trop mythifiée Série noire, première éditrice du «gentleman de Californie», comme l'appelait son biographe, avait, à l'instar de tant d'autres des auteurs qu'elle a à la fois fait connaître et défigurés, massacré ses textes à coups de traductions argotiques et de coupes... Chaque volume devait faire 254 pages et pas une de plus. Retraduit, Sur un air de navaja, équivalent pour le moins libre de The Long Goodbye, en fait... 384 !

Et ce qui restait n'était guère mieux traité : ainsi elegant young women dans Fais pas ta rosière !, interprétation audacieuse de The Little Sister, était devenu «des gonzesses bien lingées» ! On voit renaître là une écriture dont le classicisme élégant est à cent lieues de la vulgarité sous laquelle on l'a longtemps dissimulé.

On aimerait que la collection «Quarto», qui a fait le même travail pour l'œuvre de Dashiell Hammett, continue sur la voie de ce «mea culpa» nécessaire et redonne également leur lustre aux romans tronqués de David Goodis, Jim Thompson ou Charles Williams...

Haja alguma memória

Uma boa pergunta



a ler em Marianne aqui