15 outubro 2013

A carta de um leitor do «Público»

Fui ver e parece ser verdade


Lembrado de como Paulo Portas tinha regougado indignadamente contra o «alarme» malevolamente criado em torno dos supostos cortes nas pensões de sobrevivência acima dos 600 euros, muito impressionado fiquei hoje quando li no Público, em carta à directora, um leitor dizer que «o Governo não propõe corte para pensões de sobrevivência só acima dos 2000 euros. Porque já enviou para a Assembleia da República, onde ainda está em discussão, a Proposta de Lei nº 171/XII/2ª  que corta 10% das pensões de sobrevivência acima dos 539 euros a quem tiver menos de 80 anos!».

Fui ver e lá está no sítio da AR a referida proposta de Lei (embora se reporte sim aos aposentados da Função Pública). Como se pode ver:


aqui

E nessa Proposta de Lei propõe-se de facto o seguinte:





E esta, hem ? 

Adenda em 16/10:
Confirmadíssimo !

 

Falando de 600 euros ou ...

... a  sorte que Paulo Portas tem
com  jornalistas pouco rápidos



No Público de ontem podia ler-se que, na conferência de imprensa sobre as pensões, Paulo Portas afirmou a dado passo: « Isto é muito mais justo, muito mais humanista e muito mais razoável do que  aquilo que fizeram aqueles que agora nos criticam  e que retiraram, não uma parcela, mas totalidade do abono de família a quem tinha 600 euros para viver» argumentou - diz o jornal - numa referência ao Partido Socialista, que em 2011 alterou as condições de atribuição do abono de família».

Deixando de lado a questão de que bem sabemos como nestas coisas sempre sobra bastante para o PS, o que estranho e me incomoda é  que, em nenhum lado, vi qualquer referência  a que, depois daquela afirmação, um jornalista  se tivesse levantado e perguntado isto:

- dr. Paulo Portas, importa-se de me esclarecer se o actual governo já revogou essa medida de um governo  do PS  a que se referiu sobre o abono   de família ?

Não tendo nenhum  jornalista perguntado  naturalmente que resposta de Paulo Portas não podia haver e, por isso, cabe-me a mim dizer que a resposta tinha de ser negativa a avaliar pelo que aí está a seguir :





aqui
 e agora, já que Paulo Portas
é tão sensível ao patamar
dos 600 euros, que tal isto ?

 

Confirmatum est !

A caminho do
terceiro ano de  exibição



14 outubro 2013

E a deles é de 1948 (ou por isso...)

Uma boa notícia de Itália
em tempo de campanha
contra a nossa Constituição


(a ler, proveitosamente, penso eu, aqui)

Sobre esta manifestação realizada ontem
(sem a participação do Partido Democrático
(ex-DS, ex-PDS, ex-PCI) ler também aqui

o editorial de Il Manifesto 


A cada um a sua «cassete» ou...

... o universal direito à repetição



Na sua crónica de hoje no Público, Rui Tavares escreve (atenção à parte por  mim sublinhada):«Analisemos esta curiosa expressão, o «arco governativo» ou «arco da governação», que só o génio político-jornalístico de Paulo Portas poderia ter inventado. Num regime parlamentarista, ela não deveria fazer sentido, pois o «arco da governação» é composto por todos os partidos com representação na Assembleia da República. Mas, na invenção de Paulo Portas, que se aproveitou da consabida incapacidade de uma parte da esquerda para se posicionar como parte da solução governativa, o «arco governativo» designa os partidos que Paulo Portas entende que deveriam governar o país.Ou seja, os dois grandes, e o partido de Paulo Portas».

Como já tenho escrito, não me admiraria que Rui Tavares considere mais este meu post como fruto de uma qualquer embirração ou  «perseguição» de natureza pessoal que de há muito eu lhe moveria (e que não existe). Mas, se não fosse o caso de  eu me recusar absolutamente a imitá-lo, então eu poderia dizer que, quando escreve coisas como a sublinhada acima,  Rui Tavares está mais uma  vez  a embirrar com o PCP e a «perseguir» o PCP.

Tudo visto, apenas duas observações:

1.Como seria uma massacre gráfico e uma  canseira para os leitores trazer para aqui caterfas de citações ou de links sobre as posições do PCP a respeito deste tema, prefiro dar o testemunho pessoal de que, tendo sido membro das comissões eleitorais do PCP para todas as legislativas (10) entre 1976 e 2002 (para as três seguintes, é consultar a Net), posso jurar que sempre o PCP  afirmou a sua aptidão e  disponibilidade para integrar soluções governativas que dessem garantias de uma nova política (  o «correr por fora»  foi uma antiga fórmula de um partido do qual R.T. já esteve próximo) e que, coisa muito diferente do que escreve Rui Tavares, o que sempre também afirmou foi a sua indisponibilidade para ser cúmplice ou apoiante das políticas que, bem à vista dos portugueses e do seu eleitorado, sempre combateu.

2.Por duas ou três vezes, designadamente em 3 de Junho e 1 de Julho deste ano, no intuito de fazer avançar este debate para terrenos mais      esclarecedores, lancei o desafio que repito a seguir e que até hoje, por alguma razão, nunca teve  a mais pequena resposta.       

13 outubro 2013

Um recuo forçado e habilidades não alteram o essencial

O que Portas disse hoje em
nada evita que, terça-feira,
a verdade essencial seja esta





Nota: Se o objectivo repetidamente anunciado pelo governo era arrecadar 100 milhões de euros e se Paulo Portas afirmou hoje que a medida agora finalmente «desenhada» abrangerá « quem receber duas ou mais pensões que totalizem um rendimento superior a 2000 euros», ou seja, segundo ele mesmo «cerca de 25 mil pessoas», então se bem sei fazer contas, isso significa que, em média, será preciso tirar a cada um dos abrangidos 4.000 euros anuais. Eu sei que reformados com 400, 500 ou 600 euros não se preocuparão com o que acontece a quem 2.ooo ou mais de reforma, mas manda a decência e o rigor que se diga que, se estamos perante reformas ou pensões que realmente correspondem a descontos feitos durante toda uma longa carreira contributiva, então é na mesma de um descarado roubo que se trata.


Para o seu domingo, a soprano cubana

Bárbara Llanes



Palavras antigas sobre publicidade na RTP ou...

... quando os defensores
do «mercado» já não gostam
que seja o «mercado» a decidir



Por esta notícia no Público fica-se a saber que o governo terá recusado aumentar os limites de publicidade na RTP porque prefere impor-nos a todos um considerável agravamento da taxa do audiovisual cobrada dentro da factura da luz. E só para que não se pense que tudo isto é novo, lembrei-me de reproduzir hoje (sobretudo por causa da parte sublinhada que é a verdadeira moral da história) o que escrevi
no Semanário de 17 de Maio de 2002, ou seja, há 11 anos:

«(...) A segunda observação é para abordar a questão da publicidade no serviço público de televisão, começando logo por dizer que ficamos verdadeiramente comovidos quando vemos representantes do PSD e do CDS-PP a proclamar que a existência de publicidade gera a luta por ela, que esta gera por sua vez a luta pelas audiências, e que esta gera por fim a inevitável degradação da programação.

Do nosso ponto de vista, não se trata tanto de negar os nexos possíveis entre os fenómenos descritos mas de assinalar o simplismo e esquematismo da tese. Para quem, como nós, sustenta simultaneamente que o serviço público de televisão não deve participar numa luta dementada pela conquista de audiências a qualquer preço mas também não deve desistir de ter a significativa audiência que é essencial à sua própria missão, o problema tem de ser resolvido ao nível de uma cuidada e firme orientação e não através do fim da publicidade.

Lembramos a este propósito que a RTP/2 não era seguramente participante da luta pelas audiências e, no entanto, havia empresas que lá colocavam publicidade até ao dia em que, administrativamente, o Governo do PS a proibiu, ao mesmo tempo que impunha maiores restrições quantitativas à publicidade na RTP/1.

Mas, nesta matéria, o que é mesmo curioso é ver partidos e personalidades que, em quase tudo o mais, andam sempre a defender o excelso "mercado" e as suas famosas "leis", quando se trata de publicidade na televisão já quererem que seja o famigerado Estado a decidir a favor de uns - os canais privados - e contra outros - os canais públicos, oferecendo por via legislativa ou regulamentar aos primeiros a vitória total sobre os segundos que não conseguiram no "mercado".

E porque há pequenas coisas que falam mais do que as grandes, registamos que foi sob o interrogado título "O fim do saque à RTP?" e para aplaudir "a vontade que o Governo manifesta de encarar de frente os problemas da RTP" que o desinteressado "Expresso" inaugurou, no passado sábado, a publicação de uma nota-editorial logo na primeira página, neste caso conveniente realçada por um fundo de azul.

E para a pequena história desta questão da publicidade, talvez deva ficar ainda como exemplo de autismo perante a realidade e de dogmático acantonamento em torno de "princípios" ou aspirações abstractas, a defesa pelo Bloco de Esquerda ( consagrada em projecto de lei que apresentou) do fim da publicidade nos canais de serviço público de televisão, como se fosse possível fugir à evidência de que isso significaria inevitavelmente dar um generoso brinde aos canais privados, aumentar os encargos do Estado e, com isto, dar alimento a maiores pressões futuras para a privatização ou liquidação da RTP. (...)»
[aqui    ]

Antes isso e ainda bem

Um novo ícone no Chile -
os óculos de Salvador Allende

A ler aqui




Lentes de Allende


Perros en la lluvia
Caminan conmigo
Mientras los paraguas
Rugen hacia el cielo

Con dientes de fuego

Círculos de fuego
Que hacen los inviernos
Flores y radares
Pétalos de hielo

Vueltos al infierno

Giro hacia la gente
Mis lentes de allende
Y como en los sueños
Van todos al frente

Con lentes de Allende

Máquina que cose
A la mujer que tose
Yo la llamo madre
Tú no la destroces

Con dientes de sangre

Máquina que tose
A la mujer que cose
Papel mantequilla
Bajo la bombilla

Con lentes de Allende

ver aqui

12 outubro 2013

Um caso de inadmissível humilhação nacional

Se o Presidente da República
e o primeiro-ministro
não são
capazes de lhe dar a devida
resposta, então sê-lo-ão de
qualquer lado menos de Portugal


Eu não posso esparar evidentemente que personalidades com a orientação política do Presidente da República e do primeiro-ministro que respondam a Lagarde aquilo que eu e muitos outros responderiam, ou seja, que os chumbos do Tribunal Constitucional são uma particular vantagem para os portugueses que, nesta ou aquela matéria, se vêem protegidos de graves abusos e prepotências governamentais. Mas seria de esperar de quem tivesse um grama de brio patriótico e de respeito pela dignidade do seu país que dissesse à Srª Lagarde que os seus atrevidos e insolentes comentários sobre o funcionamento e as decisões das instituições democráticas portuguesas são intoleráveis e, a repetirem-se no futuro, obrigarão Portugal a considerá-la, em termos diplomáticos, uma «persona non grata».